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Agile Coach em Hamburgo, Alemanha com Cindy Morais - De Nômade Digital para a Alemanha #109
Episode 1097th June 2023 • TPA Podcast: Carreira Internacional & Tech • Gabriel Rubens
00:00:00 01:13:26

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Shownotes

Nesse segundo episódio sobre Hamburgo, na Alemanha, a Cindy Morais nos conta como está sendo o seu trabalho de Agile Coach por lá e, também fala sobre as diferenças culturais do ambiente de trabalho. E como em todos os países mais frios, a Cindy também vai dar a opinião dela sobre o inverno da Alemanha.

Cindy Morais

Paulistana, agilista, louca dos pets, vegetariana mas quase vegana que come pouca salada, ex nomade digital, YouTuber, música brasileira, ideias malucas o tempo todo e de modo geral um pessoa empolgada, aprendendo alemão e francês ao mesmo tempo e agora vivendo uma vida em um país que nem se quer falo o idioma!



Créditos

Lista de Episódios

Palavras-chave:

  • Agile Coach
  • Trabalhando em Hamburgo
  • Morando em Hamburgo
  • Morando na Alemaha
  • Entrevista de Emprego na Alemanha

Por Gabriel Rubens ❤️

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Transcripts

Speaker:

Fala pessoal, bem-vindos novamente ao TPA Podcast, aqui é o Gabriel Rubens e hoje a

Speaker:

gente vai falar sobre Alemanha, mais precisamente, Hamburgo, e a Cindy Moraes vai contar pra

Speaker:

gente como tá sendo morar e trabalhar lá na Alemanha.

Speaker:

Tudo bem, Cindy?

Speaker:

Oi, Gabriel, tudo bem com você? Tô muito feliz de estar aqui hoje, eu ouvi alguns episódios do podcast e é muito maneiro,

Speaker:

Tô muito feliz com o convite, obrigada.

Speaker:

Que isso, já faz tempo que eu quero te chamar. Desde que o seu estilo mudou, eu deixei na lista, eu pensei, quando passar seis meses,

Speaker:

eu tava com...

Speaker:

O período de probation. É, eu tava com aquele meio...

Speaker:

Pra mim mesmo é... Que snoozy. Não, tipo, tu consegue programar quando devia, sabe?

Speaker:

Sim, sim. E aí, eu vi esses seis meses.

Speaker:

Que maneiro. Tá aí. Estamos aí. Muito bom, muito bom. Meu Deus.

Speaker:

Então, vamos começar por você fazendo a introdução própria de você mesma, né?

Speaker:

Boa. Quem é você e o que você faz?

Speaker:

Boa. Oi, gente, eu sou a Cindy Moraes, eu sou paulistana, eu sou agilista,

Speaker:

eu sou louca dos pets, mais precisamente, doguinhos. Eu tenho a Dara, minha salsichinha, minha Dara aventureira.

Speaker:

Eu sou ex-nômade digital e quem sabe a gente consegue falar um pouco sobre isso, né?

Speaker:

E o Waze é porque eu vim morar aqui na Alemanha e esse projeto acabou.

Speaker:

Eu sou youtuber também, então me sigam em todos os canais, arroba assim de morais, vou deixar aqui o meu javá.

Speaker:

E eu falo um pouco... Os links na descrição. Sim, os links na descrição do canal, do podcast.

Speaker:

E eu falo um pouco sobre tudo isso, sobre vida nômade, quando eu estava vivendo isso,

Speaker:

e agora, como que é viver na Alemanha, como é que foi achar emprego aqui,

Speaker:

como é que foi trazer o cachorro.

Speaker:

Então, essa sou eu e eu também trabalho como a Jailcoach há algum tempinho aí na vida.

Speaker:

E foi essa trajetória que me fez chegar aqui hoje.

Speaker:

Então, eu vou pegar do ponto de você estar como nômade digital,

Speaker:

que eu acho que foi daí que eu comecei a assistir teu canal, não lembro,

Speaker:

que eu vi, tu compartilhou no LinkedIn, a ir para a Alemanha, tipo, o que aconteceu aí?

Speaker:

Tu cansou dessa vida e quis, cê ficou sem ir a algum lugar, e aí depois já conecta com o porquê a Alemanha.

Speaker:

Boa, vai ser muito engraçado, porque assim, eu tava só de boa vivendo uma vida

Speaker:

nômade pelo Brasil, né, tava viajando ali, saindo de São Paulo, dirigindo,

Speaker:

Fui até o Uruguai, estava tranquila, não tinha muitos planos de morar em São Paulo,

Speaker:

São Paulo não faz mais sentido nenhum na minha vida.

Speaker:

E aí eu estava só tranquila vivendo uma vida nômade, e não estava nos meus planos morar na Alemanha.

Speaker:

Eles aconteceram assim, do nada, eu não estava esperando, não estava nem buscando isso,

Speaker:

e aí simplesmente aconteceu. E aí quando aconteceu eu fiquei pensando,

Speaker:

caraca, será que eu vou ter que abrir mão disso?

Speaker:

Abrir mão disso também foi um desafio, eu fiquei pensando, Não, eu vou conseguir morar nomad na Europa e etc, mas são outros desafios morar nomad na Europa.

Speaker:

Então a Alemanha, ela não estava inicialmente nos meus planos, não foi uma decisão muito pensada também.

Speaker:

Foi só acontecendo e foi engraçado como isso aconteceu.

Speaker:

E aí eu simplesmente tive que mudar a rota, né?

Speaker:

Ver o que estava acontecendo na minha vida, pra onde é que eu ia e falava,

Speaker:

vamos lá pra essa tal de Alemanha, ver o que que tem lá.

Speaker:

Então, não estava esperando significa que alguém te contactou.

Speaker:

Foi algum headhunter? Foi algum amigo?

Speaker:

Foi assim ó, eu tava de boa, trabalhando tranquilo, e aí uma empresa da Alemanha me mandou uma DM.

Speaker:

É uma brasileira que trabalha numa empresa aqui na Alemanha, me mandou uma DM em inglês, assim,

Speaker:

contatando no LinkedIn, e eu fiquei, ué, por que que essa pessoa tá me contatando?

Speaker:

Tipo, meu perfil em inglês era um desastre, não tava nem arrumado, tinha horrores de erros ali,

Speaker:

não era uma coisa atualizada, nem nada.

Speaker:

Falei, mas se o meu perfil tá começando a ficar interessante pra essa pessoa aqui na Alemanha,

Speaker:

pode ser que tenha algum pote de ouro que eu não estou vendo, uma oportunidade.

Speaker:

Por que eu falo isso? Porque eu já tinha um desejo de morar na Europa desde 2018.

Speaker:

Eu tentei trabalhar em Portugal, viajei para Portugal, fiz entrevista em Portugal,

Speaker:

mas acho que não rolou, não era a hora certa, as propostas também não estavam batendo com o que eu queria,

Speaker:

e aí essa coisa ficou em stand-by, mas nunca fui mais atrás disso,

Speaker:

Ficou só em stand-by e tava só vivendo minha vida.

Speaker:

E aí, quando essa pessoa me mandou uma DM, eu falei, ah, vamos lá, vamos ver o que ela quer, o que ela achou aqui do perfil.

Speaker:

E aí, bati um papo com ela, fui seguindo nas entrevistas, foi avançando,

Speaker:

até que eu tomei uma negativa no processo, porque ela precisava de uma pessoa com um background mais técnico,

Speaker:

e eu não tenho um background tão técnico assim,

Speaker:

apesar de eu achar que não precisava tanto desse background técnico, mas ok.

Speaker:

E aí, eu falei, bom, mas se o meu perfil ficou interessante pra ela,

Speaker:

O que mais que tem de oportunidade aqui, né, nessa Alemanha? Deixa eu ver.

Speaker:

Aí eu comecei a filtrar despretensiosamente e fiz umas duas, três aplicações ali pra

Speaker:

testar mercado mesmo, ver o que que tava acontecendo.

Speaker:

Atualizou o LinkedIn também? É, dei uma atualizada, não muito assim, não muito perfeito, eu dei só uma revisada no texto,

Speaker:

coloquei data, arrumei os títulos, assim, nada muito gritante, até porque

Speaker:

Apesar de eu trabalhar bem pouquinho com o inglês em São Paulo, bem pouquinho mesmo,

Speaker:

eu diria que 20% do meu dia, meu inglês ainda estava meio enferrujado, sabe?

Speaker:

Ah, não vou ficar me dedicando nisso, não.

Speaker:

Aí, eu me apliquei nas vagas e fui, fui fazendo entrevistas, assim,

Speaker:

e aí uma entrevista foi avançando, e eu fiquei, hum, tá avançando, tá avançando e tá sendo legal,

Speaker:

tipo, tá avançando e tô curiosa, né, pra saber o que vai acontecer, tô animada com o desafio que tem.

Speaker:

E eu fiquei, bom, e se der certo? Só que nenhuma vez, nenhuma hora na minha cabeça eu pensei que ia dar certo, né?

Speaker:

Eu tenho a síndrome da impostora muito grande e eu nunca nem cogitei que ia dar certo

Speaker:

até que realmente deu certo. Veio a offer, assim, eu fiquei, meu Deus, é de verdade.

Speaker:

Agora eu tenho que tomar uma decisão na minha vida.

Speaker:

E aí eu tive que tomar uma decisão na minha vida e eu falei, bom, vamos abraçar essa oportunidade

Speaker:

que eu comecei despretensiosamente e no final deu certo.

Speaker:

Então foi assim que aconteceu.

Speaker:

De aplicar até vir a offer foram, acho que, mais ou menos uns 3, 4 meses.

Speaker:

3, 4 meses, né? Então, é bem lento o processo.

Speaker:

É lento, é lento. Por isso que eu estava sempre assim... Esse pessoal está me enrolando.

Speaker:

Porque aí demorava tipo 4 semanas para vir um retorno e ficava...

Speaker:

Isso aí não vai dar nada.

Speaker:

E o que foi o processo? Era muito diferente dos que você já fazia no Brasil, ou você sentiu diferença em como que eles procederam?

Speaker:

O que eu senti...

Speaker:

Eu acho que não foge muito do que tinha no Brasil, eu acho que sempre tem um bate-papo inicial,

Speaker:

aí depois, às vezes, você ou alguém submete um case pra você fazer e apresentar depois, ou alguém faz uma...

Speaker:

Uma... Como é que chama? Sei lá, como é que chama isso, mas você entra numa sala e todo mundo...

Speaker:

Tipo teatrinho?

Speaker:

Não, teatrinho não, mas todo mundo começa a fazer um monte de pergunta pra você, tem um nome isso, né?

Speaker:

Tá, tá bom.

Speaker:

Eu não sei o nome disso. Eu não sei também, mas eu entendi, tipo, tu vai estar com quase que um time inteiro ali,

Speaker:

às vezes uma pessoa de produto, desenvolvedores, seja um coach...

Speaker:

Fazendo perguntas, achei bem semelhante nesse sentido.

Speaker:

Talvez aqui na Alemanha tenha tido um pouco mais de etapas, eu senti que teve mais entrevistas do que acho que no Brasil que a gente deveria ter,

Speaker:

no máximo três, aqui eu devo ter tido umas cinco mais ou menos.

Speaker:

Tu falou do teu inglês que estava enferrujado. Como que foi o inglês enferrujado?

Speaker:

Na tua opinião, né? Naquela época. E aí, qual que foi na prática, quando chegou nas entrevistas?

Speaker:

Boa. O que acontece? Também acho que eu ouvi um podcast seu,

Speaker:

você explicando um pouco com relação ao inglês, acho que a gente tem algumas coisas parecidas, assim.

Speaker:

Então, acho que vale trazer. Eu estudei inglês, assim, desde adolescente, né?

Speaker:

Mas depois eu dei uma parada.

