A Stefanie tomou a decisão de mudar de carreira após perceber que seria difícil mudar de país e trabalhando como psicologa. Assim ela se inscreveu em um Bootcamp e conseguiu seu primeiro emprego como desenvolvedora, e na Alemanha.
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Stefanie Cespedes
Desenvolvedora frontend na DeepL. Formada em Psicologia, mudou de carreira para TI através de um bootcamp de desenvolvimento web, em 2019. Desde então, trabalha na área na Alemanha e se coloca a disposição a ajudar mulheres que desejem entrar na área. #womenintech
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Por Gabriel Rubens ❤️
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[Música]
(Gabriel):Fala pessoal, bem-vindos ao Tudo pro Alto e hoje novamente com mais episódio
(Gabriel):Contando a história de brasileiros e brasileiras... pelo mundo né?
(Gabriel):Trabalhando com desenvolvimento de software ou em Tech e morando fora.
(Gabriel):E hoje, tenho o prazer de trazer aqui a Stefanie Cespedes, que tá lá em Colônia já há três anos.
(Gabriel):E além disso tem uma história muito curiosa, né?
(Gabriel):Porque não veio de TI, mas mudou de área, Já começou a trabalhar fora do Brasil. Né isso, Stefanie?
(Stefanie):Exatamente, de Psicologia direto para desenvolvimento de software.
(Stefanie):Muito obrigada pelo convite, muito feliz de estar aqui.
(Gabriel):Eu que agradeço pelo teu tempo. E conta um pouco mais, então, de quem é você e como que foi essa mudança né?
(Gabriel):Dá uma introduçãozinha, que depois a gente explora muito mais aí ao longo do episódio.
(Gabriel):(Respira)
(Stefanie):Beleza. Então, eu estudei psicologia, adorava trabalhar como psicóloga.
(Stefanie):Mas tinha uma vontade muito grande de me mudar para Alemanha.
(Stefanie):E aí, como tem muita vaga aqui em tecnologia,
(Stefanie):É...
(Stefanie):Foi por aí que eu fiz essa escolha né?
(Stefanie):Eu olhava sempre no Linkedin
(Stefanie):A quantidade de vaga que tinha pra... é... programação E pensei: "opa, pera aí" (risos). Porque... é...
(Stefanie):Primeiro eu pensei em fazer um mestrado em psicologia aqui, mas aí eu pensei:
(Stefanie):"Ah tenho que me manter financeiramente",
(Stefanie):Não era exatamente esse tipo de vida que eu queria ter.
(Stefanie):E...
(Stefanie):Então...
(Stefanie):Eu vi o bootcamp da Iron Hack.
(Stefanie):Eles fazem aquela promessa né?
Do tipo:"nessa quantidade de tempo você vai do zero até programador Full Stack".
Do tipo:E de fato eles entregam, né?
Do tipo:Assim, é bem tenso lá., o... o... O programa.
Do tipo:Você tem vários desafios, pra você colocar em prática as teorias é... de programação.
Do tipo:E... no final das contas, você termina formado em programação Full Stack pra web.
Do tipo:Então Front-end com Java script. Back-end com node.
Do tipo:E você aprende também Frameworks como React, é... lá.
Do tipo:Então valeu super a pena.
(Gabriel):Então vou dar um passo atrás e começar tipo com essa ida para Alemanha, né? Tipo, como surgiu.
(Gabriel):Tu falou, assim, que já queria morar na Alemanha né? Então tua vontade já foi antes.
(Gabriel):E tua vontade primeiro era mesmo trabalhar com psicologia, certo?
(Gabriel):Na Alemanha? Ou não? só queria morar na Alemanha e depois resolveu descobrir qual que seria o modo mais sustentável
(Gabriel):Então, trabalhar com psicologia seria ideal
(Gabriel):Mas aqui eles têm um processo diferente
(Gabriel):Porque você, após fazer a graduação.
(Gabriel):Você faz o mestrado para trabalhar como terapeuta
(Gabriel):E depois tem que fazer uma especialização que dura mais uns cinco anos aí
(Gabriel):Então é um processo que, até você chegar ao primeiro momento de você conseguir o primeiro emprego, duraria bastante
(Gabriel):E não vi aquilo sendo sustentável para minha vida, como você mesmo falou
(Gabriel):E foi por aí que eu fiz a escolha.
(Gabriel):Mas a Alemanha, foi porque eu gosto da língua
(Gabriel):É... não tinha certeza se eu queria morar aqui.
(Gabriel):Ou apenas visitar. Passei um tempo viajando, também
(Gabriel):É... uns três meses viajando por aqui antes. Para tirar essa dúvida
(Gabriel):E é não sei explicar. Assim, a cultura é receptiva
(Gabriel):É, eles têm a fama, né? De serem bem fechados e tal. Mas de uma forma ou de outra
(Gabriel):Eles são também receptivos. É... a comunicação ela é bem pragmática, ela é bem direta. Então você não fica, assim
(Gabriel):Na dúvida do que a pessoa quer dizer, ou nada do tipo. É aquilo e pronto, né?
(Gabriel):Burocracia, é burocrático? É.
(Gabriel):Mas, é... a partir do momento que você se encaixa naquela burocracia para um visto ou coisa do tipo.
(Gabriel):Você vai receber aquele é... benefício ou...
(Gabriel):Seja lá o que for que você esteja indo atrás.
(Gabriel):Então esse tipo de coisa eu gosto bastante aqui.
(Gabriel):Ah então tu passou três meses,conseguiu testar, e nesses três meses tu falou:"É isso que eu quero, vou ficar aqui"
(Gabriel):E aí que entra a ideia do bootcamp, né?
(Gabriel):Foi, ainda voltei para o Brasil
(Gabriel):Fiz o bootcamp no Brasil, né? em São Paulo
(Gabriel):E aí no meio do bootcamp, a coisa estava indo bem e tal e eu já comecei a mandar... applications, né?
(Gabriel):aplicou para umas vagas já
(Stefanie):Isso, comecei a aplicar para vaga lá no meio do bootcamp
(Stefanie):E... através de uma plataforma chamada MoBerries.
(Stefanie):Enfim. Tipo, essa coisa de você ter um match com a empresa, né?
(Stefanie):Então a empresa vê o seu perfil, você vê o perfil da empresa
(Stefanie):Você fala que tem interesse, e a empresa também e eles mandam mensagem
(Stefanie):E aí eu fiz duas entrevistas online.
(Stefanie):A primeira de Fit cultural, então só um bate-papo. E a segunda que foi uma entrevista técnica
(Stefanie):E aí como eles sabiam que eu era psicóloga e eu acabei de fazer essa transição para programação
(Stefanie):Eles acharam muito interessante eu ter aprendido tanta coisa muito rápido
(Stefanie):E ficaram impressionados, acho, com essa habilidade
(Stefanie):Por isso me convidaram para essa terceira entrevista pessoalmente na Alemanha
(Stefanie):Então... a terceira entrevista foi lá. Foi em Bonn, né? Uma cidade aqui perto, e...
(Stefanie):Foi uma mistura de entrevista técnica com um Fit cultural.
(Stefanie):E... foi tudo... Deu tudo certo e no final eles já falaram algo assim do tipo:
ct to be hired". Espere, tipo:"vão te contratar"
(Gabriel):Ah legal, legal.
(Gabriel):Mas, assim, então tu passou o dia lá e depois tu voltou para o Brasil? Ou tu já ficou direto para trabalhar com eles?
(Stefanie):Eu passei ainda duas semanas, é... meio que de férias.
(Stefanie):E já recebi o contrato na semana seguinte
(Stefanie):Assinei, e comecei a trabalhar, tipo basicamente uma semana depois.
(Gabriel):Caramba!
(Stefanie):Então foi tudo muito rápido.
(Gabriel):Nossa! Que mudança né? Porque tu tá indo para lá para fazer entrevista né?
(Gabriel):E tem um tempinho, e tu não sabe se vai ou se fica ou se volta, né? Dependendo do resultado. E acabou por ficar.
(Stefanie):Exatamente. Mas assim, eu já meio que vim com essa ideia na cabeça
(Gabriel):Preparada.
(Stefanie):É, vim preparada mentalmente para isso
(Gabriel):Legal. E como que foi nas entrevistas?
(Gabriel):Tu falou que gosta da língua. Fiquei curioso se você já fala alemão, já falava antes ou não.
