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Project Manager em Londres, Inglaterra, com Ana O’Sullivan - Mudanças, Resiliência, e Filhos #97
Episode 9715th March 2023 • TPA Podcast: Carreira Internacional & Tech • Gabriel Rubens
00:00:00 01:09:26

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Shownotes

No episódio de hoje, a Ana O'Sullivan, vai nos contar sobre a sua mudança para as Ilhas Cayman e depois para Londres, onde ela já vivo por volta de 14 anos, e trabalho como Project Manager. E também vamos conversar sobre a vida em Londres, e como é ser mãe por lá.

A Ana é irmã do Pedro Bertacchini, que já participou do podcast e falou sobre a sua vida em Londres e em Vilnius, na Lituânia, e você pode ouvir o episódio com o Pedro aqui.

Ana O’Sullivan

Profissional de projetos morando Londres

Créditos

Lista de Episódios

Palavras-chave:

  • Project Manager em Londres
  • Filhos em Londres
  • Morando nas Ilhas Cayman
  • Mudança para Londres

Por Gabriel Rubens ❤️

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Transcripts

Speaker:

Fala pessoal, bem-vindos ao TPA Podcast. Aqui novamente o Gabriel Rubens e hoje mais uma vez

Speaker:

indo contar sobre como é trabalhar e viver em Londres. Mas hoje é um pouco diferente do que os

Speaker:

outros episódios porque há pouco tempo atrás o Pedro Bertakini participou contando como era a

Speaker:

dele em Vilnius, na Lituânia. Ele também falou que já tinha morado em Londres e detestava.

Speaker:

E aí hoje está aqui a irmã do Pedro, que mora em Londres, que tem uma opinião diferente

Speaker:

e vai falar qual que é a opinião dela sobre vários e vários anos mesmo já morando em

Speaker:

Londres. Então estou aqui hoje com a Ana Ossolivan, que vai contar como está sendo

Speaker:

morar, trabalhar, criar filhos nessa cidade. Tudo bem, Ana?

Speaker:

Obrigada, Gabriel, pelo tempo, não é?

Speaker:

Pra poder contar a minha história e contar o meu lado de Londres.

Speaker:

Eu sou gerente de projetos já há 12 anos, 14 anos, gente, 15 anos.

Speaker:

Eu já tô em Londres há 15 anos. Eu acho que o tempo passa voando, né?

Speaker:

Você pisca e já estamos em 2022. Mas eu sou natural de Buenos Aires, como Pedro, somos argentinos, só que nos criamos no Rio de Janeiro.

Speaker:

E eu vim para Londres com 23 anos. Antes de Londres eu fui morar no Caribe, nas ilhas Caimã.

Speaker:

Porque eu trabalhava num banco americano que abria contas nas ilhas Caimã e nessa eu fiquei,

Speaker:

eu falava muito no telefone com o pessoal brasileiro em Caimã e eles me falavam,

Speaker:

aqui é ótimo, tem praia, é tax free e eu com 21 anos achei, nossa, que lugar maravilhoso,

Speaker:

Fui na Carina Coragem, fiquei lá dois anos e meio e eu trabalhava na parte de Asset Management,

Speaker:

certo? Fundos de investimento.

Speaker:

Fazia trabalho administrativo naquela época, era muito novinha, e lá eu conheci o meu ex-namorado,

Speaker:

que era inglês, e decidimos vir para Londres.

Speaker:

O relacionamento não vingou, mas quando eu vim pra Londres, eu sentia muita falta dessa,

Speaker:

coisa de cidade, como é o Rio de Janeiro, e eu me formei em jornalismo, comunicação,

Speaker:

nada a ver.

Speaker:

E quando eu fui procurar estágios e me formei, como eu falava bem inglês naquela época,

Speaker:

passei no processo sabidístico do tal banco americano. Por isso que quando eu vim para Londres,

Speaker:

o meu currículo já era de trabalhar em banco e tal, nada nada a ver com projetos, era mais assistente

Speaker:

mesmo para wealth management. Aí fui trabalhar num banco suíço aqui, você sabe que Londres é

Speaker:

multinacional, não é? O centro financeiro da Europa, quase do mundo também.