Speaker:

Parei de estudar, parei de ter contato com o idioma. Quando eu fui pra Portugal, eu comecei a fazer umas aulas particulares.

Speaker:

Um pouquinho antes, na verdade, desculpa.

Speaker:

Em 2015, eu resolvi fazer intercâmbio de um mês, fiz na Irlanda,

Speaker:

pra dar uma melhorada, assim, eu conseguia me comunicar, mas sempre aquele inglês travado, porque a gente não tem contato com a língua,

Speaker:

então a gente fica meio travado.

Speaker:

Aí, em 2015, eu fui fazer intercâmbio fora, pra pegar... Entender como é que um gringo fala, né?

Speaker:

Porque até então não tinha tido contato com isso ainda.

Speaker:

Aí, em 2018, fiz um pouquinho de... Voltei, mas também continuei sem contato nenhum com o gringo ou com o idioma em si.

Speaker:

Em 2018, quando eu inventei de ir para Portugal, eu peguei umas aulas particulares para poder dar uma melhorada.

Speaker:

Foi bom, porque eu fui fazendo entrevistas em Portugal e foi rolando.

Speaker:

E aí, acho que eu só voltei a usar inglês quando eu vi que Portugal não ia dar certo.

Speaker:

Eu falei, putz, acho que eu preciso dar uma melhorada no inglês também, que eu posso,

Speaker:

ser para outros países, né?

Speaker:

E aí, eu comecei a mudar tudo. eu mudei toda a forma como eu consumo conteúdo, coloquei tudo em inglês, tudo, tudo, tudo,

Speaker:

legenda, áudio, sem áudio, pra poder realmente forçar bem assim a leitura, o áudio, tudo.

Speaker:

E aí, em 2021 pra 2020, é, em 2021, dentro da última empresa que eu tava trabalhando no Brasil,

Speaker:

a gente usava um pouquinho mais de inglês, mas só tipo 20% do meu dia, não era muito,

Speaker:

era muito mais leitura do que fala, e aí nas entrevistas eu fui com a cara e com a coragem,

Speaker:

Fui com a cara e com a coragem, com o meu inglês broken, assim, eu falei, vai, vamos, vamos conversar.

Speaker:

E a galera entendeu o que eu estava falando, eles entenderam todas as minhas ideias,

Speaker:

eles me aprovaram com esse inglês que eu achava que era a minha língua, né? mais ou menos assim.

Speaker:

E aí, eu fiquei... Bom, então talvez não seja tão ruim. Mas aí, quando você começa a trabalhar mesmo do dia a dia, desde de manhã,

Speaker:

com a sua primeira reunião, reunião de onboarding, todos os seus documentos sendo em inglês, você fica...

Speaker:

Meu Deus, o que está acontecendo?

Speaker:

Meu cérebro vai derreter, eu não estou conseguindo processar mais.

Speaker:

A minha boca não consegue falar o que eu estou pensando, eu falo muito lento.

Speaker:

Então, deu todas essas sensações de começo, sabe? Foi muito doido.

Speaker:

E a sensação também de que tu não consegue expressar tudo o que você quer, como você

Speaker:

quer, né? Tipo, a entrevista tá um pouquinho mais controlada do que no dia a dia, aquela parada de que

Speaker:

tua personalidade muda porque falta pra ti ainda, né?

Speaker:

Total! Totalmente! Eu sinto muita falta de xingar, por exemplo, eu xingo muito em português e em inglês

Speaker:

eu ainda não consigo xingar o tanto que eu gostaria, assim, do fundo do meu coração.

Speaker:

Eu sinto falta. uma personalidade um pouquinho diferente. Acho que agora ela tá mesclando um pouco,

Speaker:

mas ela ainda é um pouquinho diferente.

Speaker:

É, então... Pra mim, ainda o problema são com piadas com nativos, especificamente.

Speaker:

Acho que eu falei isso recentemente, mas eu tô trabalhando agora com parte do time,

Speaker:

que é do Reino Unido, nativos.

Speaker:

E aí, eu ainda não pego 100% das piadas dele.

Speaker:

Eu tenho que rir às vezes, por rir. Tava todo mundo junto, tipo...

Speaker:

Semana passada, não, essa semana, na segunda e terça, aí eu sei que a gente, eu entrei no jantar uma vez assim, né, tipo,

Speaker:

era, tava um lugar só reservado pra gente, então entrando, e aí quando eu cheguei, tipo, todo mundo começou a brincar,

Speaker:

um fez uma piada, eu dei risada, tá todo mundo olhando pra mim, a mesa inteira, que eu tava chegando atrasado,

Speaker:

e eu fiquei, cara, não sei o que esse cara falou, tipo, não tenho ideia, eu dei aquela risada amarela, não, não, não, não,

Speaker:

as situações que eu ainda pego, assim, eu falo, cara, esse ainda é difícil, no geral.

Speaker:

Com outros estrangeiros é muito mais fácil, agora com o pessoal do Reino Unido, ainda...

Speaker:

É, quando você fala com gente que também é a segunda língua, acho que a empatia é outra também,

Speaker:

porque eles também não entendem a piada.

Speaker:

E eles também não vão conseguir fazer a piada da língua deles em inglês, e eu também não vou entender.

Speaker:

Então, acho que fica numa zona mais neutra ali, tranquila, sabe?

Speaker:

Sim, sim, total. Mas como que foi, saindo do... Vou dar até um passo atrás. Eu ia falar de como era o dia a dia de trabalho, mas eu queria saber do...

Speaker:

Como que foi mudar da vida de nômade digital para ir para a Alemanha, porque agora é uma situação difícil.

Speaker:

Tu queria ir lá no passado, mas tua vida virou vida de nômade e tu não estava nem em São Paulo, então tu estava vivendo isso.

Speaker:

E aí chega a oferta de trabalho, o que que tu pesou aí pra decidir ir para a Alemanha em vez de continuar como nômade?

Speaker:

Boa, boa pergunta. O que eu pesei foi muito assim, caraca, eu nunca morei fora, nunca tive oportunidade de nem estudar fora, fora do intercâmbio,

Speaker:

e eu sempre quis muito entender como é que seria, como que é viver fora do seu país, né?

Speaker:

O que você aprende, o que você experimenta, que oportunidades que você tem,

Speaker:

pra onde você pode viajar, né, eu sempre quis viajar o mundo inteiro, assim, conhecer vários lugares,

Speaker:

e aqui eu falei, bom, aqui é uma oportunidade maneira, eu vou continuar vivendo como nômade no Brasil,

Speaker:

vai ser lindo, maravilhoso, vou conhecer vários lugares do Brasil que eu não conheço ainda,

Speaker:

mas eu também posso ir pra lá e conhecer outros lugares da Europa que eu não conheço ainda também,

Speaker:

e ainda ganhar em euro pra isso, pareceu muito bom assim, na minha cabeça e acho que uma coisa que me irrita, infelizmente, muito no Brasil.

Speaker:

Acho que é a situação da segurança, por exemplo, é uma coisa que me deixa muito frustrada,

Speaker:

desigualdade bizarra, é uma coisa que você fica, caraca, que merda que a gente tá vivendo aqui

Speaker:

a situação política do país, numa época muito incerta

Speaker:

eu fiquei, cara, que loucura que tá acontecendo, e eu falei, não quero ficar aqui pra ver.

Speaker:

E aí eu peguei minhas coisinhas e fui embora.

Speaker:

Entendi. E o que que mudou do teu plano de ser nômade digital na Europa e tu ter se fixado numa cidade?

Speaker:

Boa, aqui, vamos lá gente, aqui pra todo mundo que já, que tá pensando em mudar pra

Speaker:

Europa ou que já tá aqui sabe que uma das maiores dificuldades da Europa é a crise imobiliária, né?

Speaker:

Apartamento, achar lugar pra ficar, não é fácil por aqui.

Speaker:

E o meu contrato de trabalho só me permite trabalhar na Alemanha.

Speaker:

Por conta de taxas, por conta de seguro de saúde, todas essas coisas,

Speaker:

ele não me permite trabalhar em outros países da Europa.

Speaker:

Ele tem até um plano de trabalhar, você pode pedir pra trabalhar fora um tempo,

Speaker:

mas ele é supervisionado, digamos assim.

Speaker:

Você só pode trabalhar uns 30 dias fora da Alemanha, todo mundo tem que saber, tem que estar pedido certinho, etc.

Speaker:

E aqui dentro da Alemanha poderia ser uma paz da oportunidade de poder pegar um carro e também sair viajando e parando nas cidades e conhecendo e ficando,

Speaker:

porém achar apartamento é muito difícil aí você fala ah mas você não morava em Airbnb e tal?

Speaker:

Morava, seria uma oportunidade? Seria, só que aqui na Alemanha você tem que estar sempre registrada em algum endereço.

Speaker:

E eu por exemplo no Brasil poderia usar o endereço sei lá de registro da minha mãe, de alguém da minha família, um amigo e tal,

Speaker:

mas aqui na Alemanha você tem que ter um endereço de registro e morando de Airbnb em Airbnb você não consegue ter

Speaker:

esse endereço de registro, porque você demora pra conseguir um Airbnb, pouquíssimos Airbnbs

Speaker:

vão deixar você ficar tipo mais de um mês, eu gosto de ficar um mês, dois meses nas

Speaker:

cidades por exemplo, e você tem que se registrar naquele endereço, e é uma burocracia danada

Speaker:

assim pra você ir num poupatempo daqui, um cartório daqui, e ir lá fazer esse registro

Speaker:

da cidade, porque esse pessoal aqui ó, eles amam o que?

Speaker:

Uma cartinha física, o que eu recebo de correspondência aqui cara, é brincadeira, tipo tem uma pasta

Speaker:

que cheia de papel de correspondência que eu recebo na Alemanha.

Speaker:

Então isso me impediu de continuar vivendo uma vida de nômade aqui na Alemanha,

Speaker:

por exemplo, e muito menos na Europa, infelizmente.

Speaker:

Ah, então quer dizer, se tu tivesse algum familiar aí, né? Tipo, se tua mãe fosse daí também, teu pai, avó, qualquer pessoa,

Speaker:

seria mais fácil porque tu teria um endereço fixo.

Speaker:

Tu teria ainda a crise imobiliária, e isso não tem o que fazer.

Speaker:

Mas tu teria também, né, por outro lado, não ter que pagar um aluguel fixo, poder deixar as coisas principais na casa de alguém. Sim.

Speaker:

Essa é a complicação de morar fora, que permeia vários aspectos, né?

Speaker:

Mas ainda assim, acho que se eu tivesse alguém, ainda seria um jeitinho, sabe? Um jeitinho brasileiro.

Speaker:

Porque eu acho que, meio que legalmente, não sei se daria. Não consigo entender muito bem a legislação aqui ainda.

Speaker:

Ah, tá bom. Mas com certeza dificulta, não tem jeito.

Speaker:

Sim. Mas o custo de vida te permitiria fazer isso? O que você sentiu aí?

Speaker:

Porque eu acho que no Brasil o salário em TI é bem alto.

Speaker:

Ele é bem alto.

Speaker:

Para o custo de vida, sim. E eu já falei isso para algumas pessoas, que para mim,

Speaker:

morar no Brasil eu guardava mais dinheiro do que aqui.

Speaker:

Porcentagem. Então, é isso.

Speaker:

Então, como você vê isso com vida de norma digital, se você fosse mesmo colocar em prática?

Speaker:

Sim, seria um tanto desafiador porque eu acho que o preço do aluguel que eu pago aqui no mês, por exemplo,

Speaker:

ele seria mais ou menos o que eu gastaria de AirBnB, então seria esse mesmo valor de moradia.

