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QA Engineer em Budapeste, Hungria com Alline Andrade - Da periferia para a Hungria #110
Episode 11014th June 2023 • TPA Podcast: Carreira Internacional & Tech • Gabriel Rubens
00:00:00 01:23:11

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Shownotes

Nesse episódio, nos vamos ouvir sobre como a Alline Andrade conseguiu seu emprego em Budapeste em somente uma semana, isso após perder o emprego anterior. E vamos ouvir também como ela tem lidado com a vida na capital da Hungria.

Alline Andrade

Da periferia a pra a Hungria, e apaixonada por tecnologia, resolvi realizar meu sonho de criança que era morar fora. Vim parar em um país que não falo o idioma, única mulher no time, única imigrante e que está amando toda a experiência!

Créditos

Lista de Episódios

Palavras-chave:

  • QA na Europa
  • QA em Budapeste
  • QA na Hungria
  • QA no exterior
  • Carreira internacional

Por Gabriel Rubens ❤️

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Transcripts

Speaker:

Olá pessoal, bem-vindos ao TBA Podcast, aqui novamente o Gabriel Rubens e pela primeira

Speaker:

vez, pela primeira vez indo para Budapest na Hungria e aqui com a gente a Aline Andrade

Speaker:

que vai falar como que tá sendo esse tempo que ela tá lá morando e trabalhando em Budapest,

Speaker:

tudo bem Aline?

Speaker:

Tudo, Gabriel! Gabriel. Primeira coisa é, acho que tá frio aí, né? Não frio para o meu padrão aqui em Portugal.

Speaker:

Tá chovendo, um pouquinho frio, mas tá mais chovendo, sim. A noite dá uma esfriada, mas continua quente para mim.

Speaker:

Ah, tá bom, tá bom, tá meio curioso para saber, comparando com aqui que tá 21 graus, então, para mim tá bastante frio.

Speaker:

Mas ó, pra gente começar um papo, seria legal, né, você falar quem é você, né, o que você faz, e aí depois a gente entra nos papos sobre Budapeste.

Speaker:

Eu atualmente moro em Budapeste, mas antes de vir pra Budapeste, morava em Campinas, interior de São Paulo.

Speaker:

Trabalhava como QA, numa grande empresa multinacional lá, e vim pra Budapest pra continuar nessa carreira de qualidade, de testes.

Speaker:

E aqui estou, trabalhando com qualidade. Um ano e meio já aí, né?

Speaker:

Isso. Passou muito rápido, parece que foi ontem. Ah, imagina, imagina, eu sinto a mesma coisa.

Speaker:

Agora eu queria pegar, porque quando eu convido alguém pro podcast, eu sempre peço pra pessoa colocar, né, tipo, ou a bio, tipo, ou a descrição do seu perfil, né, porque é onde eu coloco na descrição do podcast, do YouTube.

Speaker:

E a primeira coisa que me chamou a atenção foi o teu da periferia pra Hungria, né, que foi o que eu perguntei, ué, mas da onde? Me identifiquei, porque eu também, aí eu falei da onde.

Speaker:

Aí depois fui descobrindo que tu também esteve na Baixada Cientista, né?

Speaker:

Então, de onde que você é também acho que vale a pena mencionar.

Speaker:

Sim. Bom, em Campinas eu morava em um bairro chamado Vida Nova.

Speaker:

Então, era chamado de fim do mundo porque pra chegar do centro até Vida Nova

Speaker:

você tinha que pegar a linha principal de ônibus, a gente levava assim, torna de uma hora, uma hora e meia pra poder chegar em casa

Speaker:

e era o último bairro da linha.

Speaker:

Então, pra ir pro centro era o primeiro, até o centro, depois o centro pra voltar pra casa sempre era o último.

Speaker:

Então, basicamente, o fim do mundo pra todo mundo que mora lá.

Speaker:

Então, é um bairro novo, né? Vamos dizer assim, eu tenho 27 anos, amanhã eu faço 28.

Speaker:

Então, é um bairro novo.

Speaker:

Se considerar o tempo de Campinas, né? Mas eu vi tudo crescer, na época que eu...

Speaker:

Quando eu era criança, até os meus 11 anos, 12 anos, era um bairro sem asfalto, sem nada,

Speaker:

cheio de lama, a gente tinha que colocar sacola no pé pra poder pegar um ônibus, ir pra escola, fazer qualquer coisa e ir pro trabalho.

Speaker:

Então, desde essa fase assim, eu já estava lá. Vi a fase onde tudo foi asfaltado pela prefeitura,

Speaker:

As coisas foram mudando, foram crescendo, mais escolas foram construídas, mas ainda assim continua sendo um bairro periférico de Campinas.

Speaker:

Muitas pessoas têm até medo de entrar.

Speaker:

Pra gente que mora lá, é super tranquilo, a gente conhece todo mundo, conhece a região,

Speaker:

mas pras pessoas que vêm de fora ainda tem aquele receio por causa do que aconteceu ano passado.

Speaker:

Era um bairro bem perigoso, mas não por causa das pessoas, por causa da violência, essas coisas.

Speaker:

Então, é um pouco... É famoso, é um bairro famoso em Campinas, mas não positivamente.

Speaker:

E tu falou também, quando eu falei que morei, uma parte da minha vida, na zona noroeste de Santos,

Speaker:

e tu falou, ah, eu conheço aquela região também.

Speaker:

Exatamente, eu cresci... Meus parentes foram pais de mães, de mães, é tudo da Baixada.

Speaker:

Minha mãe nasceu no Guarujá, meus tios nasceram no Guarujá,

Speaker:

aí depois minha mãe se mudou pra São Paulo, e aí eu cresci a vida assim,

Speaker:

indo pra Baixada e Campinas, Baixada e Campinas.

Speaker:

Qualquer evento que acontece entre a família, vai todo mundo pra Baixada,

Speaker:

porque a minoria mora em Campinas.

Speaker:

Então, hoje em dia é meus pais e eu tenho uma outra tia. Então, Natal, vamos pro Baixada.

Speaker:

É Páscoa, dia das mães. A minha avó morou muitos anos na Baixada Santista, era minha avó, ela é de São Paulo,

Speaker:

mas a gente cresceu todo mundo lá E morei dois anos no Sabuó.

Speaker:

Perto de mim, pra ajudar onde era o rádio clube, do lado, né.

Speaker:

Morei dois anos, não gostei muito, e aí com nove anos eu voltei pra Campinas de novo.

Speaker:

Mas é interessante tu falar isso, que quando eu mudei também pro rádio clube, ainda não era totalmente asfaltado, e depois foi asfaltando, criando aquelas casinhas, tipo,

Speaker:

Não sei se vocês vão entender, mas coab, assim, né?

Speaker:

Isso, CNHU, essas coisas.

Speaker:

CNHU, é, foi mudando, sim.

Speaker:

E tu também falou, né, que as pessoas tem medo... Eu brinco, eu brincava depois que eu mudei de lá,

Speaker:

que eu tento explicar pras pessoas que...

Speaker:

Hoje eu falo que é cara de turista, mas quando as pessoas estavam nas Andorá,

Speaker:

eu já falava, porque quando eu morei lá, eu sabia que não era de lá.

Speaker:

Não porque conhecia todo mundo, mas porque você vê como a pessoa tá andando, né?

Speaker:

Tipo, meio desconfiado, assim, Você fica, tá claro que essa pessoa não mora aqui, né?

Speaker:

Exatamente. Mas, mas bora pra Hungria, né?

Speaker:

É, acho que tem muita coisa legal aqui, você comentou também, né?

Speaker:

E aí, antes, né, que você não fala o idioma, tá no lugar que é a única mulher do teu time

Speaker:

e única imigrante também, né, num país que não tem tantos imigrantes assim da América Latina.

Speaker:

Então, por que Budapeste? Como surgiu essa ideia pra ir pra lá?

Speaker:

Olha, não é uma história muito longa, mas é um pouquinho. Eu sempre tive a vontade de morar fora. Desde criança eu tive aquele sonho americano, que todo mundo normalmente tem.

Speaker:

E quando a gente é criança, a gente não tem aquela perspectiva de trabalho, ai, trabalhar, ter uma boa qualidade de vida.

Speaker:

Então, eu cresci pensando na parte que, nossa, quero muito morar, por exemplo, em Nova York.

Speaker:

Poder ir para o Central Park, eu achava a coisa mais linda.

Speaker:

Cresci consumindo conteúdos americanos, filmes, músicas, sempre.

Speaker:

E eu sempre falei, um dia alguma coisa vai acontecer. Ou eu vou visitar, vou me mudar.

Speaker:

Sempre falei isso.

Speaker:

E aí, cresci. A minha perspectiva depois da faculdade começou a mudar.

Speaker:

Então, eu comecei a pensar mais no quesito qualidade de vida, no que eu tinha no Brasil

Speaker:

e o que eu queria dali pra frente. O que seria de mim? Eu sempre penso a longo prazo, eu não consigo pensar só no agora.

Speaker:

Então, eu sempre planejei a minha vida, desde que eu sabia que eu ia fazer faculdade, eu sabia que eu ia fazer engenharia,

Speaker:

eu sabia que eu ia ser da computação, sempre sou.

Speaker:

Então, entrei na faculdade e eu já sabia que após a minha faculdade eu iria para algum lugar.

Speaker:

Então, durante o meu período da faculdade, já comecei a pensar sobre isso.

Speaker:

Só que eu não fazia ideia de como eu poderia morar fora. Para a gente que veio da periferia, acha que é coisa para quem tem dinheiro,

Speaker:

só para quem tem acesso a esse tipo de coisa.

Speaker:

E a gente não enxerga os meios que existem, né.

Speaker:

Então, ao mesmo tempo, eu sempre tive aquela positividade de eu vou,

Speaker:

mas ao mesmo tempo eu pensava como.

Speaker:

Aí eu sempre achei que a faculdade iria solucionar o meu problema, né.

Speaker:

Então, o meu problema era porque eu não era graduada, e pra mim seria muito mais difícil fazer uma graduação fora do país.

Speaker:

Então, no Brasil, a gente tinha o Fies, o ProUni, eu consegui bolsa do ProUni,

Speaker:

Consegui uma parcialidade só do ProUni, depois com isso eu preenchi com o Fies e fiz a faculdade.

Speaker:

No meu penúltimo ano de faculdade, nisso eu já estava na IBM,

Speaker:

uma empresa multinacional, e que você vê os seus colegas viajando e você fala

Speaker:

nossa, é muito interessante isso, muito legal. Aí você fica pensando quando a minha vez iria chegar, né?

Speaker:

Poder ir pra fora ou viajar pela empresa pra algum lugar.

Speaker:

E aí eu falei assim, achei que esse ano é o ano, 2019, eu falei, esse ano é o meu ano,

Speaker:

vou começar a pensar nas estratégias que eu poderia usar para poder morar fora.

Speaker:

E aí achei alguns perfis no Instagram e comecei a maratonar,

Speaker:

assistia todos os stories, todos os dias, via vídeos no YouTube.

Speaker:

E aí eu comecei a enxergar coisas que estavam na minha frente, mas eu não via.

Speaker:

Então, LinkedIn é uma ferramenta poderosíssima.

Speaker:

E praticamente foi isso que eu usei para poder vir parar em Budapest.

Speaker:

Então eu comecei a estudar mais o LinkedIn, como que ele poderia funcionar como estrategicamente eu poderia,

Speaker:

convertendo o LinkedIn, pra ir pra fora.

