Artwork for podcast TPA Podcast: Carreira Internacional & Tech
Desenvolvedora de Software em Estocolmo, Suécia, com Patrícia Camiansky #111
Episode 11121st June 2023 • TPA Podcast: Carreira Internacional & Tech • Gabriel Rubens
00:00:00 01:01:15

Share Episode

Shownotes

Nesse episódio, a Patrícia Camiansky nos conta sobre a cultura de trabalho na sueca, e como é morar e trabalhar em Estocolmo.

Patrícia Camiansky

Nascida em Porto Alegre e formada em Direito, Patricia mudou de carreira e se tornou programadora há 5 anos. Há 1 ano e meio, se mudou para Estocolmo para trabalhar em uma empresa de consultoria internacional.



Créditos

Lista de Episódios

Palavras-chave:

  • Dev no Exterior
  • Migração de Carreira
  • De Advogada para Programadora
  • Morando em Estocolmo
  • Morando na Suécia
  • Morando na Europa
  • Mulheres em Tech

Por Gabriel Rubens ❤️

The post "Desenvolvedora de Software em Estocolmo, Suécia, com Patrícia Camiansky #111" first appeared on https://tudoproalto.com

Transcripts

Speaker:

Fala pessoal, bem-vindos a TPA Podcast, onde semanalmente a gente aprende sobre como é

Speaker:

trabalhar em tech fora do Brasil e hoje aqui a gente vai falar novamente sobre Estocolmo

Speaker:

na Suécia e eu tô aqui com a Patrícia Kamiansky, que vai contar como tá sendo essa jornada

Speaker:

dela desse quase um ano e meio já morando lá em Estocolmo, não é isso?

Speaker:

Oi, então, para quem não me conhece, eu sou a Patrícia, né, eu originalmente sou formada em Direito, trabalhei como advogada por três anos, né, eu trabalhava com Direito Bancário.

Speaker:

Eu sou original de Porto Alegre, mas eu morei em São Paulo por três anos, antes de me mudar para cá, para Estocolmo, e quando eu estava trabalhando como advogada ainda,

Speaker:

Eu sempre tinha essa sensação, assim, de que eu fazia muita coisa repetitiva, né, que eu gosto de chamar de trabalho de robô.

Speaker:

E aí chegou num ponto em que eu tava me sentindo super desmotivada, assim, né, tipo, ah, eu sei que pra eu subir de carreira aqui, ou eu tenho que ser amiga do dono, né,

Speaker:

ou eu tenho que fazer um mestrado, um doutorado, alguma coisa assim, bem, né, pra se destacar, né, e eu não tinha nem tempo nem dinheiro, né, pra fazer um mestrado naquela época.

Speaker:

E aí eu comecei a olhar, a pesquisar o que eu posso aprender, vou fazer uns cursos, algumas coisas assim,

Speaker:

e foi aí que eu decidi aprender a programar. Então, a minha ideia inicial, na verdade, não era nem trocar de carreira.

Speaker:

Era meio que dar um boost no meu currículo e também, de repente, automatizar algumas coisas no meu dia a dia,

Speaker:

como advogada, como eu sabia que eu fazia muita coisa repetitiva para a CAA, não deve ser tão difícil assim, né,

Speaker:

de automatizar essas coisas e só que aí quando comecei a aprender a programar de fato, eu vi a

Speaker:

liberdade que isso me dava e nossa, é muita liberdade criativa assim, né, que a gente tem com

Speaker:

a programação que no direito infelizmente não tem, né, a gente fica muito independente do que

Speaker:

a lei diz, o que que juiz tal pensa, né, e então com a programação eu senti que eu tinha mais

Speaker:

pra exercer a minha criatividade e as minhas habilidades também.

Speaker:

E aí eu comecei a trabalhar como desenvolvedora já nessa mesma época, né, isso foi em 2019.

Speaker:

E aí a primeira empresa que eu fui trabalhar era com o Python, né,

Speaker:

e foi muito engraçado porque eu não sabia nada de Python, né,

Speaker:

eles me contrataram pra trabalhar com isso sem eu saber.

Speaker:

E aí eu fui muito assim, indo de Google, né, pesquisando as coisas que eu precisava pra fazer lá no trabalho,

Speaker:

e aí eu segui trabalhando, né, por mais alguns anos com o Python,

Speaker:

E até que em determinado momento eu sentia essa necessidade, né, de me mudar pro exterior, que era uma coisa que eu já tinha desde a época de ser advogada.

Speaker:

Então, eu sempre tive essa vontade de conhecer o mundo, né, de talvez me mudar pro exterior, só que eu não sabia pra onde, especificamente, né.

Speaker:

E aí, o que que eu fiz, né, quando começou a bater essa vontade, assim, eu falei, ó, agora que eu sou desenvolvedora, de repente, eu tenho mais chance, né,

Speaker:

porque a gente sabe que com os direitos, quando a gente sai do país, muda tudo, muda toda a lei, não adianta nada.

Speaker:

Mas aí eu comecei a pesquisar quais países que seriam legais de ir, e aí eu fiz uma listinha, assim, eu fiz uma planilha do Google, assim, né,

Speaker:

e com vários países, e aí eu fui pesquisando coisas que faziam sentido pra mim, então, índice de desenvolvimento humano,

Speaker:

índice de igualdade de gênero, porcentagem de mulheres em cargos de liderança, esse tipo de coisa,

Speaker:

serviço de saúde pública, segurança em geral, dados sobre criminalidade, e a Suécia estava assim, muito bem, quase tudo, né?

Speaker:

Que eu, pra ser sincera, eu nem sabia onde que ficava a Suécia antes de resolver que eu queria me mudar pra lá, né?

Speaker:

Mas aí eu comecei a pesquisar um pouco mais a respeito, né?

Speaker:

Assistindo os vídeos no YouTube, como que é a vida na Suécia e tal, e aí eu decidi, vou pra Suécia.

Speaker:

E aí, depois que eu decidi o país, aí que eu comecei a fazer o planejamento, então,

Speaker:

é, que nem eu falei, assistir vídeos, conversar com pessoas, né, eu tinha um,

Speaker:

por sorte, bem nessa época eu tinha um conhecido que era meu aluno na Lewagoon, né,

Speaker:

que eu tava ensinando programação, eu tava dando algumas aulas assim, esporádicas lá,

Speaker:

e aí eu tinha um aluno que tinha feito um mestrado lá, aqui, né, na Suécia.

Speaker:

E aí ele me contou como que foi essa experiência dele e tal, e foi bem, ajudou bastante pra mim.

Speaker:

E aí também eu, a gente usa na programação, a gente usa uma ferramenta chamada Slack, né, para se comunicar.

Speaker:

E aí eu fui no Slack do curso de programação que eu fiz em 2019, e eles tinham um canal de Estocolmo,

Speaker:

porque esse curso ele tem em vários países do mundo, né.

Speaker:

E aí eles tinham um aqui em Estocolmo, que fechou no passado, infelizmente,

Speaker:

mas antes disso eles tinham.

Speaker:

E aí eu postei lá pro pessoal, tô pensando em me mudar pra Estocolmo, será que alguém poderia conversar um pouco comigo, né,

Speaker:

trocar uma ideia, me falar como que é a vida aí e tal.

Speaker:

E aí teve um ex-aluno, que ele é holandês, e aí ele se ofereceu, né, pra conversar comigo,

Speaker:

Ele falou que ele mora aqui faz sete anos já e a gente conversou assim,

Speaker:

bateu um papo por uma hora mais ou menos.

Speaker:

Aí ele me falou os prós e os contras de morar aqui e tal. Ele falou que todo mundo sempre fala que o mais difícil aqui do Suécio

Speaker:

é a escuridão no inverno, né?

Speaker:

Porque realmente é bem difícil, né? Porque no inverno acho que tem umas quatro horas de sol só.

Speaker:

Para quem está acostumado com sol e calor o dia inteiro, assim,

Speaker:

é que nem a gente no Brasil, né?

Speaker:

Que vem de um país mais ensolarado, estranha bastante assim na Suécia.

Speaker:

E agora que é verão, agora que é verão, né, que é junho, e agora tá tendo inverso, então é sol o dia inteiro, assim, meia-noite, tá escuro, mas não tá escuro, assim, ainda tem sol, parece que o sol tá sempre se pondo, sabe? Ele nunca termina de ir embora, então é bem engraçado.

Speaker:

É uma loucura pro sono, né? Mas a gente se acostuma. Bom, mas aí eu conversei com esse cara, né, que tava morando aqui há um tempo, e ele falou

Speaker:

ah, na empresa que eu trabalho tem umas vagas, se tu quiser eu mando teu currículo pra eles.

Speaker:

E aí eu mandei, assim, né, não tava esperando muita coisa, assim, não custa nada aplicar,

Speaker:

e foi super rápido, assim, foi três semanas, tô na primeira semana, fiz uma entrevista

Speaker:

com a RH, e depois fiz uma entrevista técnica, e depois na terceira já me mandaram a proposta.

Speaker:

E eu sempre tive essa ideia de que ia ser muito mais difícil, né, conseguir uma vaga no exterior.

Speaker:

E, pra falar a verdade, assim, eu acho que hoje em dia, por causa da crise que a gente tá vendo no mercado, né, eu acho que tá mais difícil mesmo.

Speaker:

Eu acredito que talvez se eu fosse tentar fazer a mesma coisa hoje em dia, eu não sei se eu ia conseguir.

Speaker:

Mas eu tive a sorte, né, de tentar isso numa época que ainda tava bom, que ainda tinha bastante vaga e tal, e eles estavam contratando muita gente no exterior também.

Speaker:

Inclusive, né, só pra comentar que eu fui parte de um lay-off faz umas três semanas mais ou menos e nesse lay-off foi só imigrante, né, então agora a gente sabe que tá bem complicado o mercado, especialmente pra imigrantes,

Speaker:

porque é caro, né, eles pagarem o visto e no meu caso eles pagaram o visto de trabalho, né, então é a empresa que paga, não sou eu que pago e nem sempre as empresas estão dispostas, né, a importar gente de fora.