Speaker:

Podia ser às vezes um pouquinho maior, um pouquinho menor, dependendo da cidade, mas ainda assim

Speaker:

eu enfrentaria aquela dificuldade de realmente achar um AirBnB que me aceitasse por um mês,

Speaker:

que aí você consegue aquele descontinho maneiro, ou que me aceite por dois meses.

Speaker:

Para eles, donos, né, hosts de Airbnb, eles não acham que valem a pena.

Speaker:

Eu até perguntei, tipo, inclusive quando eu estava de mudança para cá,

Speaker:

eu não estava achando flat para ficar nem nada.

Speaker:

E aí eu comecei a perguntar nos Airbnbs, posso ficar um mês, posso ficar um mês e meio, eu estou me arrumando e tal,

Speaker:

e o pessoal, não, não compensa para mim, porque aí você vai ficar aqui gastando tudo

Speaker:

e fica muito caro a conta no final.

Speaker:

Aí eu, ah, tá bom.

Speaker:

Então, eu não sei muito bem como isso funcionaria na prática.

Speaker:

Na minha cabeça, eu ia dar o mês do meu aluguel, mas pode ser que tenha umas variações pra cima e pra baixo, e seria essa correriazinha assim.

Speaker:

Agora, pensando no trabalho, quando tu chegou aí e aí tu vai...

Speaker:

Tu já usava um pouco do inglês que tu falou no Brasil, né, 20%,

Speaker:

então tu já trabalhava com pessoas de fora, certo?

Speaker:

Sim, sim. Trabalhava com nativo e mexicano e tal, mas só ali, as Américas.

Speaker:

Tá bom, tá bom. E como que foi aí? Tipo, como que é composto o teu time, países?

Speaker:

Qual que é a diferença de como tava lá no Brasil?

Speaker:

Boa. A empresa que eu trabalho é uma empresa alemã, então ela é composta por 70% de alemães.

Speaker:

E aí tem os outros 30... Não são tão comum, hein? Num podcast, tipo...

Speaker:

Acho que as pessoas quase sempre falam que tem mais estrangeiros na empresa.

Speaker:

É, então aqui é ao contrário. Aqui é 70% alemão e 30% estrangeiro.

Speaker:

Tem estrangeiro de tudo quanto é lugar, eu diria, tem gente do Brasil, pouquíssimas

Speaker:

pessoas mais tem, acho que somos em uns 8 ou 9 brasileiros, de uma empresa de 400 pessoas,

Speaker:

tem gente da Europa inteira, tem gente da Argentina, tem gente do Chile e tal, mas é só 30% da empresa.

Speaker:

Aí o meu time, a gente tem um chapter de agilidade, aí o chapter ele é um pouquinho

Speaker:

Então ele tem alemães, tem brasileiros, tem europeus, tem gente da Indonésia, tem gente de um monte de lugar,

Speaker:

lugar, mas os times de outros lugares, outras áreas de times que eu interajo, muitas vezes

Speaker:

Mas eu sou a única estrangeira e todo mundo é alemão.

Speaker:

Então, isso pra mim no começo foi tipo assim, caraca, cara, eu tô entrando aqui, eu não falo alemão,

Speaker:

eu tô acabando com a vida deles, que eles têm que falar inglês comigo, não sei o que lá.

Speaker:

Porque eu lembro que na outra empresa, quando entrava alguém que não falava português,

Speaker:

a gente tinha que mudar pro inglês, era sempre tipo, ai, puta, a gente tem que mudar pro inglês

Speaker:

só por causa de uma pessoa, e agora eu era essa pessoa.

Speaker:

No começo foi muito ruim, eu me sentia super mal, e agora eu tô tipo assim, vai falar inglês com latina, sim.

Speaker:

Vai ficar mudando o seu idioma, assim. Então, eu me apropriei disso e agora eu gosto.

Speaker:

E como que a cultura aumenta essa empresa com muito mais nativos do que estrangeiros, né, expat?

Speaker:

Porque uma das coisas que eu vejo é que muitas pessoas procuram empresas mais internacionais

Speaker:

por ter um pouco mais de medo da cultura só com nativos, eles serem mais fechados.

Speaker:

Mas qual que é a tua experiência?

Speaker:

Boa. Bom, eu já vim estudando, quando rolou a offer e tal, falei, tá, beleza, agora eu vou trabalhar com um monte de alemão, e aí, né, o que eu vou aprender?

Speaker:

Aí comecei a estudar cultural map e tal, comecei a dar uma estudada nisso, entender como é que eles são no dia a dia, o que funciona pra eles, o que não funciona, né, o que eu posso esperar, né, o que eu poderia esperar?

Speaker:

Então eu vim com uma cabeça do tipo, bom, eles são pessoas mais fechadas sim, eles

Speaker:

são direto ao ponto, eles são assim, mais... como é que chama isso, gente?

Speaker:

Estereótipo de trabalhar muito sério, muito focado, e é com isso que eu venho, com essas

Speaker:

três coisas que eu vim na cabeça.

Speaker:

E aí acho que a primeira coisa que eu cheguei aqui, eu cheguei um dia antes de começar

Speaker:

a trabalhar, foi super corrido.

Speaker:

Www.opusdei.pt

Speaker:

E aí quando eu cheguei, a galera foi me receber e eu fiquei, e aí eu beijo, eu abraço, o que que eu faço?

Speaker:

Eu travei aqui na hora, eu falei, ooooi gente, e aí vocês abraçam, vocês beijam, não sei o que eu faço.

Speaker:

Aí a minha líder, ela falou, não, é bem aqui que a gente abraça, a gente beija.

Speaker:

Só que eu percebi que ela falou a gente, só que ela se sentia confortável pra fazer isso.

Speaker:

Mas uma galera que eu fui chegando e fui beijando, no primeiro dia eu cheguei beijando todo mundo.

Speaker:

E aí, a galera que fui beijando, elas ficaram, tipo assim, totalmente em chão,

Speaker:

que essa mulher tá chegando aqui e me dando um beijo na minha bochecha, ela tá louca, sabe?

Speaker:

Então, foi muito engraçado nesse primeiro momento, assim, do contato.

Speaker:

Eu também notei, assim, na época que eu falava muito com a mão, falava muito mais alto,

Speaker:

e a galera sempre tomava uns sustos, assim, tipo, meu Deus, que essa mulher tá gritando, gente, que absurdo, sabe?

Speaker:

Isso no escritório?

Speaker:

Isso no escritório, às vezes na cal também, às vezes eu... Oi, gente, bom dia! Tipo, funcionou assim, pô!

Speaker:

E aí eu me senti muito inibida no começo, por ter esses olhares estranhos, assim, tipo...

Speaker:

Caraca, que assustador, né? Que eu sou muito fora do que eles estão acostumados.

Speaker:

E aí, nossa, eu ficava com um conflito interno gigantesco, eu ficava...

Speaker:

Meu Deus do céu, não vou ser aceita aqui, né? Pra mim, a aceitação é importante.

Speaker:

E eu fiquei, não. Não, eu vou ter que ser quem eu sou mesmo.

Speaker:

Eles que lutam, eles me contrataram assim, eu sou doida, e eles que me contrataram desse jeito, eu não vou ficar me escondendo não.

Speaker:

Então essa foi uma coisa que eu lutei, assim, uns dias, uns dias não, uns meses internamente, pra poder ficar numa boa.

Speaker:

E aí trabalhar com eles é bem... é bem... bem do jeitinho que eu imaginei, assim, eles são sérios.

Speaker:

Eles são muito diretos, se eles têm um feedback eles vão falar na sua cara, se tá ruim, né?

Speaker:

Quando tá bom, eles não falam nada.

Speaker:

Tá bom, eu não tenho que falar nada, mas se tá ruim eu vou falar alguma coisa pra você.

Speaker:

Acho que só me aconteceu poucas vezes, umas 4, 5 vezes assim direto,

Speaker:

de eu fazer alguma coisa e alguém já me mandar uma DM e falar...

Speaker:

Por que você fez isso? Eu acho que você deveria ter feito assim, assim, assim...

Speaker:

Eu não gostei, porque isso me impactou assim, assim, assim...

Speaker:

Aí eu fiquei... Upa, tudo bem. É assim então que o pessoal funciona.

Speaker:

Essas foram as primeiras coisas, assim... Mas você teve algum choque?

Speaker:

Porque uma coisa é você ler, outra coisa é quando você recebe na hora, assim...

Speaker:

Ah, é que como eu não concordei muito, né? Tipo, achei que a pessoa tava levando pra um outro lado e tal,

Speaker:

eu tava tipo assim, ah, ok, essa aqui é o que ela pensa. Eu também, eu acho que eu sou, até alguns amigos meus falam, né,

Speaker:

que talvez eu ia sofrer menos na Alemanha, porque eu já sou um pouco mais direta com os meus próprios feedbacks,

Speaker:

e eu tô acostumada a receber feedback direto, e que talvez eu não sofresse tanto.

Speaker:

Então, acho que pra mim foi tipo, ah, tá bom, tá falando aqui, ok, vou repetir sobre isso, sabe?

Speaker:

Não foi uma coisa que me paqueou tanto assim, foi mais o humm, foi bem na hora, ta, pum!

Speaker:

Caraca, não tava esperando, a velocidade talvez.

Speaker:

Eles são muito pontuais né, não sei se todos os europeus, mas os alemães são extremamente pontuais.

Speaker:

Não, eles são extremamente pontuais. Sim, até com o pessoal do Reino Unido, novamente, não sei se é só minhas duas experiências, mas também não são pontuais assim.

Speaker:

Ter reuniões que a gente marca curtas de 15 minutos, a galera chega 4 minutos atrasada e fala,

Speaker:

Pô, a paz da reunião já foi.

Speaker:

Sim, aqui eles... é isso, eles... Ah, foi bom também, que acho que logo de cara alguns alemães que eu tive o one-on-one e tal,

Speaker:

conversando um pouco, tentando entender o que que eles estavam fazendo,

Speaker:

qual a dificuldade que eles estavam enfrentando, não, normal, um one-on-one comum.

Speaker:

E aí acho que de cara, assim, a galera mantém umas amenidades,

Speaker:

perguntando como é que eu tô, como é que eu tô me ajeitando aqui em Hamburgo,

Speaker:

mas eles avisam assim do tipo, olha, eu demoro pra confiar nas pessoas,

Speaker:

Então pode ser que eu demore pra me abrir com você, mas quando eu ficar confortável com você, você vai ver que tudo vai ficar melhor.

Speaker:

Então eles avisam, sabe? Alguns colocam isso na mesa.

Speaker:

E como a empresa, por mais que ela seja alemã, ela tem muito forte falando que é muito aberta,

Speaker:

que a gente tem que ser aberto pra todo mundo, que a gente tem que aprender,

Speaker:

que a gente tem que respeitar a individualidade, a cultura do outro, então eles reforçam isso demais,

Speaker:

que faz com que todos os alemães que estão lá, eles estão em linha com aquilo, com

Speaker:

o que eles acreditam.

Speaker:

Então eles não vão ser desrespeitosos com você, eles não vão ser muito aleatórios assim ou muito...

Speaker:

Eles vão ser receptivos, na medida que eles conseguem.

Speaker:

Eles não vão ser nem um pouco perto da receptividade brasileira, mas eles vão ser receptivos.

Speaker:

E acho que eles foram até bastante comigo, porque eles perguntavam se eu tava precisando

Speaker:

de alguma ajuda pra fazer mudanças, se eu tava precisando de alguma ajuda com a tradução,

Speaker:

Eu vim pra cá sem falar alemão nenhum e eu trabalho com um monte de alemão, então

Speaker:

eu vivia perguntando, ó, isso aqui eu faço o que?

Speaker:

Isso aqui agora é o que? Isso aqui é...

Speaker:

Eu vivia usando todos os conhecimentos burocráticos que ele já tem.

Speaker:

Então eles são assim, trabalhando, sérios, pontuais, mas também bem prestativos.