Speaker:

E assistindo esses vídeos, sabe, vai abrindo uma luz na nossa cabeça,

Speaker:

você fala, nossa, era muito óbvio, porque eu nunca pensei nisso.

Speaker:

E aí eu comecei a pensar nessas estratégias, como eu poderia usar.

Speaker:

Aí eu falei assim, ok, eu já sei mais ou menos como eu posso fazer,

Speaker:

agora eu tenho que esperar terminar a faculdade, né.

Speaker:

Eu terminei a faculdade em 2020, Então, eu passei aquele último ano com TCC só pensando na hora de terminar o TCC para poder começar a minha aplicação, porque eu falei, vai que acontece, né, de pegar uma dependência no último semestre, você sabe.

Speaker:

Mas aí deu certo, terminei a faculdade, me formei. Aí minha formatura foi em março, abril, por aí.

Speaker:

Aí eu falei, ok, vou fazer a formatura e a partir disso vou começar a aplicar para as vagas.

Speaker:

Desde então, a abril, depois da minha formatura, eu comecei a aplicar para as vagas em Budapest.

Speaker:

E aí, eu utilizei essas técnicas do LinkedIn para poder ser vista pelos recrutadores aqui em Budapest.

Speaker:

Por que Budapest? Eu fiz uma lista de possíveis países que eu poderia ir.

Speaker:

E nesses países eu sabia que eu não queria ir para países com muitos brasileiros,

Speaker:

por exemplo, Portugal.

Speaker:

Porque mesmo trabalhando em multinacional no Brasil, o meu inglês estava muito técnico.

Speaker:

Eu já não sabia mais utilizar o meu inglês no dia a dia, porque eu não tinha ninguém para conversar,

Speaker:

não tinha o costume de falar com a minha família. Ninguém na minha família fala inglês.

Speaker:

Então, eu falei assim, eu preciso de um lugar que eu entre na imersão de cabeça, sabe?

Speaker:

Então, eu não poderia ser um país que eu iria me acomodar muito fácil.

Speaker:

Então, eu falei assim, tem que ser um país que não tenha muitos brasileiros.

Speaker:

Budapeste tem muito brasileiro, tem muito brasileiro.

Speaker:

Mas, comparado a outros países, por exemplo, Portugal, Alemanha, Irlanda, Inglaterra,

Speaker:

é bem menor, o número é bem menor.

Speaker:

Então, eu coloquei lá, Hungria, Polônia e Croácia.

Speaker:

Coloquei esses três na minha lista.

Speaker:

Nisso, eu comecei a maratonar vídeos de pessoas que moram nesses países e que trabalham aqui.

Speaker:

Então, gastei horas e horas maratonando vídeos,

Speaker:

tentando entender qual país eu me identificaria mais, porque eu sabia que qualquer um desses países seria minha porta de entrada,

Speaker:

não seria um país que eu iria entrar e ficaria definitivamente pra sempre.

Speaker:

Eu tenho isso em mente. Então, eu falei assim, vai ser a minha parte de entrada, eu preciso achar um país com partes de entrada.

Speaker:

Então, eu coloquei esses três na lista, comecei a pesquisar.

Speaker:

Então, eu queria um país com menos brasileiro, para eu poder entrar de vez, de cabeça,

Speaker:

para falar com as pessoas de fora mesmo.

Speaker:

E também, competitividade, né? A área de tecnologia, há um tempo atrás, por exemplo, a parte de desenvolvimento era bem conhecida,

Speaker:

mas hoje em dia eu posso dizer que tá crescendo muito mais e muito mais rápido.

Speaker:

Então eu falava assim, eu preciso de um mercado que eu tenha menos competitividade com as pessoas,

Speaker:

que seria mais fácil de eu conseguir uma vaga.

Speaker:

E num país onde ninguém fala tanto português. Então, ok. Comecei a ticar na minha lista.

Speaker:

Vendo nesses países, ok. E nisso juntando um país que eu iria gostar, né. Então, de todos os três,

Speaker:

o que eu mais me identifiquei, assistindo assim, que eu fiquei incrivelmente apaixonada pela,

Speaker:

pela cultura, pela cidade. A cidade, Budapeste é uma cidade incrivelmente linda, linda de dia,

Speaker:

de noite, não importa. Eu sempre falei, é lá que eu quero ficar, é lá que eu quero morar. Então,

Speaker:

Eu defini exatamente assim, Budapeste, menos brasileiros, menos competitividade.

Speaker:

Aqui o mercado de tecnologia ainda tá crescendo, então muita empresa contratando, muita gente,

Speaker:

muita empresa contratando gente de fora, porque falta mão de obra.

Speaker:

Aqui eles recebem bastante gente de fora, mas normalmente pra estudar.

Speaker:

As pessoas vêm, fazem a universidade, voltam pros seus países ou acabam escolhendo um outro.

Speaker:

Até porque o húngaro, o idioma húngaro não é um idioma tão fácil, assim, e...

Speaker:

E o pessoal vai para estudar porque cerveja é barata, né?

Speaker:

Sim, a faculdade é barata. O pessoal de Erasmus.

Speaker:

Exatamente. Tem muita festa, assim. Tem muita bolsa de estudo.

Speaker:

Isso, isso. Então, acho que estudante...

Speaker:

Pessoas mais jovens, assim, gostam bastante de Budapeste, né? Exatamente.

Speaker:

Para quem está solteiro e quer ter uma vida, assim, bem tranquila e barata, é Budapeste.

Speaker:

Então, acabei pensando dessa forma e então eu comecei a aplicar. Peguei meu currículo, fui adaptando de acordo com as vagas e saí aplicando.

Speaker:

Apliquei para várias empresas, não consigo te dizer o número porque...

Speaker:

Tu mudava o teu LinkedIn ou tu tinha outro currículo apático e tu sempre editava conforme a vaga?

Speaker:

Não, o meu link quando era aquele easy apply, eu usava o meu próprio LinkedIn, agora quando eu tenho que fazer por dentro do portal da própria empresa, aí eu vou fazer um currículo diferente adaptando as palavras-chave, de acordo com a vaga e tudo mais.

Speaker:

Mas meu LinkedIn sempre foi em inglês, meu perfil principal do LinkedIn é todo em inglês, que pra mim é muito mais fácil de gerenciar, até no Brasil, porque eu sempre trabalhei em empresas que precisam do inglês.

Speaker:

Então, basicamente foi isso. Apliquei, apliquei, apliquei, fui aplicando.

Speaker:

Quando foi em junho, eu recebi o contato de uma empresa daqui da Hungria.

Speaker:

Fiz o processo seletivo, bem tranquilo, foi super easy. Quando foi em agosto, em agosto, em agosto eu recebi a resposta dessa empresa.

Speaker:

Foi a única empresa que me retornou, foi a única empresa que eu passei.

Speaker:

De todas que eu apliquei, foi a única que entrou em contato e eu fiz a entrevista e passei.

Speaker:

Tu não lembra o quantas tu fez, mas foram bastante. Que eu apliquei foram bastante.

Speaker:

É, mais de 20, mais de 50, mais ou menos. Olha, bastante empresa, acho que mais de 50, porque eu usava o filtro do LinkedIn.

Speaker:

Então, normalmente, a vaga de tester tem basicamente o mesmo padrão, né?

Speaker:

Pedem basicamente as mesmas coisas, só mudam os frameworks que a empresa trabalha,

Speaker:

e as ferramentas, mas normalmente é bem padrão.

Speaker:

Tá bom. É, tu tinha basicamente o filtro, né, que era o país ou a cidade,

Speaker:

mais o... que o engineer.

Speaker:

Exatamente. Certo? E aí tu recebia todo dia, sei lá, as vagas novas, né?

Speaker:

Acho que é uma dica muito boa, porque é o que eu faço também.

Speaker:

E sabendo para onde você quer ir, né, é muito fácil. Tu tem opções de…

Speaker:

Tu pode colocar só o país ou a cidade, mais especificamente.

Speaker:

Se você sabe para onde você quer ir, é mais fácil ainda.

Speaker:

Sim. E na época, eu não… A empresa que me chamasse, eu iria.

Speaker:

Porque eu tava no ponto que eu quero ir embora, então… Todas as empresas possíveis que apareciam no LinkedIn, eu aplicava.

Speaker:

E aí, dessa lista, uma empresa entrou em contato, eu fiz todo o processo com eles, o processo em si foi bem rápido,

Speaker:

eu fiz a entrevista com o time de RH, fiz as provas técnicas,

Speaker:

tive conversa com o CEO, tive conversa com o CTO,

Speaker:

e aí, depois, em agosto, eu recebi a resposta de que eu tinha passado no processo.

Speaker:

E aí, nisso... Tá, então deixa eu pegar, peraí, porque tem bastante coisa interessante aqui,

Speaker:

Eu não queria não queria perder. Então tá, depois a gente volta pra tu passou na entrevista, mas tu falou de muita coisa,

Speaker:

Muito a mesma coisa que eu queria comentar.

Speaker:

É que talvez pra ti...

Speaker:

Pode parecer coisa pequena, mas acho que é muito importante pra quem tá em situações parecidas.

Speaker:

E digo, a primeira é muito mais pra quem tá em situações tipo de morar na periferia,

Speaker:

de ter esse sonho de morar fora, né.

Speaker:

Porque eu me identifico muito com o que tu falou.

Speaker:

Da parte de, um, tu vê várias pessoas viajando e isso parece distante.

Speaker:

Pra mim, na faculdade ainda era distante.

Speaker:

Quando eu acabei a faculdade foi quando eu comecei, pô, dá pra fazer isso, sabe?

Speaker:

Tipo, as coisas começaram a mudar. Mas eu sempre tive também na mente que faculdade não era pra mim, talvez porque eu nunca imaginei o que eu poderia fazer, né.

Speaker:

E acho que começando uma vez com uma mulher que trabalhava numa ONG, eu esqueci qual era a empresa, mas ela trabalhava numa empresa grande,

Speaker:

e nessa empresa tinha um programa pra fazer mentoria de mulheres na periferia, e talvez eu já falei até isso no podcast.

Speaker:

Mas, e eu perguntei pra ela, o que que tu vê de que é o maior problema que tu tem que ajudar essas mulheres a resolver, né? A entender.

Speaker:

Ela falou que o maior problema é que elas não sabem que elas podem.

Speaker:

Ela falou, parece algo meio bobo. Eu falei, eu não entendi.

Speaker:

E aí, ela falou, parece algo meio bobo, mas elas não sabem que elas podem estudar, fazer curso técnico, sabe?

Speaker:

Que elas conseguem, que existem alternativas.

Speaker:

E aí, eu fiquei com isso na cabeça, porque eu falei, pô, isso era a situação que eu tava, eu não sabia descrever.

Speaker:

É isso, mas eu cheguei à noite em casa, assim. Eu tava em São Paulo dois dias pra fazer um treinamento de agilidade, sei lá.

Speaker:

E aí, eu fiquei à noite meio acordado, pensando...

Speaker:

Puts, era isso, tipo, que... Quando eu consegui meu primeiro emprego,

Speaker:

quando eu comecei no emprego, eu era office boy.

Speaker:

Mas tinha o estagiário, programação, começava a conversar.

Speaker:

Descobri que existia o Enem, sabe.

Speaker:

Foi quando eu comecei a perceber... Puts, será que dá pra fazer isso? Eu acho que dá, né.