Speaker:

A partir daí eu vi que o que eu gostava... Eu fui contratada, na verdade, a princípio, para trabalhar num projeto.

Speaker:

Eu não era o gerente, mas eu gostei muito da dinâmica de projeto, certo?

Speaker:

Tem começo e fim, e é um grupo de pessoas diferente do Business as Usual,

Speaker:

que todo dia pode ser coisas novas.

Speaker:

Enfim, eu achei que o jeito de trabalhar em projetos tinha mais a ver comigo.

Speaker:

Então eu fiz os cursos de gerência de projeto por minha conta mesmo.

Speaker:

E nesse emprego que eu estava eu queria muito passar para a área de projetos, só que eles estavam fazendo jogo duro.

Speaker:

Não, a gente quer que você fique aqui nessa área. E eu tive que tomar uma decisão.

Speaker:

Ou eu peço demissão e vou procurar realmente a parte de projeto, ou eu continuo nessa carreira mais estável,

Speaker:

Porque, enfim, eu posso continuar fazendo o que eu estava fazendo.

Speaker:

E eu decidi chutar o balde.

Speaker:

Eu pedi em demissão sem ter outro emprego, mas eu tinha convicção.

Speaker:

É isso que eu quero fazer. Sabe quando você se acha em algo e você sabe que aquilo dá certo?

Speaker:

Simplesmente entende que aquilo é...

Speaker:

Pra você, né? Pra você, sim. É aquilo que você quer fazer.

Speaker:

Sim, porque o trabalho é o que a gente gasta tanto tempo.

Speaker:

Exatamente. Então achar uma coisa e falar, foda-se. Exatamente.

Speaker:

Eu trabalhava muito nesse banco, tipo, de 8 da manhã e o Pedro até falou, você trabalha muito em Londres.

Speaker:

Então se você vai fazer uma coisa que vai pedir tanto seu tempo, tem que achar uma coisa

Speaker:

que você gosta, certo? Senão você vai viver esperando sexta-feira de tarde acontecer.

Speaker:

E eu realmente não opero assim. Até hoje em dia eu ainda adoro gerenciar projetos.

Speaker:

Fiz um mestrado em gerência de projetos. Então tudo que você faz com amor, certo? Aquilo flui.

Speaker:

Aquilo realmente só adiciona a sua experiência pessoal.

Speaker:

A sua carreira passa a ser uma coisa prazerosa, não só um resultado do seu trabalho do dia a dia.

Speaker:

Então, continuei, enfim, fiz o meu mestrado em projetos, consegui o emprego, né, em um mês eu consegui,

Speaker:

era até a época das Olimpíadas, em Londres, então aquele mês que eu fiquei, em casa eu fiquei assistindo as Olimpíadas,

Speaker:

e mandando currículo.

Speaker:

E basicamente falando, olha, eu nunca gerenciei, não tive essa função, mas já trabalhei em projetos,

Speaker:

fiz os cursos e tal, por minha conta.

Speaker:

Eu precisava daquela primeira oportunidade.

Speaker:

E quando aquilo rolou, nossa, foi muito legal. Eu realmente me achei, pensei assim, eu fiz a decisão certa.

Speaker:

Mas foi um gamble, tipo uma aposta, exatamente. Foi uma aposta e até hoje eu tô, depois disso, tinha o que?

Speaker:

26 anos.

Speaker:

Eu tô com 38, 15 anos que foi uma aposta que deu muito certo.

Speaker:

E fazer isso em Londres, para o Jornel de Prata, tem muita demanda no mercado.

Speaker:

Então, não vou falar, é fácil arranjar um emprego em projetos.

Speaker:

Eu acho que como tem muita demanda, você está sempre fazendo networking, certo?

Speaker:

Eu agora não trabalho, eu trabalho como terceirizada.

Speaker:

Eu vou, faço projeto e eu posso continuar naquela empresa, eu posso ir para outra.

Speaker:

Eu só parei duas vezes, certo?

Speaker:

Gaps, duas vezes, que foi quando eu tive os meus dois bebês.

Speaker:

Eu realmente não podia continuar.

Speaker:

Mas fora isso, tem sido assim, non-stop. tem sido muito legal.