Speaker:

E bora. E o que eu adoro aqui agora é que eles começam a trabalhar cedo e terminam cedo.

Speaker:

Então a gente começa a trabalhar às vezes 8h30, 8h da manhã, 9h, pra sair às 5h,

Speaker:

uma pausinha bem rápida de almoço, pra sair às 5h assim, né?

Speaker:

Todo mundo sai umas 4h30, tenho certeza, 4h, pra curtir o dia lá fora,

Speaker:

principalmente agora que tá chegando a primavera, porque olha, não é fácil não.

Speaker:

O inverno aqui é...

Speaker:

Music.

Speaker:

Eu acho interessante isso que tu falou de eles falarem que demoram mais pra se abrir.

Speaker:

Eu acho que isso já mostra que eles também tentaram entender outras culturas, né?

Speaker:

Então, acho que já é um demonstrativo de que eles estão abertos pra isso, de...

Speaker:

É assim que eu sou, com o tempo demora mais, acho que já deixa quem tá do outro lado,

Speaker:

a gente, nós latinos chegando, um pouco mais tranquilo de falar, não é pessoal.

Speaker:

Sim.

Speaker:

Porque quando chega num lugar que as pessoas são mais fechadas e por experiência própria,

Speaker:

às vezes dá uma certa insegurança de...

Speaker:

Será que o meu trabalho não tá sendo bom?

Speaker:

Que o pessoal não tá falando?

Speaker:

Então acho que essa comunicação que eles tiveram, de deixar claro, sabe?

Speaker:

Ter as regras do jogo claras, Deixar todo mundo mais tranquilo, né?

Speaker:

E acho que é bom também que você se preparou antes, entendendo.

Speaker:

Eu sei que a gente tem alguns estereótipos, mas é sempre bom estudar e mesmo assim com a cabeça aberta, né?

Speaker:

Mas pelo menos preparado pra quando alguém te der um feedback direto, né?

Speaker:

Não vai pra casa chorar, meu Deus, o que vai acontecer? Porque tu já sabe que não, é só parte de como as coisas funcionam lá, né?

Speaker:

Sim, e tem uma coisa assim que a galera falou muito quando eu cheguei, né?

Speaker:

Principalmente as pessoas managers aqui, elas falaram, tipo, olha, todo o feedback que você receber.

Speaker:

Tenha em mente que não é pessoal, é sempre sobre o seu trabalho, não é sobre a forma como você falou,

Speaker:

a forma como você tocou aquele assunto, a maneira como você expressou, nunca vai ser sobre isso,

Speaker:

vai ser sempre sobre o trabalho, tenha isso em mente, elas falaram isso repetitivamente, assim, muitas vezes.

Speaker:

E eu fiquei, tá bom. E aí eu peguei isso pro coração, falei, cara, nunca é sobre mim.

Speaker:

Então assim, ah, não achou bom que foi, isso aqui não é bom pra você? Beleza, isso aqui não é bom pra você, mas não tem nada a ver com isso sobre mim.

Speaker:

Acho que no Brasil a gente tende a levar um pouco mais os feedbacks pra um lado pessoal.

Speaker:

Por mais que a gente tente separar, eu acho que a gente fica muito mais sentido.

Speaker:

Meus amigos brincam que pra tudo eu tenho um podcast, um episódio de um podcast pra falar, né.

Speaker:

Eu ouço muito, porque eu ia falar isso ouvindo um podcast, eu tava lembrando que eu gravei

Speaker:

outro episódio ontem, eu falei isso ontem de ontem também, mas enfim.

Speaker:

Estava ouvindo o Neon, que ele comenta sobre...

Speaker:

A gente não ter nossa identidade relacionada ao trabalho e isso facilita esses feedbacks.

Speaker:

Eu acho que, por exemplo, quando a gente toma um feedback negativo por algo que a gente fez,

Speaker:

quando a gente tem nossa personalidade muito atrelada ao que a gente é relacionada, ao que a gente faz também,

Speaker:

isso às vezes acaba tornando muito mais difícil lidar.

Speaker:

Porque uma das piores coisas para uma pessoa em geral é quando você tem sua identidade colocada em xeque, certo?

Speaker:

Então, se o que você faz é a tua identidade E quando a gente dá um feedback negativo, tu começa a questionar.

Speaker:

Putz, quem eu sou?

Speaker:

Eu sou uma farsa? Entra a síndrome do impostor muito forte, né.

Speaker:

E pelo que tu tá falando, eles têm isso bem mais claro. Não sei se cultural, da empresa ou do país mesmo, mas me parece, né, ouvindo o que tu

Speaker:

tá falando, que eles têm muito mais claro que o profissional é uma coisa, o pessoal é outra.

Speaker:

Então, se eu falar, é isso aqui. Não é que você não é uma pessoa boa, sei lá, não sabe fazer as coisas.

Speaker:

Que essa parte aqui, sua profissional, precisa melhorar, ou essa situação específica, né, precisa melhorar.

Speaker:

Sim. Mas sim, eu acho que a gente leva assim mais pro pessoal, no geral, do que aqui na Europa, do que eu sinto por aqui.

Speaker:

Uhum.

Speaker:

Uma outra coisa é que eu acho que aqui na Alemanha, ou aqui na Europa como um todo, né, o trabalho, ele não é a coisa mais importante da sua vida.

Speaker:

O trabalho, ele é parte da sua vida, ele não é a coisa mais importante.

Speaker:

Eu acho que nós brasileiros a gente foi criado pra ser a coisa mais importante da nossa vida

Speaker:

porque é da onde a gente consegue tirar sustento, é da onde a gente consegue fazer um corre

Speaker:

e ainda precisa trabalhar pra caraca pra poder conseguir fazer as coisas.

Speaker:

Aqui a galera pode trocar de carreira não sei quantas vezes, sabe?

Speaker:

Tipo, eles têm diversos hobbies ao mesmo tempo.

Speaker:

O trabalho é só uma parte da vida.

Speaker:

É muito louco a relação que eles têm com o trabalho. Isso é uma coisa que eu aprendi bastante já de trabalhar aqui, né?

Speaker:

Porque a gente vem dessa coisa do Brasil, de trabalhar, de ser produtivo, de ser maluco...

Speaker:

E você tem que dar o sangue... A gente foi criado desse jeito, a gente trabalhou muito tempo nesse mood,

Speaker:

e aí quando você chega aqui, você percebe que tipo, não, você tá se apreciando pra quê?

Speaker:

Você tá se cobrando o quê? Por que isso tem um prazo? Quem falou isso pra você?

Speaker:

Aí você fica, não precisa ser agora? Não precisa ser hoje? Que loucura!

Speaker:

Então você aprende demais a dar uma desacelerada, que ela chega até a ser brutal.

Speaker:

Eu sinto que eu tava tipo na velocidade, tava na quinta marcha a duzentos e poucos por hora

Speaker:

e eu tive que vir pra cá de segundinha, andar quarentinha, cinquenta, sabe?

Speaker:

Uma loucura.

Speaker:

E como que tu foi sentindo isso assim? O que que tu viu na prática?

Speaker:

Tu consegue lembrar assim momentos que tu parou antes?

Speaker:

Para refletir sobre a tua relação de trabalho com vida pessoal.

Speaker:

Com relação a esse acelero, essas entregas, ou a maneira como a gente coloca trabalho na vida com relação a isso?

Speaker:

No geral, no geral, porque como tu chegou aí, tu foi sentindo essa diferença, tu fala, o pessoal tem a vida fora, tem muitos hobbies, né?

Speaker:

Mas teve algum momento que tu parou e falou assim, caramba, mesmo, eu tô meio acelerada, caramba, eles tão fazendo as coisas diferentes, sabe?

Speaker:

Tipo, teve algo que tu viu no ambiente que era diferente?

Speaker:

O tempo todo, assim, no meu primeiro mês, pelo menos, né, e eu tava tipo assim, o pessoal

Speaker:

dá um self-onboarding pra você fazer, e eu devorei aquele negócio, eu devorei, assim,

Speaker:

uma semana, sei lá, uma semana e meia, duas semanas, e eu tava assim, tipo, meu Deus,

Speaker:

tô atrasada, tô com essa sensação de atrasada, e eu ficava lendo, terminando, terminando,

Speaker:

fazia as anotações, fazia as análises, nananana, louquíssima assim, ó, e aí um

Speaker:

um dos meus, o meu colega que estava fazendo o meu onboarding, ele falou assim

Speaker:

mas por que que você está correndo?

Speaker:

Aí eu falei, eu não sei, eu acho que eu preciso começar a trabalhar, preciso começar a entregar, a produzir,

Speaker:

aí ele falou, não cara, se segura, tipo todo mundo, com todo mundo que eu conversava era tipo

Speaker:

sempre me desacelerando, sabe? Não, take your time, não, não precisa fazer isso agora

Speaker:

por que que você, quem te pediu essas análises, por que que você está entregando isso?

Speaker:

Ou ah, por que que você vai...

Speaker:

Tipo, às vezes eu falando, ah, então a gente faz uma reunião amanhã, o pessoal fala, mas por que amanhã?

Speaker:

Por que precisa ser amanhã? Não, amanhã a gente vai fazer outras coisas e tal, outro ritmo

Speaker:

E eu fiquei, gente, não, tem um problema pra resolver aqui, vamos sentar e resolver esse problema

Speaker:

E o pessoal, não, a gente não vai resolver esse problema agora não, a gente vai resolver esse problema na outra semana, daqui a um mês

Speaker:

Eu ficava, meu Deus, como é que vai resolver daqui a um mês, eu vou morrer.

Speaker:

Sim, sim, sim. Mas tu chega a sofrer por isso. Eu sofro.

Speaker:

Porque assim, já teve algumas situações que eu ficava também um pouco agoniado de querer

Speaker:

fazer as coisas mais rápido.

Speaker:

Sim, eu sofri muito, eu sofri muito no começo, eu tive que conversar com um monte

Speaker:

de brasileiro que estava trabalhando já aqui.

Speaker:

Eu ficava, gente, pelo amor de Deus, conversa comigo, eu devo estar fazendo alguma coisa errada, eu não estou conseguindo

Speaker:

me comunicar direito, eu não estou conseguindo passar a mensagem certa, que dá urgência.

Speaker:

E o pessoal, não Cindy, não, não é isso não. não, é que a galera é diferente mesmo, é outro ritmo, tipo, aí eu, meu Deus, porque,

Speaker:

eu ficava, ai gente, então fiz um estudo e por causa disso, disso, disso, mostrar umas

Speaker:

coisas e a galera, nossa, que doida, por que você tá fazendo isso? Aí eu, ah, desculpa.

Speaker:

Às vezes eu tentava trazer uns assuntos assim e a galera não conseguia nem entender o que

Speaker:

eu tava falando e eu fiquei, tem isso também, né? Eu sinto que aqui, pelo menos na Alemanha

Speaker:

ou pelo menos com a galera que eu trabalho,

Speaker:

eu sinto que eu estou num momento muito diferente de agilidade do que eu estava no Brasil.

Speaker:

Então, é como se eu estivesse aqui vivendo os desafios e as coisas que eu vivia em 2018 no Brasil.

Speaker:

Então, eu não estou vivendo os mesmos problemas, estou vivendo os problemas do passado.

Speaker:

O que é bom, que eu já sei resolver um monte deles, já aprendi diversas formas de fazer eles,

Speaker:

e eu vejo um pouco as coisas de outra forma, eu diria.

Speaker:

Por já ter passado, da sensação de que passei, né?

Speaker:

Sim, eu posso te dizer. A empresa anterior tinha um nível muito alto, pensando na agilidade.

Speaker:

Então, acho que os colegas trabalham assim.

Speaker:

Nessa nova, eu trabalho com cliente também, então é diferente.

Speaker:

Não vou estar falando da minha empresa mesmo, mas...