Speaker:

Porque a gente não cresce num ambiente que todo mundo estudou.

Speaker:

Que as pessoas da tua escola, dos teus professores incentivam, porque, sei lá...

Speaker:

Acho que os professores têm outros problemas também, e eu acho que as condições dele eram uma merda.

Speaker:

Mas, pelo menos na escola mesmo, não existia essa de, tipo...

Speaker:

Acho que os professores não acreditavam muito na gente, no geral, sabe?

Speaker:

Sendo bem sincero. Não, já ouvi de professor que você não vai... Você não vai ficar nada.

Speaker:

Exato. Eu não queria falar exatamente, mas sim.

Speaker:

Não diretamente pra mim, mas pra falar pra turma inteira, assim, tipo...

Speaker:

E várias vezes, né? Aquela baguncinha que a gente tinha. Exato.

Speaker:

Eu tenho a situação extrema que era, professor, salário baixo,

Speaker:

vários deles pegavam conta só de mais de uma hora.

Speaker:

Mas enfim, não achando culpado, mas estou falando da situação que era. Isso aí, né.

Speaker:

E então, eu queria enfatizar muito isso que dá e você está aqui como um caso, né.

Speaker:

Existem alternativas, e se você não sabe como, Google, pergunta alguém, manda uma mensagem pra alguém que já...

Speaker:

Que conseguiu, né, de alguma forma. Eu, aqui, a própria Aline, né?

Speaker:

Então, esse é um ponto que eu não queria deixar passar porque...

Speaker:

Pode parecer pequeno, mas novamente, depois que eu ouvi isso dessa mulher,

Speaker:

e eu não lembro o nome dela, eu tenho LinkedIn, depois eu queria até mandar uma mensagem,

Speaker:

era importante mandar uma mensagem pra ela.

Speaker:

Eu comecei a perceber que então é importante espalhar essa mensagem, né,

Speaker:

de que existem alternativas e quando a gente não tá nesse mundo,

Speaker:

parece que é coisa que só outras pessoas conseguem, né.

Speaker:

Sim, e graças a Deus, dentro da minha família, eu tive referência, né.

Speaker:

O meu irmão também é da tecnologia, hoje em dia ele é coordenador de TI dentro de um banco.

Speaker:

E o meu irmão passou por situações piores que eu por exemplo, eu nasci na periferia, mas a gente tinha uma casa feita de tijolo.

Speaker:

Ele não, ele quando morava com a minha mãe, eles moravam num barraco então eles às vezes não tinham o que comer, então eu cheguei na vida da minha família com uma estrutura um pouquinho melhor.

Speaker:

Uma condição um pouco melhor e de uma situação um pouco mais diferente, né? E meu irmão foi essa

Speaker:

minha referência na vida. Desde os meus 11 anos, ele paga meus cursos. Então, desde o curso de

Speaker:

informática, do inglês básico, sempre foi meu irmão. Então, além do suporte nisso, ele sempre foi a

Speaker:

referência na tecnologia. E minha mãe também. Minha mãe sempre foi uma pessoa muito inteligente.

Speaker:

Ela é muito inteligente. Então, sempre foi um pouco matemática, cálculos, raciocínio. E ela

Speaker:

senti essa parte do estudo e, apesar de eu conviver com as pessoas do meu bairro, eu via certas

Speaker:

situações e eu não aceitava aquilo pra mim. Então, por exemplo, pessoas que não gostavam de ir

Speaker:

pra escola. Não que eu era nerd, nem era nerd isso, mas eu sou super comum para crianças ficarem

Speaker:

voltando na escola. Na época, eu nunca voltei na escola. Nunca, nunca. Era casa muito forçada,

Speaker:

breve, de ônibus ou da própria escola, mas eu nunca fui de futebol na escola e eu chegava a ver meus

Speaker:

colegas que não iam porque não queriam ir para escola ou iam para escola e matavam aula no

Speaker:

meio do intervalo. Eu não me sentia no direito de fazer aquilo, porque eu via meu irmão,

Speaker:

tanto que meu irmão se esforçou, tanto que minha família se esforçou e que eu sempre quis a mesma e até a próxima!

Speaker:

Então, levou um tempo, por exemplo, para o meu irmão se estruturar.

Speaker:

Então, eu falei assim, ok, eu tenho a estrutura um pouco melhor,

Speaker:

então eu posso fazer isso, eu não quero ficar com meus amigos.

Speaker:

Então, perto dos meus colegas de escola, eu consigo contar nos dedos quando se formaram numa faculdade,

Speaker:

quantos hoje em dia vivem numa situação precária ainda, da época quando eu era criança.

Speaker:

Então, é uma situação bem complicada isso, mas eu não aceitava isso para mim,

Speaker:

Eu sempre falei que eu ia fazer faculdade, eu não sabia como, era sempre assim, não sabia como, mas eu sabia que eu ia fazer faculdade.

Speaker:

Mas isso aqui é importante, porque quando eu descobri também, eu era péssimo aluno, eu não faltava, mas eu tava lá pensando em outra coisa, em jogar futebol, sabe, pingue-pongue.

Speaker:

Mas quando eu descobri que dava, que existia o Enem, que eu podia ir na banca de revistas comprar, tinha as revistas ecossimulado, né.

Speaker:

É engraçado falar, mas na época não era tanto na internet, achar esse material, né, nem tanto atrás.

Speaker:

É... Comprar de revista usada, sobrenatural, simulada, sabe?

Speaker:

Fazer o teste, eu acho que eu consegui online.

Speaker:

Mas pra estudar mesmo, era mais fácil comprar a revistinha e seguir.

Speaker:

Mas isso só aconteceu quando eu descobri que eu poderia, sabe?

Speaker:

E acho que é legal tu saber disso, porque tu consegue aceitar essas situações, né? A não aceitar.

Speaker:

E depois, quando eu descobri que eu poderia, foi na hora que tava na minha cabeça, cara. Eu vou fazer isso.

Speaker:

Tipo, não importa o quê. não vou passar na primeira fase, vou fazer, mas vou fazer, mas é porque aí já tava com a cabeça de frente, que é

Speaker:

cara, existe uma possibilidade, né.

Speaker:

Sim, tanto é que eu demorei pra fazer a faculdade, eu não saí do ensino médio e já fui direto fazer a faculdade

Speaker:

e eu ainda, ali, depois que eu terminei, eu ainda não sabia como que eu ia fazer.

Speaker:

Então, eu tinha receio de não passar o ENEM, inclusive esse meu receio me fez adiar a prova.

Speaker:

Tanto é que eu saí do ensino médio, ao invés de fazer a prova, eu não fiz, porque eu fiquei morrendo de medo de não passar

Speaker:

e não conseguir uma bolsa, né.

Speaker:

E aí eu adiei, fui adiando. Eu fui fazer faculdade dois anos depois.

Speaker:

É, não, é... Eu não passei na primeira, né. Tem duas. Não passar na primeira, acho que foi...

Speaker:

Tem coisa mais pesada na vida, assim. Mas que foram os momentos mais difíceis pra mim, assim.

Speaker:

Tipo, cara, que eu sou bem humano.

Speaker:

E aí, tu coloca lá, né. Tu vai vendo a nota. No último dia, alguém com a nota maior colocou.

Speaker:

Nossa, eu fiquei muito mal, muito mal.

Speaker:

Mas depois, no segundo semestre, tu aplica de novo, né. Aí, eu consegui, mas...

Speaker:

Mas é, são momentos tensos.

Speaker:

Não sei se agora é mais difícil ainda. Porque tem mais gente fazendo, sei lá.

Speaker:

Eu hoje em dia sou bem focalizada, eu estou correndo um pouco de provas de ENEM, eu falo a minha B já passou, agora eu posso ficar mais tranquila, agora são provas de certificações.

Speaker:

Music.

Speaker:

Deixa eu pegar outro ponto antes de voltar pra ti, que tu falou sobre como tu se estruturou pra conseguir isso, né.

Speaker:

O episódio que foi pro ar hoje, quando esse foi pro ar vai ser daqui a um mês, mas o episódio com a Anny Blink, o episódio com a Alana também, e mais alguns outros, elas falaram muito sobre o pesquisar antes de mudar, assistir vídeo, entender as regras, entender o que é importante pra você, né, e foi o que você fez.

Speaker:

Você entendeu e bem detalhadinho, né?

Speaker:

Tipo, quais os países, por quê, qual que é o ponto positivo de cada um.

Speaker:

Agora que eu sei, o que eu preciso para isso, que é o LinkedIn é uma das coisas mais importantes, né?

Speaker:

E o alerta de vaga também, eu acho tão importante quanto o teu LinkedIn em inglês,

Speaker:

porque senão você fica maluco pesquisando o tempo inteiro.

Speaker:

Então, eu acho que é legal também reforçar isso, porque eu acho que esse é o caminho para qualquer pessoa que quer tentar entender.

Speaker:

Para onde, o porquê, o porquê não, o que você quer, o que você não quer, porque isso vai ajudar a funilar as opções.

Speaker:

E sabendo as opções é tudo muito mais fácil. Ou, se tanto faz, vamos só sair, né?

Speaker:

Aplica para tudo, o primeiro país que der.

Speaker:

Quando a gente sabe exatamente para onde vai é mais fácil. A frustração vai ser menor, eu acho,

Speaker:

do que quem só arrisca sem saber para onde está indo, como funciona.

Speaker:

Até porque, por exemplo, aqui na Hungria, vem todo mundo feliz, mas as pessoas aqui são bem fechadas, são muito fechadas.

Speaker:

Aqui a dificuldade de fazer amigos é 100%, até pra quem tá há anos aqui.

Speaker:

Depois eu queria chegar nessa parte mesmo, que a parte de amizade é o que tem voltado sempre no podcast,

Speaker:

e eu tô mesmo interessado em saber como tá sendo lidar com isso na Hungria,

Speaker:

Porque, sim, eu já estive aí e eu ouvi falar das pessoas como que é.

Speaker:

Mas eu te interrompi, você estava falando da tua chegada aí.

Speaker:

É isso que eu me lembro. Tu tinha feito entrevista, tu passou.

Speaker:

O que eu passei? Chegou a agosto, eu passei. Isso.

Speaker:

E aí eu queria saber, né, começar, depois eu vou voltar na cidade, mas sobre a chegada

Speaker:

no trabalho mesmo, né.

Speaker:

Como que foi o teu processo de começar a empresa, né, o próprio onboarding, né?

Speaker:

O que aconteceu? O que tu falou, né? Tipo, quando tu chegou, não sei se tu tava no meio ainda dos lockdowns da vida

Speaker:

ou se tu já foi pro escritório, então conta pra mim sobre essa parte.

Speaker:

Então tu ficou remota?

Speaker:

Eu trabalhava... Bom, quando eu comecei nessa empresa, eu comecei lá pro outubro,

Speaker:

e eu comecei remota do Brasil.

Speaker:

Tchau!