Speaker:

Você falou uma coisa interessante, né? Lá que é da... Nasceu na Argentina, morou no Brasil,

Speaker:

foi para Ilhas Caimã e agora Londres.

Speaker:

Então, tu tem...

Speaker:

Tem uma vida e raízes multicultural, né? Aí, na tua...

Speaker:

Na tua vida, né? Você é uma pessoa que tem essa... Vários, vários...

Speaker:

Lados de diferentes países.

Speaker:

Então, eu queria saber dessa tua ida para Londres. Tu passou o boas partes da tua vida no Rio, então acho que isso acaba influenciando

Speaker:

muito a cultura, quem você é, o lugar, o ambiente influencia, mas a tua família é

Speaker:

da Argentina, então isso também tem um peso ali. E você foi para lugares completamente

Speaker:

diferentes, como Ilias Caimã, que eu não conheço nenhum brasileiro que foi para lá,

Speaker:

e depois para Londres. O que tu sentiu diferença indo morar nesses lugares comparando com a

Speaker:

vida que você tinha no Rio de Janeiro?

Speaker:

Nossa, é completamente diferente. A Argentina do Brasil, água e vinho, não é?

Speaker:

E ilhas de Caimã é uma ilha muito pequena. Depois dessa conversa, bota no Google, certo?

Speaker:

É muito, muito pequenininha, como se você morasse num bairro.

Speaker:

E Londres, essa explosão multicultural. Então, a diferença entre a vida no Rio com todos esses lugares,

Speaker:

o Rio é uma cidade maravilhosa, não é?

Speaker:

Você, pela perspectiva de uma pessoa jovem, que eu fui, terminei o segundo grau lá, fiz faculdade.

Speaker:

Me formei, fiz alguns estágios e o meu primeiro emprego mesmo foi lá.

Speaker:

Então a experiência que eu tenho é de uma pessoa muito nova que está batalhando, certo?

Speaker:

Você está, você sabe, você sai da faculdade e você está atrás de emprego.

Speaker:

E o mercado de trabalho lá para o que eu fazia já estava muito saturado, jornalismo.

Speaker:

Você tem a Rede Globo lá, mas todo mundo quer ir para Rede Globo, certo?

Speaker:

Então você é um de 100 mil fazendo concurso.

Speaker:

Então, ao mesmo tempo que você tem essa cidade maravilhosa que você quer aproveitar,

Speaker:

você vai para a praia todo o final de semana, a parte de trabalho sempre foi difícil, no

Speaker:

sentido de poucas vagas, muitas pessoas, o mercado bem saturado.

Speaker:

Então, na verdade, eu saí do Brasil para ver outras possibilidades.

Speaker:

Eu estava com aquela curiosidade de uma pessoa de 21 anos que eu não tinha medo porque eu

Speaker:

já tinha experimentado viver em outros lugares.

Speaker:

Eu obviamente sentia saudades da minha família, mas eu tinha aquela curiosidade, aquele espírito aventureiro, certo?

Speaker:

E eu sempre pensava, bom, se isso não der certo, eu sempre posso voltar para o Rio,

Speaker:

que é uma ótima, é uma ótima opção. Mas se eu não tentar, eu vou ficar aqui remoendo aquilo, gente.

Speaker:

Será que aquilo teria dado certo?

Speaker:

Então eu fui para a Caimã na Cale na Coragem e vi que lá...

Speaker:

Também é um lugar de praia, só que é um lugar pequeno, então, de novo, você com 21, 22, 23 anos,

Speaker:

você está sentindo falta de ser exposto a muita coisa, tem aquela energia, certo?

Speaker:

Eu com 21 anos fiz um mochilão pela Europa, fiquei um mês sozinha, certo?

Speaker:

Eu ia com uma... Era na época que não tinha celular, certo?

Speaker:

Não tinha celular pra você botar a Google Maps pra você se achar...

Speaker:

Eu não sei como seria isso.

Speaker:

Nossa. Desde a minha primeira viagem eu já tinha, sei lá, então eu não consigo imaginar.