Speaker:

A expectativa que eles têm de mim é muito mais baixa. Eu acho... A expectativa de gerenciar uma equipe.

Speaker:

E eu acho isso tão básico.

Speaker:

Exato.

Speaker:

Então, o que eu tenho feito é sempre tentar dar um passo a mais.

Speaker:

Então, me envolver na definição de roadmap,

Speaker:

como que a gente faz, colocar eles em contato com o cliente,

Speaker:

como que a gente cria MVP em vez de fazer plano gigante, agora a gente precisa validar.

Speaker:

Estou ajudando a criar uma gestão do programa, sabe? Não consigo do portfólio porque ele é muito diverso,

Speaker:

mas eu falei, pô, não consigo do portfólio, agora programa.

Speaker:

Então, programa.

Speaker:

Então, a gente tem fase de discovery, tem fase envolvendo self-design.

Speaker:

Então, são tudo coisas que não é esperado de mim,

Speaker:

mas que eu acho que é o básico, assim, e eu tenho que puxar e muitas vezes parece que.

Speaker:

Parece que eu tô falando algo totalmente grego e eu acho muito básico e eu tenho muitas vezes pra fazer esse exercício mental de,

Speaker:

tentar ser mais humilde, porque às vezes eu fico irritado, sabe?

Speaker:

No trabalho, eu falo, cara, isso é muito básico, tipo, e eu acredito muito forte que

Speaker:

não precisa de uma pessoa pra ajudar o time a fazer planejamento, fazer daily, tipo, eu

Speaker:

falo, cara, meu trabalho, se fosse só isso, eu não tenho nada pra fazer, porque eu acho,

Speaker:

muito básico.

Speaker:

Eu acho, tipo, lendo que é mais ou menos parecida a sensação que você está tendo aí, né?

Speaker:

É exatamente essa sensação.

Speaker:

Eu fiquei tipo assim... É só isso que eu vou fazer? Só um time? Um time?

Speaker:

Tipo, eu saí de um contexto em que eu trabalhava, sei lá, com 300, 400 pessoas em um lugar, numa unidade de negócio ali, numa área,

Speaker:

e agora eu vou trabalhar só com, sei lá, 6 pessoas?

Speaker:

E esse aqui é um time considerado grande, eu ficava...

Speaker:

6 pessoas? Como assim? Não! Eu vou sair catando mais coisas.

Speaker:

Eu saí catando um monte de coisa também para fazer, gestão de portfólio, gestão de URKR, todas essas coisas, flight level, sabe?

Speaker:

Pegando tudo para fazer.

Speaker:

Porque você fica, cara, precisa fazer, alguém precisa fazer. Sim.

Speaker:

E aí a galera, eu sinto que, eu não sei se é porque eles não sabem, ou se eles não estão muito acostumados,

Speaker:

ou se eles querem ficar só na caixinha deles ali, eles não pegam para fazer, eu falei, bom, estou vendo essa oportunidade aqui.

Speaker:

Vou me jogar, vou sair conversando com a galera e vou fazer acontecer essa parada.

Speaker:

E aí você sai fazendo. Acho que o pessoal espera muito da gente, né, na agilidade,

Speaker:

ajudar a equipe a entregar mais rápido, né.

Speaker:

E eu, tipo, pelo menos eu sentia isso. Eu comecei a questionar muito, cara, o que a gente está fazendo?

Speaker:

É a coisa certa, tem que validar com o cliente, tem que fazer gestão de stakeholder, a gente precisa ter reuniões frequentes,

Speaker:

o pessoal de design não tem que ficar fazendo figma, tem que estar interagindo, criando mockups, né.

Speaker:

Criando ideias de como vai ser, então, é, sim, compreendo totalmente o que tu tá falando,

Speaker:

porque é a mesma coisa, tipo, a expectativa não gerar muito baixa, e pra um trabalho

Speaker:

que eu acho que não é necessário, tipo, sei lá, trabalho de Scrum Master com equipe

Speaker:

eu não sinto isso necessário mais, talvez, de 10 anos atrás.

Speaker:

É, os devs já aprenderam já, as pessoas desenvolvidas ali já tão fazendo um bom trabalho.

Speaker:

É, eu acho que o que muda às vezes, o que eu sinto é que eles não sabem fazer as perguntas

Speaker:

corretas, eles veem um problema e propõem soluções e aí eu acho que eu

Speaker:

acabo ajudando muito em chegar na raiz da parada, né. Tipo, mas eu acho realmente

Speaker:

que isso não é um trabalho que eu preciso estar full time com eles, tá. Eu faço

Speaker:

esse trabalho porque fico contratado pra isso, mas tipo, eu vou dizer que eu gasto

Speaker:

talvez 20% do meu tempo com isso, e o resto é portfólio, é tipo cliente,

Speaker:

Estamos em Tech Holders, fazendo OQIAS, OQIAS não é tipo...

Speaker:

Tipo, KPI, sabe, tipo, não é esses números malucos, entregar alguma coisa não deveria ser o que,

Speaker:

ah, então essas conversas assim, né, que isso sim, gasta muito mais tempo,

Speaker:

e pra mim isso sim é um trabalho importante, mas que

Speaker:

que pra eles é, nossa, tipo,

Speaker:

pô, eu ganho uns feedbacks positivos assim, que eu fico meio mal, eu fico feliz,

Speaker:

mas eu, mas pra mim ainda é meio estranho, eu fico, ah, tipo, isso...

Speaker:

Isso aí, basta. Pelo menos no Brasil eu tava acostumado, é. Na empresa anterior, novamente, não.

Speaker:

Na empresa anterior, novamente, tinha um level bem alto, mas eu sei que é exceção.

Speaker:

Porque eu fui em alguns outros eventos aqui, sabe?

Speaker:

Então, enfim, mas é. Eu acho que é legal falar isso, porque pra quem quer trabalhar com agilidade,

Speaker:

eu acho que é bom se preparar pra esses cenários, assim.

Speaker:

É muito...

Speaker:

Porque no Brasil, às vezes, tem cargo de scrum master, mas não é trabalho de scrum master mesmo.

Speaker:

Pelo menos, eu não via mais quando eu tava aí.

Speaker:

Aí eu ainda via. Eu ainda via nas comunidades, uma galera falando.

Speaker:

Aí eu ficava, ah, ok. Tem uma galera que ainda precisa e é isso, né?

Speaker:

Sim, entendi.

Speaker:

Tá bom, então, é porque aqui vai ser isso mesmo. Tem algumas exceções, mas são exceções.

Speaker:

Quando eu quis mudar, sair da minha empresa anterior, eu fiz várias entrevistas e a maioria era esse trabalho.

Speaker:

Tipo, muito basicão mesmo, assim. E se tu for falar em entrevista, eu queria falar de portfólio,

Speaker:

de estando em tech holders, o pessoal fica viajando.

Speaker:

Tipo, não, mas como que você faz uma daily, como que você faz uma retrospectiva, sabe?

Speaker:

Sim.

Speaker:

Www.opusdei.pt

Speaker:

Caraca, verdade. O que é bom, né? É o que tu tá falando. É, o que é legal, porque, de certa forma,

Speaker:

fica um pouco mais tranquilo, né? O trabalho e...

Speaker:

Putz, é isso. Você pode escolher ficar muito confortável. Então, tipo assim, se a sua vida no Brasil agora

Speaker:

tá um verdadeiro caos e você só quer parar, esse é o lugar.

Speaker:

Você pode ficar tranquilinho aqui, ó, vivendo de nível de time, tranquilo, sem nenhum problema.

Speaker:

Você vai fazer o seu trabalho na paz, todo mundo vai gostar do seu trabalho,

Speaker:

e você vai ganhar igual alguém que está puxando mais coisas para fazer, é isso.

Speaker:

É, não, é isso. Eu mesmo não consigo, acho esse trabalho assim muito basicão.

Speaker:

Muito parado. E eu realmente acho que...

Speaker:

E eu falo, eu acho que tipo, minha equipe, a Serena Geral, percebeu.

Speaker:

Que fala, galera, entregar mais não é o que a gente precisa.

Speaker:

A gente precisa entregar a coisa certa, sabe. São os dois, como a gente anda com os dois, então...

Speaker:

E pô, eu fico felizão. Tipo, apesar de não ganhar mais por isso,

Speaker:

Pra mim é muito mais legal o resultado que... Ah sim, dá um calorzinho, né? Você já sabe, Filipe.

Speaker:

Consegue...

Speaker:

Acho que pra gente ainda, não sei pra você, mas pelo menos pra mim, quando eu vejo

Speaker:

que é... Sei lá, eu fico, caraca, sou uma brasileira, fazendo e acontecendo aqui numa empresa na Alemanha,

Speaker:

eu fico cheia de mim, pô. Eu fico com o meu ego...

Speaker:

Sim, sim, claro. Fico com o meu ego alimentado, não nego, não nego.

Speaker:

E inglês, né? Porra. E coisas, por exemplo, que o pessoal...

Speaker:

Eu acho que ainda tem muita dificuldade. Métricas de fluxo, por exemplo, sabe?

Speaker:

Tipo, ajudar a galera a entender isso. Não no nível de equipe, mas trazendo a nível maior, o que que são, como a gente mede. Nem consigo ainda.

Speaker:

É, não. Eu tô engateando nisso. Na anterior era de boa. Mas agora eu tô engateando e é tudo meio...

Speaker:

Mindblowing, assim, pro pessoal, né? Então, isso é legal. Tipo, quando eu vejo, assim...

Speaker:

Tipo, o problema é que eu convencer a usar é muito lento, porque ninguém vê o problema.

Speaker:

Então, tem que esperar o momento certo, mostrar o resultado,

Speaker:

e aí consegue, sabe? Então, é muito...

Speaker:

Muito explorar, assim, tipo...

Speaker:

Tirar o mato. Tem que plantar uma sementinha e ir regando ela. Eu sinto que é isso.

Speaker:

Você planta uma sementinha, aí você vai regando, aí você tenta de um jeito, você vai tentando de outro,

Speaker:

e você vai cavando, e a sementinha vai dando umas cores.

Speaker:

Boa do Fer. Uma coisa que eu gosto também, eu sinto nas empresas, eu queria saber se é pra ti também,

Speaker:

que as pessoas ouvem mais.

Speaker:

Eu acho que...

Speaker:

É, nem penso que eu tô, as pessoas com cargo mais alto, eu consigo conversar com elas mais fácil do que eu sentia que era no Brasil, sabe?

Speaker:

Então, como que é pra ti hierarquia? Boa. Na que tu tá agora, pra comparar de antes.

Speaker:

Eu diria que eu fico mais confortável com a hierarquia daqui.

Speaker:

Tipo, eu consigo ter conversas com...

Speaker:

Eu não sei se é porque a estrutura também, por ela ser enxuta, né, se eu for parar pra pensar em 2018,

Speaker:

quando eu trabalhava em uma estrutura semelhante a essa, eu também ficava bem confortável de conversar com as lideranças,

Speaker:

os mesmos tipos de lideranças que eu conversava naquela época.

Speaker:

Então, eu acho que por eles saberem um pouquinho menos de agilidade,

Speaker:

eu tenho essa sensação de que alguns diretores de tecnologia,

Speaker:

alguns, tipo, head de produto, essas coisas, por eles conhecerem um pouquinho menos de agilidade,

Speaker:

eles estão um pouco mais abertos.

Speaker:

Então, às vezes você tá falando, tá explicando, eles estão ali, estão atentos,

Speaker:

e eles falam muito assim, bora tentar.

Speaker:

Eu acho isso muito fantástico. Eu acho que a gente já viu lugares que as pessoas falam muito de, ah, não, não pode...

Speaker:

Você pode errar aqui, etc, mas no fundo não é bem assim, sabe?