(Stefanie):Eu tinha feito já uns dois anos de aula antes
(Stefanie):Aulas online, através de um site chamado Lingoda
(Stefanie):E isso já ajudou bastante. Então quando eu vim para cá já tinha um nível assim... B1, B2.
(Gabriel):Ah que legal, que legal. E na entrevista eles testaram isso?
(Stefanie):Testaram, mas é mais assim para fazer uma graça né? Porque não faz muita diferença você falar alemão ou não
(Stefanie):Nessa área de desenvolvimento, porque as empresas normalmente falam inglês como língua oficial
(Stefanie):Então, é mais para fazer um ponto a mais, né? Digamos assim.
(Gabriel):Sim, sim, sim
(Gabriel):Acho que pode ser um critério de desempate ali, né?
(Gabriel):Tem mais alguém que tá com inglês e falar. Porque não precisa no dia-a-dia. Mas acho que pode ser a diferença
(Gabriel):De você querer voltar para o Brasil ou não né?
(Gabriel):Porque às vezes quem não fala a língua local fora do trabalho, dependendo da cidade que mora
(Gabriel):Fica, é... um pouco mais complicado né?
(Stefanie):Nossa! Total, faz toda a diferença para a integração
(Stefanie):Porque as pessoas te tratam diferente, com certeza
(Stefanie):Se você falar a língua que, na Alemanha especificamente você fala alemão, você vai ter mais oportunidade de conhecer outras pessoas, né?
(Stefanie):Que pode até ser que falem inglês, mas as pessoas te tratam diferente assim, sabe? Quando vai falar só em...
(Gabriel):É, meio que...
(Gabriel):Primeiro que as pessoas vão se sentir mais à vontade, né?
(Gabriel):Na língua materna delas, então é um esforço a menos que vão ter que fazer
(Gabriel):E... por mais que pode ser mais complicado para outras pessoas, né? Ter que aprender uma língua a mais
(Gabriel):Sendo que a gente no Brasil mal fala inglês, e eu me coloco nessa, né? Foi bem complicado.
pessoas se sentem mais, tipo:"ó, essa pessoa tá fazendo um esforço, né? Para falar minha língua", né?
pessoas se sentem mais, tipo:Então tu acaba ganhando. Acho que ganha, vamos dizer assim uns "pontos sociais" a mais, sei lá.
(Stefanie):Sim, sim, com certeza
(Gabriel):Mas, e deixa eu voltar então no trabalho, né?
(Gabriel):A gente falou um pouco da língua e como isso influenciou para ti
(Gabriel):E como que foi, e aí a tua experiência é muito única: conseguir o primeiro emprego, numa área nova e fora do Brasil
(Gabriel):Cara, como que foi chegar nessa empresa? Como que tu sentiu?
(Stefanie):Então assim, tem que saber se vender, sabe?
(Stefanie):Por eu não ter experiência na área e também por vir de outra área
(Stefanie):Sei lá, eu tinha que também vender essa coisa de: "Sou psicóloga, então eu sei me comunicar com as pessoas"
(Stefanie):Isso também é positivo, se você pensar no contexto de que na área de programação muitas pessoas não têm
(Stefanie):Essas habilidades sociais tão desenvolvidas assim. (risos)
(Stefanie):Esse estereótipo, né? De que programador não sabe conversar, esse tipo de coisa. Lógico que não são todos né?
(Stefanie):Mas isso faz uma diferença, principalmente na questão de Fit Cultural
(Stefanie):Só que como... por eu vir de outra área, eu sempre também tive que focar muito em me comunicar de forma técnica, o mais claro possível
(Stefanie):Para passar essa certeza para essoa que está me contratando também, né? De que eu consigo fazer o trabalho
(Stefanie):Então foi meio que uma mistura dos dois assim na questão da entrevista.
(Stefanie):E aí quando eu comecei a trabalhar
(Stefanie):O meu primeiro emprego Foi numa Startup onde eu era a única desenvolvedor... desenvolvedora Front-end
(Stefanie):Então, eu tinha uma liberdade para fazer o que tinha que fazer e para aprender enquanto fazia, né? Porque, meio que não tinha
(Stefanie):Quase que um controle daquilo que... controle de qualidade. É...
(Gabriel):Ninguém tava lá para te supervisionar, né? De certa forma
(Stefanie):Ninguém tava me supervisionando, é.
(Stefanie):Isso, tinha apenas uma pessoa que era o CTO lá que, é, fazia essa supervisão, né? Os code reviews da vida
(Stefanie):Mas assim, não era uma pessoa especificamente Front-end
(Stefanie):Era uma pessoa assim:
(Stefanie):"Ah. Eu... tenho doutorado em Ciência da Computação, eu faço tudo, então eu vou fazer o code review aqui, sabe?", esse tipo de coisa
(Stefanie):É... e assim essa coisa disse síndrome do impostor, né? Principalmente aí você vindo de uma outra área
(Stefanie):Você pegando o seu primeiro emprego
(Stefanie):A gente escuta muito isso de pessoas que estão começando, né?
(Stefanie):Ela existe de fato. Principalmente quando você tá buscando também uma validação do que você tá produzindo
(Stefanie):No primeiro emprego, por exemplo
(Stefanie):Então para mim, principalmente por isso
(Stefanie):Foi importante, o meu segundo emprego(risos)
(Stefanie):No meu segundo emprego as coisas ficaram mais claras e mais validadas
(Stefanie):Porque eu tive a oportunidade de trabalhar
(Stefanie):Com outras pessoas, que também faziam Front-end
(Stefanie):Com um time, né? E não tava mais sozinha, lá
(Stefanie):Então, além de poder aprender com outras pessoas
(Stefanie):Tinha um feedback do meu trabalho
(Stefanie):Então isso foi bem positivo, para mim
(Gabriel):E a tua experiência assim... nas empresas que tu trabalhou, né? Já são... Já são três aí
(Gabriel):Nesses três anos que você tá
(Gabriel):Como tu sente que é trabalhar com... Com a galera aí na Alemanha?
(Gabriel):Assim, não sei se são todos eles da Alemanha mesmo, ou se é um time mais internacional
(Gabriel):Porque assim, tu até comentou no começo que as pessoas são bem diretas, né?
(Gabriel):Não sei se tu falou isso antes da gente começar a gravar, ou se já tava gravando
(Gabriel):Então, mas tu mencionou que eles são bem diretos, né? Como eles falam e que você gosta disso, né?
(Gabriel):Mas e como que foi trabalhar em time?
(Gabriel):A partir da segunda empresa, você já tem um time inteiro
(Gabriel):De Front-end's também.
(Gabriel):Então, trabalhar em equipe foi bem positivo
(Gabriel):É... a questão cultural...
(Gabriel):Eu não cheguei a sentir muito, não
(Gabriel):Assim, eu gosto dessa comunicação meio direta
(Gabriel):Como eu falei, né? Eles são também engraçados é, não é só a comunicação direta
(Gabriel):Eles são engraçados, eles são muito competentes
(Gabriel):Então...
É isso que eu gosto:quando a pessoa é direta
É isso que eu gosto:E também tecnicamente direta, né?
É isso que eu gosto:Do tipo assim competente mesmo, né?
É isso que eu gosto:"A questão é isso, isso e isso"
É isso que eu gosto:"E vamos fazer tal e tal coisa"
É isso que eu gosto:A gente fazia muito pair programming
É isso que eu gosto:O que eu adoro, porque principalmente também
É isso que eu gosto:Por estar meio que começando na época
É isso que eu gosto:Você tem a oportunidade de ver como uma pessoa
É isso que eu gosto:Que tem mais de 10 anos de experiência na área trabalha
É isso que eu gosto:E você vai pegando, então, essas práticas positivas daquilo
É isso que eu gosto:E vai melhorando o seu...
É isso que eu gosto:O que você faz, também
É isso que eu gosto:Então... isso me ajudou bastante
É isso que eu gosto:Então tudo isso
(Gabriel):Ah isso é legal. Sim, ainda mais no começo de carreira, né?
(Gabriel):Tipo, faz mais diferença ainda.
(Gabriel):Diferença positiva, assim, né? Como você tá falando, então
(Gabriel):Que legal que tu pegou empresas, que tem...
(Gabriel):Que usam essas práticas, né?
(Stefanie):Sim, dei sorte, e...
(Stefanie):Na verdade não foi nem a empresa,
(Stefanie):Foram as pessoas que estavam nessa equipe.
(Stefanie):Porque a prática de pair programming, ela nem era vista
(Stefanie):Tão de forma positiva na empresa.
(Stefanie):Porque você sempre tem os managers.