Speaker:

Eu vejo as pessoas da minha sacada aqui com mapa de papel, sabe, muito mais velhinho,

Speaker:

e eu fico perdido com GPS.

Speaker:

Essa era eu. Imagina um mapa de papel. Imprimia mapa, imprimia confirmação de albergue, eu ficava em albergue, certo?

Speaker:

Pra poder ligar pra minha família, eu via naquela lan house pra poder... Sim.

Speaker:

Não sei nem se hoje em dia isso ainda existe, certo? Era um lugar com vários computadores, e cabine telefônica...

Speaker:

Cybercafé. Cybercafé. Gente, hoje em dia é tudo no meu iPhone, tudo...

Speaker:

Não precisa nada disso, mas você fazer um mochilão com 21 anos sozinha, nessa...

Speaker:

E os voos que eu pegava eram aqueles voos Ryanair, EasyJet.

Speaker:

Eu via que aquilo era, nossa, super barato, 20 euros pra ir da França pra Itália, é

Speaker:

esse que eu vou... Agora, pegar dinheiro, o voo é uma hora da manhã, entendeu? Então

Speaker:

eu ia pro aeroporto, ficava lá mofando no aeroporto, mas eu tava sentindo, gente, aquilo

Speaker:

é o máximo, é uma experiência assim, até o perrengue conta, não é, Gabriel? Porque

Speaker:

você tem história pra contar quando você chega em casa.

Speaker:

Você chega em casa. É sempre legal depois que passa, na real.

Speaker:

Sim, é uma história pra você contar quando você chega de viagem.

Speaker:

Então, eu não tinha medo dessa experiência.

Speaker:

Quando eu fui pra Caimã, eu sabia, bom, qual o pior que pode acontecer?

Speaker:

Aquilo não dá certo e eu vou voltar.

Speaker:

E eu volto pro Rio de Janeiro, entendeu? Que é um lugar ótimo. Ou vou pra Buenos Aires.

Speaker:

Então, as minhas opções, os meus backups não eram opções ruins, entendeu?

Speaker:

Não era se isso não der certo, a minha vida acabou.

Speaker:

Não, nada disso, eu estava no começo, então, nothing to lose, entendeu?

Speaker:

Esse era o que eu sentia.

Speaker:

E Caimã, também pelo sentido de viagem, você está no meio do Caribe, então você

Speaker:

pode ir para Miami, para Jamaica, para Cuba, entendeu?

Speaker:

Lugares que se você está no Brasil, é tão longe, é tão caro, que você nem, entendeu?

Speaker:

Nem pensa naquela possibilidade. Não, não.

Speaker:

É mais do que ter o salário pra fazer uma coisa dessa no Brasil, né.

Speaker:

Então por isso que eu tô falando da viagem com o celular e com o mapa, a gente, a nossa

Speaker:

cidade não é tão diferente. A diferença é que eu só fui viajar perto dos 30, sabe.

Speaker:

Então pra mim viajar já era com o celular. Então eu perdi essa oportunidade mais nova de fazer.

Speaker:

O perregui, é.

Speaker:

É, já perdi um pouco, mas... Mas é, no Brasil é tão caro que...

Speaker:

Isso que acontecia comigo naquela época, né. não tinha saído, mas eu ficava assim, pô, você pra ir pra tal lugar,

Speaker:

é mais que um salário, sabe, sempre.

Speaker:

Quando você é estagiário, júnior, e acho que você sente um pouco diferente, né, isso quando você vai,

Speaker:

você falou, tá na Índia Caimã, daqui a pouco você tá na Jamaica,

Speaker:

tá em outro lugar, porque o preço não é tão caro.

Speaker:

Exatamente, aquilo até para as pessoas com as quais eu convido,

Speaker:

aquilo era banal, entendeu? Eles não davam o valor que eu dava.

Speaker:

Eu falei, gente, eu vou pra Cuba. Cuba, meu Deus, entendeu?

Speaker:

E era naquela época que, eu não sei como é que tá agora, Mas assim, as pessoas falavam, Ana, não despacha a mala, porque eles abrem mala, vão pegar,

Speaker:

tu vai com uma mochilinha, entendeu?

Speaker:

E você andava por Cuba, era aqueles carros dos anos 50, entendeu?