Speaker:

E quando aqui eu sinto que eu realmente posso errar, aqui eu já errei, tipo, não que eu errei rude, né,

Speaker:

mas já sinto que eu errei, já sinto que eu poderia ter feito melhor, mas ninguém virou pra mim e falou

Speaker:

caraca, tu cometeu um erro bizarro aqui, nossa, vamos conversar, meu Deus do céu, ferrou.

Speaker:

Não, foi um negócio tipo, não, a gente tava junto nessa, a gente decidiu essa escolha junto,

Speaker:

Não foi um erro de ninguém, foi aprendizado, bora para o próximo.

Speaker:

A gente vai fazer melhor no próximo. Então, tem uma pegada de incentivo e é realmente blameless,

Speaker:

não tem cultura da culpa.

Speaker:

Bora fazer junto, bora tentar o próximo e o próximo vai ser melhor.

Speaker:

É uma positividade assim que está impressionante.

Speaker:

Muito bom, muito bom. E agora vamos passar para a cidade de Hamburgo.

Speaker:

E aí já é outra decisão menos comum.

Speaker:

A gente quase sempre está nas grandes cidades, ou capitais, ou capitais financeiras, como algumas vezes tem.

Speaker:

Então, por que você foi para lá? Foi também pela oportunidade que apareceu ou foi uma decisão consciente de que

Speaker:

esse é o lugar que eu quero por causa desse motivo?

Speaker:

Foi uma decisão consciente, por incrível que pareça.

Speaker:

Então, a empresa que eu trabalho é uma empresa alemã, que tem escritório em Berlim e tem escritório em Hamburgo.

Speaker:

Mas o produto final que eu trabalho, ele só tem em Hamburgo e em Hanover.

Speaker:

E aí, eu falei assim, cara, eu acho que eu quero trabalhar perto do produto.

Speaker:

E aí, a galera daqui até me zoa falando que eu dei a resposta certa, que o RH queria ouvir,

Speaker:

mas é uma resposta verdadeira, eu realmente queria trabalhar perto do produto.

Speaker:

O produto que a gente tem é o Ride Pooling, né, corrida compartilhada.

Speaker:

Então, são umas vãzinhas que elas só rodam aqui em Hamburgo.

Speaker:

E aí, eu teria que morar em Berlim, eu teria que ficar viajando para Hamburgo para ver eventualmente e tal.

Speaker:

E eu gosto de trabalhar perto do produto que eu estou trabalhando, eu sou millennial, eu gosto de fazer isso.

Speaker:

E aí, eu olhei e falei, pô, posso trabalhar em Berlim, e aí Berlim é a maior capital da Alemanha e tudo,

Speaker:

eu falei, bom, mas o que tem nessa tal de Hamburgo?

Speaker:

Aí comecei a pesquisar, falei, pô, é a cidade do Porto, é uma cidade conhecida, é a segunda maior cidade da Alemanha,

Speaker:

é uma cidade muito rica, muito rica, tem muito milionário aqui,

Speaker:

bilionário, Porsche, Ferrari, é uma loucura essa cidade.

Speaker:

Falei, cara, acho que vai ser legal. E eu também não queria morar, depois de ter saído de São Paulo,

Speaker:

como nasci, cresci em São Paulo, você fica tipo assim, cara, não quero morar numa cidade grande

Speaker:

e Berlim, por mais que seja bem menor do que São Paulo, são 13 milhões de habitantes

Speaker:

ela ainda dá essa vibe de cidade grande, um monte de gente toda hora, tá, tá, tá

Speaker:

eu falei, não, eu quero sossego, eu quero morar numa cidade mais tranquila então essa foi a minha decisão de morar em Hamburgo,

Speaker:

mesmo sabendo que o alemão seria uma dificuldade, porque aqui as pessoas não estão acostumadas

Speaker:

a não ter pessoas que não falam alemão, porque afinal de contas não tem muito turismo

Speaker:

aqui nessa cidade, então as pessoas não sabem lidar com isso.

Speaker:

Foi um choque, cara. Saí do aeroporto e vi, tipo, já todo o placa em alemão, caraca, o negócio bateu aqui mesmo.

Speaker:

Você tinha ido pra Alemanha antes? Nunca tinha ido pra Alemanha na minha vida. Tô louco.

Speaker:

Tá. E como que é morar aí? Como que você está se sentindo? Porque...

Speaker:

Tu chegou aí a Berlim já? Quando é que tu chegou aí?

Speaker:

Sim. Como a empresa que eu trabalho tem escritório em Berlim,

Speaker:

às vezes eu vou para Berlim para trabalhar, dá umas duas horas de trem, é bem pertinho, não é longe.

Speaker:

Já fiz turismo em Berlim também, gostei da cidade, mas não me vejo morando em Berlim.

Speaker:

Eu olho e falo... Não é a minha vibe.

Speaker:

Berlim é um burgo, é menorzinho, é mais fácil de andar, mais gostosinha, me sinto mais tranquila aqui,

Speaker:

e morar aqui é isso, é uma cidade muito calma o silêncio aqui é ensurdecedor

Speaker:

eu não sei se é porque realmente as portas e janelas e as casas aqui são um isolamento muito bom,

Speaker:

mas você não escuta as pessoas, né, e pra quem nunca viajou pra Alemanha os alemães falam extremamente baixo, eles são extremamente silenciosos,

Speaker:

então até quando você tá andando na rua, você vê pessoas, mas você não ouve o que elas estão falando

Speaker:

Não porque você não entende, mas é porque é tão baixinho que eles falam, sempre muito baixinho

Speaker:

Até quando eles estão falando em inglês, eles falam baixo,

Speaker:

E isso foi um choque, assim, do começo Bem... Falei, caraca, muito baixo, muito silêncio,

Speaker:

Mas é lindo aqui, é uma cidade muito gostosinha, muito segura,

Speaker:

Não tem tanto imigrante, então eu dou uma apanhada, assim, nesse alemão da vida

Speaker:

Deu uma apanhada demais no começo, sofria da galera ter que se comunicar muito por mímica.

Speaker:

Mas a cidade em si, ela é maravilhosa Só que, eu vou deixar aqui sempre, eu não aguento mais o frio da Alemanha

Speaker:

Eu tô vendo você de camiseta, eu tô gravando de moletom

Speaker:

Então, estamos aqui, ó, maio já, metade de maio

Speaker:

E eu só tive dois dias com temperatura acima de 20 graus nessa Alemanha,

Speaker:

Dois dias, no ano 21 aqui, esse porque já é final da tarde, assim.

Speaker:

Aqui, sei lá, tá...

Speaker:

Aqui tá 14.

Speaker:

Então assim, 14 é frio ainda, galera. Tipo, tem de... Comparado ao inverno, tá calor.

Speaker:

Mas eu não aguento mais, eu não aguento mais o frio. E acho que essa é uma coisa que tá me pegando.

Speaker:

E pra quem me conhece, eu adoro o frio.

Speaker:

Eu falava em São Paulo, eu adoro o frio. Eu adoro o frio, eu amo o frio.

Speaker:

Mas agora eu não tô aguentando mais, não.

Speaker:

É, mas é diferente porque é mais frio e ainda tem o fator da luz do dia reduzida

Speaker:

nossa, muito! então não é mais uma coisa do frio de São Paulo

Speaker:

exato, bom ponto, verdade, verdade aqui a gente amanhecia 8 horas da manhã e

Speaker:

e dava três e meia da tarde, já tava escuro.

Speaker:

Sim, isso é uma coisa que pesa pra mim mais do que o frio. O frio ainda é um pouquinho ruim por causa da minha casa.

Speaker:

Se tu falou que o isolamento aí é bom, que o podcast há muito tempo já ouviu a ambulância de fundo várias vezes, porque é janela antiga, né.

Speaker:

Aqui se eu fechar a janela e passar uma ambulância, tu não vai ouvir nada.

Speaker:

É, então eu em breve vou mudar de apartamento se tudo der certo, porque essa janela aqui me mata, tanto no barulho quanto no frio.

Speaker:

Também que passa, né?

Speaker:

Mas tem algumas pessoas que falam que tipo, Porto assim, a galera passa mais frio no Porto,

Speaker:

do que quem passa frio aqui dentro de casa, né? Óbvio, dentro de casa na Alemanha.

Speaker:

Sim, sim, sim, total. Todos os outros países são um pouco mais preparados pro frio, né?

Speaker:

Claro que se você for para um apartamento novo, já muda, mas

Speaker:

Se for ficar no Porto mesmo, 90% deles são mais antigos.

Speaker:

Aí tem os reformados que ajudam. O Rebimbico que eu fiquei era aqui na baixa do Porto Mimico, no centro,

Speaker:

e era quente, era impressionante também.

Speaker:

Acho que foi a primeira vez que eu vi uma janela tão boa assim,

Speaker:

de eu achar bizarro, de...

Speaker:

A rua tinha bastante barulho, tinha bastante gente passando,

Speaker:

e aí eu fui fechar, esse foi o meu primeiro mês. Quando eu fechei, parecia que era um vácuo.

Speaker:

Caraca!

Speaker:

Foi que bizarro, assim, que legal isso, né? É isso. Tá, mas...

Speaker:

Então, no geral, você tá gostando dessa cidade? Tipo, foi uma boa escolha, né?

Speaker:

Eu perguntei se você já foi a Berlim, porque aí dá esse choque de comparar os dois, né? Se arrepende ou não.

Speaker:

Nossa, não. Eu não moraria em Berlim. Berlim é muito, muito grande,

Speaker:

tem gente pra todo lado, é uma confusão.

Speaker:

É uma confusão, aquela cidade é tipo uma mini São Paulo, eu diria.

Speaker:

Não consigo colocar em outras palavras, só quem viveu sabe, assim, a vibe.

Speaker:

Aqui é tudo muito tranquilo, Tudo tem senhorzinho, mas também tem os jovens, né?

Speaker:

Mas é tudo menor, é tudo menorzinho, tudo é menorzinho.

Speaker:

Acho que a grande loucura, assim, do Brasil pra cá é que acho que não tem isso aí.

Speaker:

Mas aqui nada abre de domingo, tipo, literalmente, nada abre de domingo.

Speaker:

Só alguns cafés, alguns restaurantes, mas farmácia, mercado...

Speaker:

Pô, esqueceu de... Tipo, hoje é sexta, beleza, dá pra ir no mercado amanhã, mas esqueceu de comprar uma

Speaker:

parada, putz, vai ficar sem. Mas foi engraçado. Eu achei sensacional, achei que o capitalismo

Speaker:

não venceu aqui, né, acho que eles dão esse dia de folga pra todo mundo, mas é chocante

Speaker:

assim no começo. E é muito calmo, cara. Você vê como a galera aproveita a vida,

Speaker:

você vê que a galera tem esse negócio de aproveitar o dia fora da casa, sabe, ficar

Speaker:

na rua, não é essa coisa do vamos ao shopping, que envolve gastar, comprar e tal,

Speaker:

tal, tal, são outras experiências. Eles vão fazer essas caminhadas assim pelas montanhas, pelas cidades e tal, tal, tal, e é lindo de ver, porque é outro tipo de relação.

Speaker:

E o que que tu faz aí? Porque quando tu fala que Berlim tem muita coisa, eu queria saber

Speaker:

tipo, qual que é a tua rotina, principalmente fora de casa, considerando as diferentes estações.

Speaker:

Eu fico sempre curioso pra saber o que tu faz no inverno, né?

Speaker:

Porque tem países que tem uma estrutura muito boa.

Speaker:

Ficou mais em casa, assim? Eu fiquei muito em casa, cara.

Speaker:

E isso é uma decisão que eu tomei depois desse inverno sofrido.

Speaker:

Que é assim, o próximo inverno eu vou viajar pra neve, vou fazer uns bagulhos de esqui, o snowboard, vou ressignificar o inverno.