(Stefanie):Que pensam que são duas pessoas fazendo o trabalho de uma, né?
(Stefanie):E só que o que acontecia era:
(Stefanie):A gente entregava uma alta qualidade
(Stefanie):E muito mais rápido que outras equipes
(Stefanie):Porque você tem duas pessoas pensando ao mesmo tempo, né?
(Stefanie):E produzindo algo, então o resultado
(Stefanie):O feedback era sempre positivo
(Stefanie):E dessa forma, a gente conseguia manter
(Stefanie):Essa prática de pair programming na empresa
(Stefanie):Então... foi isso, mas até foi esse o motivo de eu sair dessa empresa
(Stefanie):Porque muitas pessoas saíram. Eu terminei ficando sozinha nessa equipe
(Stefanie):E eu não gostei de trabalhar sozinha assim
(Stefanie):Por mais que... É diferente, você tem essa sensação de:
(Stefanie):"Ah, tudo bem. Eu tenho conhecimento para fazer o trabalho, é uma sensação legal"
(Stefanie):mas ao mesmo tempo você para de crescer, né? Sem essa troca De conhecimento.
(Stefanie):Então, foi o motivo principal de eu ir atrás do meu terceiro emprego, agora
(Gabriel):Ah entendi
(Gabriel):Mas deixa eu continuar ainda nessa equipe e até no atual, né?
(Gabriel):Porque tu tem um gestor aí da tua carreira, né?
(Gabriel):E provavelmente ele é uma pessoa alemã, certo?
(Stefanie):Essa segunda empresa, é.
(Gabriel):Essa segunda empresa, é e nessa atual, não?
(Stefanie):Ela é, mas é diferente em relação a gestão. A gente chega lá depois. (Gabriel): Então conta aí como que foram a gestão dos dois
(Stefanie):(Stefanie) Então, essa segunda empresa, realmente, a gestão era completamente alemã.
Assim, do tipo:"a forma de ser feita é essa. Tem que ser dessa forma e a gente se comunica de tal forma"
Assim, do tipo:Comunicação não transparente
Assim, do tipo:Gestão que não comunica o que tá acontecendo na empresa com as pessoas que estão trabalhando lá
Assim, do tipo:Que não estão numa hierarquia alta
Assim, do tipo:Esse tipo de coisa. Então essa foi na segunda empresa. Teve um outro motivo de eu ter saído de lá:
Assim, do tipo:Eu não gostava da gestão
Assim, do tipo:E assim, não faziam um esforço para manter as pessoas lá, sabe?
Assim, do tipo:Tipo a pessoa... Questão de salário assim, digamos.
A pessoa falava:"quero receber...", "não quero", né?
A pessoa falava:Mas assim, digamos assim, uma pessoa que tá na empresa há mais de 5 anos, e fala:
A pessoa falava:"Ah, tô na empresa há mais de 5 anos, não recebo um aumento de salário há tanto tempo"
E a pessoa responder do tipo:"não vai rolar" e não explica o motivo
E a pessoa responder do tipo:Então lógico que as pessoas saíam
E a pessoa responder do tipo:E...
nfim, aí o que aconteceu foi:eu trabalho agora numa empresa chamada, DeepL
nfim, aí o que aconteceu foi:É um site de tradução com inteligência artificial
nfim, aí o que aconteceu foi:E eu usava muito esse site para traduzir as coisas, porque ele tem um serviço de tradução muito bom
nfim, aí o que aconteceu foi:Então, para questões de visto, né? E meios mais formais que eu não queria fazer erro algum de gramática
nfim, aí o que aconteceu foi:Eu sempre usava o site. E aí eu abri lá o site e vi assim embaixo, né? "Estamos contratando"
Aí eu pensava:"Nossa! Eu tô aqui fazendo esse trabalho" digamos assim, em um momento ficou chato, né?
Aí eu pensava:"Tô fazendo aqui. Tô fazendo esse trabalho chato e tem gente nesse momento trabalhando em produtos legais, né?"
Aí eu pensava:"Em produtos que tem um sentido"
Então, eu falei assim:"Ah, vou mandar um application lá"
Então, eu falei assim:E mandei, né?
Então, eu falei assim:E deu tudo certo e tal. Posso até contar do processo seletivo também
Então, eu falei assim:Mas enfim. Aí a gestão lá é muito mais aberta, muito mais focada, assim, em manter a pessoa lá
Então, eu falei assim:Em... eles chamam muito de nurture
Então, eu falei assim:Você dá espaço para pessoa se desenvolver, crescer da forma que a pessoa é, né?
Então, eu falei assim:E não da forma que você espera que ela se desenvolva
Então, eu falei assim:Então...
Então, eu falei assim:Tá sendo uma experiência muito positiva, assim do tipo...
Então, eu falei assim:Sei lá, eu sinto como se fosse uma empresa assim padrão Big Tech, né? Ainda não Big Tech
Então, eu falei assim:Então eu tô felicíssima.
(Gabriel):E deixa eu tentar perceber. Nessa empresa nova, a gestão também é feita por alemães, ou não?
(Gabriel):Só para entender tipo se era mais cultura da empresa mesmo ou se a cultura do... vamos dizer da região que você tá, na tua percepção?
(Stefanie):É, então ela é mais internacional
(Stefanie):Aí, por exemplo a língua falada na segunda empresa era alemão, oficialmente
(Stefanie):E a língua falada nessa terceira empresa é inglês, oficialmente
(Stefanie):É lógico que tem gente ainda que fala alemão, mas é... na maior parte das vezes, a gente fala em inglês
(Stefanie):Acho que isso muda já a comunicação, no geral. As pessoas são mais simpáticas (risos) em inglês, no geral
a gestão ela é feita assim:não é um gestor para empresa inteira. Você tem lá o CEO
a gestão ela é feita assim:Você tem os managers para cada área
a gestão ela é feita assim:E você ainda tem mais uma outra pessoa responsável. E vai descendo assim, né?
a gestão ela é feita assim:Para cada equipe você tem um Tech Lead da vida
a gestão ela é feita assim:E um Tech Lead que, de fato, tem autonomia
a gestão ela é feita assim:Para...
a gestão ela é feita assim:Para fazer a sua própria gestão daquela equipe, né? E não ter que fazer como a pessoa que tá lá em cima
a gestão ela é feita assim:Tá falando para ele e tal, não sei o quê
a gestão ela é feita assim:Então a flexibilidade, a autonomia das pessoas, em todos os níveis, né? Até eu, mesmo como desenvolvedora.
a gestão ela é feita assim:É muito mais presente
(Gabriel):E... Então na segunda empresa você tinha que falar em Alemão? Não era isso?
(Stefanie):Era. Inclusive a gente tinha uns dois desenvolvedores que falavam em inglês, apenas
(Stefanie):E, da noite para o dia, a empresa falou: "Olha, a língua a ser falada vai ser alemão"
E a gente assim:"Sim, você quer contratar quem?", né?
(Gabriel):Então pera aí, começou em inglês, e aí depois, quando você tava lá, mudou para o alemão? Não aí não é muito pior. Aí não
(Stefanie):É, começou em inglês e aí, como a maior parte das pessoas falavam em alemão
(Stefanie):Mudaram isso, porque tinha uma ou duas pessoas que não se sentiam confortáveis para falar em inglês
(Stefanie):Não dá nem para acreditar numa frase dessas, né? Mas tinha uma ou duas pessoas
(Stefanie):Que não se tinham confortáveis para falar em inglês
(Stefanie):Então... É...
(Stefanie):Em reuniões maiores, onde a empresa entrevistava
(Stefanie):Eles, então, reclamaram internamente. Não é que reclamavam a ponto de abrir um debate
(Stefanie):Para... para a gente discutir essa situação, não, reclamavam para o gestor
(Stefanie):E o gestor, então...
(Stefanie):Por qualquer... Sei lá como essa decisão foi feita, né? Fez essa decisão
(Stefanie):Então, tinha uma pessoa lá que falava inglês, ficou sem saber o que acontecia com o trabalho dele, né?
(Stefanie):Enfim, tô entrando em detalhes aí, né? (risos)
(Stefanie):Tô falando tudo da empresa, fazendo a maior imagem ruim da empresa mas é real
(Gabriel):Mas então, essas pessoas tiveram que sair? Só para fechar aí
(Gabriel):Ele não saiu, mas ele foi tipo ameaçado, do tipo assim:
(Gabriel):"É,vai ser em inglês e seu trabalho meio que vai ficar... vai ser obsoleto"
(Gabriel):Foi mais ou menos que ele comunicou para esse cara, né? Ele terminou saindo por vontade própria, no final das contas
(Gabriel):Claro, mas a pressão é o motivo para não mandar embora, porque não é tão fácil, mas...