Speaker:

Agora, eu acho que como a gente tá vendo mais sênior no mercado, então o movimento tem sido mais no sentido de

Speaker:

beleza, se a gente vai importar alguém que seja sênior, pelo menos, né, e eu naquela época eu ainda era júnior, né,

Speaker:

eu tinha acho que três anos de experiência naquela época, então

Speaker:

Eu realmente tive bastante sorte de pegar uma época boa pra isso.

Speaker:

Mas eu também tinha inglês fluente, né, e acho que isso é muito importante quando a gente pensa em conseguir um emprego no exterior, né, ter o inglês fluente.

Speaker:

E outras línguas também ajudam, né, aqui, apesar de a língua principal ser o sueco, o pessoal fala muito inglês, né, 98% da população fala inglês.

Speaker:

Então é muito fácil, assim, tu chega pra qualquer pessoa na rua, tu fala alguma coisa em inglês e eles não entendem.

Speaker:

Ainda que as pessoas mais velhas, né, talvez não sejam fluentes, tão fluentes quanto o pessoal mais novo,

Speaker:

eles ainda entendem mais ou menos o que tu diz, sabe? Eles talvez não falem tanto, mas entendem.

Speaker:

O que é muito bom, ajuda muito na comunicação, né?

Speaker:

Da que nem no Brasil, que é o inverso. No Brasil é 2% da população que fala inglês, né?

Speaker:

Então, é bem diferente, assim, nesse sentido.

Speaker:

Sim, deixa eu dar uns passos atrás. Primeiro, uma coisa que é sobre o teu layoff,

Speaker:

que tu falou que passou agora, você vai fazer um vídeo mais falando sobre isso.

Speaker:

Então vai estar o link para o teu canal. Todos os links vão estar na descrição,

Speaker:

então pessoal, não esqueça de seguir.

Speaker:

E depois a gente também estava começando a fazer um outro episódio inteiro para falar mais sobre isso.

Speaker:

Então se alguém tiver alguma dúvida, aproveita tanto no canal da Patrícia, como aqui no episódio podcast.

Speaker:

Deixa as dúvidas que a gente vai conversar mais sobre isso, sobre como lidar com esse momento de lay-off, né,

Speaker:

por um ponto de vista de quem já trabalhou como advogada.

Speaker:

É, eu acho que isso é um assunto que tá bem alto agora, né, e muita gente fica bem sem saber o que fazer, bem desesperada, né, nesse momento.

Speaker:

Porque é um momento que, realmente, ele é de fragilidade emocional pra gente, né,

Speaker:

a gente num momento tava lá com aquela estabilidade, contando com aquele salário,

Speaker:

e aí no outro momento já não dá pra contar mais, né.

Speaker:

Mas eu acho que eu pessoalmente lidei bem com essa situação, apesar de estar num outro país, né, eu não conhecia a lei tão bem,

Speaker:

então eu vou contar depois pra vocês aí como que eu fiz e quais conselhos que eu posso dar pra vocês pra lidar com esse tipo de situação também.

Speaker:

Ainda tô procurando emprego, ainda não achei, depois eu conto pra vocês quando eu achar.

Speaker:

É, daqui a pouco.

Speaker:

Agora, tu conversou com o teu aluno ou ex-aluno lá, né? Te deu algumas dicas sobre como conseguir esse trabalho lá e sobre como era morar, né?

Speaker:

Ele me falou mais sobre a qualidade, como era viver aqui, né? Porque ele veio com visto de estudante, como ele veio pra fazer o mestrado, ele era da área de exatas, né?

Speaker:

Acho que, se não me engano, ele é formado em economia, alguma coisa assim. Então, ele veio pra fazer

Speaker:

um mestrado, acho que era na área de dados, assim, de ciências de dados, alguma coisa do tipo.

Speaker:

E aí, ele ficou dois anos morando aqui. E ele morou numa república de estudantes e tal.

Speaker:

E ele veio com a namorada também, então, né, ele me comentou um pouco sobre como que era o processo de visto, né, que

Speaker:

ele falou que ele, como ele morava em Brasília, foi mais fácil pra ele, né, eu tive que viajar pra Brasília,

Speaker:

pra fazer o meu cartão de residente.

Speaker:

Aí, eles têm aqui na Suécia o visto de trabalho, que é dois anos, né,

Speaker:

e esse é o que a empresa paga, que é o que eu tenho.

Speaker:

E então, esse visto, ele tem algumas empresas que tem o que eles chamam de fast track, que é a linha rápida,

Speaker:

e aí quando a empresa tem essa linha rápida, aí demora menos tempo, né, que era o caso da minha naquela época, então demorou só dois meses,

Speaker:

pra eu receber o meu visto de trabalho, que foi praticamente nada, né, dois meses e pouquinho.

Speaker:

Só que pode demorar bem mais se tu não tiver essa linha rápida aí, né.

Speaker:

Pode demorar, acho que uns seis, até mais de seis meses, assim, dependendo.

Speaker:

Então, eles têm o visto de trabalho normal, que é esse aí, que é o que a empresa paga,

Speaker:

eles têm o visto de freelancer também, que é tu que pede e tu que paga tudo,

Speaker:

que daí demora mais pra vir, ou pode não vir também, eles podem rejeitar, né,

Speaker:

depende da área que tu trabalhas, se eles acharam que já tem gente suficiente trabalhando

Speaker:

com isso na Suécia, eles podem falar, não, não precisamos disso aqui.

Speaker:

Aí tem também visto de parceiro, né, ou parceira, que é se tu quer casar com alguém ou tá morando junto com alguém,

Speaker:

ou se tu já morou junto com alguém e quer que a pessoa se mude pra Suécia contigo,

Speaker:

Só que a outra pessoa tem que ser ou cidadã sueca ou tem que ter o visto de residente permanente aqui na Suécia.

Speaker:

Então tem essa opção também. E aí acho que tem mais um também que é para refugiado,

Speaker:

que daí eu não sei nada a respeito porque tem, eu sei que tem bastante refugiado aqui, né?

Speaker:

Inclusive tem, recentemente teve muitos ucranianos vindo, né, por causa da guerra.

Speaker:

Eu tenho uma amiga que estava aqui, que ela é ucraniana, que ela estava como refugiada,

Speaker:

só que estava bem difícil a situação deles, assim, porque o governo da Suécia basicamente pegou o passaporte deles quando eles entraram

Speaker:

pra poder avaliar a situação de vamos dar asilo ou não.

Speaker:

E eles não deram nada, tipo, não deram nenhum tipo de identidade pra eles,

Speaker:

então eles não podiam trabalhar em lugar nenhum, porque aqui na Suécia,

Speaker:

quando tu se muda pra cá, tu recebe um número que é tipo um CPF deles.

Speaker:

E sem esse número, tu não consegue fazer nada. Então, eu no primeiro mês aqui,

Speaker:

foi muito difícil, porque tu só consegue pedir esse número quando tu já tá aqui,

Speaker:

tu não pode pedir antes de se mudar.

Speaker:

E tu só pode começar a trabalhar quando tu ganha esse número.

Speaker:

Então, o primeiro mês, eu passei sem trabalhar aqui.

Speaker:

Então, eu torrei as minhas reservas de um ano inteiro de trabalho,

Speaker:

passando um mês aqui na Suécia no início, quando eu me mudei.

Speaker:

Porque eu não podia trabalhar, tinha que esperar chegar o tal do número lá, né, e aí...

Speaker:

Tu precisa do número pra abrir a conta do banco, tu precisa do número pra trabalhar, tu precisa do número pra fazer tudo, pra estudar, pra qualquer coisa que tu quiser fazer, tu precisa do tal do número.

Speaker:

E aí, eles não deram isso pros ucranianos, né, então eles não estavam conseguindo fazer nada,

Speaker:

eles estavam só sentando e esperando, sem fazer nada. E claro, né, que o governo deu um pouco de auxílio de dinheiro, mas não era o suficiente, né,

Speaker:

para o pessoal conseguir se manter aí, às vezes, o mês inteiro e tal.

Speaker:

Então, é bem complicada essa situação deles aqui.

Speaker:

Mas a minha, felizmente, não durou tanto tempo, né, foi um mês,

Speaker:

e aí depois eu já recebi o meu número e já consegui trabalhar de novo também.

Speaker:

E aí tem outra coisa, né, que depois que tu recebe o número...

Speaker:

Tu ainda precisa fazer uma identidade. Então, aí tem que esperar chegar o número, aí tem que esperar sair a identidade, aí sem a identidade tu não abre conta no banco.

Speaker:

Só que tem um loop muito estranho,

Speaker:

burocracia na Suécia, né? A gente acha que só tem burocracia no Brasil, mas tem burocracia em todo lugar.

Speaker:

Pra tu fazer a identidade, tu tem que pagar uma taxa.

Speaker:

Pra pagar essa taxa, tu precisa ter conta no banco. Tu não paga a taxa sem ter conta no banco.

Speaker:

Pra ter conta no banco, tu precisa da identidade. Então, é um loop, insinido. Aí, o que eu tive que fazer, né, eu tive que pedir pra alguém pagar pra mim.

Speaker:

A minha sorte é que eu fiz amigos rápido lá, né, então tinha pessoas que eu podia ligar e pedir e tal,

Speaker:

pô, me ajuda aqui, paga esse negócio pra mim, que eu te dou depois em dinheiro, porque eles não aceitam dinheiro lá.

Speaker:

E isso é outra coisa que eu achei muito diferente aqui, né. Claro que o Brasil, eu já sei que hoje em dia já tá um pouco mais nessa linha também, por causa do Pix, né, que

Speaker:

facilitou muito aí essa migração pro digital de pequenas empresas, né?

Speaker:

Mas aqui na Suécia ninguém aceita dinheiro.

Speaker:

Tu não vê dinheiro em lugar nenhum. Inclusive tem lojas que eles falam,

Speaker:

a gente não aceita dinheiro, não tenta pagar com dinheiro aqui.

Speaker:

É só cartão ou transferência ou o que quer que seja. Eles têm tipo um Pix aqui também, só que o nome é Switch, em vez de Pix.

Speaker:

E aí tu usa pra tudo também, assim, pra pequenos empreendedores, né,

Speaker:

que não tem a maquininha de cartão, aí eles usam o Switch.