Speaker:

Porque eu fiquei extremamente triste. Essa foi a palavra. Eu fiquei muito em casa.

Speaker:

Não dá vontade de fazer nada. Eu não sou sedentária, mas eu saía pra fazer academia todo dia.

Speaker:

E eu ficava assim, cara, eu tô saindo pra fazer academia, mas eu tô aqui, senhor, por Deus,

Speaker:

porque se eu não sair, eu vou ficar mais louca.

Speaker:

Então essa era a única escolha, assim. Eu até saía pra final de semana, saía na rua, pra fazer outras coisas, olhar a rua, ficar lá fora,

Speaker:

consumindo esse ar gelado, a minha pele ressecando, mas eu ficava na rua um pouco, sabe, pra ver um pouco de movimento.

Speaker:

Mas foi um mês bem complicado. E eu cheguei aqui no outono, então eu passei o outono, dá pra curtir bastante na rua, conhecer a cidade, tal, tal, tal, andar, ficar no sol

Speaker:

Mas já é mais frio Aí veio o inverno, me destruiu,

Speaker:

Eu vou bem pouco pro escritório, então também tem isso, eu vou no máximo uma vez por semana

Speaker:

Quando eu tô afim de dar uma socializada, fazer uma interação lá com a galera,

Speaker:

Então acho que isso também pega, assim, bastante a falta que faz ter alguém

Speaker:

A falta que faz um abraço, cara, de verdade, tipo, loucura isso, a falta que faz um abraço.

Speaker:

E agora com a primavera, você já tem os dias mais longos, você já fica tipo mais animado.

Speaker:

Acho que outro dia eu fui pedalar de camiseta, fiquei, caraca, eu tô pedalando de camiseta.

Speaker:

Nunca tinha pedalado de camiseta até então aqui.

Speaker:

Então foi bem gostoso e eu estou muito ansiosa para o verão, né, pra eu poder tomar sol.

Speaker:

Tomar só um hamburgo, ver a galera andando de barco, de jet ski, que tem bastante por aqui.

Speaker:

Você sempre vê, fazendo todas as atividades da água, porque afinal tem um rio aqui muito conhecido

Speaker:

E a galera faz tudo lá Tô louca pra vivenciar isso,

Speaker:

Mas por enquanto é isso, churrascos no parque, tô louca pra viver essas coisas, mas eu não vivi,

Speaker:

Ah, em breve, né?

Speaker:

Em breve, tá chegando É, inverno, primavera e daqui a pouco vem essa fase.

Speaker:

E a cultura do lugar, que tu comentou do pessoal mais fechado, como isso se traduz na vida social aí?

Speaker:

Como que é? Tipo, é mais estrangeiros, ou mais em casa, mais nativos mesmo?

Speaker:

Boa, é muito mais alemão, tipo, e assim, eu ainda não consegui sair muito com as pessoas do meu trabalho, fora do trabalho, sabe?

Speaker:

A gente até dá uma... faz um happy hour uma vez ou outra, vai todo mundo do time, mas não é aquela coisa...

Speaker:

Não é uma coisa muito espontânea, sabe? A galera fica um pouco pra fazer uma social mesmo,

Speaker:

e aí depois vai todo mundo embora. Agora que, tipo, você consegue ver a galera, tipo,

Speaker:

ah, não, vamos sair de sexta-noite, vamos estender num barzinho, e aí ficar até mais altas horas bebendo,

Speaker:

para ficarem mais confortáveis ali com todo mundo, mas no geral, fora do trabalho,

Speaker:

eu diria que a minha interação é com brasileiros só agora, cara, fora do trabalho não tenho interação,

Speaker:

com outras nacionalidades, é muito louco isso, não consigo fechar essa parceria aí, sabe?

Speaker:

Não é uma coisa que você só senta num bar assim e vai puxar um assunto, eu não sinto conforto nenhum

Speaker:

de fazer isso, nenhum, nenhum, nunca fiz e aí fica nisso, fala com o brasileiro.

Speaker:

Tá, tu acha que outros estrangeiros aí também são mais fechados do que tu esperava?

Speaker:

Eu não consigo nem achar muitos outros estrangeiros assim, né, você até consegue achar uma galera

Speaker:

tipo, você até consegue ver uns grupos de pessoas com alguma origem árabe e tal, mas

Speaker:

como eles falam mais alemão do que inglês, eu também não consigo interagir com esse

Speaker:

povo porque eu não falo alemão aprendi comecei a estudar alemão estuda alemão tem uns seis sete meses mas meu alemão ainda não é essa coisa toda sabe

Speaker:

tipo é só comunicações básicas então você não consegue só a dificuldade da língua em sete meses aprendeu a falar bom dia boa noite é tipo isso bom dia

Speaker:

boa noite quero um pão valeu é isso que aprende a pedir onde é o banheiro onde,

Speaker:

É um banheiro, uma cerveja, um pão, é só isso que você precisa.

Speaker:

Para sobreviver. Para sobreviver. Alemão básico.

Speaker:

E o que que tu acha assim, pensando agora, refletindo esse tempo morando fora, e aí

Speaker:

duas perguntas simples, que é, quais são as coisas mais legais, tu já falou, mas queria

Speaker:

que tu resumisse, e quais são as coisas mais difíceis desse tempo aí?

Speaker:

Boa. As coisas mais legais é poder ter acesso a coisas financeiras que você não tem no

Speaker:

no Brasil muito mais fácil e ter segurança, sem dúvida.

Speaker:

Então, hoje aqui a gente sente essa falta, eu sinto que no Brasil também guardava mais.

Speaker:

Mas eu sinto que no Brasil eu conseguia fazer menos coisa do que eu consigo fazer hoje,

Speaker:

tipo, eu poder virar e falar...

Speaker:

Putz, eu quero organizar uma viagem.

Speaker:

Ah, eu consigo organizar uma viagem com o salário do meu mês... Total, sim.

Speaker:

Tipo, do nada, se eu quiser, sabe? Ah, não... Isso é estranho.

Speaker:

Isso é muito estranho. Estranho, né?

Speaker:

É muito, de você virar e falar assim... Acho que o valor, o que é mais caro e barato é diferente, mas é total, porque sim, eu guardava mais dinheiro,

Speaker:

mas eu conseguia viajar muito mais fácil, sei lá, meio estranho.

Speaker:

É muito estranho.

Speaker:

E aí você fazer isso assim, de você virar e falar assim, pô, não, vou sim, na semana que vem alugar um Airbnb, vou ficar uma semana fora e é isso.

Speaker:

Aí você fala, pô, o Airbnb vai ficar caro, mas eu consigo ainda, sabe?

Speaker:

De você não precisar fazer um super planejamento pra isso, comprar uma passagem de avião

Speaker:

eu não consigo nem viajar muito de low cost porque eu viajo com a cachorra e ainda assim eu ainda consigo viajar, sabe?

Speaker:

Caraca, velho. Não era uma coisa normal pra mim.

Speaker:

E agora ela está se tornando um pouquinho mais normal. Eu também demorei muito tempo para absorver essa coisa, a relação com o dinheiro aqui.

Speaker:

Acho que teve um dos episódios que eu estava ouvindo hoje, de vocês falando 4 anos de Portugal.

Speaker:

Acho que tinha uma das pessoas participantes que falaram isso, que eu esqueci quem era,

Speaker:

da relação com o dinheiro. Eu demorei muito tempo e agora que eu consigo perceber o que eu consigo fazer,

Speaker:

o que é barato, o que é caro, eu falo, hum, consigo, sabe, te consegui.

Speaker:

É, não, faz total sentido. É muito diferente mesmo do...

Speaker:

Por exemplo, eu nunca na minha vida compraria um Macbook no Brasil, sabe?

Speaker:

E aqui eu comprei porque comparando o custo benefício eu falei, dá, é caro.

Speaker:

Às vezes eu comparo as coisas em viagens. Ah, é, quantos voos.

Speaker:

Isso, eu falei, tipo, eu sei mais ou menos quanto eu gasto em viagens.

Speaker:

Eu vou muito mais para a Espanha normalmente, né. Então, eu comparo e falei, putz.

Speaker:

É, são tantas viagens, ok, dá pra fazer isso assim. Mas acho que no Brasil eu nunca compraria.

Speaker:

Então, realmente, em relação com o dinheiro.

Speaker:

E alguém... Alguém comentou...

Speaker:

Não, no episódio que eu gravei ontem, que foi sobre a Hungria, né, Budapeste.

Speaker:

A Aline comenta que ela comeu muito, mas fora essa outra coisa também.

Speaker:

Eu tenho a impressão que é mais barato. Eu não sei se só o meu estilo de vida mudou, mas é uma coisa que eu não fazia.

Speaker:

E aqui é uma coisa que eu faço com certa frequência até.

Speaker:

Assim, no Brasil eu achava meio caro e aqui eu consigo mais, não sei pra ti, na Alemanha, né.

Speaker:

Eu acho que a Alemanha é muito cara pra comer, eu viajando pra Porto, viajando pra Espanha, eu acho super barato.

Speaker:

Eu fico tipo assim, meu Deus, o quê? Jantar pra dois, 30 euros, sabe? Tipo, muito barato, na minha cabeça, porque... 30 euros?

Speaker:

É, pra dois... Ainda pagou um preço... Caro, né?

Speaker:

Bom, é, é... É, tipo, e aqui às vezes você vai jantar, o seu jantar dá 30 euros, sozinha.

Speaker:

Então, aqui é caro, aqui eu sinto que eu como, eu saio pra comer relativamente igual eu saia pra comer no Brasil,

Speaker:

eu não saia tanto pra comer talvez no Brasil, é mais com alguns amigos, às vezes por semana, duas,

Speaker:

aqui eu acho que eu mantenho meio que essa mesma coisa, não era muito mais.

Speaker:

Mas com certeza na Espanha é um lugar bem baratinho de comer, eu gostei muito.

Speaker:

É, tava lá novamente, tinha um cara do meu time que é do Reino Unido e ele tava em Corunha.

Speaker:

E ele tava chateado quando eu falei, hoje a gente tava de volta num lugar, a gente teve uma na one.

Speaker:

Ele falou que ficou meio triste em saber que depois do Brexit ele não pode ficar lá muito mais tempo.

Speaker:

Ele falou, pô, tava sol, a comida, ele falou, foi estupidamente barata.

Speaker:

Ele pagou algumas vezes no restaurante, acho que ganha em Londres, né?

Speaker:

É, sim. Deve ser um salário alto. E aí ele falou, hoje eu pago.

Speaker:

Cara, como assim? Acho que não é nada pra ele, porque ele tava realmente chateado de ter que voltar

Speaker:

e saber que não pôde ficar um mês como ele podia antes lá.

Speaker:

Ele falou, a comida é boa, o pessoal é mais simpático, e tava mais calor, ele falou,

Speaker:

Eu não posso ficar lá, então...

Speaker:

A outra coisa que eu não abro mão é que acho que é a segurança, cara, eu me sinto muito segura aqui.

Speaker:

Sair com o celular na rua, não ter essa preocupação de que alguém vai pegar minhas coisas,

Speaker:

isso é uma coisa que explode a cabeça, assim.

Speaker:

Só de ter saído de São Paulo isso já fica um pouco mais tranquila,

Speaker:

mas quando você vem pra um lugar assim, que realmente todo mundo tem acesso, né, todo mundo consegue comprar,

Speaker:

acho que uma coisa do MacBook que você comentou que vale comentar, é tipo assim,

Speaker:

o salário mínimo aqui na Alemanha é uns 1600, 1700 euros, alguma coisa assim.

Speaker:

E aí você consegue pensar que tipo um salário mínimo você consegue comprar um Macbook.

Speaker:

Isso é muito louco.

Speaker:

Portugal é metade disso e o Macbook é o mesmo preço, então vamos dizer que dois salários mínimos.