(Stefanie):Exatamente, a empresa ela trabalhava dessa forma, do tipo assim:
(Stefanie):Ia formando situações para que a pessoa quisesse sair no final das contas, sabe? E não ter que demitir a pessoa
(Stefanie):E tipo, o cara que trabalhava na Croácia véi. Que tava com a mulher grávida, sabe?
(Stefanie):Colocar a pessoa numa situação dessas assim nada a ver, mas nada a ver, mesmo!
Enfim... (Gabriel):Bizarro...
(Gabriel):É. Então ainda bem que que todo mundo saiu, né?
(Gabriel):Espero que para uma melhor (risos). E você tá nessa terceira aí, que já é uma cultura completamente diferente, né?
(Stefanie):Sim....
(Gabriel):Mas caramba, que louco de trabalhar em alemão. Não deve ser fácil, né?
(Gabriel):Porque, não é só a língua, é... É a língua, é um contexto novo, é uma profissão nova, né?
(Gabriel):Porque, três anos... ok, já tem um tempo aí. Mas ainda não é... Não é que tu tá há 10 anos fazendo isso nessa língua, né?
(Gabriel):Então acho que traz uma carga cognitiva muito grande, tipo de tu tá o dia inteiro conversando sobre isso, sabe?
(Gabriel):Informações novas, aprendendo coisa nova
(Gabriel):E ainda na outra língua, então, é um desafio gigante
(Gabriel):Acho que sorte tua, né? Esses dois anos que tu teve antes de... De estudo de alemão, né?
(Stefanie):Sim, total. E é que eu gosto também da língua eu acho que isso faz uma diferença
(Stefanie):Tem gente que se irrita, que acha é uma língua chata e não gostam de falar
(Stefanie):E aí, acho que tem essa diferença. Assim, eu acho uma língua bonita, é divertida
(Stefanie):É difícil principalmente nas questões da gramática que tem a declinação do artigo e...
(Stefanie):Essa coisa dos artigos, né? Neutro, feminino e masculino. Então é diferente das outras línguas, nesse sentido
(Stefanie):E aí dependendo da situação que tá lá na frase, né? você troca esse artigo para uma declinação diferente
(Stefanie):Por exemplo, Der, que vai para Den ou Das. Então tudo isso realmente é difícil
(Stefanie):Mas assim, a partir de um tempo, eu comecei a não importar mais com essas coisas
(Stefanie):Você escuta muito isso de pessoas que vem morar aqui, que não se importam mais com os artigos, e vão falando, né?
(Stefanie):Enfim, no final das contas, eu me importo no geral, de que a comunicação esteja clara
(Stefanie):E, de forma ideal, eu coloco o artigo certo no meio
(Stefanie):Mas, não é sempre esse o caso, e...
(Stefanie):Eles não ligam. Eles falam que não ligam e eu acho que não ligam mesmo assim
(Stefanie):É que nem uma pessoa estrangeira no Brasil falando
(Stefanie):Ah...
Sei lá:"Há ônibus". É esquisito? É, mas a pessoa entende, né?
Sei lá:[Música]
(Gabriel):E agora já são três anos como developer e fora do Brasil, né? E o que que tu tá achando dessa mudança de profissão?
(Stefanie):Sim. Então, eu gosto muito. Eu gosto da flexibilidade do horário de trabalho
(Stefanie):Principalmente aqui na Alemanha, eles têm isso muito bem definido
Assim, de:horário de trabalho é horário de trabalho, mas horário fora do trabalho, é fora do trabalho
Assim, de:Ninguém vai entrar em contato com você
Assim, de:Ninguém espera nada de você, após aquele horário
Assim, de:E é isso. É isso, tipo, não tem pergunta
Assim, de:Então é assim. Um trabalho que começa às 9h e às 17 horas
Assim, de:Você pode começar de 9h e terminar de 17 horas com tranquilidade
Assim, de:Então isso para mim é muito bacana ou então começar mais cedo e terminar mais cedo, também
Assim, de:Além disso, eu gosto da flexibilidade de como você faz as tasks, né?
Assim, de:Como você tá trabalhando no computador, vai ser uma grande diferença aí da psicologia, né?
Assim, de:você tem acesso ao conhecimento a todo momento, então, é...
Assim, de:Você tem...
Assim, de:De fato não só o acesso ao conhecimento, mas a flexibilidade de realizar aquela task lá que você tá fazendo
Assim, de:Da forma que você achar mais correta, né?
Assim, de:E aí, você ainda passa por uma... pelo code review
Assim, de:Onde o seu trabalho vai ser avaliado
Assim, de:Antes de chegar até o próximo passo de você colocar numa...
Assim, de:Na Brant aí ou você colocar em produção, exatamente. Então todas essas, a pessoa tem esse clichê, né?
Assim, de:"Ah, não tenho medo de colocar código em produção, não sei o que"
Assim, de:Nunca tive, porque todo lugar que eu trabalhei sempre teve um processo muito bem estabelecido de como esse código chega em produção, né?
Assim, de:Você tem os testes, você tem tudo que acontece antes da pipeline
Assim, de:Antes daquele negócio chegar em produção. Então para acontecer alguma coisa ruim
Assim, de:Não é tão fácil assim. (risos)
Assim, de:Quê mais?
Assim, de:Bacana também é a questão da comunicação
Assim, de:Eu trabalho remoto. Então toda comunicação é feita por Slack, pelo Zoom. Então...
Assim, de:Eu gosto dessa flexibilidade, assim também, de estar no meu espaço, né?
Assim, de:De vez em quando vou para o escritório, mas de poder trabalhar remotamente
Assim, de:E a questão da Psicologia, como que eu aplico a psicologia no trabalho, acho que tem muito a ver com a comunicação de fato, né?
Assim, de:Você saber ouvir a pessoa, você saber a forma de comunicar um feedback, de forma não...
Assim, de:A ser efetivo e também não deixar a pessoa se sentindo mal, né? Caso seja feedback negativo, esse tipo de coisa
Assim, de:E agora como tá sendo morar aí? em Colônia ou na Colônia, não sei qual que é o jeito que fala aí, né?
Assim, de:(risos)
Assim, de:Mas como que tá sendo a tua experiência de morar aí, né? Saindo de lá de Aracaju
Assim, de:Para... Para um lugar que tenha variação de temperatura bem, bem maior do que onde você morava antes
(Stefanie):É, eu passei também uns sete anos morando em São Paulo, então tem um pouco mais essa variação também, né?
(Stefanie):É bem comparável com...
(Stefanie):Não sei se é bem comparável, mas é um pouco comparável com o clima de São Paulo, assim
(Stefanie):Tem dia no verão, é bem quente e...
(Stefanie):Essa sensação assim abafada, sabe? Terrível, não sei se você sente isso também em Portugal
(Gabriel)Sim. (Stefanie)::O verão, assim, abafado parece que vai... Enfim bem quente
(Gabriel)Sim. (Stefanie)::E o inverno, por exemplo, agora a gente tá com temperaturas aí de -7°C, tá bem frio esse ano
(Gabriel)Sim. (Stefanie)::Mas colônia é um dos lugares mais quentes da Alemanha, então é até não muito comum estar tão frio por exemplo, agora como tá
(Gabriel)Sim. (Stefanie)::Mas assim, no geral morar aqui é bem legal. Eu passei seis meses também morando em Bonn, que é uma cidade aqui perto, menor
(Gabriel)Sim. (Stefanie)::E foi bacana, mas assim você vê a diferença de estar numa cidade um pouco maior, com mais opções de
(Gabriel)Sim. (Stefanie)::Cinema, restaurante e tal, a vida... a possibilidade na cidade, né? maiores do que você tá em uma cidade pequena
(Gabriel):E como que, fora a temperatura, né? Como que tá a tua experiência morando aí, sabe? O quê que tu tá sentindo de diferente
(Gabriel):Ou até o que que é a parte mais legal de morar em Colônia, comida? (Risos)
(Gabriel):(Risos)
(Gabriel):Tô brincando! Tô brincando! (risos)
(Stefanie):Então, eu vim morar aqui por acaso, porque... Por acaso, não por acaso. Eu tava em Bonn antes, e aí conheci o meu namorado
(Stefanie):E ele morava aqui em Colônia. Então, a gente se mudou juntos na época da pandemia por questões de isolamento, né?