Speaker:

Mas é bem interessante, assim, essa diferença cultural. Sim, mas voltando lá na entrevista ainda,

Speaker:

eu queria saber quais foram as etapas.

Speaker:

Tu falou que foi bem rápido, né? E eu queria saber quais foram as etapas

Speaker:

e se foi muito diferente das que tu já tinha feito aqui no Brasil.

Speaker:

Não, inclusive eu posso falar muito sobre entrevista, porque devido ao meu lay-off recente,

Speaker:

eu tenho feito muita entrevista.

Speaker:

E, pra falar a verdade, nos últimos dois meses, mais ou menos, que eu comecei a fazer entrevista, eu fiz 32 já.

Speaker:

Então, eu posso te falar, assim, com convicção de como que é fazer entrevista pro exterior, porque é só o que eu tenho feito ultimamente.

Speaker:

Todos os dias, entrevista uma atrás da outra.

Speaker:

E eu considero, assim, que eu sou muito boa na entrevista inicial com RH, particularmente.

Speaker:

Talvez não tanto na entrevista técnica, mas é que entrevista técnica depende muito também do teu nível de senioridade, né,

Speaker:

e de quais habilidades que a empresa quer de ti. Então, tem empresas que pedem algumas coisas, tem empresas que pedem outras coisas,

Speaker:

é, claro que fluência em inglês, o pessoal sempre pede, né, especialmente de estrangeiros,

Speaker:

é, dependendo do, da, do cargo que tu quiser, é, tentar, tu vai precisar de sueco também,

Speaker:

como geralmente cargos de desenvolvedores não pedem, o que eles pedem são cargos que têm atendimento ao cliente, então por exemplo, se tu quer fazer suporte,

Speaker:

né, suporte ao cliente, ainda que seja na área de tecnologia, então tu vai precisar saber suéco, né, se tu quiser fazer qualquer coisa que tem atendimento ao cliente, eles geralmente pedem o suéco fluente também.

Speaker:

Mas eu não precisei até hoje, né? Eu tô aprendendo devagarzinho, eu já fiz dois meses de aula, né, de sueco,

Speaker:

mas eu quero continuar estudando também.

Speaker:

Mas é uma língua bem difícil, assim, é bem diferente de qualquer coisa.

Speaker:

Eu sei algumas línguas, né, um pouco de algumas línguas, mas não é parecida com nada que eu sabia antes.

Speaker:

Então, eu acho que talvez o que seja mais parecido, assim, é o alemão,

Speaker:

particularmente, porque o alemão, ele tem essa mania também de juntar várias

Speaker:

palavras pra fazer uma palavra grande, sabe?

Speaker:

Então, o sueco é mais ou menos assim. E aí, assim, nas entrevistas, eles pedem mais ou menos a mesma coisa que as entrevistas no Brasil, eu acho.

Speaker:

Então, por exemplo, em entrevista de RH, né, eles fazem aquelas perguntas, tipo, ah, o que que tu tá procurando, né, num futuro empregador?

Speaker:

Então, um conselho que eu posso dar pra um pessoal que quer tentar a vaga fora é saber muito bem o que que tu quer.

Speaker:

Então, quais são as tuas prioridades? As tuas prioridades são, talvez, ocupar um cargo de enderança, ou não?

Speaker:

A tua prioridade, de repente, é ter um lugar pra crescer profissionalmente, né?

Speaker:

A tua prioridade, de repente, é ter um ambiente mais descontraído pra trabalhar.

Speaker:

Não sei, cada um tem as suas prioridades, né?

Speaker:

Eu, por exemplo, eu gosto de dizer na entrevista que eu tô procurando uma empresa que se importe com diversidade,

Speaker:

porque isso é uma coisa que é importante pra mim e que eu gostaria de ver na empresa que eu trabalho também.

Speaker:

Eu não gostaria de trabalhar só com o mesmo tipo de pessoa, né, eu gostaria que a empresa se importasse com isso e comigo também, né,

Speaker:

com o meu bem-estar dentro da empresa como mulher, né.

Speaker:

E... então, tem outras coisas, assim, que a gente pode falar na entrevista que ajudam, né, o entrevistador a entender

Speaker:

exatamente o que a gente está procurando.

Speaker:

Eu gosto de dizer que entrevista de emprego é que nem mete no Tinder, assim, né, os dois têm que se gostar,

Speaker:

né, então tem que ver o que os dois estão procurando, se tu tá procurando um relacionamento a longo prazo

Speaker:

e a empresa tá procurando, né, um cargo temporário, alguma coisa assim, daí não adianta, não vai dar certo, né, então a gente tem que

Speaker:

ver aí o que os dois estão procurando.

Speaker:

E não adianta perder tempo tentando aplicar pra cargo que tu sabe que não é aquilo que tu tá procurando, porque.

Speaker:

Os recrutadores sabem, eles vão saber dizer, conversando um pouco contigo, que tu não...

Speaker:

Talvez não se encaixa tão bem naquilo ali, sabe? Então, não perde o seu tempo, não perde o tempo do recrutador,

Speaker:

seja sincero sempre, eu acho que esses são os melhores conselhos que eu posso dar.

Speaker:

Sinceridade é tudo pra entrevista, né? E desafio técnico, isso na verdade é uma coisa que eu gostei bastante, assim, nos desafios técnicos que eu tenho feito.

Speaker:

O pessoal gosta muito de pedir coisas mais práticas, né?

Speaker:

Então, enquanto eu tinha muito essa ideia na minha cabeça, que se eu fosse fazer desafio técnico na área de programação

Speaker:

no exterior, que ele só ia me dar coisa de algoritmo, né?

Speaker:

E eu sou péssima com algoritmo, não sei nada de algoritmo, até porque eu não fiz faculdade na área, né?

Speaker:

Então, eu não tive cadeira de cálculo, cadeira disso, cadeira daquilo, pra aprender algoritmo.

Speaker:

Mas o pessoal aqui geralmente pede, por exemplo, ah, faz uma API que pega esses dados aqui e transforma eles naquilo ali.

Speaker:

Então, coisas desse tipo, assim, coisas bem mais práticos, né, que são coisas que de fato eu faria no meu dia a dia como programadora, então eu acho isso muito legal.

Speaker:

E hoje em dia eu tenho visto cada vez mais empresas pedirem pra fazer live code.

Speaker:

Por que que eu acho que isso tá acontecendo? Porque talvez muita gente esteja usando essas ferramentas aí de inteligência artificial também, né, pra ajudar a fazer o código, não sei.

Speaker:

E aí a última etapa, geralmente, geralmente são três, né, três entrevistas no total,

Speaker:

Às vezes são quatro, então é a primeira entrevista com o RH, aí depois ou tu tem uma entrevista com alguém do time,

Speaker:

ou tu já tem a entrevista técnica direto, né, depende da empresa, e aí depois, se tu não teve a entrevista técnica como a segunda etapa,

Speaker:

tu vai ter como a terceira, né, e por fim, só conhecer o time, assim, conhecer a empresa e tal, e deu, acabou.

Speaker:

E tipo, é, conversas finais, assim, tipo, ah, eu vou te mandar o contrato, daí tu assina e tal, e beleza.

Speaker:

Uma tipo cultura, né? Novamente pra ver se você faz o, como você falou, faz o match com a equipe,

Speaker:

ou às vezes com o gestor da área, né?

Speaker:

Mas eu acho assim, se tu passou da etapa técnica, tu já tá contratado, basicamente. Geralmente é assim.

Speaker:

Então, eu queria saber agora, chegando no trabalho, tu contou aí sobre a entrevista,

Speaker:

também desse processo de vista, dos diferentes que tem, e como foi chegar aí?

Speaker:

Como... Se tu lembra como você se sentiu também, sabe? Aquele primeiro momento...

Speaker:

E aí eu queria conectar também depois já como...

Speaker:

Quais foram as primeiras tasks?

Speaker:

Só pra saber se tu sentiu muito mais desafiado do que no Brasil,

Speaker:

ou foi um on-board um pouco mais tranquilo e tal?

Speaker:

Sim. O que foi a tua experiência? Com certeza foi uma experiência bem diferente, né?

Speaker:

De tudo que eu já tinha tido.

Speaker:

Que nem eu falei, o primeiro mês eu não podia trabalhar, né?

Speaker:

Então eu tirei o primeiro mês só pra passear por aí, conhecer um pouco mais a cidade,

Speaker:

de entender como que as coisas funcionavam, e a minha sorte, não foi sorte, na verdade, tá? Foi planejamento.

Speaker:

Porque, sabe o que que eu fiz? Antes de me mudar, eu baixei o Tinder, sim, o Tinder, e eu botei, eu tava no Brasil ainda,

Speaker:

eu botei, eu acho que eu paguei a versão de um mês deles, a versão paga, pra mudar a minha localização e botar em Estocolmo.

Speaker:

E aí eu dei a sorte de achar um brasileiro que era justamente de Porto Alegre, onde eu nasci.

Speaker:

E aí eu chamei ele, comecei a conversar com ele, na amizade mesmo.

Speaker:

E ele me ajudou bastante, assim, porque ele me deu várias dicas de como que tinha sido o processo do visto pra ele, né, o que que ele teve que cuidar no aeroporto, na hora de viajar e tal,

Speaker:

quais documentos que pediram, etc, o que que eu tinha que me planejar e tal, e aí o que eu fiz, eu aluguei um Airbnb, né, no primeiro mês, e eu aluguei um bem no centro, 17,

Speaker:

foi caríssimo, meu Deus do céu, foi... O negócio mais caro que eu já aluguei na minha vida foi aquele Airbnb, só que ele era bem no centro,

Speaker:

Então, era bom, porque daí eu conseguia andar para lá e para cá e me identificar, saber onde é que eu estava,

Speaker:

saber que, ah, isso aqui é esse lugar, aqui tem uma estação de metrô, aqui tem isso aqui, aquilo lá.

Speaker:

E aí, eu fui me acostumando, assim, devagarzinho com as coisas, né?

Speaker:

E aí, na primeira semana que eu cheguei, esse brasileiro me levou pra passear um pouco pela cidade também,

Speaker:

e me mostrou, ah, isso aqui, essa aqui é a cidade antiga, aqui tem um monte de coisa de turista e tal, é bonito de passear.