Speaker:

Talvez um pouquinho mais, mas continua, é um M1.

Speaker:

Quando ele foi lançado assim, é muito bizarro. Eu não sabia o preço, eu só fui saber porque eu queria comprar um pra editar vídeo, o meu Windows tava muito ruim.

Speaker:

Sim. E aí eu fui comparar o Mac, eu nunca nem tinha cogitado, porque eu tinha na cabeça o preço do Brasil.

Speaker:

E quando eu fui ver o preço pela primeira vez, eu fiquei, caraca, tipo...

Speaker:

Dá pra comprar. Não tá tão diferente, né? É. É. É, e eu já tava aqui três anos aqui em Portugal, assim.

Speaker:

Mas eu ainda não tinha percebido essa diferença, né, do preço de alguns produtos.

Speaker:

E aí, nisso, como todo mundo tem acesso, você tem segurança, sabe?

Speaker:

Todo mundo consegue ter as coisas, então você se sente segura.

Speaker:

Por ser mulher também, eu me sinto muito segura. Tipo, esses casos de violência contra a mulher aqui não é uma questão, sabe?

Speaker:

Eu sei que é uma cidade muito menor, infinitamente menor que São Paulo,

Speaker:

mas é bizarramente você andar tranquila, se quiser sair de roupa curta,

Speaker:

ainda não me aconteceu porque sempre frio, mas eu tenho certeza que vou sair em segurança, sabe?

Speaker:

Agora qual que é a parte difícil? Ah é, a parte difícil.

Speaker:

Bom, a parte difícil atualmente é o frio, de verdade mesmo, eu tô bem cansada.

Speaker:

São oito meses já vivendo assim, e eu já vinha do inverno do Brasil, então eu tô tipo assim, saturadíssima.

Speaker:

Mas vai, tirando o frio, não vou falar. Mas deixa eu falar uma coisa, porque o frio às vezes pega mais.

Speaker:

Ano passado foi o primeiro...

Speaker:

Não esse, o anterior. O inverno anterior foi o primeiro que eu tava sentindo de saco cheio.

Speaker:

Foi a primeira vez que eu tive essa sensação, assim, cara, eu tô cansado, eu não aguento mais.

Speaker:

E aqui é frio dentro de casa, né, então você dor.

Speaker:

E esse inverno foi um pouco melhor. Talvez eu me acostumei mais, mas...

Speaker:

Ano passado foi completamente... O inverno de três anos foi o único que eu fiquei realmente muito cansado, de saco cheio, assim.

Speaker:

Essa sensação que você falou, tipo, não aguento mais isso, não aguento mais ficar escuro, assim.

Speaker:

Então, às vezes acontece, assim. O pessoal falava sobre isso.

Speaker:

Eu nunca tive, então pra mim era meio estranho, assim, eu não sentia.

Speaker:

Aí ano passado pegou forte, muito mais a luz do dia, o frio né, mas acho que pior ainda era a luz do dia, assim, que

Speaker:

ficou muito tempo nublado. É, sim.

Speaker:

A galera me falava isso no começo, eu não botava fé, eu falava, ai que exagero gente,

Speaker:

o pessoal, não, é meio depressivo, eu ficava, ai que exagero, que exagero, bateu no meu primeiro ano.

Speaker:

Principalmente porque eu dei uma fugidinha, fui pra Barcelona em abril e voltei,

Speaker:

E aí, quando eu voltei, eu tava em Barcelona usando short e aqui eu tive que voltar a usar muletom e eu fiquei muito irritada.

Speaker:

Fiquei, não acordo mais, eu quero ir embora.

Speaker:

É...

Speaker:

Acho que o que pega... Fora o frio. Fora o frio, vai. Fora o frio.

Speaker:

Eu acho que essa coisa de...

Speaker:

De se pertencer, assim, de achar os seus iguais, essa... Não vou falar que eu sinto saudades dos meus amigos, saudades da minha família,

Speaker:

porque eu tô me virando bem, assim, com o remoto, sabe? Acho que a pandemia trouxe esse ensinamento pra gente.

Speaker:

Mas é essa coisa de você não se achar, porque aí você sai na rua,

Speaker:

a galera tá, todo mundo às vezes com seus grupos e tal, tal, tal,

Speaker:

às vezes você tá sozinha, mas às vezes não é um dia que você queria ficar sozinha.

Speaker:

Aí agora, assim, consigo ter mais contatos com os brasileiros,

Speaker:

mas ainda assim você fica tipo, putz, e aí, eu vou fazer o que, né?

Speaker:

Eu fico muito sozinha comigo mesma.

Speaker:

E às vezes isso dá uma badzinha.

Speaker:

Então, acho que a galera que tá vindo, quem tá vindo sozinha, talvez tem isso em mente,

Speaker:

que pode demorar um pouco pra fazer amizade, como é que você reage a isso, né,

Speaker:

como é que você fica com você mesmo, porque em alguns momentos pode ser demais.

Speaker:

E às vezes você quer dar uma fugidinha disso.

Speaker:

É, esse é um ponto importante, a famosa rede de apoio, né? Nossa, cara, demais.

Speaker:

Pra esses momentos de frio, que bate essa depresinha assim, né?

Speaker:

E acho que muda também a questão de, sei lá, um dia tu quer fazer alguma coisa mais

Speaker:

espontânea assim, né?

Speaker:

E tu não consegue contar. Nossa, que raiva, cara.

Speaker:

Tentei muito, eu tava morando num hotel, enquanto eu tava de mudanças entre casas, o hotel

Speaker:

que eu morava, tinha uma piscina gigantesca, maravilhosa, bem fancy, e aí chamei duas

Speaker:

amigas do trabalho pra ver se elas queriam curtir a piscina, e foi maior parto marcar

Speaker:

um encontro com elas, porque não tem essa espontaneidade, eu vou falar, pô, o dia tá

Speaker:

bonitão, eu tô na vibe, bora se encontrar hoje, e o pessoal, ai, putz, não, não.

Speaker:

Ou aí no dia que eu marquei, aconteceu umas coisas comigo que eu tive que desmarcar, mas

Speaker:

Mas no geral não rola só a espontaneidade de falar, oh, vamos nos encontrar aí e tal.

Speaker:

Eu quero ver daqui a um ano, eu queria trocar essa ideia com você,

Speaker:

porque eu não tenho mais tanta espotaneidade. Você não tem mais?

Speaker:

Você se perdeu? Você virou europeu agora? Eu era o Yes Man, o filme, o Sim, Sim, Sim.

Speaker:

Um ano na baixa, chegar e ir três botecos diferentes, mesmo não bebendo muito, mas só porque...

Speaker:

Gabriel, estamos por aqui, bora.

Speaker:

Daqui a pouco, me mandar uma mensagem, falar, vou lá, tipo, 20 minutos, ir lá, cumprimentar, sabe?

Speaker:

Pegava às vezes uma Summers Beer, aquela cidra de maçã. Sim, sim.

Speaker:

E aí, voltava.

Speaker:

Mas é que hoje a vida é muito mais ocupada também, então sabe.

Speaker:

Tipo, amanhã eu vou pra feira medieval que eu marquei com as pessoas dez dias antes.

Speaker:

Dez dias atrás, sim. É.

Speaker:

Então, essa espontaneidade pra mim hoje é mais difícil do que era antes, porque,

Speaker:

sei lá, eu me sinto muito mais ocupado do que eu era antes, então tenho que planejar e

Speaker:

com as coisas que eu tenho e passar tempo com a Vitória, né?

Speaker:

Também, assim, tipo, eu falo, cara, não dá pra ficar improvisando.

Speaker:

E eu sei que alguns brasileiros, principalmente novos, quando chegam aqui, Sim.

Speaker:

É a frustração Sim, total. Eu acho que eu ainda vivi isso.

Speaker:

Agora a minha agenda tá assim também, eu sou, tipo assim,

Speaker:

cheia de coisas pra fazer e às vezes nem eu consigo mais partir do nada porque eu fui

Speaker:

fui preenchendo meus vazios, essa é a verdade.

Speaker:

Sim, sim.

Speaker:

Bom, Mas acho que a tendência é melhorar com o tempo, pelo menos na questão de amizade.

Speaker:

Porque não é tão fácil achar pessoas comuns.

Speaker:

No Brasil é um pouco mais fácil porque tu tá com vários brasileiros, com a mesma cabeça.

Speaker:

Acho que a idade também, né? Exato.

Speaker:

A idade, esse é o próximo que eu ia falar, né? Talvez uma cidade com menos estrangeiros,

Speaker:

acho que a gente fica com um pouquinho mais e a idade também vai mudando.

Speaker:

Mas assim...

Speaker:

Bom, acho que a palavra...

Speaker:

Deixar o coração quentinho, acho que a maioria das pessoas, no final, começa a fazer.

Speaker:

Acho que o começo, e ainda tu chegar no inverno, é muito mais difícil.

Speaker:

Sabe? É muito, infinitamente mais difícil. Porque tá todo mundo em casa, ninguém quer sair, ninguém quer,

Speaker:

ser espontâneo no frio, né? Porque tem que colocar umas 30 camadas de roupa, ninguém aguenta. Sim.

Speaker:

Sim, sim. Então daqui pra frente melhora. Tomara.

Speaker:

Cindy, muito obrigado, que conversa legal. Foi bem massa.

Speaker:

Eu amei. Não percebi o tempo passar, agora que eu estou vendo já o tempo.

Speaker:

Antes de fechar, eu queria deixar aberto para ti, para deixar teus links novamente, tu

Speaker:

falou, mas repete, por favor, porque muita coisa que tu falou aqui, tu deu mais detalhes

Speaker:

de temas específicos no teu YouTube, por exemplo, né?

Speaker:

Sim, sim.

Speaker:

Então as pessoas podem aprender muito mais, então... Boa, galera.

Speaker:

Onde que a galera me acha? Onde que a galera me acha? A galera me acha no LinkedIn, Cindy Moraes, se você digitar Cindy Moraes, acho que tem

Speaker:

Tem poucas.

Speaker:

No YouTube, a mesma coisa, assim, de morais.

Speaker:

Lá eu falo sobre processo de visto, processo do cachorro, como é que traz o cachorro pra União Europeia.

Speaker:

Falo muito sobre como é que eu arrumei meu perfil, o que eu considerei, quais foram as

Speaker:

minhas escolhas pra arrumar um emprego.

Speaker:

Falo bastante coisa no YouTube. Tem o Instagram também, que eu falo bobagens e minha vida.

Speaker:

E às vezes eu faço um Reels também, contando sobre coisas da Alemanha ou viagens que eu faço.

Speaker:

É tudo, arroba, assim, de morais que vocês me acham. Muito obrigada pelo espaço, eu amei essa conversa.

Speaker:

Sim, vamos continuar. Quando tiver mais assuntos assim, a gente marca outro.

Speaker:

Sempre bom compartilhar essa experiência e vendo quem for chegando.

Speaker:

Ainda mais porque é uma cidade um pouco diferente.

Speaker:

Então acho que é mais difícil ainda achar conteúdo, né. Acho que se você colocar Berlim, é muito fácil.

Speaker:

Se você colocar Lisboa, é muito fácil, né.

Speaker:

Mas quando tu vai fugindo dessas cidades maiores, aí eu acho que carece mais compartilhar essa experiência.

Speaker:

Então, muito obrigado mesmo. Quando eu estiver aqui no Porto na próxima, eu vi no teu Instagram,

Speaker:

acabei de adicionar, que tu já esteve por aqui.

Speaker:

Estive.

Speaker:

Então, próxima vez, me avisa. Pode deixar, eu aviso. Aproveitar mais o sol aqui.

Speaker:

Quando eu estiver por aí também, eu te aviso.

Speaker:

Demorou, só dar um salve. Valeu!

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