Speaker:

Eu trabalhava no Fuso de Budapest, então eu acordava 3, 4 horas da manhã por causa das reuniões com o cliente,

Speaker:

Então era um pouco impossível. Eles falavam que eu não precisava, mas é um pouco difícil,

Speaker:

Você estar sem sincronização com o seu time pra mim é ok, porque depois eu consigo alinhar pelo Slack,

Speaker:

Mas com o cliente é um pouco mais difícil, porque o cliente que eu atendia nessa empresa era dos Estados Unidos, então,

Speaker:

O outro Fuso ainda,

Speaker:

Acabou sendo um pouco complicado, então eu acordava 3, 4 da manhã para começar a minha rotina de trabalho

Speaker:

Mas também dava meio dia e eu já estava indo para a praia Era mais ou menos isso, estava livre,

Speaker:

Mas o meu processo de onboarding foi bem simples porque eu estava no Brasil, né

Speaker:

Então eu não consegui receber, por exemplo, meus materiais de trabalho Eu usava meu próprio notebook,

Speaker:

eles usavam ferramentas simples, então era Excel, Slack, Trello, era bem tranquilo.

Speaker:

E os projetos que eu recebia era toda a documentação que eu precisava ler e entender,

Speaker:

e depois participar das reuniões com o cliente, e os testes como eram testes manuais,

Speaker:

mobile e web, era bem tranquilo.

Speaker:

Então eu já cheguei trabalhando, não teve kit de boas-vindas, nada disso.

Speaker:

Já cheguei participando de reunião bem no meio do caminho do trem.

Speaker:

Mas como que foi isso? Tu falou que queria desenferrujar o inglês, o inglês técnico, mas eu acho que o inglês técnico no Brasil é diferente do inglês técnico no exterior com outros estrangeiros, né, e agora o dia inteiro, então como foi cair de paraquedas nessas reuniões?

Speaker:

Pra mim, na verdade, foi bem tranquilo. Meu único problema é quando eu estou nervosa.

Speaker:

Quando eu estou nervosa, às vezes, eu esqueço muitas palavras, continuo esquecendo.

Speaker:

Mas, no geral, era bem tranquilo. Todo mundo...

Speaker:

Mas, assim, o CTO da empresa era brasileiro, então acho que isso ajudou um pouco.

Speaker:

Eu me senti mais enturmada, né? Mais tranquila.

Speaker:

Porque quando ele chegou aqui em Budapeste, ele era estagiário sem inglês, então ele aprendeu inglês dentro da empresa,

Speaker:

foi afiando o inglês durante o processo no trabalho,

Speaker:

então eu falei assim, acho que eu tenho que ficar um pouco mais tranquila em relação a isso

Speaker:

trabalhei por anos em empresas grandes que eu só falava inglês, mas como era só no trabalho

Speaker:

eu sempre achava que no cotidiano eu iria acabar confusa ou alguma coisa assim,

Speaker:

mas acabou sendo bem tranquilo, inglês húngaro pra mim é muito tranquilo de entender, nunca tive problema com sotaque nem nada,

Speaker:

o meu cliente, que era americano, as vezes, assim, o que que ele falou?

Speaker:

Era um inglês bem rápido, ele era de Miami, e as vezes eu pausava, meu cérebro processava o que que ele estava falando

Speaker:

Mas era também bem tranquilo, que eu não entendia, sempre pergunta, né, pra repetir e tudo mais.

Speaker:

Então foi basicamente isso, eu já saí da IBM e já comecei nessa empresa.

Speaker:

E foi exatamente isso. E como que foi a parte técnica? Como que...

Speaker:

O que que tu tinha que fazer aí, comparado ao Brasil? Você sentiu alguma diferença de como que era

Speaker:

para os produtos assim, ou também foi tranquilo?

Speaker:

Eu senti bastante diferença porque no Brasil eu trabalhava com um time, né?

Speaker:

Era um time muito grande.

Speaker:

Então a gente tinha Divisão, eu tinha Scrum Master, eu tinha Product Owner,

Speaker:

eu tinha tudo, toda uma estrutura totalmente diferente. essa era uma empresa muito pequena

Speaker:

então assim, 30 funcionários no máximo. quando eu entrei para ser QA, a única QA do time estava

Speaker:

de licença maternidade. então ela voltou me explicou algumas coisas, mas assim, cuidando do filhinho dela,

Speaker:

O meu time todo era húngaro, praticamente. O CTO era brasileiro.

Speaker:

Tinha algumas pessoas perdidas, tinha um russo, tinha uma russa, mas não faziam parte do meu contato do dia-a-dia de trabalho.

Speaker:

Faziam parte da empresa. Mas do meu time mesmo, desenvolvimento e testes, eram húngaros.

Speaker:

Mas deixa eu... Deixa eu ficar curioso da outra vez, eu perguntando lá atrás, então deixa eu pegar

Speaker:

o que tu mencionou agora. Como assim chegou na empresa sem falar inglês não gria como estagiário.

Speaker:

Você sabe qual é a história por trás? então, aqui na Hungria existe um programa chamado de estágio remunerado chamado AISEC,

Speaker:

então você conseguindo se comunicar para ele, está muito bom então provavelmente ele aplicou para a vaga do Brasil ainda?

Speaker:

Do Brasil ainda, isso tem que estar estudando com certificado de estudante,

Speaker:

então ele aplicou, passou e veio

Speaker:

Então é um estágio remunerado. Aqui, não sei toda a Europa, mas pelo menos aqui na Hungria, o estágio é de oito horas, não é seis horas como é no Brasil, por exemplo.

Speaker:

Então você trabalha full time, recebe por seis horas, que é o salário de um estagiário, mas tem todos os outros benefícios igual.

Speaker:

Então, basicamente, é isso. Aí dentro dessa empresa eles dão um curso de inglês, né, com uma professora particular.

Speaker:

Então provavelmente ele fez esse curso e aí com o dia a dia ele foi melhorando.

Speaker:

Hoje em dia ele tá... Tá, entendi, entendi. Pô, se eu consegui convidar ele, pode que a história seja melhor. Fiquei curioso nessa história.

Speaker:

É? Sim. Mas vamos voltar agora então pro teu trabalho, teu work.

Speaker:

Tá, e como que foi trabalhar com a galera daí? Que tu se sentiu diferente? Tu já falou um pouco que,

Speaker:

fazer amizade é muito difícil, a gente vai chegar lá.

Speaker:

E aí como que é o relacionamento de trabalho com eles?

Speaker:

Nessa empresa, pra mim, é tranquilo. Eu trabalhava em três projetos dentro dessa empresa,

Speaker:

de aplicações mobile e web.

Speaker:

Eu tinha um cliente fixo, que era esse dos Estados Unidos, então era um trabalho recorrente, então, como fala, continuous delivery.

Speaker:

Então a gente estava sempre ali junto, reuniões semanais, sempre havendo entregas e tudo mais.

Speaker:

E os outros projetos eram com um tempo determinado. Então eu entrei na empresa, participei desse, por exemplo, do primeiro projeto,

Speaker:

Fiz os testes, ele já estava pronto, eu tinha o escopo, testei, vi se estava tudo funcionando, fiz a entrega, o cliente aprovou, fechou esse projeto.

Speaker:

Aí, nisso, eu trabalhei num segundo projeto, testei, vi se estava tudo corretamente, a documentação, a rede de documentação, estava tudo correto, entreguei para o cliente, estava certo, fechou esse projeto.

Speaker:

E aí, acabou que fechei esses dois projetos, fiquei somente com um que é desse cliente dos Estados Unidos.

Speaker:

E fiquei por um bom tempo, um bom tempo assim, uns três meses com esse mesmo cliente.

Speaker:

E acabei fazendo uma entrega muito, acho que muito rápida, eu sou muito acelerada no trabalho

Speaker:

eu não consigo ver uma coisa para testar e deixar para amanhã, eu tenho essa mania de,

Speaker:

não está funcionando, vou testar, vou reportar, eu quero o desenvolvedor trabalhando naquilo,

Speaker:

e porque eu não consigo ficar parada no trabalho até porque eu acordava 4 horas da manhã se eu não tivesse algo pra trabalhar

Speaker:

Era cantativo.

Speaker:

E aí fiquei trabalhando um tempo no projeto desse cliente, só que não recebia mais projetos,

Speaker:

vindo direto pra mim para testes. A empresa acabou não fechando mais contratos pra fazerem mais

Speaker:

projetos e como ainda tinham os outros projetos que eram dessa outra QA, que voltou da licença,

Speaker:

então ela cuidava dessa parte e eu cuidava da outra parte do cliente então eu fiz as duas entregas e fiquei somente com um,

Speaker:

e eu acabei tendo... como fala?

Speaker:

Quando você... não tem muito tempo... idol sim, fiquei um tempo idol sem ter o que fazer de parada, né?

Speaker:

Exatamente O tempo foi passando, o tempo foi passando. Quando chegou lá em dezembro de 2021, eu tive o one-on-one com o CTO, que é o brasileiro.

Speaker:

Eu conversei com ele, expliquei que já tinha feito as entregas, que eu estava somente com um cliente, porém a reunião com cliente era uma vez por semana.

Speaker:

E também tinha um limite de budget entre projetos, então aquele cliente só podia pagar tanto,

Speaker:

então eu só podia trabalhar tantas horas pra ele.

Speaker:

Então se eu já tivesse trabalhado, por exemplo, as 24 horas que ele pagou,

Speaker:

eu não podia trabalhar mais que isso, porque senão ele teria que pagar pela empresa.

Speaker:

E não era o que ele queria.

Speaker:

Então, eu conversei com o meu co-diretor, expliquei que eu estava um pouco idle,

Speaker:

e perguntei se havia outras coisas que eu poderia fazer, poderia contribuir

Speaker:

mas por ser uma empresa pequena, cada um ter uma função específica, cada um com as suas tarefas,

Speaker:

não tinha muita coisa pra eu fazer,

Speaker:

e aí o tempo foi passando, o tempo foi passando nisso, eu já estava aplicando pro meu visto pra vir pra Hungria,

Speaker:

porque a empresa patrocinou meu visto para eu poder vir para cá a segunda vez,

Speaker:

então esse processo já estava ocorrendo, e ao mesmo tempo eu estava idol,

Speaker:

quando foi em janeiro, o meu visto chegou, finalmente ficou pronto aquela felicidade, finalmente vou para a Hungria

Speaker:

de agosto a janeiro, certo?

Speaker:

De agosto começou a janeiro, foi quando chegou o visto exatamente, eu apliquei todo o visto do Brasil

Speaker:

porque por causa da pandemia eles estavam exigindo um visto tipo D,

Speaker:

que era pra comprovar que eu viria a trabalho pra cá, então eles me permitiriam entrar na Hungria sem problemas algum,

Speaker:

hoje em dia não precisa mais desse visto antigamente não precisava, depois da pandemia eles incluíram esse visto

Speaker:

porque muita gente estava querendo vir, com a pandemia,

Speaker:

criando complicações aí por causa disso. então eles criaram esse visto tipo D para eles selecionarem exatamente quem pode entrar ou não

Speaker:

até porque se é motivo de trabalho eles não podem barrar.

Speaker:

E aí eu fiz essa aplicação desse visto enquanto eu trabalhava para essa empresa do Brasil,

Speaker:

quando foi em janeiro, o visto chegou, ficou tudo pronto, eu já estava com tudo pronto

Speaker:

Já tinha organizado a minha vida inteirinha pra vir pra Hungria.

Speaker:

Eu tô com medo. Toda história tem uma parte triste no começo disso, né?

Speaker:

Mas quando chegou o meu vídeo, uma semana depois eu tive a reunião com o CTO,

Speaker:

e com o CEO da empresa para poder falar sobre a minha mudança para a Bundapeste.

Speaker:

Então foi uma semana bem intensa, super ansiosa, bem feliz. E esse dia da reunião chegou, então a gente conversou bastante, falamos sobre as coisas do projeto, como estavam indo, passei meu feedback.