Speaker:

Ah, aqui é o metrô. Quando tu vê essa placa escrita, isso daqui, isso daqui quer dizer saída.

Speaker:

Ah, obrigada por falar, né? Então agora eu já sei achar a saída, pelo menos.

Speaker:

Ele me ensinou algumas coisinhas, assim, ele até... eu falo mais sueco do que ele hoje em dia,

Speaker:

porque ele nunca aprendeu sueco, mas ele me mostrou algumas coisas do lugar, né?

Speaker:

Isso eu acho que foi muito bom.

Speaker:

Então, essa é outra dica que eu posso dar pro pessoal, sempre quando vocês chegam num lugar novo, que vocês não conhecem ninguém,

Speaker:

façam um networking, construam a sua rede, porque ter uma rede de contatos é essencial em qualquer lugar que a gente tá, né?

Speaker:

Especialmente se a gente tá num lugar que a gente não conhece ninguém.

Speaker:

Ter essas pessoas ajuda muito, assim.

Speaker:

Aí teve uma outra mulher também que eu conheci no avião.

Speaker:

Eu tava no avião pra Estocolmo e eu peguei a escala em Lisboa, né?

Speaker:

E aí tinha um casal de brasileiros, com um nenê pequeno e uma criança pequena,

Speaker:

e aí eles estavam conversando, né, ali em português, com sotaque de brasileiro, né, lá no aeroporto de Lisboa.

Speaker:

E eu tava sentada ali do lado, e aí eu comecei, puxei assunto e comecei a conversar, né.

Speaker:

E aí troquei uma ideia com eles, eles falaram que moravam aqui faz uns seis anos já, né,

Speaker:

e aí a mulher, na primeira semana que eu tava aqui, ela me levou pra almoçar num shopping,

Speaker:

e me mostrou essa loja que ela tem uns sapatos de neve baratos, se tu quiser comprar alguma coisa aqui,

Speaker:

é bom, né, e a gente achou, eu achei um por promoção lá, super baratinho também,

Speaker:

eu já comprei um sapato de neve, né, porque quando eu cheguei tava nevando,

Speaker:

e então foi super bom, assim, ter essas pessoas, né, e pessoas brasileiras principalmente,

Speaker:

pra me falar um pouco mais sobre como que era a experiência lá, e como me achar lá dentro,

Speaker:

como se virar, né, no geral.

Speaker:

Aí ela me levou também pra comprar um casaco, né, de neve, que eu não tinha nenhum casaco assim de mais grosso, né.

Speaker:

E aqui eles usam casacos à prova d'água. Então quando chove e tal, o pessoal não usa guarda-chuva, ele só bota o casaco.

Speaker:

E serve pra neve também, né. Aí é bom. Que daí quando neva o casaco não fica molhado.

Speaker:

É... E aí é como foi chegar no trabalho, começar no trabalho? Ah, sim.

Speaker:

Como foi o teu processo, tuas primeiras semanas lá?

Speaker:

É, foi... Assim, bem diferente. Foi um pouco parecido com algumas coisas que eu já tinha visto,

Speaker:

mas bem diferente ao mesmo tempo, porque eu já tinha trabalhado em startup no passado, né, no Brasil,

Speaker:

e startup sempre tem aquela coisa assim de, ah, primeiras semanas é on-boarding,

Speaker:

a gente não espera que tu faça nada e tal, né, a gente só quer que tu se acostume com a cultura da empresa, etc.

Speaker:

E quando eu cheguei foi mais ou menos assim.

Speaker:

Só que por ser uma empresa de consultoria, eles têm um tempo que é pra tu achar um projeto.

Speaker:

E esse tempo fica meio que até o critério, assim, né?

Speaker:

Claro que tu não pode passar a vida inteira sem projeto, né? Eles esperam que tu trabalhe em algum projeto em determinado momento.

Speaker:

Porque eles cobram do cliente, né? Assim que eles lucram, eles te vendem pro cliente e aí o cliente que paga o que seria o correspondente ao teu salário, né?

Speaker:

Mas a minha empresa paga pra mim e aí depois eles cobram do cliente.

Speaker:

E eu passei acho que uns três meses no início, sem nenhum projeto, e eu tava assim, nossa, mas ninguém tá me cobrando de nada, né, o pessoal só tá falando, não, daqui a pouco tu acha algum, não tem problema, não tem pressa.

Speaker:

E eu achei isso muito legal, né, no início a empresa não ter essa cobrança e também dar um tempo, né, o primeiro mês, assim, o pessoal foi super tranquilo, nem falaram assim, não, nem precisa tá no escritório se tu não quiser, né,

Speaker:

pode resolver as outras coisas, porque eles entenderam que eu tava me mudando também, que eu tinha que visitar algumas casas,

Speaker:

pra achar alguma casa pra alugar a mais longo prazo, né, porque que nem eu falei, o primeiro mês eu tava no Airbnb, mas aí eu tive que achar uma casa, né,

Speaker:

e a minha sorte é que em duas semanas, assim, mais ou menos, eu já achei um lugar muito bom, que é isso que eu tô agora.

Speaker:

Mas o pessoal, às vezes, tem muita dificuldade aqui, né, de achar a casa, porque o aluguel é muito caro,

Speaker:

e não tem muito, assim, disponível, né, pra alugar também.

Speaker:

E aí o primeiro projeto que eu entrei na minha empresa foi um projeto pra uma empresa bem grande, assim, eu não posso falar empresa por motivos de confidencialidade, né,

Speaker:

mas foi um projeto bem grande e... mas eu entrei já no meio, assim, então foi...

Speaker:

Não sei, foi meio estranho, porque tinha gente que já sabia bem mais do que eu lá, né,

Speaker:

E aí eu entrei meio que com o carro andando assim, e tendo que me virar, né, tendo que pegar alguma tarefa lá e arrumar algum jeito de fazer.

Speaker:

E aí eu passei alguns meses aí trabalhando nesse projeto, depois eu troquei para o outro, assim,

Speaker:

consultoria tem essa coisa de muita rotatividade, né, de a gente estar sempre trabalhando para algum projeto diferente, então foi.

Speaker:

Realmente bem peculiar, assim, comparado com outras coisas que eu já tinha vivido no passado,

Speaker:

porque eu só trabalhei pra empresa de produto antes, né.

Speaker:

E em empresa de produto, geralmente tu fica lá no mesmo time a vida inteira, né, daí tu se acostuma,

Speaker:

e aí tu já sabe tudo que tem que fazer ali, tudo que pode precisar fazer, né, tu aprende a dar manutenção,

Speaker:

e aí fica mais tranquilo, né, e consultoria é mais, assim, te acostumou com esse projeto, beleza, agora vamos pra outro.

Speaker:

Mas assim, né, então é difícil ter um projeto mais ao longo prazo, realmente.

Speaker:

E o que que era você achar um projeto? Tipo, não era o pessoal, os gestores que te colocavam algum projeto?

Speaker:

O que que tu...

Speaker:

O que que quer dizer isso que você tinha que achar um projeto?

Speaker:

É a Angus, na verdade.

Speaker:

Porque isso eu acho que era uma coisa peculiar dessa empresa.

Speaker:

Porque geralmente as empresas de consultoria, eles chegam pra te falando, tu vai pra esse cliente aqui.

Speaker:

E, né, não importa o que tu acha. Mas essa empresa específica, eles tinham uma cultura assim de não.

Speaker:

A gente vai te dar algumas opções de projetos que a gente tem disponíveis, e aí tu escolhe o que tu achar que se encaixa melhor aí no que tu tá procurando e nas tuas habilidades também, né?

Speaker:

Porque eu acho que isso faz todo sentido no mundo, né? Porque se tu bota uma pessoa pra trabalhar num projeto sendo que a pessoa não quer estar trabalhando ali, não faz nenhum sentido pra ela estar trabalhando ali, ou ela não tem nada a ver com as habilidades que o cliente quer,

Speaker:

o cliente vai ficar insatisfeito, né, e a pessoa vai ficar insatisfeita,

Speaker:

e aí tu perde o funcionário e perde o cliente, perde os dois juntos, né, então não tem sentido.

Speaker:

Então, eu acho que nisso eles acertaram muito bem, assim, de deixar a pessoa escolher o seu projeto também, e não só obrigar alguém a trabalhar com alguma coisa.

Speaker:

Entendi, entendi, então isso dão opções, né, agora ficou mais claro.

Speaker:

E agora eu queria saber como é trabalhar com a galera, Passa esse processo de primeiros meses,

Speaker:

tu achou um projeto agora pra trabalhar.

Speaker:

E qual que foi a diferença de quando tu começou a trabalhar com eles, comparado ao Brasil?

Speaker:

E tu pesquisou bastante, né? Então, tu já tinha alguma expectativa de como que seria?

Speaker:

E pela tua expectativa com a realidade, o que tu achou?

Speaker:

É, eu pesquisei mais coisas sobre o país do que coisas sobre a empresa ou o emprego especificamente.

Speaker:

Mas sobre a cultura, digo assim, tipo das pessoas.

Speaker:

Tu já tinha uma ideia do que te esperava por lá, ou não? Eu tinha, mais ou menos, assim.

Speaker:

Pelo que eu tinha visto nos vídeos no YouTube, né? O pessoal falava muito no YouTube que os suecos são muito introvertidos, né?

Speaker:

Então que o pessoal não conversa tanto, né?

Speaker:

Que é difícil de se aproximar. Mas pra falar uma verdade, eu não achei isso, não.

Speaker:

Mas eu acho que pode ser, porque eu sou uma pessoa um pouco mais introvertida, né?

Speaker:

Então eu gosto de conversar com todo mundo, eu puxo o assunto pras pessoas, né?

Speaker:

E uma coisa que eu reparei aqui, é que apesar de as pessoas não iniciarem tanto o assunto contigo, se tu conversar com elas, elas conversam de volta, né?

Speaker:

Então, eu acho que vai muito de tu ter a iniciativa de se aproximar, de construir uma relação com as pessoas,

Speaker:

não só no trabalho, mas em qualquer lugar, né?