(Stefanie):E uma coisa foi levando a outra, a gente, né? Foi morar juntos, aqui em Colônia
(Stefanie):E meu segundo trabalho já procurei ativamente aqui em Colônia, por isso eu fiz essa mudança
(Stefanie):Mas assim, o pessoal é bem bacana, no geral, bem receptivo
(Stefanie):O que é um contraste, em relação a outras cidades da Alemanha
(Stefanie):Eu escuto bastante as pessoas falando, assim, de que eles não são... As pessoas não são receptivas
(Stefanie):E é de fato assim, várias cidades... Eles não têm essa abertura, não são muito flexíveis no primeiro contato assim, sabe?
(Stefanie):Demora bastante para você fazer amizade com alemão, porque
(Stefanie):Não é... Você tem que ter alguma coisa em comum, tipo, ou você conhece a pessoa...
(Stefanie):Sei lá, na academia, ou alguma coisa que coloque esse ponto em comum entre vocês, é o trabalho ou algo assim
(Stefanie):ou não vai acontecer essa amizade, porque demora um tempo para se desenvolver aquela coisa, né?
(Stefanie):Eu não sei se em Portugal também é assim
(Stefanie):(Gabriel pensa)
(Gabriel):Não é igual ao Brasil, mas não vou dizer que é tão difícil quanto ouço falar de outros lugares, né?
(Gabriel):Acho que o que influencia muito mais é a questão das pessoas já terem a vida delas, sabe?
(Gabriel):Tipo vida, família, os amigos. E você é uma pessoa nova
(Gabriel):Então para mim é a mesma coisa. Acho que consegui fazer boas amizades, amigos muito próximo mesmo, portugueses, no trabalho
(Gabriel):Mas, fora isso... Mas também não tem mais nada que eu faça, assim, porque as outras que eu vou fazer tô com outras pessoas ou amigos, né? Então...
(Gabriel):Mas sim no trabalho, e...
(Gabriel):Não sei se demorou tanto assim. É difícil comparar, porque eu não lembro como se falasse: "agora essa pessoa é minha amiga"
(Gabriel):Mas assim, só tenho a impressão que foi mais fácil do que o que eu ouço das pessoas na própria Alemanha
(Stefanie):Sim, é, não é muito fácil não aqui mesmo, não é
(Stefanie):Tipo, eu tive sorte, de fato, por ter meu namorado aí, que já tinha amigos, né?
(Stefanie):Então você termina virando amigo dos amigos e tal
(Gabriel):É, por tabela.
(Stefanie):Sim, é
(Stefanie):Mas assim, você fazer uma amizade, aquela amizade, né? Boa e tal, assim, não é tão fácil, não, realmente como falam
(Gabriel):É, eu imagino que sim, mas tipo com outros estrangeiros ou com brasileiro? Como que foi para ti?
(Gabriel):Porque também é difícil, porque tu pegou fase de pandemia, né? Então é uma das perguntas mais difíceis
(Gabriel):Porque é totalmente... É um período de tempo no mundo que as coisas são muito diferentes, né?
(Stefanie):Sim, exatamente. Agora, no final da pandemia. (se corrige) Agora, no final de do ano passado
(Stefanie):Eu comecei a fazer CrossFit, e aí lá eles têm muita coisa de comunidade, e muito estrangeiro também
(Stefanie):Então foi muito mais fácil, ficou muito mais fluido essa coisa da vida social depois que eu comecei a frequentar lá
(Stefanie):Até mesmo em alemão, porque é um ambiente mais informal, né?
(Stefanie):Então, até quando a pessoa tá falando em alemão, é aquela coisa mais, assim, aberta, um pouco mais simpática
(Gabriel):É possível em alemão? (Stefanie): É, é possível (risos)
(Gabriel):É, porque também... Mas é o que tu falou, né? Tu tem que ter alguma coisa em comum de, tipo CrossFit, e tu estar num grupo de pessoas, né?
(Gabriel):Independente do país, você tem uma uma conexão então isso acaba ajudando mais, né?
(Stefanie):Com certeza.
(Gabriel):Agora eu queria saber da comida. Eu até brinquei lá no começo, né?
(Gabriel):Que, perguntando qual que eram os pontos legais, eu falei: "talvez a comida", né?
(Gabriel):Mas como que é para ti? Porque, apesar da brincadeira, eu tenho um amigo que
(Gabriel):Também ele não mora, né? Sempre vai para visitar, mas ele gosta muito da comida, dos joelhos de porco, das coisas fritas
(Gabriel):Então, ele adora. Mas como que é para ti?
(Stefanie):Então, eu sou vegana (risos)
(Stefanie):Então, muitas das comidas típicas aqui é tudo com carne, como você falou: joelho de porco ou coisa com batata, mas também com manteiga e tal
(Stefanie):Então, eu termino não comendo quase nada típico, assim
(Stefanie):É, só comendo coisa vegana. Agora, na questão do veganismo
(Stefanie):Aqui a Alemanha é um dos países que mais tem essa coisa desenvolvida, né? então tem várias opções de alternativas veganas, né?
(Stefanie):No supermercado, por exemplo. Então isso já facilita a vida
(Gabriel):Mas é muito mais caro? Ou é igual às outras coisas?
(Stefanie):Então, eu acho assim, quando a pessoa compra carne,ela também paga um preço por aquilo, né?
(Stefanie):Então, sei lá. Eu meio que... Eu não acho assim extremamente mais caro, mas eu também já sou vegana há uns cinco anos
(Stefanie):Então eu não sei se eu perdi um pouco do senso do quê que é fazer a compra sem essas alternativas, né?
(Stefanie):Mas, no final das contas, você também pode comprar, tipo, verduras, coisas assim, não industrializadas, que no final das contas não são tão caras
(Stefanie):Para ter uma alimentação vegana
(Gabriel):Entendi, entendi. A minha companheira é vegana, né? Então eu vejo que pelo menos aqui em Portugal... E aí, por tabela eu sou
(Gabriel):Então comer carne, para mim, é coisa que acontece de vez em nunca
(Gabriel):Mas eu sinto que os preços estão diminuindo e as coisas estão ficando melhores, sabe?
(Gabriel):Tipo eu, cada vez mais eu gosto... Quer dizer, eu sempre gostei de comida vegana na real, sabe?
(Gabriel):Nunca tive nada contra, mas eu gosto de carne também, é a diferença
(Gabriel):Mas, eu sempre achei bem bom. O que eu acho que é legal, é que agora eu sinto que o preço tá diminuindo
(Gabriel):Se eu for comparar as opções, ainda é mais caro, mas pelo menos aqui não tá tão mais caro e eu acho isso bem legal, né?
(Gabriel):Porque é justo para todo, né?
(Stefanie):Sim, e tá cada vez mais normalizado, né?
(Stefanie):[Música]
(Gabriel):Ainda pensando, assim, em morar aí, né? Uma das vantagens de estar na Alemanha, né?
(Gabriel):Ou aqui na Europa, em geral, é que é um pouco mais fácil se locomover para outras cidades e às vezes nem tão caro, né?
(Gabriel):Tem conseguido aproveitar, nesse tempo aí, ou a pandemia também te impediu?
(Stefanie):Olha, viajei pouquíssimo desde que eu moro aqui, por causa da pandemia, de fato
(Stefanie):Mas, por exemplo, tem como ir para Amsterdam aqui, super fácil, de trem mesmo
(Stefanie):Acho que três horas de trem já tá em Amsterdam, e não é tão caro assim, quê mais?
(Stefanie):Até dentro da Alemanha, eles estão agora fazendo iniciativas de como fazer esse transporte mais barato
(Stefanie):Eles testaram por uns meses esse ano, o tal do ticket de 9 euros.
(Stefanie):Por 9 euros você tem acesso a transporte por todo o país. Nove Euros por mês, apenas
(Stefanie):E funcionou super bem, tão bem, de uma forma que, claro, sobrecarregou o sistema de transporte aqui
(Stefanie):Então, eles pararam com essa iniciativa e vão, a partir do próximo ano oferecer um ticket de 49 Euros por mês
(Stefanie):E você tem acesso novamente a poder locomover por todo o país
(Gabriel):Hmm, ok, ok.
(Gabriel):Só que assim, depende muito da cidade que você tá, por aqui. Por exemplo, Colônia, é lógico que você tem opções de transporte público
(Gabriel):Mas ela não é bem conectada.