Speaker:

E nisso, eles mencionaram, né, que eu mencionei no 101 que eu estava bastante idle, que eu não tinha muita coisa pra fazer.

Speaker:

Então, e a minha gerente também, né, eu tinha uma gerente dedicada pra esse cliente.

Speaker:

Então a minha gerente também comentou que eu não tinha muita coisa pra fazer.

Speaker:

E aí o CEO e o CTO da empresa comentaram que realmente eles não estavam com demanda,

Speaker:

e que eles não estavam fechando projetos com os clientes, então eles não teriam nada para fazer pelos próximos meses.

Speaker:

E aí nisso eles decidiram reincindir meu contrato. Então... Qual? É...

Speaker:

Depois, desde esse dia, Foi um dia muito específico da minha vida, porque eu lembro exatamente de como que aconteceu,

Speaker:

o que eles me falaram.

Speaker:

Eu não consegui expressar nada, não consegui falar nada, só falei muito obrigado pela

Speaker:

oportunidade, né, porque ali foi o meu desligamento, então a partir daquele momento eu não seria

Speaker:

mais funcionária deles.

Speaker:

Só que não seria funcionar assim.

Speaker:

Para trabalhar, não precisaria trabalhar fazendo mais nada, porque já não tinha muitas coisas para fazer.

Speaker:

Então, o CEO da empresa, que foi muito gente boa, ele me deu um tempo,

Speaker:

para continuar na empresa, recebendo, né, até achar uma outra oportunidade na área.

Speaker:

Ah, que legal.

Speaker:

E aí, nisso, começa a correria. Por quê? Corrida contra o tempo, né?

Speaker:

Porque eu já tinha passagem comprada, eu já tinha reserva de Airbnb, porque normalmente quando a gente se muda, a gente precisa ficar num lugar

Speaker:

até conhecer o apartamento que você futuramente vai morar.

Speaker:

Então eu tinha tudo pronto, tudo seguro, tudo.

Speaker:

Nesse dia que eu recebi esse comunicado de que eu seria desligada de empresa,

Speaker:

eu por um momento, passei o dia inteiro em silêncio, pensando o que eu iria fazer.

Speaker:

Não pensei em nenhum momento em falar pra minha família, nenhum momento, até porque tem sempre aqueles que vão a favor e tem aqueles que estão sempre contra, então eu preferi não falar pra não ouvir o famoso eu avisei ou eu sabia que não iria dar certo.

Speaker:

Então, permaneci o dia inteiro quieta, só falei com meu namorado, o Felipe, contei pra ele o que aconteceu, não consegui chorar, não consegui expressar nenhum tipo de emoção.

Speaker:

Eu só pensava o que que eu vou fazer, porque a passagem para Hungria é super cara,

Speaker:

e eu tinha flexibilidade de mudar, mas eu falei eu consigo mudar as passagens

Speaker:

mas eu não consigo mudar a AirBnb, por exemplo, porque faltava duas semanas para a viagem.

Speaker:

Aí a gente pensando, pensando, pensando o que vamos fazer, não é que eu desisti

Speaker:

eu simplesmente falei. E iam vocês dois já? Ele ia vir comigo pra passar um mês aqui. Então mas já tinha passagem né, já tava comprado e já era um abrigo

Speaker:

pra duas pessoas que é mais caro. Não, ele comprou comigo exatamente no dia que eu recebi a resposta de que eu não iria ficar mais na empresa.

Speaker:

Então peraí, ele comprou primeiro, depois recebeu a resposta ou? Não, eu comprei, eu comprei, eu ia vir sozinha, completamente sozinha.

Speaker:

E aí eu recebi a resposta de que eu não iria ficar na empresa, então eu passei naquele dia

Speaker:

Naquele dia eu passei o dia inteiro pensando o que eu iria fazer, porque eu já tinha tudo.

Speaker:

E aí o que a gente pensou foi a gente já tem uma passagem, você já tem sua passagem, já tem Airbnb, já tem seguro, então,

Speaker:

eu vou com você! Falei, vou com você.

Speaker:

A gente passa um mês de férias na Hungria. Foi basicamente isso, a gente passa um mês.

Speaker:

Bom, os planos já estão pagos, já tem coisa paga.

Speaker:

E aí, uma coisa que eu pensei Está errado isso? Está errado. Tecnicamente está errado.

Speaker:

Porque uma vez que o meu visto é associado à empresa para a qual eu vou trabalhar.

Speaker:

Então, uma vez que eles me desligaram, eu tenho que ir na embaixada e fazer o cancelamento daquele visto.

Speaker:

Então, eu não tenho mais permissão de poder entrar na Hungria com aquele visto associado à empresa.

Speaker:

Como turista... Bom, peraí. Errado não, porque tu tá no contrato ainda, até você conseguir outro.

Speaker:

Na verdade não, porque eu assinaria o contrato de full time chegando aqui porque eu preciso do visto primeiro pronto para eu fazer isso

Speaker:

então eu iria receber o visto, pegar o visto e ir para Budapest

Speaker:

iria assinar o contrato e aí eu começaria a trabalhar registrado para eles até então só no visto era associado à empresa,

Speaker:

Então, naquela mesma semana eu fui no consulado de Budapest, em São Paulo, fiz o cancelamento do meu visto.

Speaker:

E, nisso, ainda pensando o que eu iria fazer, o que eu iria falar pra minha família, né.

Speaker:

Até porque eu larguei uma empresa grande, eu larguei a IBM, que era uma empresa do meu coração.

Speaker:

Meu sonho de morar fora foi maior, por isso que eu quis sair, mas, ainda assim, eu larguei um trabalho estável.

Speaker:

Não existe estabilidade, mas era um trabalho estável, onde as pessoas confiavam no meu trabalho e que elas me queriam ali.

Speaker:

Então, foi triste. A primeira coisa que eu pensei foi, por que que eu saí da IBM?

Speaker:

Sabe aquele pensamento de arrependimento, que você fala, nossa, onde eu errei? E aí, falei, ok.

Speaker:

Aí, nisso, o Felipe, meu namorado, comprou a passagem e falou, vamos pra Budapeste juntos, vamos ficar um mês.

Speaker:

E eu falei, tá bom.

Speaker:

Só que aí eu comecei a ficar com muito receio, por causa da pandemia.

Speaker:

Então, o visto D iria me garantir a entrada dentro da Hungria sem problema algum.

Speaker:

Sem ele eu iria passar na imigração como qualquer outra pessoa que poderia ser selecionada para não

Speaker:

entrar. Simplesmente porque a imigração resolveu que eu não iria entrar naquele momento.

Speaker:

Então ficou aquele receio por causa do covid e tudo mais. Mas falamos, vamos tentar. Nisso a

Speaker:

gente passou tempos pesquisando em grupo de brasileiros em Budapeste como que a galera

Speaker:

para entrar, como que estava sendo o processo, precisava de teste, que tipo de teste, se

Speaker:

era o simples ou não.

Speaker:

E aí a gente viu que estava tranquilo, pelo menos todo mundo estava falando que estava tranquilo.

Speaker:

Até porque eu não teria porque dar tão errado assim, a gente tinha tudo, tinha passagem,

Speaker:

a gente tinha até passagem de volta, porque caso desse errado, a gente tinha passagem

Speaker:

de volta. Então a gente falou, a gente vai.

Speaker:

Então, passou uma semana desde que eu recebi esse feedback da empresa de que eu não iria ficar.

Speaker:

Passando essa uma semana, faltava uma semana para eu embarcar para Budapest.

Speaker:

Nisso, eu estava em um grupo do Facebook, onde tinham várias pessoas de todos os lugares,

Speaker:

e uma pessoa postou que tinha vagas nas empresas aqui em Budapest.

Speaker:

Muitas das vezes é golpe, é golpe, mas eu não sei, alguma coisa falou para mim,

Speaker:

chamar ele, chamar essa pessoa. Eu chamei, falei pra ele que eu estava trabalhando na empresa X e

Speaker:

estou saindo e que agora eu estou aberta para novas oportunidades em Budapest e que eu tinha

Speaker:

visto o post dele falando que ele sabia de vagas e eu queria saber como que eu poderia aplicar.

Speaker:

E aí ele falou assim, ah, legal, tem as vagas aqui. Ele saiu me mandando um monte de link,

Speaker:

um monte de link, um monte de link. E tudo da Nokia, da Nokia. Todos na minha área. Eu falei pra

Speaker:

ele qual que era a minha área. Ele mandou vários links, acho que provavelmente vários projetos

Speaker:

diferentes dentro da Nokia. E eu apliquei. Saí aplicando, assim, por uns quatro projetos.

Speaker:

Apliquei. Mas acho que passando dois dias, isso foi numa sexta. Quando foi na sexta de noite,

Speaker:

eu recebi um e-mail do RH perguntando se eu queria participar do processo seletivo da NOC.

Speaker:

Eu falei, isso é bom, é muito bom. A resposta foi bem rápida. Aí eu falei que sim,

Speaker:

e me perguntou se eu queria já participar na segunda-feira.

Speaker:

Tá bom, quero sim. Aí ela agendou a entrevista na segunda-feira.

Speaker:

Fiz a entrevista segunda-feira com o meu gerente hoje e foi um processo, assim, tranquilo, muito tranquilo.

Speaker:

Fez as perguntas técnicas, fez mais nada que eu nunca tenha visto,

Speaker:

nada que eu não tenha visto antes.

Speaker:

Então, eu fiz as perguntas técnicas, me perguntou por que eu estava saindo da empresa,

Speaker:

por que eu queria entrar no Anok, eu falei, foi um processo, assim, bem tranquilo,

Speaker:

tudo durou em torno de duas horas e ele já fez tudo, entrevista técnica, nem passei com RH,

Speaker:

foi direto tudo com ele e era para trabalhar exatamente junto com ele.

Speaker:

E aí conversamos, encerramos a entrevista. Ok, quando foi na segunda-feira à noite,

Speaker:

eu recebi e-mail de uma outra pessoa do RH da Nokia perguntando se eu queria participar de

Speaker:

processo de um outro projeto. Eu falei, quero, quero sim, quero muito participar. Até então

Speaker:

eu achei que eles tinham cometido algum erro e era para o mesmo gerente e seria só a segunda

Speaker:

etapa. Falei, ok. Isso ela marcou para sexta-feira, da mesma semana que eu fiz a entrevista com

Speaker:

o meu gerente. Fiz a entrevista na sexta-feira com mais dois gerentes de projetos distintos

Speaker:

dentro da Nokia.

Speaker:

Conversei com eles, respondi as perguntas que eles tinham e tudo mais.

Speaker:

Foi tranquilo, como sempre. Depois foi passando o final do dia.

Speaker:

Quando foi no final do dia, eu iria viajar?

Speaker:

Na quinta-feira seguinte, isso eu tava na quinta-feira antes, na sexta-feira, no final do,

Speaker:

dia, eu recebi a offer da menina do RH. Ela falou que eu passei, ela me ligou, ligou pro Brasil,

Speaker:

falando que eu passei no processo e se eu aceitava trabalhar. Ela disse que iria me enviar a proposta

Speaker:

pra eu ler e ver como ia funcionar, e se eu aceitasse, era só eu assinar e mandar de volta.