Speaker:

E no meu trabalho, especificamente, a gente tem muita gente de países diferentes, né?

Speaker:

Então, eu acho que tem mais...

Speaker:

Tinha, pelo menos, né? Antes dos layoffs, agora não sei mais.

Speaker:

Tinha mais imigrante do que sueco, né? Na minha empresa.

Speaker:

Então, acaba que o pessoal se acostuma com essas culturas diferentes e tinha mais pessoas da América Latina também,

Speaker:

tinha um outro brasileiro na minha empresa, mas ele saiu tem uns meses.

Speaker:

Então, acho que essa cultura internacional ajuda também a ter mais comunicação no ambiente de trabalho.

Speaker:

E geralmente isso é uma coisa que as empresas procuram, na área de tecnologia,

Speaker:

eles prezam bastante por pessoas que têm uma boa comunicação quando eles vão contratar.

Speaker:

Inclusive isso geralmente é o que eles falam que é o principal, assim, até nas entrevistas técnicas, né, eles sempre te falam

Speaker:

a gente não liga tanto pra solução que tu vai dar, mas a gente liga pra como que tu aborda problemas

Speaker:

e como que tu comunica o que tu tá pensando enquanto tu tá resolvendo os problemas, né.

Speaker:

Então isso é muito importante, comunicação realmente é essencial.

Speaker:

Mas nessa empresa aí, com tantas culturas diferentes assim, tu sentiu alguma diferença de como era no Brasil?

Speaker:

Ou não? Porque tu falou que tem muito latino, né? Então acho que isso deixa as coisas um pouco mais fáceis, né?

Speaker:

Sim. É, eu não vi nenhuma diferença assim muito... não sei. Nada chamou atenção.

Speaker:

Nada muito chamativo, é, exatamente.

Speaker:

É, eu acho que foram essas coisas que eu apontei, assim, que é bem internacional, né?

Speaker:

Então, a gente acaba tendo uma comunicação muito boa, mas às vezes a gente vê algumas diferenças culturais em pequenas coisas, sabe?

Speaker:

Então, por exemplo, na maneira como tu comunica alguma coisa. Então, às vezes, tu escreve uma frase pra alguém de determinada maneira, a pessoa lê aquilo e interpreta de outro jeito, né?

Speaker:

Por exemplo, se tu... Vou te dar um exemplo de uma situação que aconteceu comigo no trabalho esses tempos, né?

Speaker:

Tinha uma estagiária que ela tava toda hora usando o ping de marcar todo mundo no canal.

Speaker:

Só que era um canal que a gente tinha umas 100 pessoas, né? E aí toda hora ela postava, toda hora ela postava aquilo.

Speaker:

E aí eu fui lá em determinado momento e eu comentei numa dessas postagens que ela fez com o ping de marcar todo mundo,

Speaker:

notificar todo mundo, né?

Speaker:

Isso, o arroba here, arroba channel, né?

Speaker:

É, aí eu fui lá no comentário e coloquei assim, fulana, por favor, no futuro, tenta evitar de marcar todo mundo, se não for algum assunto urgente.

Speaker:

E eu postei isso, e eu achei que, na minha cabeça, aquilo estava ok, né?

Speaker:

Eu não fui agressiva, não falei nada demais, só pedi pra ela, no futuro, evitar usar pra coisas não urgentes.

Speaker:

E aí veio a chefe dela, que era a moça do marketing, né? Ela veio defender a estagiária,

Speaker:

como se eu estivesse atacando ela. E aí eu me dei conta que, culturalmente, para algumas pessoas,

Speaker:

o fato de tu chamar a atenção de alguém em público, num canal público,

Speaker:

Ainda que seja de um jeito educado e tal.

Speaker:

Quer dizer que tu tá acusando alguém de fazer alguma coisa. Então, nesse caso, eu me dei conta de que eu deveria ter chamado ela em privado,

Speaker:

ainda que fosse uma coisa pequena que, pra mim, na minha cabeça,

Speaker:

não teve importância nenhuma e que eu não ofendi ela nem nada.

Speaker:

Mas pra outras pessoas, por causa dessa diferença cultural, talvez tenha parecido que eu tava acusando ela de alguma coisa,

Speaker:

tipo, tava dizendo, você é incompetente, alguma coisa assim, né?

Speaker:

Mas isso é muito cultural. E são pequenas coisas que a gente acaba aprendendo no dia a dia mesmo.

Speaker:

Entendi. Tá. E na parte técnica, essa empresa, você sentiu alguma diferença? Porque a gente até comentou

Speaker:

algo parecido no começo, que é esse medo que dá de trabalhar para fora,

Speaker:

de trabalhar com estrangeiros no geral, mas como que foi na prática?

Speaker:

É, eu acho que tem bastante disso também, assim, de talvez questões de comunicação cultural, né, mas num geral eu acho que é bem parecido, assim,

Speaker:

então, ah, claro, né, vai ter revisão dos pull requests, né, vai ter revisão do seu trabalho sempre,

Speaker:

vai ter alguém lá pra te dar algum feedback, fazendo comentários, aí feedback é outra coisa, né, feedback.

Speaker:

É uma coisa que muda muito culturamente, né, então tem países onde se dá o feedback de um jeito diferente

Speaker:

Aqui, particularmente, eu acho que o pessoal tende a ser direto, mas não rude, assim, eu sei que tem países, por exemplo, na Alemanha, eu sei que o pessoal é bem, assim, casca-grossa, né, na hora de dar feedback, eles falam o que dá na telha, e eles não estão nem aí, se tu tá triste ou não com o que eles estão falando, né.

Speaker:

E aqui não, aqui eu notei que o pessoal tenta, quando eles te dão algum feedback, eles tentam, pelo menos, pensar um pouquinho sobre a maneira como eles estão falando aquilo, né.

Speaker:

Eu acho que os suecos, em geral, eles tentam evitar muito conflito, né?

Speaker:

Então, eles não gostam, assim, se eles puderem fazer qualquer coisa pra evitar conflito, eles vão.

Speaker:

Mesmo que seja, sei lá, fugir ou ignorar alguma coisa ou fingir que não estão vendo, assim, eles vão fazer, né?

Speaker:

Então, isso realmente é culturalmente diferente do brasileiro, né? Que arma barraco pra qualquer coisa.

Speaker:

E aqui não, aqui o pessoal é muito passivo, assim, tipo, ah, aconteceu isso, deixa quieto, né?

Speaker:

É assim mesmo, acontece.

Speaker:

Eu queria agora passar sobre como que tá sendo morar aí, né?

Speaker:

Que essa foi a parte mais extensiva da tua pesquisa, né?

Speaker:

E escolha de ir pra Suécia também.

Speaker:

Tu teve esse primeiro mês aí pra explorar. E eu queria saber sobre custo de vida morando aí.

Speaker:

E sempre eu emendo em custo de vida, é tipo...

Speaker:

Se a gente pegar o dinheiro que foi do Brasil e for pra fora,

Speaker:

tu já falou que é caro, mas tendo o salário daí, continua caro também, ou isso mudou?

Speaker:

Não, mas claro que eu ganho um salário alto para o padrão daqui também, porque o cargo de desenvolvedor de software ele é um cargo que ganha um pouco mais do que a média da população.

Speaker:

Mas assim, o aluguel aqui é bem caro, como eu falei, Estocolmo é uma das cidades mais caras do mundo.

Speaker:

Assim, para ter uma noção, o dinheiro aqui é em cronas, cronas é 10 vezes o euro.

Speaker:

Então, a conversão que eu faço é, divide o valor que eu te falo por dois e tu vai ter o valor em reais.

Speaker:

Então, por exemplo, eu pago 12 mil cronos de aluguel, o que daria 6 mil reais de aluguel por mês.

Speaker:

E isso é a média pra Estocolmo, eu não pago muito caro, nem muito barato, eu pago assim, na média.

Speaker:

Eu não moro muito longe, nem muito perto do centro da cidade, eu moro a 30 minutos do centro da cidade,

Speaker:

que é razoável, não é ali bem no meio da Muvuca, mas também não é longe demais.

Speaker:

30 minutos é ok, assim, é perfeitamente ok para chegar na estação central.

Speaker:

Eu acho que é muito bom. Aqui não é nem muito perto, nem muito longe de metrô, dá acho que uns

Speaker:

15 minutos andando até o metrô daqui, mas tem uma estação de ônibus também a 5 minutos,

Speaker:

que é o que eu geralmente pego para chegar aqui, porque é mais rápido.

Speaker:

Sair, tipo, comer fora, sair, essas coisas. sair é caro, sair eu acho que é o que é mais caro aqui, eu não saio muito normalmente, né, especialmente no inverno,

Speaker:

no inverno a gente tende a ficar mais em casa, né, acomodado, mas, por exemplo, ir em barzinho, assim,

Speaker:

ou até almoçar fora, né, eu costumava almoçar muito fora em São Paulo, eu adorava comer fora,

Speaker:

e aqui eu não faço mais, aqui eu só compro comida no supermercado e faço em casa, porque é muito caro,

Speaker:

Eu gasto no mínimo 60 reais, 120 cronos. Então, no mínimo 60 reais pra comer fora.

Speaker:

Essa é a média, assim, lá no centro da cidade, né? Se eu for comer alguma coisa um pouquinho mais barata, aí talvez eu consiga ir por uns 50 reais.

Speaker:

Então, é bem caro, né? Claro que o meu salário é bem mais alto, então ainda assim compensa pra mim, né? Ainda consigo guardar um pouco de dinheiro.

Speaker:

Mas é o que eu sempre digo, né? Quando a gente muda de uma cidade pra outra, tem que ver o caráculo proporcional.

Speaker:

Não adianta só ver o valor em dinheiro do que a gente gasta, né?

Speaker:

Então, por exemplo, quando eu morava em Porto Alegre, que eu era formada com OAB e com POS, e trabalhava como advogada.

Speaker:

Eu ganhava R$ 1.500 por mês em Porto Alegre, né, que é... não dá nem pra pagar um aluguel, né.

Speaker:

Então, proporcionalmente, não sobrava nada no meu salário, como eu não tinha nem dinheiro pra morar sozinha, se eu quisesse, né.