(Gabriel):Você quer ir para o outro lado da cidade, você tem que passar ali para o centro, depois ir para outro... Fazer uma arrudeio, assim
(Gabriel):Se você tem um carro, você tá no mesmo local, que você chegaria com transporte público em 40 minutos você chega com o carro em uns 10, 15 minutos, sabe?
(Gabriel):Eu não dirijo, infelizmente, mas eu vejo que essa é a realidade
(Gabriel):Ah, eu sei como que é. Aqui também eu tenho essa para ir para para praia ou minha empresa, mesmo
(Gabriel):Demora de transporte público 40 minutos, mas porque dá uma volta. Tipo, de carro dá em 15 minutos a mesma coisa, então
(Gabriel):Também não dirijo e sofro um pouco com isso
(Gabriel):Mas pelo menos a cidade é pequena o suficiente para não ser normal eu ter que pegar o transporte público, né?
(Gabriel):E qual que é a parte que tu teve mais dificuldade na adaptação aí, nessa parte da Alemanha?
(Stefanie):Acho que mais essa questão das amizades, mesmo
De às vezes você pensar:"pô, no Brasil minha vida era outra, né?", nessa questão de vida social
De às vezes você pensar:Era tudo muito mais fácil. É tudo mais fácil, como dizem mesmo, assim, no Brasil
De às vezes você pensar:É lógico que aqui, é assim é... Uma balança, né? Você tem aqui os benefícios de você ter qualidade de vida
De às vezes você pensar:E uma sensação de segurança muito maior que no Brasil. E para mim isso é mais importante do que os outros pontos
De às vezes você pensar:Então é... Acho que eu nem falei, né? Que esse é um dos motivos de eu ter mudado
De às vezes você pensar:Eu falei apenas que eu gostava da Alemanha. Mas também tem essa questão de querer mais qualidade de vida e querer mais segurança
De às vezes você pensar:Sem contar a questão de sistemas de educação. Que as crianças aqui estudam de graça, né? Têm acesso à educação
De às vezes você pensar:Então eu penso que, quando eu tiver filhos, eles vão ter acesso a uma educação boa, eu não vou ter que pagar, tudo excelente
De às vezes você pensar:Até a universidade aqui é gratuita, para quem mora aqui
(Gabriel):Ah, eu não sabia disso, mas a Alemanha inteira?
(Stefanie):Sim, a Alemanha inteira. Você paga apenas uma taxa de manutenção, assim
(Stefanie):Mas não chega nem a ser 1000 Euros por semestre. Acho que uns 600 Euros por semestre, no máximo
(Gabriel):Entendi, entendi. Também, né? Tendo que estudar, sei lá, 9 anos pra se tornar psicóloga. Ia ser difícil, pagando isso
)É burocrático. (Gabriel)::Sim, sim
(Gabriel):Tá, entendi, legal. Acho que... E para ti novamente, volta sempre no ponto da pandemia, né?
(Gabriel):Tô falando tanto isso, que eu tenho até medo das plataformas, sabe? (risos) Tipo, colocar sinalização
(Gabriel):Mas acho que complica mais ainda também o período, né?
(Gabriel):Que eu tava... tenho colegas de trabalho que se mudaram nesse período e eles contam isso também
(Gabriel):O que já é difícil numa situação normal, né? Você sabe que tá em outro país não é exatamente a mesma coisa
(Gabriel):E aí chega um períodozinho, que a gente teve no mundo, que traz ainda um pesinho a mais, né?
De:"Ó, tem que ficar em casa", então é mais difícil construir essa essa amizade aí, né?
De:Mas tu acha, então, que para ti, né? Esse foi o ponto mais difícil. Não teve mais nenhum, né?
De:Porque talvez como tu já gosta tanto da Alemanha, já sabia a língua, pode ser que tenha sido um pouco mais fácil
(Stefanie):Sim, acho que é mais esse ponto mesmo
(Stefanie):É... Questão de como eles veem imigrantes também, no geral
(Stefanie):É, muito interessante, no Brasil, por exemplo, quando uma pessoa nasce lá, na nossa cabeça é brasileiro, né?
Ninguém questiona:"sim, e sua mãe nasceu onde?", ninguém pergunta, ninguém tá nem aí
Ninguém questiona:Aqui na Alemanha é diferente. Se a pessoa, por exemplo, quando eu tiver um filho aqui
aqui, digamos, mas vão falar:"você é brasileiro"
aqui, digamos, mas vão falar:É assim. a pessoa é brasileira, só porque os pais, é... Um dos pais, por exemplo, é brasileiro
aqui, digamos, mas vão falar:Então assim, não que eu ache isso negativo, né? Assim, acho bacana a questão, se fosse visto de forma positiva, né?
Do tipo:"ah, bacana, a questão cultural", não, é visto de forma negativa, do tipo...
Do tipo:Por muitas pessoas, né? Do tipo, eles chamam até de um termo: "uma pessoa com histórico de imigração"
ses pontos assim... (Gabriel):É engraçado, porque eu já comentei uma coisa parecida disso
ses pontos assim... (Gabriel):De que eu só tive essa sensação, saindo do Brasil também, de...
ses pontos assim... (Gabriel):Assim, eu não falo nem de forma negativa também, mas, algumas pessoas do Sul, eles têm mais essa de...
ses pontos assim... (Gabriel):Eu até brinco com minha companheira, ela não é brasileira, né? Mas toda vez que a gente conhece alguém do Sul
Eles sempre falam:"não, minha família é da Alemanha", não eles...
Eles sempre falam:Sempre, tipo, até hoje a gente... Eu tenho um histórico com ela de que sempre sendo as pessoas do Sul que a gente conhece
Eles sempre falam:Tipo um amigo meu, mas quando vai falar um pouco da onde eles são, sempre falam isso
Eles sempre falam:Mas crescendo... Eu nasci na Bahia e cresci em São Paulo, no litoral
nca tive esse conceito de que:"não, você não é brasileiro". Você tem muitos imigrantes, do Japão, né?
nca tive esse conceito de que:Que os pais ou os avós, são. Conheci bastante, ou de outros países também, Espanha, até da Argentina
nca tive esse conceito de que:Mas ele sempre eram... Sempre brasileiros, sabe?
nca tive esse conceito de que:E aí estando fora, que eu comecei a ter esse sentido de que, dependendo do país que você tá
nca tive esse conceito de que:As pessoas sempre vão falar que você é é de outro lugar, né?
nca tive esse conceito de que:Porque para mim é que nem você falou, soa muito estranho quando alguém fala assim, né?
você não é italiano", tipo:"ah não seu avô veio da Polônia, então você não é italiano mesmo", sabe?
deles isso, assim, e eu fico:"cara, tipo assim, o avô dele veio de lá ,os pais nasceram aqui,
deles isso, assim, e eu fico:Ou até só a pessoa tivesse, né? E ela não é". Não sei, eu acho estranho
deles isso, assim, e eu fico:Depende muito, né? Como você falou tem algumas pessoas que falam isso de forma negativa, e esse é o ruim
deles isso, assim, e eu fico:Se não for negativo, só é diferente do que...
deles isso, assim, e eu fico:Eu no geral tenho um conceito, eu acho que... E eu tenho um conceito mais assim:
deles isso, assim, e eu fico:Cara, tu tá nesse país, teu visto é legal, para mim
deles isso, assim, e eu fico:E eu conheço, por exemplo, tenho uma amiga que ela é venezuelana,(se corrige) boliviana.
Nossa, vou editar:eu tenho uma amiga que é boliviana, né?
Nossa, vou editar:Ela mudou para lá quando ela tinha uns 15 anos, no Brasil, né? Conhecia
Nossa, vou editar:Mas cara, imagina, mano você estar com o visto legal, você trabalha, paga imposto, estuda
Nossa, vou editar:Para mim, ela é simplesmente brasileira, sabe?
Nossa, vou editar:Não sei, eu só tô falando tanto sobre isso, porque é uma coisa que fica na minha cabeça às vezes, sabe?
Nossa, vou editar:Eu sempre pensei, também, nisso que, eu acho estranho quando o pessoal tenta
Nossa, vou editar:Colocar isso de uma forma negativa, e para mim é pelo contrário, que legal que, né? Tem essa diversidade numa família
(Stefanie):Total. E tipo, isso me frustrava, assim, no início. Me frustra, ainda um pouco
(Stefanie):Porque você faz um esforço para ser "integrar", né?
(Stefanie):A pessoa, pô, fala alemão, como você falou, pago o imposto, né? Faço tudo aí para... Normal tudo certo, correto
(Stefanie):Para ser vista, ou para ter uma sensação de que algumas pessoas, não são todas, né?