Speaker:

Naquela mesma hora eu sentei no computador, li a oferta, sabe, falei, é a Nokia, não pode dar

Speaker:

errado, não pode dar errado de novo. Então eu falei, tipo, uma proposta muito melhor, o salário

Speaker:

muito maior, benefícios diversos. Falei, é isso que eu preciso, assim, se igualou bem a IBM, assim,

Speaker:

no quesito processo e contrato, essas coisas, bem fácil.

Speaker:

Então eu fui lá, aceitei, dei um aceite no contrato. E aí nisso elas já me colocaram com as empresas terceiras,

Speaker:

que iriam fazer o meu processo de onboarding.

Speaker:

Então, como eu era imigrante, eles precisariam fazer o meu processo de visita de novo.

Speaker:

Aqui na Hungria é o Resident Permit, que a gente precisa. A gente precisa do TAG, que é o Seguro Saúde,

Speaker:

e o TAX, que é de pagar imposto.

Speaker:

Então, nisso, passei com um time de uma empresa para poder fazer meu processo de imigração dentro da empresa.

Speaker:

Então, eles iriam me explicar tudo o que eu precisava.

Speaker:

Só que, ao mesmo tempo, eles estavam com receio de eu não conseguir entrar na Hungria por causa da pandemia.

Speaker:

Eles estavam com o mesmo receio que eu.

Speaker:

Porque, em técnica, eu tendo um contrato, eu posso entrar dentro da Hungria

Speaker:

e continuar meu processo de imigração aqui dentro, o processo da empresa aqui dentro.

Speaker:

Então, eles falaram, dá pra fazer, mas eu estou com receio de você entrar, tentar vir pra Hungria

Speaker:

e a imigração te barrar por causa do Covid.

Speaker:

Aí eu falei assim, bom, eu acho que pode dar, não tem por que dar errado,

Speaker:

até porque eu já tinha visto relatos de outras brasileiras falando que conseguiram entrar tranquilamente dentro da Hungria.

Speaker:

E eu falei, vamos, vai dar certo. Elas falaram assim, tenta vir, se não der certo, você avisa. Se você chegar aqui, avisa também pra gente já dar entrada no seu processo, ir no escritório de migração, tirar a biometria e tudo mais.

Speaker:

Então, a gente pegou, embarcamos numa...

Speaker:

Foi numa terça-feira. Não, perdão, foi numa quinta-feira. A gente barcou na quinta-feira da

Speaker:

semana que eu saí da outra empresa e que eu fiz a entrevista. E passei, foi assim, uma semana. O

Speaker:

processo de entrevista, passar, assinar a conta, foi uma semana, exatamente. E na outra semana

Speaker:

seguinte eu já estava embarcando, já estava aqui na Hungria e assinando todas as minhas documentações

Speaker:

para trabalhar. E aqui na Hungria a gente não pode trabalhar sem o Resident Permit, sem tagens,

Speaker:

sem nada dessas coisas. Então eu tive que esperar, para poder começar na Nokia, três meses. Não tem

Speaker:

um tempo certo, não é um tempo fixo, mas é o tempo que normalmente eles dão para a gente para

Speaker:

a imigração. Sem salário, sem nada? Três meses ainda sem nada. Nesse processo, nessa outra empresa,

Speaker:

que eu ganhava em euro. E como eu já estava planejando vir para Hungria, eu já guardava

Speaker:

dinheiro. Todo o meu salário, o que eu recebi e recebi a DBM já estava guardado, mas o meu

Speaker:

salário dessa outra empresa eu guardava, porque eu já me imaginava assim, preciso pagar aluguel,

Speaker:

eu sabia que aqui eu teria que pagar dois meses de depósito, eu não sabia qual seria o meu preço.

Speaker:

Porque tem diversos aqui, tem estúdio, tem apartamento, tem casa, apartamento grande que

Speaker:

você divide com várias pessoas. Então eu não sabia como iria ser a nossa estrutura dentro da Hungria.

Speaker:

Até então eu iria viver sozinha e o Felipe veio comigo, então ali eu tive que pensar por dois,

Speaker:

como que seria a vida com duas pessoas. Então eu guardei todo o meu dinheiro e assim eu fiquei.

Speaker:

Eu não recebia de nenhuma empresa, até porque meu contrato era com uma empresa de fora,

Speaker:

aqui na Europa não tem décimo terceiro, não tem nada dessas coisas, não tem seguro desemprego.

Speaker:

Então eu tive que me garantir com o dinheiro que eu guardei. Não cria, tu disse.

Speaker:

Acho que era país acabar diferenciando um pouco. É isso, eu falo não cria mesmo.

Speaker:

Aqui não tem décimo terceiro, não tem seguro desemprego.

Speaker:

Caramba. Exato. E aí todo o dinheiro que eu guardei foi usado nesse tempo que eu esperei pra começar na Nokia.

Speaker:

Tipo, não existe no país sistema de segurança de emprego, é isso?

Speaker:

Tipo, nem nesse trabalho que tu tá agora, nada? Olha, eu não sei no geral, pras pessoas húngaras, mas pras pessoas imigrantes não, não tem.

Speaker:

Por exemplo, até se você for sair da empresa, Já vem especificando no contrato quantos meses você tem que ficar na empresa trabalhando para cumprir aquele período.

Speaker:

Como fala não lembro mas tem o acordo de quanto tempo você tem que trabalhar antes de mudar de empresa

Speaker:

exatamente você fala que vai sair.

Speaker:

Cada empresa tem uma cláusula dentro do seu contrato especificando, umas dizem que você pode ficar um mês

Speaker:

outras falam que se você pode sair a hora que você quiser não vai precisar pagar multa nem nada

Speaker:

Outras a três meses e assim vai indo.

Speaker:

Mas como que foi, como que atrapalhou aí, como são as pessoas comparado com o que tu tinha na IBM, né?

Speaker:

O que é a cultura de trabalho húngara? Então pode ver, Stan.

Speaker:

Bom, comparando ainda com a IBM, apesar de eu ter um time ainda diferente, porque por exemplo, na IBM eu tinha só de testers,

Speaker:

a gente tinha um time de pelo menos 15, 30 pessoas, que eram divididas entre alguns países, né, que era Brasil, Filipinas, Índia e US.

Speaker:

Aqui na Hungria, eu fui a primeira tester do projeto, então eu entrei para ser a primeira tester.

Speaker:

Eu fui a primeira mulher a entrar no time, então meu time era todo composto por homens.

Speaker:

Meu gerente é italiano, mas ele passa mais tempo na Itália do que na Hungria

Speaker:

Então, por causa do trabalho remoto e tudo mais, e ele tem a vida dele lá na Itália também.

Speaker:

Mas basicamente é isso. Então eu entrei, era a primeira mulher, a primeira tester,

Speaker:

e fui muito bem recebida. Nossa, meu time é incrivelmente incrível.

Speaker:

Igual, assim como na IBM eu me senti confortável com o meu time, é a mesma coisa.

Speaker:

Tem a parte onde todo mundo fala que os meus são um pouco mais fechados e tudo mais.

Speaker:

Meu time é divertidíssimo, nossa, é a piada o dia inteiro durante o trabalho, não tem como.

Speaker:

Eles são muito legais, bem recepcionistas, educados, super educados, com certeza, são bem educados.

Speaker:

E eles entendem que eu como mulher tenho que haver um limite nas conversas, claro, mas do mesmo jeito não me excluem de nada, me incluem em tudo.

Speaker:

É bem divertido. Meu gerente também é super bem rumorado, sabe?

Speaker:

Ele é típico italiano. Ele é bem legal.

Speaker:

Tá, então, legal. Tu não sentiu muita diferença, então, no trabalho em si?

Speaker:

No meu projeto, não. Nem na empresa anterior?

Speaker:

Na empresa anterior eu não cheguei a trabalhar exatamente com eles por causa dos projetos e o clima.

Speaker:

Então, eu não cheguei a ter aquela conexão.

Speaker:

Eu cheguei a ir pra empresa pra poder beber com a galera, conhecer todo mundo, né, mesmo que eu estava saindo.

Speaker:

A gente foi, o Felipe... A galera parece ser bem legal, bem gente boa.

Speaker:

Conversei com todo mundo e...

Speaker:

Eu acho que não seria diferente. Eu, até hoje, eu não consegui...

Speaker:

Eu vi, eu percebi, eu tive essa percepção de que os lugares são mais fechados, mas não todo mundo, sabe?

Speaker:

Pelo menos nos ambientes que eu passo, assim, é sempre muito bem tranquilo.

Speaker:

E como que é na vida em geral? Quando eu estive aí, uma das coisas que eu fui fazer naquele walking tour, sabe? Tipo aquele...

Speaker:

Sim. É, e a guia, ela tinha comentado que eles são muito fechados comparado a outros países da Europa, né?

Speaker:

Ela mesma, como húngara, tinha comentado.

Speaker:

E ela deu as explicações do porquê, que vinha da segunda guerra, que tinha lá o exército soviético, etc.

Speaker:

E tinha espiões em todo lugar, eles estão desconfiados com estrangeiros

Speaker:

então ela deu toda aquela explicação lá, né,

Speaker:

mas eu queria saber pra ti no dia-a-dia, tu falou que no trabalho tu não sentia diferença,

Speaker:

mas como que é a vida na Hungria, tipo, outras pessoas, vizinhos, pessoas que tu encontrou na rua,

Speaker:

é diferente ou também...

Speaker:

Na rua é diferente a Hungria, se você, por exemplo, quando eu falei que estaria me mudando para a Hungria porque eu queria

Speaker:

melhorar o meu inglês, as pessoas falavam, mas na Hungria não fala inglês, as pessoas falam húngaro,

Speaker:

mas tem aquela, tem ainda uma cultura jovem aqui, né, da galera que vem para estudar e tudo mais

Speaker:

então no dia a dia você vê muito jovens pela rua, você talvez, você não vai conseguir se comunicar com uma pessoa mais velha, né

Speaker:

na pessoa mais velha eles não sabem inglês, mas o pessoal mais novo é muito raro você achar alguém que não saiba.

Speaker:

E pra mim, assim, dentro da empresa é bem tranquilo, mas, por exemplo, o supermercado,

Speaker:

tem umas pessoas, umas caixas que, acho que até no Brasil já encontrei aquela pessoa que acordou demorada,

Speaker:

então elas não olham pra você, são bem fechadas, você até cumprimenta, elas não respondem de volta,

Speaker:

são bem na delas mesmas, bem fechados, os motoristas dos ônibus são um pouco estressados,

Speaker:

você tem que ficar esperta. Exatamente. Aqui, ticket, validação de ticket, você tem que validar seu ticket no metrô, no ônibus, porque se você pegar os fiscais, eles nunca estão de bom humor.

Speaker:

Então, é exatamente isso. No ambiente, trabalha bem tranquilo, mas no dia-a-dia, você vê que eles são mais fechados, não comprometem, não olham, não olham pra você.