Speaker:

E aí, quando eu me mudei pra São Paulo, só o fato de eu me mudar pra São Paulo, eu já tinha o suficiente.

Speaker:

Trabalhando como advogada também, dando o mesmo tipo de cargo, exatamente o mesmo tipo de trabalho,

Speaker:

Com a mesma experiência, inclusive, eu tinha o suficiente pra pagar um aluguel sozinha, pelo menos.

Speaker:

Morar ali num, claro, né, 25 metros quadrados, mas já é alguma coisa, já é melhor do que nada, né?

Speaker:

E eu conseguia também pagar minha comida, né, pagar meu aluguel e beleza, não sobra nada, mas dá pra viver, pelo menos, né?

Speaker:

E aí, me mudando pra cá, né, e eu... no Brasil eu já trabalhava como desenvolvedora de software, né?

Speaker:

E aí, de sobrava, sei lá, digamos assim, 10, 20% do meu salário, talvez, depende de onde eu moro, né, do quanto que eu gasto por mês e tal.

Speaker:

Eu acho que quando eu saí de lá, sobrava mais ou menos isso, sobrava talvez uns 20% do meu salário, só que 20% do meu salário em reais, né, é uma coisa.

Speaker:

E aqui, se sobra, sei lá, 10%, ah, vai, 10% não, 1 terço, vai, sobra mais ou menos 1 terço do meu salário, sobrava lá, sobra aqui, né,

Speaker:

Então, um terço do meu salário aqui é muito mais do que um terço do meu salário em reais, né? Então, vale a pena, mesmo assim.

Speaker:

Porque, pensa assim, como que diz? Poder de compra, né? Então, poder de compra que a gente tem no Brasil, por exemplo, se eu quiser comprar um iPhone no Brasil,

Speaker:

eu tenho que guardar, sei lá, 20 meses de salário, né? Porque é caríssimo, comparado ao que eu ganho e quanto que sobra todo mês e tal, né?

Speaker:

Então, pô, tem que guardar muito dinheiro pra eu conseguir comprar e tem que guardar todo mês, assim.

Speaker:

Então, é só focar no iPhone por tanto tempo e aí ano que vem já lança um outro, então já não dá pra comprar mais, né?

Speaker:

Já tem que comprar um modelo novo e já é mais caro e tal.

Speaker:

E aqui não, aqui eu guardo, sei lá, dois meses de salário e já dá pra comprar o mesmo iPhone, sabe?

Speaker:

Então, é outra coisa, assim, é totalmente diferente, né? O poder de compra que as pessoas têm aqui, ou no exterior em geral, eu acho.

Speaker:

E tu falou de sair, eu queria saber sobre a comida sueca, o que tu acha? Nossa, é péssima!

Speaker:

Eu acho que isso é um dos pontos negativos aqui, a escuridão no inverno e a comida.

Speaker:

Nossa, eles parecem que não usam tempero aqui, sabe?

Speaker:

Não tem sal, não tem nada, não tem tempero a comida mesmo, sabe?

Speaker:

Eu tava até conversando com uma brasileira que eu conheci no avião,

Speaker:

agora quando eu fui visitar a minha família mês passado,

Speaker:

Eu sentei do lado de uma brasileira e comecei a conversar com ela, e ela também, era a primeira vez dela aqui na Suécia, e ela estava me perguntando justamente isso, ela falou

Speaker:

nossa, mas eu achei a comida daqui parece que é sem sal, não tem gosto de nada, eu achei, será que foi o lugar que a gente foi, ou será que é assim mesmo que é aqui? Eu falei, não é assim mesmo.

Speaker:

É em todo lugar aqui, é bem difícil achar comida boa. Geralmente tu acha comida um pouquinho melhor quando tu vai em restaurante de imigrantes aqui, e mesmo assim tem que procurar,

Speaker:

Porque o que acontece, muitas vezes, é que tu vai num restaurante de imigrantes, só que eles adaptam a comida pro gosto sueco.

Speaker:

Aí continua sem ter tempero nem nada, né? Então é bem difícil mesmo.

Speaker:

E é caro, né? É comida boa aqui. A outra coisa que é bem diferente aqui é a bebida.

Speaker:

Porque a bebida aqui é monopólio estatal. Então só vende nas lojas do governo, e as lojas do governo só abrem em dias específicos da semana, não é todo dia.

Speaker:

E elas só abrem em determinados horários. Então, por exemplo, acho que na sexta-feira, se não me engano, fecha cedo.

Speaker:

Ou é no sábado, acho que é no sábado, o festa é tipo 3 da tarde, então se até 3 da tarde do sábado tu não comprou a bebida, tu não vai comprar mais.

Speaker:

Ou tu vai no bar e paga 60 reais por um drinquezinho pequenininho, né, ou tu não bebe, fica sem beber no fim de semana, e é isso.

Speaker:

E no supermercado eles não vendem, eles só vendem bebida no supermercado que é até, acho que 2,5% de álcool, alguma coisa assim, então é bem pouquinho, é tipo nada assim.

Speaker:

É, não pode ter vinho, cerveja, nada. Não, não. Aí tem, mas é sem álcool.

Speaker:

Ou com menos de dois e meio de álcool, que é nada basicamente.

Speaker:

Então, pra beber tem que se manejar. A gente tá acostumado a comprar álcool.

Speaker:

Ir mais cedo, né? Falar, vou sair à noite, tenho que ir no supermercado cedo.

Speaker:

Acho que na Finlândia também.

Speaker:

É. Ah, na Finlândia eu não sei. Que na Finlândia... Na Finlândia eles gostam de beber também.

Speaker:

Eu sei que eu viajei pra lá no passado. É, eu fiz um episódio sobre a Finlândia

Speaker:

e eu tô lembrando de algo assim também, de que tem que ir cedo no supermercado pra comprar bebida.

Speaker:

Ou pagar muito no bar. É, mas lá eu acho que eles não têm essa coisa de monopólio estatal aí.

Speaker:

Inclusive, curiosidade sobre a Suécia é que essa loja do governo que vende álcool,

Speaker:

que chama Systembolaget, essa loja, ela é o maior importador de álcool do mundo.

Speaker:

Então, se tu pede pra eles importarem alguma bebida específica, eles geralmente conseguem.

Speaker:

Qualquer lugar, assim, tu pede, ah, eu quero, sei lá, um licor das Ilhas Maldivas de não sei do quê.

Speaker:

Aí tu pede pra eles e eles dão um jeito e importam. Claro que é caro, né?

Speaker:

Mas eles importam porque eles têm esse poder de compra, né? De ser o maior importador de álcool do mundo.

Speaker:

Como é pro país inteiro, né? É só eles que vendem, né? Da Suécia.

Speaker:

Então, é isso. Um abraço.

Speaker:

E tu comentou um pouco sobre o inverno, né? No começo, tu tava falando sobre ficar escuro muito tempo.

Speaker:

E que não dá pra fazer muita coisa, porque tá no frio, né? Mas agora a gente tá no verão. E o que muda?

Speaker:

Eu sei que comer fora não é uma opção viável, né? Com frequência, por causa do preço.

Speaker:

Beber, só se for, sei lá, no lanche da tarde, né? Porque depois não vende mais.

Speaker:

Mas o que mais que dá pra fazer aí?

Speaker:

Não, beber tu pode se tu for num bar, né? Só vai pagar caro.

Speaker:

O que o pessoal geralmente faz é muita festa em casa aqui.

Speaker:

Então eles gostam de fazer, tipo, a gente faz uma festinha em casa e depois

Speaker:

mais tarde a gente vai pra algum barzinho, alguma coisa assim, ou pra alguma festa, não sei.

Speaker:

Eu não achei uma festa boa aqui até agora. Eu já fui em algumas, mas é muito engraçado, porque os suecos eles são todos duros.

Speaker:

Quando tu vê um show ou uma festa, qualquer coisa assim, eles dançam meio parado, sabe?

Speaker:

Parece que não se mexe direito e tal, mal e mal se mexe.

Speaker:

Em show, eu fui no show da Beyoncé, no mês passado.

Speaker:

E o pessoal tudo parado. Como é que o pessoal fica parado no show da Beyoncé?

Speaker:

Que tem um monte de música, todo mundo pulando e tal.

Speaker:

E tava cheio de brasileiro nesse show, né? Em particular.

Speaker:

E aí, os brasileiros tudo pulando, e os suecos tudo parados.

Speaker:

É muito engraçado. A Beyoncé até falou no meio do show, assim.

Speaker:

Nossa, mas tem bastante brasileiro aqui hoje.

Speaker:

Sério? Sim, ela falou, é. Mas o quê? Bandeira, gritaram?

Speaker:

É, assim, bandeira e pulando, né? No meio da multidão ali com um monte de sueco parado,

Speaker:

os brasileiros tudo pulando e gritando e fazendo festa, né? A gente é um povo que faz muita,

Speaker:

festa, né? Acho que a gente percebe mais isso quando a gente vê outras culturas e

Speaker:

vê que o resto da galera fica mais parado, quieto e tal, né? Geralmente quando tu vê

Speaker:

alguém falando alto em aeroporto, ou é brasileiro ou italiano, ou é os dois.

Speaker:

Né? Geralmente é assim. Mas o verão aqui era muito diferente, assim, né? Eu não tinha essa noção de

Speaker:

como as estações do ano podem ser tão diferentes até eu me mudar pra cá. Porque é muito claro,

Speaker:

assim, tu vê, tipo, não, verão, né? É calor, mas não é calor demais, né? E as plantas crescem muito,

Speaker:

rápido. Tu corta a grama, daqui a dois dias ela já tá enorme de novo. É um negócio impressionante,

Speaker:

deram esteroide pra grama, sabe? Mas é o verão. É porque assim, as plantas só tem ali, sei lá,

Speaker:

quantas semanas por ano pra crescer, né? No resto do ano é muito frio e elas não conseguem.

Speaker:

Então elas dão tudo de si em duas semanas, digamos assim.

Speaker:

E... então é muito engraçado. E parece que as pessoas também ficam com mais energia no verão, né?

Speaker:

Eu, particularmente, eu me sinto assim, né? Quando tá claro, assim, o dia inteiro eu tenho mais vontade de sair,

Speaker:

de caminhar, de fazer coisas, né? De fazer esportes e tal.