(Stefanie):Mas que algumas pessoas me veem como não pertencente ao país
(Stefanie):Eu não quero que me vejam como ela alemã, não é esse o foco, mas tipo assim
(Stefanie):Sei lá, é como se você tivesse que ficar se provando a todo momento, assim, do tipo:
(Stefanie):"Ah veja Estou sim de fato integrada", "Ah veja, eu falo..." Eu tenho que falar alemão perfeito, sabe?
(Stefanie):Esse tipo de cobrança que eu faço comigo mesmo
(Stefanie):que não tem a menor necessidade, menor necessidade
(Stefanie):Isso é frustrante, então...
Aí você para para pensar:"pô, aí vai ter filho aqui. A pessoa vai passar por coisas parecidas, mesmo nascendo aqui?"
E você pensa:"isso é absurdo, assim, né?", parece tão absurdo, mas eu escuto...
E você pensa:Mas tem várias histórias de pessoas, assim, que nascem aqui, falam alemão normal, porque nasceram aqui, né?
E você pensa:Mas ainda sofrem algum tipo de preconceito, de julgamento, por isso
E você pensa:Eu fico impressionada assim, eu fico de fato, assim, frustrada, com tudo isso
(Gabriel):É, não... Entendo, entendo, completamente, assim. Isso é meio engraçado, não num sentido bom, né?
(Gabriel):Mas é meio chato, mesmo. Até devaguei muito nesse assunto, meio que desabafando, porque é uma coisa que eu penso bastante
(Gabriel):E do outro lado, né?
(Gabriel):Tu comentou que gosta dessa sensação de segurança, né? Que tu tem aí
(Gabriel):Mas se alguém for te perguntar quais são as coisas legais que a pessoa vai encontrar aí em Colônia, e que tu gosta
(Gabriel):O quê que tu destaca? Além das várias opções vegetarianas, né?
(Gabriel):Que eu já ouvi falar bastante de como a Alemanha tem mais opções do que outros lugares
(Gabriel):"O quê que ela encontra aqui, de bom?", então...
(Gabriel):Tô pensando, porque, assim, não é uma vida assim, muito glamourosa, não. Tipo assim, você pensa, Londres
(Gabriel):Pô, Londres é aquela coisa, né? "Um monte de opções, você encontra pessoas do mundo todo aqui..."
(Gabriel):Aqui você também encontra pessoas do mundo todo, mas é uma vida bem normal assim, sabe?
(Gabriel):Do tipo, não faz muita diferença
(Gabriel):No final das contas é de fato, para mim, essa coisa da qualidade de vida
(Gabriel):Então, do governo funcionar relativamente um pouco melhor, de você ter um pouco mais como cidadã
(Gabriel):Ter... sentir que você tem os seus direitos garantidos, né?
(Gabriel):Então...
(Gabriel):Eu nunca cheguei muito a romantizar essa coisa, assim, da vida aqui, né?
(Gabriel):Você vê fotos da Alemanha, você vê as casinhas e tal, tudo bonitinho, e tal
(Gabriel):Ali, assim, é mais sul da Alemanha, que você vai encontrar aquilo
(Gabriel):Aí você vai para outros lugares da Alemanha, você prédios mais normais. É lógico que é muito bacana... É bonito
(Gabriel):Mas assim, depois de um tempo, você tem que querer mesmo estar aqui
(Gabriel):Porque não existe essa romantização, assim, ela não sustenta a situação por muito tempo
(Gabriel):Você talvez também tenha vivido isso aí, em Portugal, não sei
(Gabriel):Eu nunca romantizei. Eu sou um cara chato quando alguém me perguntar isso, normalmente
(Gabriel):Porque acho que as opiniões são sempre polarizadas, de: é tudo bom ou é tudo ruim
(Gabriel):Aí quando você acha que é ruim, então porque não volta para o Brasil, sabe?
(Gabriel):Os brasileiros mesmo. Ou quando você tiver algum problema, por que não volta para o Brasil?
(Gabriel):Ou quando você vê algo que tá bom aí tipo: "ah não...", Síndrome de Vira-Lata
Então para mim sempre foi:tem pontos legais, pontos ruins, mas pesando na balança, para mim, pesa para cá
Então para mim sempre foi:Principalmente por questão de poder viajar, esse é o máximo e segundo, acho que, segurança
Então para mim sempre foi:Porque de resto, eu vou colocar diferente coisas para cada lado, ou Brasil, ou Portugal, sabe?
ara mim, sempre é mais assim:"o quê que você valoriza, o que que você tá buscando?
ara mim, sempre é mais assim:Porque nem tudo vai ser perfeito e tem uma coisa que comentou, que eu falo também, que
ara mim, sempre é mais assim:Sou privilegiado de trabalhar em TIentão acho que tem menos preconceitos, do que
ara mim, sempre é mais assim:Dependendo do trabalho que você tá como imigrante, mas mesmo assim você é imigrante e vai ser para sempre
ara mim, sempre é mais assim:Então tem que ficar claro. Talvez acho que tenham alguns outros países, né?
ara mim, sempre é mais assim:Eu vejo pessoas que são legalizadas nos Estados Unidos e eu não vejo reclamar tanto disso
De falar:"não você é imigrante para sempre", pessoas com Green Card
De falar:Mas acho que aqui na Europa sempre de vez em quando algumas coisas vão sempre te lembrar
De falar:É uma burocracia a mais, é uma coisa que você não consegue fazer
De falar:Então tem esse lado negativo, mas, para mim, pesando na balança, hoje, eu não me vejo morando no Brasil
De falar:Principalmente por questões de viagens
(Stefanie):Sim. É interessante isso que você falou, a questão de que você vai ser sempre imigrante, né?
(Stefanie):Eu super sinto isso também, assim, não é todo mundo, mas pessoas que tem essa mentalidade
(Stefanie):Eu sinto, assim, que me subestimam muitas vezes, sabe?
Aí quando a pessoa fala:"ah você faz o que da vida?", aí você fala: "ah, eu sou programador", "nossa!"
Aí quando a pessoa fala:Aí, sabe uma outra reação, do tipo, nunca tinha passado nem na cabeça da pessoa
Aí quando a pessoa fala:Que você pudesse fazer algo legal, também, sabe? Assim, interessante
Aí quando a pessoa fala:Isso e um outro ponto que você falou de ter coisas ruins.
Aí quando a pessoa fala:A questão das consequências da Segunda Guerra, sabe?
Aí quando a pessoa fala:Questões históricas, aqui, que muitas vezes nem eles processaram 100%, ainda
Aí quando a pessoa fala:Então...
Aí quando a pessoa fala:Você tem ainda vários grupos neonazistas, aqui
Aí quando a pessoa fala:Às vezes, muitas vezes, ligados com a polícia, com políticos, então é terrível eu acho isso terrível
sabe? Você fica romantizando:"Ah, a Alemanha é ótimo, politicamente também é ótimo". Não é
sabe? Você fica romantizando:Por mais, assim, que seja melhor que o Brasil, sim
sabe? Você fica romantizando:Ao mesmo tempo você tem ali é, cada vez mais, a direita também crescendo
sabe? Você fica romantizando:Aqui também, com a FD, né? O partido, lá
sabe? Você fica romantizando:Um dia desses aí, essa semana, pegaram um escândalo dessa organização Neonazi. (Stefanie): P*rra, com polícia, com político.
(Stefanie)Você pensa::"o quê, velho?"
(Stefanie)Você pensa::E tipo, as consequências mínimas, assim, não fazem nenhum escândalo da situação, né?
(Stefanie)Você pensa::Porque é tão institucionalizado, já, essa coisa toda
(Gabriel):Sim, mas acho que tu tem uma experiência diferente do que a galera de Berlim, né? Por exemplo, em Colônia
(Stefanie):Em que sentido? (Gabriel) Porque eu vejo Berlim muito mais cosmopolita, sabe?
(Stefanie):E eu vejo o pessoal falar menos dessa questão de se sentir imigrante, de ter problema de fazer amizade, né?
(Stefanie):É, a última vez que eu fui em Berlim foi em 2018, e era difícil achar a gente falando em alemão nas ruas
(Stefanie):Tipo assim, você anda na rua, você escuta mais em inglês, inglês, inglês, então é uma outra cultura
(Stefanie):Completamente, até dentro da Alemanha, né? existe muitas piadas, claro, assim, sobre a questão da cultura de Berlim
(Stefanie):Você tem que gostar, né? Aquela coisa, né?