Speaker:

Bem assim, se você chega perguntando, alguns só olham pra sua cara e não respondem

Speaker:

ou vão responder em húngaro, mas assim daquele jeito meio ríspido, não querendo falar com você

Speaker:

é basicamente isso, mas eu pra mim não me incomodo de nada

Speaker:

tem gente que acha muito ruim o fato da galera ser bem fechada, eu pra mim não me incomodo de nada

Speaker:

Eu sou muito sortuda a ponto de sempre estar em ambientes com pessoas bem soltas, que conversam,

Speaker:

que tentam, mesmo que não saibam inglês. Inclusive, quando eu fui tomar a vacina do

Speaker:

covid aqui, uma senhora, bem senhorinha, ela não sabia inglês, mas ela, em húngaro mesmo,

Speaker:

ela foi tentando me explicar onde que eu ia lá no hospital, onde eu entrava, que papel que eu

Speaker:

tinha que pegar, preencher, como que eu tinha que preencher. Foi lá, pegou a caneta pra mim,

Speaker:

tudo bonitinho. você acaba encontrando essas pessoas, sabe? então é um pouco de sorte

Speaker:

e amizades aí? amizades? assim como era meu objetivo não me envolver muito com brasileiros

Speaker:

eu continuo nisso apesar de estar mais de um ano aqui. conheço bastante brasileiros mas eu não tenho

Speaker:

amizade com ninguém. aquela amizade de pessoas que frequentam a minha casa, eu frequento a casa

Speaker:

mas a gente sai juntos. Não, aqui a gente acabou se juntando mais com os húngaros mesmo.

Speaker:

Ah, tipo do trabalho mesmo ou tu conheceu a galera saindo, clube, academia, sei lá?

Speaker:

Então, além de trabalhar com tecnologia na Hungria, eu também sou pet sitter.

Speaker:

E aí, com esse meu trabalho, eu acabo conhecendo muita gente.

Speaker:

Então, meio que acaba se aproximando dos donos dos cachorros, né?

Speaker:

A gente acaba fazendo amizade com essas pessoas.

Speaker:

Eles ficam aqui em casa, ou eu vou pra casa deles, ou às vezes é só pra andar mesmo, porque o cachorro precisa ir no banheiro,

Speaker:

eu tenho uma cachorrinha que eu ando todos os dias com ela.

Speaker:

Então, essa tem sido a minha comunidade. E os donos de cachorros húngaros são legais, então?

Speaker:

Isso, exatamente. Todos os donos que eu cuido, não só, é húngaro, eu já cuido de um cachorro que a dona é da Noruega

Speaker:

vou cuidar um agora no final de semana que o dono é indiano,

Speaker:

então tem um público diverso eu to no hack, quando quiser fazer amizade fora, olha pra alguém com cachorro e é essa pessoa

Speaker:

é muito fácil, você tá andando na rua, sempre alguém quer falar com o seu cachorro, quer passar a mão,

Speaker:

exatamente assim eu não sei se eu vi isso num filme, que alguém falou, mas num filme eu acho que o cara é sonteiro

Speaker:

ele falou, pega um cachorro, pega o cachorro do teu vizinho e vai pro parque.

Speaker:

Acho que é um hit, um conselheiro amoroso, acho que ele usa essa técnica.

Speaker:

Ah, será lá, pode ser.

Speaker:

Não, é verdade. Interessante. Interessante, interessante.

Speaker:

Diferente das outras histórias do podcast. É diferente, pra mim é bem diferente, por exemplo,

Speaker:

a gente já foi, por exemplo, pra Irlanda, Inglaterra. A galera é muito simpática, mas é todo mundo, sabe?

Speaker:

Sabe, a polícia olha você perdido e vem te ajudar aqui isso não vai acontecer

Speaker:

aqui provavelmente a polícia não vai te entender inclusive eu já tentei falar com um bombeiro.

Speaker:

Que ele tava atendendo num prédio que eu precisava entrar. Ele não entendeu nada do que eu falei,

Speaker:

e eu não entendi nada do que ele falou, mas eu entendi que ele não falava, então eu segui assim.

Speaker:

E como que é morar na cidade?

Speaker:

Conta como que tá saindo a tua experiência aí, porque tu pesquisou muito mesmo e propostalmente escolheu a Hungria.

Speaker:

Tá saindo incrivelmente perfeito.

Speaker:

Pra mim, tá? Falando da minha perspectiva, também eu conheço muita gente que só mora aqui mesmo porque é mais fácil, mais barato,

Speaker:

mas eu amei Budapeste, eu sou apaixonada nessa cidade,

Speaker:

a gente teve uma sorte danada de conseguir um apartamento, uma localização muito boa

Speaker:

então eu tô na região central de Budapeste, eu tenho acesso a bancos, museus, parlamento,

Speaker:

tudo, tá tudo na minha frente,

Speaker:

então eu adoro, transporte público pra mim, sem dúvida o melhor nossa, pra mim é perfeitamente perfeito eu ter o horário pra chegar nos lugares

Speaker:

e eu saber que se eu chegar no ponto de ônibus ou do metrô, ele vai passar exatamente no horário que eu preciso,

Speaker:

Então, no dia a dia, a cidade é fácil pra mim, comparado, por exemplo, Campinas

Speaker:

Em Campinas eu levava uma hora e meia, duas horas pra ir pro centro da cidade,

Speaker:

Lá, eu trabalhava em outra cidade Então, aí eu ficava em Hortolândia, então eu viajava pra outra cidade pra poder trabalhar.

Speaker:

Aqui é tudo muito mais fácil, eu estou de metrô a sete minutos do trabalho De ônibus eu tô a 14.

Speaker:

Então é, pra mim, a vida aqui é muito mais simples se comparar a vida que eu tinha no Brasil.

Speaker:

Principalmente no quesito trabalho. Eu tenho facilidade de ir no trabalho quando eu quero.

Speaker:

Quando eu vou, eu chego muito rápido.

Speaker:

Se eu quero voltar, eu volto a qualquer momento, eu chego muito rápido.

Speaker:

Então, eu quero ir para qualquer lugar aqui. É simples, fácil, não...

Speaker:

É muito fácil de entender como funcionam os transportes públicos aqui.

Speaker:

Então, é bem tranquilo. A cidade é muito bonita, muito bonita mesmo, de dia e de noite.

Speaker:

Às vezes a gente senta ali na frente do parlamento, dá vontade de ficar a noite inteira olhando para ele iluminado,

Speaker:

porque é muito lindo, muito lindo mesmo.

Speaker:

Assim, de alguns países que a gente foi, estruturalmente, apesar de ser uma cidade muito antiga,

Speaker:

Isso é que dá a beleza de Budapeste, sabe? Aqueles prédios bem antigos, mas bem limpinhos, pintados.

Speaker:

Sabe aquela casa de museu? É muito lindo, muito lindo mesmo.

Speaker:

Legal. E a comida? Eu segui restaurantes, eu já fui aí, né? Os serviços não são os melhores, mas os outros serviços, o pessoal ser mais...

Speaker:

Pô, teve um que eu fiquei muito bravo, mas beleza. Mas como que é a comida húngara pra ti?

Speaker:

Tu acostumou ou tu tá na brasileira? Tô na brasileira Eles usam bastante páprica aqui

Speaker:

Eu não sou muito adepta de páprica, pimenta...

Speaker:

Nada disso Então eu cozinho mais em casa Isso a gente come fora Normalmente é pizza

Speaker:

Porque não tem erro E hambúrguer Universal Exato, e aqui tem bastante kebab,

Speaker:

tem o famoso langos húngaro.

Speaker:

Essas coisas são o que normalmente a gente come no dia a dia mas tu já come kebab aí?

Speaker:

É uma das alternativas?

Speaker:

Eu adoro kebab, inclusive eu sou cercada de restaurantes com kebab mas tu comia no Brasil também?

Speaker:

Não no Brasil não tinha eu gosto bastante, faz tempo que eu não como

Speaker:

eu gosto bastante e às vezes quando eu tô viajando e eu não sou fã da comida local

Speaker:

é uma das minhas alternativas, como tem o McDonald's, Burger King, Kebab pra mim é um deles,

Speaker:

e eu não lembro de ter comido no Brasil. Essa é a minha pergunta, se era uma coisa que tu pensou

Speaker:

inclusive falaram pra mim que tem em algumas partes de São Paulo, que tem restaurante que tem Kebab

Speaker:

mas eu nunca vi, eu sempre falei, gente, eu nunca vi,

Speaker:

eu fui descobrir o kebab aqui,

Speaker:

e é muito bom eu também fui descobrir viajando e também acho muito bom é sempre uma alternativa, dependendo do lugar né

Speaker:

ta um pouco de medo, tem uns lugares que ele é meio...

Speaker:

As condições sanitárias são as melhores mas no geral

Speaker:

e é bom e barato bom ou barato, não depende da indústria e eu acho que é um pouco mais saudável do que algumas coisas

Speaker:

Sim. Sim, sim, sim. Em teoria, carne.

Speaker:

O pão, aquele... Carne salada. É o pão sírio. Não, não sei se é tortilha.

Speaker:

É pão sírio? É, é aquilo que eles chamam de pita.

Speaker:

Pita, isso, isso. Ah, tá, tá. Tortilha é no burrito, né? Mas tem tortilha também.

Speaker:

É o burrito. Exato. É o burrito turco.

Speaker:

Exatamente.

Speaker:

Tá bom. Mas o que que dá pra fazer na cidade? Tu falou que gosta muito da cidade.

Speaker:

Uma coisa que é interessante que eu senti aí é que dá a impressão que era um país muito rico, mas que era?

Speaker:

Tipo, andando em Budapeste, né? Porque as coisas antigas são muito bonitas mesmo, como você falou do parlamento, né?

Speaker:

São bem preservadas.

Speaker:

E dá uma noção assim de que aparece um intérior, né? A cidade, né? Quando você anda.

Speaker:

Mas ao mesmo tempo, eu sei que não é uma das principais economias da União Europeia, né?

Speaker:

Eles estão um pouco atrás normalmente.

Speaker:

Mas enfim, isso traz toda a beleza, né? Você tem aquela cidade alta, sei lá, porque você quer na parte alta,

Speaker:

que é aquela cidade medieval, né?

Speaker:

Então, o que tem pra fazer aí como uma moradora, né? Não como turista.

Speaker:

Como moradora, a gente quase não faz nada. A gente tem que colocar no modo turista, porque aí a gente sai de casa.

Speaker:

Com o morador, sair com o cachorro a gente só fica em casa, chega cansado do trabalho e já não quer sair

Speaker:

no máximo sai pra comer,

Speaker:

mas no geral é muito bom fazer os passeios de barco é muito cheio, mas tem várias opções de barco no Danube

Speaker:

eu não consegui, a gente foi fazer aí e tava tudo cheio não tinha disponível,

Speaker:

sim, então agora começa já aquele calor voltar, né? Então começa a voltar os barcos para os piers.

Speaker:

Já voltou aquela super lotação de sempre, mas lotado. e a gente vê pela forma como eles saem, né?

Speaker:

Parece bem divertido, porque tem open bar, outros tem até jantares, essas coisas.

Speaker:

Mas aqui tem pra andar de barco no Danúbio, tem passeio em volta do parlamento, dá pra entrar dentro do parlamento.

Speaker:

Tem o bastião dos pescadores, que é aquela igreja gigante que normalmente todo mundo vê que é do lado oposto

Speaker:

o posto do parlamento que fica do lado de buda. tem a gallet que dá para subir também. aqui tem muita opção

Speaker:

de culinária. por exemplo, eu adoro comida italiana. então aqui você acha restaurantes verdadeiros italianos. tem restaurante brasileiro, tem um restaurante brasileiro

Speaker:

tem um que eles falam que é brasileiro mas pelo nome parece um pouco espanhol, se chama la gringa

Speaker:

tem feijoada, tem coxinha, tem pão de queijo... então a parte de culinária aqui é bem diversa,

Speaker:

dá para comer em restaurantes diferentes todos os dias. tem passeio daqueles hop-on hop-off

Speaker:

que é aqueles passeios no ônibus que você fica em cima vendo a vista panorâmica da cidade

Speaker:

Tem ônibus de balada, então se você não quer ficar parado numa balada, você entra num ônibus que fica rodando a cidade com música.