Speaker:

E no inverno não. No inverno a gente quer ficar mais sentadinha em casa, não quer sair, não quer fazer nada, né?

Speaker:

Eu, nossa, no ano passado, o pessoal me falou, eles me avisaram.

Speaker:

Ó, o inverno é difícil, o inverno é complicado, é escuro, né? A gente fica cansado.

Speaker:

Mas e aí, como foi pra ti? E aí, novembro, assim, eu tava bem, né? Porque inverno é, sei lá, novembro, dezembro, janeiro, talvez um pouquinho de fevereiro, né? E aí acaba.

Speaker:

E...

Speaker:

Novembro eu tava super bem, e aí eu pensei, não, não é tudo isso, né? Eu tô indo bem até agora.

Speaker:

Virou dezembro, eu parei de dormir.

Speaker:

Porque eu dormia uma hora, acordava, dormia outra hora, acordava, dormia outra hora, acordava.

Speaker:

Ficava assim o dia inteiro, eu não conseguia, porque o meu corpo ficou louco com esse negócio, porque o verão, assim,

Speaker:

quando tem sol o dia inteiro, tu fecha a cortina, tá resolvido, tu dorme.

Speaker:

Quando é inverno, tá escuro o dia inteiro, como é que tu faz, sabe? O corpo não entende.

Speaker:

Não sabe que aquilo ali é...

Speaker:

O que as pessoas fazem? Eles simulam? Tem alguma coisa diferente?

Speaker:

Eu não sei, eu acho que é questão de se acostumar mesmo, sabe?

Speaker:

De passar vários anos nesse ciclo, e aí o corpo de repente, alguma hora se acostuma, não sei.

Speaker:

Eu sei que eu tive que procurar remédio pra dormir, pra me ajudar, porque eu não tava conseguindo,

Speaker:

assim, tava horroroso o meu ciclo de sono.

Speaker:

E eu fiquei uns dois meses assim, eu fiquei dezembro e janeiro foram os piores pra mim,

Speaker:

assim, eu não conseguia fazer nada, não tinha energia pra nada, tava sempre cansada,

Speaker:

Dormia pingado o dia inteiro. Nossa, horrível.

Speaker:

E na primavera voltou ao normal?

Speaker:

Na primavera voltou ao normal. Assim, janeiro, que já começou a ficar um pouquinho mais claro,

Speaker:

já melhorou, porque dezembro é o mês mais escuro do ano, né?

Speaker:

No meio de dezembro, ali na época do Natal, tem o solstício de inverno, que é o dia mais escuro do ano.

Speaker:

Que aí tem, sei lá, 3, 4 horas de sol só, né?

Speaker:

Que é super esquisito, né? Mas você teve alguma falta de vitamina também? Apesar do sono?

Speaker:

Não, mas eu tomo suplemento de vitamina. Ah, tu já toma por padrão.

Speaker:

É, não, eu tomo desde que eu me mudei pra cá, eu já tomava antes, porque no Brasil já não saía muito, não pegava muito sol.

Speaker:

E aí aqui eu comecei a tomar mais fixo, assim, né. Então, no inverno eu tomo mais, né, eu tomo umas cápsulas com um pouco mais de vitamina D.

Speaker:

E no verão eu tomo só o polivitamínico, assim, geralmente.

Speaker:

Entendi. E sobre a qualidade de vida em geral, sobre tudo que tu pesquisou, tu tá sentindo isso na prática?

Speaker:

Então, o que tu tá sentindo diferente da tua experiência no Brasil pra experiência aí em Estocolmo?

Speaker:

Com certeza. Eu gosto de dizer que o melhor pra mim em questão de qualidade de vida aqui é o fato de eu poder

Speaker:

andar em qualquer lugar, a qualquer hora, sendo mulher, sozinha, e não ter que se preocupar com nada.

Speaker:

Sabe? Isso é uma tranquilidade que eu jamais tinha no Brasil e que eu não tenho até hoje.

Speaker:

Quando eu vou visitar o Brasil, eu fico super paranoica, tô sempre olhando pra todo lado, né?

Speaker:

Sempre pensando, meu Deus, será que tem alguém me seguindo? Será que essa pessoa aqui que tá ali naquele canto vai me assaltar ou coisa assim?

Speaker:

Não sei, né? A gente nunca sabe, a gente tá sempre paranoico e dependendo da zona com razão, né?

Speaker:

Porque tem algumas cidades que tá bem difícil a criminalidade hoje em dia no Brasil, né?

Speaker:

E aqui eu não tenho que me preocupar com isso.

Speaker:

Eu simplesmente não tenho. Eu já tomei alguns sustos na rua pela minha própria paranoia, mas que no fim não era nada, né?

Speaker:

Mas, na verdade, no ano passado, teve um cara que tentou me furtar aqui uma vez.

Speaker:

E isso eu achei muito engraçado, porque eu pensei, não, o cara escolheu logo a brasileira, né, pra fazer isso, pelo amor de Deus.

Speaker:

Eu fui numa loja de brechó aqui, por sinal, eles gostam muito de brechó, eles adoram usar roupa de segunda mão aqui, né?

Speaker:

E aí eu tava olhando, assim, casacos e tal, e aí parou um cara atrás de mim, né?

Speaker:

E eu, hum, não gosto de alguém parado atrás de mim, né? Que a gente que é brasileiro já fica com o olho atrás.

Speaker:

E aí eu fui me virar, né, pro cara, e aí eu virei tentando enfiar a mão no meu bolso.

Speaker:

Aí eu olhei, aí ele falou, sorry, sorry, e foi embora.

Speaker:

Foi tipo, foi lá pro fundo da loja, sei lá, saiu. Isso, pediu desculpa em inglês, ou seja, provavelmente não era sueco, né?

Speaker:

Provavelmente era de algum outro lugar, não sei de onde. E sumiu, assim. Aí eu chamei a gerente da loja, né, expliquei o que tinha acontecido e tal.

Speaker:

Falei, não, a gente vai ficar de olho, não se preocupa.

Speaker:

E aí fui embora. Nada mais aconteceu. Mas o cara foi escolher logo a brasileira.

Speaker:

Eu tenho certeza que se fosse um sueco, provavelmente não ia notar.

Speaker:

Porque o pessoal aqui é bem avoado, eles nem prestam atenção nessas coisas, assim.

Speaker:

Nunca partem do pressuposto de que tu vai querer fazer uma coisa ruim.

Speaker:

Sabe? Eles meio que ficam um pouco de olho, assim, caso aconteça alguma coisa, mas

Speaker:

nem de longe, não é que nem aquela coisa brasileira, sabe?

Speaker:

Quando eu fui visitar minha família no mês passado, eu fui no shopping e aí eu fui em algumas lojas, assim, né? Passear, olhar as coisas e tal.

Speaker:

E aí eu tinha esquecido como que é aquela coisa do brasileiro de sempre ter alguém colado atrás de ti nas lojas, né? Um vendedor.

Speaker:

Só pra checar se tu não tá roubando nada. E... Nossa, é muito desconfortável!

Speaker:

Porque depois que a gente se desacostuma disso, a gente se acostumar de novo, a gente fica com aquela coisa, tipo...

Speaker:

Meu Deus, ela podia pelo menos dar um espaço pra mim, né? Em vez de ficar, tipo, colada nas minhas costas, me olhando o tempo inteiro.

Speaker:

Eu tenho um de... minha esposa, ela pega a notinha e já joga fora.

Speaker:

Automaticamente, ela não pega, né? Tipo, supermercado, etc. E eu sempre vou pra ela. Minha paranoia ainda de mercado.

Speaker:

De ficar com as notinhas e tudo, né? A sacola, todas as coisas que eu compro com a Notinha.

Speaker:

Tem que entrar em qualquer lugar.

Speaker:

Eu tô com a Notinha no bolso, eu jogo em casa.

Speaker:

Só jogo fora em casa, assim, porque...

Speaker:

Assim, eu tô tentando parar mais com isso, mas eu tenho essa paranoia.

Speaker:

Tipo, ela vai jogar fora. Pô, não joga, não, ela tá fora.

Speaker:

Tipo, deixa na sacola, sabe? E ela não entende muito por que eu faço isso.

Speaker:

Sim, é. Eu deixo na sacola também. Eu pego a Notinha, enfio na sacola e vou embora. Sempre.

Speaker:

Sim, sim, sim. Porque às vezes eu vou entrar em outra loja, eu quero ter aquela Notinha.

Speaker:

É. Mas na real, não aconteceu nada.

Speaker:

Exatamente. É coisa da nossa cabeça, aquela paranoia de brasileiro.

Speaker:

Outra coisa que aconteceu comigo esses dias, eu estava andando na rua, isso faz tempo já, faz uns meses.

Speaker:

E eu estava numa calçada e tinha uma ciclovia logo do meu lado.

Speaker:

E aí veio um cara lá do, sei lá, de onde que ele estava vindo.

Speaker:

Ele veio vindo, veio vindo, veio vindo, e ele estava em um daqueles patinetes motorizados.

Speaker:

E aí ele parou, só que ele parou exatamente do meu lado. E aí eu fiquei tipo, meu Deus, esse cara vai me assaltar.

Speaker:

Por que ele parou exatamente do meu lado?

Speaker:

Aí ele pegou, desceu e foi embora, foi para outro lugar. Aí eu parei e pensei, meu Deus, que paranóia é essa?

Speaker:

Que eu achei só porque o cara parou exatamente do meu lado que ele ia me assaltar.

Speaker:

E eu assim, com o coração batendo forte, sabe? E eu realmente preocupada.

Speaker:

Sim, o meu foi uma moto, foi pior ainda. Pô, o meu coração esfarou tanto.

Speaker:

O cara parou na minha frente, olhando de um lado para o outro,

Speaker:

mas ele está tentando achar a saída, mas tipo...

Speaker:

E às vezes é só alguém procurando, pedindo directions, né? Tipo, pedindo...

Speaker:

Enfim, assim, eu sou cuidadoso e isso eu não quero parar de ser, né?

Speaker:

Mas eu acho que mostra um pouco o...