(Stefanie):Balada (risos)
(Stefanie):É balada, inglês e essa coisa que você falou, bem mais cosmopolitano
(Gabriel):Sim, mas e até, antes de fechar, tipo porque eu acho que a gente teve uma conversa legal
(Gabriel):Assim, sobre os pontos legais, os pontos ruins e de não romantizar, né?
(Gabriel):Mas hoje, quando tu coloca tudo isso na balança, ela pesa mais para morar aí ou morar no Brasil?
(Stefanie):Então, tenho 0 plano e vontade de voltar para o Brasil
(Stefanie):Eu gosto muito de morar aqui também, meu namorado é alemão, então ele gosta também da Alemanha, no geral
(Stefanie):Então assim, da cultura alemã, da cultura pop, né? Digamos assim
(Stefanie):Então assim, eu me sinto integrada, por mais que tenha essas questões aí de eu ficar me questionando, né?
(Stefanie):Me sinto integrada, gosto de morar aqui, gosto dos benefícios, então pesa muito mais para ficar aqui do que para sair
(Stefanie):Mas assim, quando eu escuto história de brasileiros que voltaram para o Brasil, eu super consigo entender
(Stefanie):Porque não é fácil e não tem também essa coisa aberta e super cheia de vida que o Brasil tem
(Stefanie):Inclusive, eu nem lembro quase, como é isso. Eu tô super animada para visitar lá, daqui a dois dias
(Stefanie):E sentir um pouco disso de novo (risos)
(Gabriel):Que legal. Não, mas faz todo sentido, eu já falei algumas vezes e quero repetir
(Gabriel):Tipo, se você mora fora e quer voltar para o Brasil, não tem problema nenhum
(Gabriel):Não sei... Sei que algumas pessoas pensam assim: "ah, não, mas dá um passo para trás"
(Gabriel):Não, dá um passo para trás não, a vida é longa, né? Mas também, de certa forma, é curta para ficar sofrendo
(Gabriel):Tipo, tá em qualquer outro país, quer voltar.
(Gabriel):Se algum dia - complica porque minha companheira não é brasileira, né? Então -
(Gabriel):Mas beleza, mas se algum dia eu quiser voltar eu vou conversar com ela
(Gabriel):E eu não vejo problema nenhum, não vejo um passo atrás. Se depois, no futuro, quiser ir para outro lugar, tá tudo ok, né?
(Gabriel):Não tem essa, não tem glamour, é um país, todo lugar que eu vou estar tem desvantagens.
(Gabriel):Algum se encaixa melhor para diferentes pessoas, né? Como você contou agora
(Gabriel):Com todos os problemas, vantagens, desvantagens tu se vê melhor aí, e é isso, se no futuro isso mudar, né?
(Gabriel):Conversar, se organizar e partir para a próxima, porque a gente tem certo privilégio em TI, né?
(Gabriel):Como você viu, tipo, a psicologia já complica um pouco mais para fazer essas mudanças
(Gabriel):Então, vamos aproveitar e, sei lá, desmistificar essas mudanças, né? De: "mudar de país e voltar para o Brasil é ruim"
(Gabriel):Não, não é ruim. Se um dia eu quiser, eu vou sem pensar duas vezes
(Gabriel):Com certeza, e assim, hoje em dia o Brasil tá tão, em questão de de tecnologia mesmo
(Gabriel):Você tem ótimas empresas lá para se trabalhar
(Gabriel):Sei lá, falar uns nomes aleatórios que eu vejo assim, que parece ter uma cultura legal:
(Gabriel):Nubank, Adasa. Empresas grandes e que o povo só escuta coisas positivas de se trabalhar lá
(Gabriel):Então, você saindo daqui da Europa, ainda mais com maior experiência nternacional na área
(Gabriel):Você vai chegar no Brasil com uma outra cara, um outro currículo, só tem coisas positivas
(Gabriel):Não, de forma alguma eu voltar para o Brasil é algo negativo, é você "fracassar"
(Gabriel):Algumas pessoas têm isso, essa mentalidade, que é fracassar, porque é como se não tivesse dado certo
(Gabriel):E é muito pelo contrário, você veio, você teve uma experiência. E tá com vontade de voltar?
(Gabriel):Volta, até porque se quiser voltar depois, de novo para Europa, volta também, não é isso?
(Gabriel):É isso, é isso. Vamos simplificar as coisas
(Gabriel):Stefanie, antes de fechar, queria deixar o espaço para ti
(Gabriel):Se tu quiser divulgar teus links, redes sociais ou qualquer mensagem final, fica à vontade
(Stefanie):Sim. Então, eu gostaria de promover aqui a questão das mulheres na tecnologia (risos)
(Stefanie):Acho que é bem importante. A gente tem uma representatividade ainda bem pequena, na área
(Stefanie):Então, se você é mulher e está ouvindo esse podcast, tá com vontade de entrar na área
(Stefanie):Pode entrar em contato comigo. Pode ser através do site, que tá na descrição
(Stefanie):Ou através do LinkedIn. E a gente conversa, eu te ajudo te mostro uns caminhos
(Stefanie):Porque é super possível, e vale a pena
(Stefanie):Acho que o Gabriel também tem experiências positivas para contar aí, de trabalhar na área
E... É isso. (Gabriel):É isso, muito bom, muito bom mesmo o recado, acho que assino embaixo
(Gabriel):Acho que falta, né? E também, eu já conversei em outros episódios com as mulheres que eu convido, né?
(Gabriel):Também as mulheres têm muito mais a Síndrome do Impostor, então por isso que eu tento trazer
(Gabriel):Desde que eu percebi isso, trazer mais mulheres pro podcast, para mostrar que também tem pessoas, né?
(Gabriel):Como vocês, que tá fazendo coisas muito legais, talvez ficam às vezes... São encobertas, né? Pelo padrão, né?
(Gabriel):Do que a gente tem em TI que são, normalmente, homens brancos, né? Liderando tudo
(Gabriel):Mas não, por exemplo agora mesmo. Nossa, qual que foi a empresa que uma mulher virou CEO?
(Gabriel):Brasileira, esqueci o nome. Do Slack. Sim, uma brasileira acabou de virar CEO do Slack então sim, muito bom
(Stefanie):Nossa, que bacana!
(Gabriel):Sim, sim, sim, o CEO, ele assumiu outro cargo e aí ficou com ela. É, eu só não entendi se ela já nasceu no Brasil ou se nasceu aqui
(Gabriel):Porque quando eu abri o link dela, eu vi toda carreira nos Estados Unidos e eu fiquei com dúvida. (Stefanie): Ah, tá
(Gabriel):Mas de qualquer forma, é sempre bom ver essas coisas, né? Acho que é legal
(Gabriel):Quando você vê pessoas semelhantes, né? Porque, por mais que a gente saiba que dá, mas acho que dá uma inspiração maior, então
(Stefanie):Não, com certeza, pra mim também fez toda a diferença ver mulheres como a Emma Bostian, que trabalha no Spotify
(Stefanie):E pessoas que você vê, então, alcançando cargos maiores
(Stefanie):Como você falou, a gente sabe que é possível, mas você vê mulheres representando também, estando nessas posições
(Stefanie):Se torna cada vez mais possível, no nosso cérebro, né? Então, para mim foi importante, como você falou
(Stefanie):A questão da Síndrome do Impostor, você vê o quê? Qual foi o caminho dessa pessoa para chegar em tal lugar?
(Stefanie):Como que ela fala sobre tal assunto?, né? Como que ela também fala sobre Síndrome do Impostor?
(Stefanie):Como que ela passou por aquilo? Então, foram essas coisas que me fizeram não desistir de continuar na área, nos primeiros anos
(Stefanie):Então, com certeza faz toda a diferença
(Gabriel):Muito obrigado pelo tempo, acho que foi uma conversa sensacional, espero coisas melhores
(Gabriel):Ainda bem que tu tá numa empresa, né? Que a cultura agora é melhor. Então espero que tudo fique melhor ainda
(Gabriel):E que CrossFit traga boas pessoas para se conectar, porque faz toda a diferença na vida, em qualquer lugar que você tá
(Gabriel):Mais fora, né? Faz uma diferençazinha maior ter boas conexões, né?
(Gabriel):Então que dê tudo certo para ti e brigadão
(Stefanie):Maravilha, muito obrigada, adorei participar e quando estiver na Alemanha, manda aí uma mensagem que a gente se encontra