Speaker:

Ah, e a pessoa zoava sobre isso no Brasil. Tipo, eu acho que em São Vicente, a gente tinha e o pessoal zoava.

Speaker:

Exatamente, sempre passa. Eu moro numa das principais avenidas aqui do centro, então é a noite toda passando esses ônibus.

Speaker:

Limusine com um monte de gente dentro.

Speaker:

É bem comum, bem comum mesmo. mesmo. E tem as baladas aqui, né, que são todos embaixo da terra, todo mundo gosta de ir.

Speaker:

Só tem... pro público jovem tem muita coisa pra fazer, pro público mais velho também tem

Speaker:

muita coisa pra fazer. A acessibilidade aqui eu acho muito mais fácil comparado ao Brasil,

Speaker:

por exemplo, pra quem tem problema de mobilidade, né, precisa se movimentar com cadeira de rodas,

Speaker:

o ônibus, por exemplo, para certinho na calçada, então você não teria problema de pegar um ônibus

Speaker:

você consegue ir e voltar tranquilamente. tem o metrô também, tem elevador. é bem tranquilo

Speaker:

andar pela cidade. tem muita coisa para conhecer, não só aqui dentro de budapeste, né? muita gente

Speaker:

pega e sai, vai para o balatón que dá para poder nadar. tem bastante festival de música aqui, inclusive

Speaker:

eu vou em um. não vejo a hora desse dia chegar. e é bem famoso também os festivais aqui de música.

Speaker:

E vale a pena o custo-benefício da cidade? o salário ter o AED que o ETI e mais morar perto do centro tu acha que tem?

Speaker:

Pra mim super vale. o que eu falo que eu tenho aqui em Budapeste eu não sei se eu conseguiria no Brasil

Speaker:

por exemplo no Brasil eu morava com meus pais, eu não tinha apartamento, não tinha carro

Speaker:

Se eu pagasse aluguel no Brasil, eu acho que só pagaria aluguel, porque aí teria que pensar na parte de fazer compras.

Speaker:

O meu dinheiro, acho que não seria suficiente para um mês para comer.

Speaker:

E aí, mais as contas, né. Tem sempre que acrescentar essas coisas.

Speaker:

Mais contas, mais reserva de emergência, mais investimento, mais um dinheiro que você tem que reservar ali para o lazer, até porque a gente não só trabalha.

Speaker:

Mas no Brasil a gente não dá muito valor para essa parte, né, de, por exemplo, sair do trabalho e comer fora.

Speaker:

E aqui eu consigo fazer tudo isso, então o meu salário eu pago aluguel, eu viajo, eu como fora, eu como em casa, eu como o que eu quiser

Speaker:

é tudo muito tranquilo, transporte público aqui é super barato, assim, não dá nem 2% do meu salário

Speaker:

se for calcular, é muito barato, você paga ali 9 mil forens por mês, você anda por 30 dias assim, em qualquer transporte público,

Speaker:

Para mim, é excelente. Eu não tenho problema nenhum. E eu nem acho que a minha faixa salarial ainda está nos altos.

Speaker:

Eu acho que pra quem tem ainda, vive muito melhor ainda.

Speaker:

E aí, pra fechar, eu queria saber qual a coisa que tu tem mais dificuldade morando aí

Speaker:

e também o contrário, o que tu mais gosta da tua vida aí em Budapest

Speaker:

Esses dois pontos pra ti, como que é?

Speaker:

Claro que o ponto que me dificulta é o idioma húngaro Às vezes a gente quer se comunicar com mais pessoas, a gente quer abrir mais o ciclo de amizades,

Speaker:

é um pouco mais difícil.

Speaker:

Eu sou muito fã das pessoas mais velhas, sabe, os senhorzinhos que a gente vê na rua.

Speaker:

Eu sou a senhora aqui que gosta de puxar assunto com os velhinhos, com as crianças.

Speaker:

Então é um pouco mais difícil se comunicar, criar aquele vínculo, todas essas coisas.

Speaker:

No meu ponto de vista, acho que a única coisa que me dificulta mesmo é o idioma.

Speaker:

Tá na lista de ir aos poucos. não sei se eu vou chegar a falar húngaro, porque húngaro é um idioma muito difícil,

Speaker:

e até agora sim, no geral não me barroei em nada, nunca tive problemas com o inglês

Speaker:

então preciso ir no banco, tem sempre alguém que fala inglês, preciso ir na imigração, sempre alguém que fala inglês

Speaker:

no trabalho, apesar do meu time inteiro ser composto por húngaros, é só inglês comigo

Speaker:

Então, nunca tive problemas, nenhum, nem burocráticos.

Speaker:

Pode acontecer um dia, mas ainda não aconteceu.

Speaker:

E o que eu gosto bastante, é o que eu falei, é um composto só.

Speaker:

O transporte, onde eu moro, nossa, eu adoro a localização onde eu moro, eu adoro o fato de eu estar aqui, sentada no meu sofá e querer tomar um sorvete,

Speaker:

eu saber que tem uma sorveteria aqui embaixo do prédio, do outro lado da rua, sabe?

Speaker:

Quero andar no rio, é só andar uns 15 passos, já estou na beira do rio, posso ficar ali passando meu tempo,

Speaker:

não quero ficar em casa, essas coisas,

Speaker:

e eu moro perto das estações de trem, então se eu quiser ir até outros países é super fácil, é só estar aqui na miskin,

Speaker:

pra mim a parte positiva da cidade é eu poder vivenciar o que eu não conseguia no brasil

Speaker:

Então tinha muita dificuldade e eu tinha que desembolsar muito dinheiro pra fazer tudo,

Speaker:

Aqui eu preciso fazer muito esforço, na verdade, pra conseguir fazer essas coisas.

Speaker:

Então o custo de vida tá legal. Com certeza. Não é o melhor da Europa, mas tá muito bom pra mim, no momento, pra minha situação atual.

Speaker:

Tá melhor do que tava antes, né?

Speaker:

Exatamente, exatamente.

Speaker:

E antes de fechar, quero deixar um espaço pra ti, se quiser deixar alguma mensagem, fica à vontade. Também deixa os teus links, né?

Speaker:

Acho que se tu quiser deixar algum link aí, fica o espaço aberto, caso alguém queira perguntar, sei lá.

Speaker:

Claro... o meu link é sempre no meu nome, sobre o último nome, aline andrade

Speaker:

aline com dois L's, todos esquecem de uma L aí vai estar o link aqui, então vai estar fácil tá bom,

Speaker:

o meu conselho é o padrão as pessoas tem que colocar na cabeça que a gente não pode querer sempre,

Speaker:

viver na mesmice, que se a gente quer mais, a gente pode fazer mais,

Speaker:

E que se você tem um sonho, você pode realizar aquele sonho, não é impossível.

Speaker:

Às vezes vão acontecer algumas barreiras, algumas dificuldades, mas se você pensar com calma,

Speaker:

sempre com planejamento, principalmente no quesito morar fora,

Speaker:

é sempre pensar com a cabeça no lugar e fazer de tudo para executar.

Speaker:

Até porque ninguém pode fazer isso pela gente, né? Se a gente não for atrás dos nossos sonhos, ninguém vai.

Speaker:

Então esse é o meu conselho. Hoje em dia tá muito mais fácil, muito mais acessível, de pessoas que vieram do zero e construíram muitas coisas aqui fora.

Speaker:

Isso é realmente possível.

Speaker:

Então a gente tem que sempre estar com a cabeça no lugar pra pensar, organizar, pra poder concretizar aquilo que a gente realmente quer.

Speaker:

E não perder a esperança. Apesar de muitas coisas que vão acontecendo com a mim, eu não posso perder a esperança.

Speaker:

No final. Vale a pena, com certeza, vale a pena.

Speaker:

Excelente, excelente... Bom, obrigado pelo papo, muito bom, né,

Speaker:

conversar assim com alguém que tem tanta coisa em comum.

Speaker:

Então, fiquei bem feliz mesmo. Fiquei bem emocionado no começo da história,

Speaker:

assim que tu foi contando algumas coisas, eu comecei a lembrar também, assim...

Speaker:

Então, muito obrigado mesmo pelo papo e...

Speaker:

A gente se fala, né? Pô, já tem a coincidência do podcast, vamos ver.

Speaker:

Quando a gente vai por aí, ou quando a gente vier por aqui, me avisa e a gente continua esse papo mais aí sobre as amizades, né, com os húngaros donos de cachorro.

Speaker:

Acho que essa tem uma dica. Tem várias coisas tão importantes em Português, mas essa é importante também, né.

Speaker:

Porque a pessoa sempre fala que é difícil arrumar, fazer amizade aí ou talvez em outros lugares também, né.

Speaker:

Talvez, é, ser... encontrar pessoas que têm animais pode ser uma forma, né, de...

Speaker:

Exato. Aqui eu conheço muitos brasileiros e eles andam tudo em grupos, bastante, inclusive já conversei com alguns que falaram que realmente eles perceberam que só fazendo amizade com brasileiros, eles não se interagem com as pessoas daqui, então não vivem exatamente a cultura local, como aqui é o cotidiano, não entendem exatamente os húngaros por dentro.

Speaker:

E essa parte foi muito bom pra gente entender melhor como eles funcionam e pra gente acabou se tornando uma coisa muito engraçada

Speaker:

o fato deles serem mal-humorados, ou eles resmungarem o tempo todo.

Speaker:

A gente acabou lidando de uma forma bem leve, divertida, sabe? A gente não leva pro coração as coisas que acontecem.

Speaker:

Se entende o porquê, né? Exatamente.

Speaker:

Ah, o que tá convivendo, achei... A parte de quebrar preconceitos é a convivência, né.

Speaker:

Aprender sobre, interagir. Então, acho que ele...

Speaker:

Exato. Sempre tem um ponto de vista diferente. Exato.

Speaker:

Por isso que temos que manter a mente aberta. Pra vivenciar em outros países, tem que vivenciar a cultura também.

Speaker:

E nisso, dentro da cultura, são as pessoas.

Speaker:

E elas fazem parte da história, né. Elas fazem parte daquilo.

Speaker:

E eu acho muito interessante vivenciar tudo isso. E aí, voltando à tua história lá, aquela uma semana de terror, né.

Speaker:

Tipo esse filme de terror aí, ou thriller, tipo suspense, né?

Speaker:

Isso acaba tornando a experiência legal mais prazerosa. Você aprende muita coisa, a gente repensa muitas coisas que poderia ter feito, não ter feito,

Speaker:

ou pensamentos que a gente não deveria ter tido. Por exemplo, eu pensei em desistir,

Speaker:

eu não deveria ter tido esse pensamento em momento algum.

Speaker:

Mas ao mesmo tempo eu reverti esse pensamento e falei, não, eu vou, não importa como,

Speaker:

eu vou arrumar um emprego. Eu estava convicta de que eu iria arrumar outro emprego, eu arrumei.

Speaker:

E basta ter fé nisso! e aquilo eu falo que eu e Felipe a gente é muito abençoado

Speaker:

poderia ter dado mais errado ainda e a gente teve que ter uma experiência muito ruim,

Speaker:

para depois vir uma coisa muito boa.

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