Speaker:

A qualidade de vida, né? Os nossos traumas ainda, né? Segurando.

Speaker:

Porque esse dia foi muito ruim.

Speaker:

Tipo, eu fiquei muito, muito mesmo. Porque, na minha cabeça, eu fui assaltado.

Speaker:

Só me deixo em paz, sabe?

Speaker:

Quando eu vi a moto, assim, parando, desacelerando, eu falei, caraca, agora...

Speaker:

Não, eu entendo totalmente.

Speaker:

É, não levo no ID aqui, porque, né? Isso...

Speaker:

Eu não sou local, então é muito chato fazer o outro. O que soltava na cabeça, ok. Sim. Não foi nada.

Speaker:

Mas eu queria saber mais o que tá sendo difícil sobre morar aí.

Speaker:

Tu comentou sobre o inverno.

Speaker:

Tu deu uma pincelada ali sobre a comida, mas a comida dá pra contornar o inverno, não, né?

Speaker:

Mas o que tu acha nesse teu ano e meio aí que é a coisa mais difícil de morar na Suécia?

Speaker:

Ou morar fora, em geral?

Speaker:

É, eu... Bom, eu mencionei, né? A comida aqui não é tão boa,

Speaker:

então eu sinto muita falta de algumas comidas do Brasil.

Speaker:

O inverno também, né, pra regular o sono, assim, no inverno é muito difícil, e também pra regular a atividade física, né,

Speaker:

pra quem gosta de fazer atividade física o ano inteiro, assim, quando chega o inverno fica...

Speaker:

Dá uma preguiça, né, de sair de casa, mas pra mim, eu acho que a coisa mais difícil é lidar com algumas burocracias que eles têm aqui,

Speaker:

porque tem coisas que não foram feitas pra imigrantes, sabe, e é o tipo de coisa que a gente só se dá conta quando a gente é imigrante,

Speaker:

E eu comecei a pensar, assim, depois que eu passei por algumas coisas aqui,

Speaker:

como que será que é isso no Brasil? Porque a gente nunca pensa, né, nessas coisas.

Speaker:

Como que será que é para imigrante no Brasil? Será que é difícil assim também?

Speaker:

Isso são coisas simples às vezes, né? Por exemplo, o site do serviço de saúde público deles aqui, né?

Speaker:

Eles têm um site, é tudo eletrônico e tal, só que é tudo em sueco, né?

Speaker:

Então, toda hora eu tenho que ficar traduzindo com o plugin ali do Chrome, o tradutor,

Speaker:

para conseguir entender o que está dizendo na página. Às vezes eu tenho que chamar alguém para me ajudar a entender o que está acontecendo,

Speaker:

Porque, por exemplo, quando tu pede pra gente dar um atendimento,

Speaker:

tu tem que fazer isso via chat, né?

Speaker:

E aí o chat, ele é tipo, começa com um chat com robô, e aí o chat é todo automatizado,

Speaker:

e aí tu tem que clicar ali nas opções, né?

Speaker:

Então é como se fosse um formulário.

Speaker:

Só que tu não consegue traduzir aquilo ali, porque tem um negócio na página lá que gera o JavaScript,

Speaker:

e aí quando tu clica no traduzir, ele não funciona.

Speaker:

Então o que eu faço, às vezes, também, é usar o celular. Então eu pego o celular, ele tem um aplicativo do Google Tradutor,

Speaker:

que tem a lente, e aí se tu aponta a lente pro texto, ele traduz pra ti ele na hora.

Speaker:

Então isso daí me ajudou demais pra algumas coisas. Por exemplo, nas primeiras semanas, quando eu ia no supermercado, eu também não entendia

Speaker:

nada, nada, nada. Hoje eu vou no supermercado, eu entendo quase tudo, de costume, de ir tantas vezes e tal.

Speaker:

E também de fazer um pouco de aula de sueco, que me ajudou bastante.

Speaker:

Mas tem coisas que realmente não foram feitas pra imigrante, e o pessoal não pensa nisso, sabe?

Speaker:

Eu vou te dar outro exemplo, quando eu fui abrir uma conta, pra abrir a conta, pra eu

Speaker:

conseguir usar o meu cartão na conta, eles falaram que eu tinha que depositar dinheiro,

Speaker:

Só que o jeito de depositar dinheiro era transferindo de outra conta.

Speaker:

Porque eu não podia depositar por dinheiro e aí eu pensei, mas e se a pessoa não tiver outra conta

Speaker:

na Suécia, se a pessoa nunca teve conta na Suécia, né, porque eles estavam partindo do presposto que

Speaker:

eu nasci na Suécia, que eu tive pais que me transferiram dinheiro para eu conseguir fazer

Speaker:

a primeira transferência para minha conta para daí depois eu conseguir começar a receber dinheiro

Speaker:

na minha conta e daí que isso sempre teve ali, sabe? Isso é o natural da pessoa sueca, só que

Speaker:

eu não sou, né, minha primeira vez ali, eu não tenho conta no país, eu não tenho como trazer,

Speaker:

de outra conta dentro do país, né?

Speaker:

Então eu tinha que pedir de novo pra alguém me ajudar, pra transferir, sei lá,

Speaker:

cinco reais, um real, o que quer que seja, só pra eu conseguir ativar lá o tal do cartão, né?

Speaker:

Então são coisas desse tipo, assim, que a gente não pensa, a não ser que a gente passe por isso, né?

Speaker:

E, sei lá, vida de imigrante.

Speaker:

Hashtag vida de imigrante.

Speaker:

E pra fechar, qual que é a coisa mais legal desse teu tempo aí?

Speaker:

Coisa mais legal, eu acho que a natureza da Suécia, nossa, é lindo, assim, eu sei que a gente tem muita natureza no Brasil também, só que a gente não cuida.

Speaker:

E a gente tem problema também com segurança, né, tem muitos lugares que apesar de serem muitos bonitos, ainda tem muita insegurança

Speaker:

e aqui eu pessoalmente me sinto super segura, assim, eu caminho o dia inteiro, né, eu faço aí mais de 20 quilômetros caminhando em trilha

Speaker:

é super tranquila, sem me preocupar com nada, se alguém vai me sequestrar no meio da trilha ou se eu vou me perder, vou me parar numa região que eu não deveria estar, num lugar que eu não deveria estar, ou se eu vou chegar numa cidade, vou me perder e aí alguém vai me assaltar, alguma coisa assim, não, não me preocupo com nada disso aqui.

Speaker:

Ah, eu acho que volta de novo pra nosso assunto da paranoia, né, de como a gente ainda tem um pouco dessa paranoia brasileira mesmo, estando aqui.

Speaker:

Mas eu acho isso maravilhoso, eu adoro caminhar aqui. Nossa, sensacional a natureza do Suécio.

Speaker:

A gente fechar, onde o pessoal te acha? Tu já tem compartilhado coisas sobre a Suécia, sobre como é que é trabalhar fora, então onde o pessoal pode continuar vendo esse assunto?

Speaker:

Eu tenho o linkedin, eu não tenho postado muito ultimamente, infelizmente, o canal no YouTube eu tô devendo ainda postar mais coisa, porque eu tenho um monte de ideia, mas eu tenho que sentar e parar e gravar as coisas, ultimamente eu tenho feito tanta entrevista todos os dias que eu não tenho mais energia

Speaker:

pra falar no fim do dia, sabe? A gente fica horas e horas falando em entrevista e aí chega no fim do dia, eu tô cansada.

Speaker:

Mas eu vou tentar gravar o vídeo na semana que vem e aí eu já posto lá no canal falando sobre os layoffs e tal, dando dicas pro pessoal.

Speaker:

E também vocês podem me seguir no Instagram, se quiserem. E eu acho que é isso, eu não tenho muita rede social, não.

Speaker:

Linkedin, YouTube e Instagram.

Speaker:

Tá bom, todos os links vão ficar aqui na descrição. Então, Patricia, muito obrigado mesmo.

Speaker:

Acho que a gente tem que fazer uma continuação, né? Então tu vai fazer o vídeo sobre o layoff.

Speaker:

Se sair antes da newsletter, eu coloco o link lá e também coloco o link aqui na descrição,

Speaker:

porque esse episódio vai no fim do mês.

Speaker:

Provavelmente o teu vai sair primeiro, Então o pessoal vai conseguir saber um pouco mais sobre esse processo.

Speaker:

E vamos pensar no próximo.

Speaker:

Tu faz o vídeo sobre o layoff, e depois a gente bate um papo em cima disso.

Speaker:

E aí eu tento explorar um pouco mais de como que foi.

Speaker:

Espero que até lá, tu já esteja com o outro, né? Outro trabalho.

Speaker:

Acho que tem que ter paciência. É um saco. Sim. É um saco. Persistência.

Speaker:

É, eu já tive nessa de sair de uma empresa pra conseguir o outro.

Speaker:

É o momento mais chatinho assim, né?

Speaker:

Mas aí vai ser bom a gente ouvir de ti também, como que tá sendo, passar por isso, porque...

Speaker:

É, ouvir algumas experiências acaba ajudando um pouco. Claro que quando acontece contigo é diferente.

Speaker:

E eu tive nessa também, então sei como que é.

Speaker:

Mas ouvir de alguém, né?

Speaker:

Que é como tu fez pra se preparar pra ir pra fora, sempre acaba te dando um pouquinho mais de...

Speaker:

De conhecimento sobre como lidar com a situação. É, então...

Speaker:

É isso aí. Bora fazer. Obrigadão novamente. Foi um prazer.

Speaker:

Muito legal esse episódio. E fico com mais curiosidade ainda de conhecer a Suécia.

Speaker:

Com exceção da comida, né?

Speaker:

Porque, pelo que tu falou, acho que então só a IKEA daqui, que eu vou, né?

Speaker:

E, pô, quando eu vou, sempre tenho que parar pra comer lá, porque eu acho muito bom.

Speaker:

Então, talvez, seja adaptada pro Parada Português, que é mais próximo do nosso.

Speaker:

Talvez, porque eu gosto bastante.

Speaker:

Beleza, mas muito obrigada pelo convite, e foi um prazer estar aqui.

Speaker:

Que é isso, o prazer foi meu e até a próxima.

Chapters

Video

More from YouTube