Speaker:

E as pessoas sentadinhas do lado de fora de casa. Então era como se você tivesse entrado numa máquina de tempo.

Speaker:

Só essa experiência, Gabriel, não precisava eu ter ido pra Nova York, entendeu?

Speaker:

Uma coisa muito diferente.

Speaker:

Pra mim Cuba foi uma experiência assim...

Speaker:

Uma das mais memoráveis em termos de viagem. Eu gosto muito de viajar, então quanto mais diferente

Speaker:

da minha realidade, mais interessante aquilo era. E o que me possibilitou aquilo era estar num mercado

Speaker:

de trabalho mais norte-americano, que nas ilhas Caimã é uma ilha britânica. Então o pessoal lá era

Speaker:

americano, canadense, sul-africano, todo o pessoal que falava inglês e ia pra lá

Speaker:

pra trabalhar nos bancos pequenininhos, entendeu? Todo banco no mundo tem um

Speaker:

escritório em Caimã e todo escritório precisa de um administrativo, então tá

Speaker:

aí a dica, se você quer sair do Brasil e começar, entendeu? Em Caimã não se paga

Speaker:

imposto pelo seu salário. Então já aquilo me deixava numa vantagem para poder juntar

Speaker:

um pouco de dinheiro, para poder viajar. Então aquilo foi que mudou o meu dia a dia, porque

Speaker:

o mochilão foi com todas as moedas. Você estava lá juntando para fazer uma grande

Speaker:

de viagem. Caimã foi mais... bom, agora a minha vida mudou em termos de ter aquele

Speaker:

poder aquisitivo de ter o meu hobby, que era viajar, como algo mais regular, mais presente na minha vida.

Speaker:

Legal. E o que você sentiu diferente de cultura mesmo das pessoas?

Speaker:

Tu ainda é muito novo, né? Então a cultura de trabalho ainda não é algo que tu tem tão forte

Speaker:

com a raiz brasileira, né? Ou pelo menos do Rio.

Speaker:

Mas no teu dia a dia, como que era com as pessoas? Qual foi o choque que tu teve de estar lá?

Speaker:

Ou não teve nenhum? Teve choque, sim, porque eu estava lá sozinha, não é? Então, primeiro, a língua.

Speaker:

Eu falava bem inglês, mas eu falava bem inglês trabalhando num banco americano no Rio.

Speaker:

Então, falava inglês no trabalho, voltava em casa, era tudo português.

Speaker:

Assistia as minhas novelas, entendeu? Vi as minhas ali.

Speaker:

Quando eu fui morar em Caimã, era inglês 24 horas. Os canais todos eram em inglês, não tinha esse negócio de você ir no Globo.com e

Speaker:

assistir.

Speaker:

Não, era tudo inglês. Dava uma dor de cabeça no final do dia.

Speaker:

E eu falava as coisas erradas. algumas coisas eu trocava, então foi uma aula de inglês assim, bem...

Speaker:

Não é nem como se fosse um intercâmbio, com o intercâmbio você ainda tá estudando,

Speaker:

mas lá eu tava trabalhando, então a pressão de você não dá nenhum furo, entendeu?

Speaker:

E eu muito nova também, as pessoas eram um pouco mais velhas do que eu, mas como eu me formei muito nova,

Speaker:

Eu já tinha essa experiência de trabalho por um...

Speaker:

Eu me formei com 20 anos.

Speaker:

Então, muito novinha. Com 21, eu já tinha um ano e pouco de experiência nesse banco americano no Rio.

Speaker:

Então, quando eu fui, as pessoas que estavam no meu nível tinham 3, 4 anos a mais do que eu.

Speaker:

Então você tem 21 para uma pessoa de 25 e a primeira vez que você está morando fora

Speaker:

de casa é uma diferença, entendeu? Você é a pessoa mais...

Speaker:

Você é a bobinha, entendeu? Não sabia... e...

Speaker:

Um exemplo meio vergonhoso, eu não sabia usar uma máquina de lavar, certo?

Speaker:

Eu passei a aprender lá porque todo mundo fazia, não é que nem no Brasil, você tem a sua mãe, entendeu?

Speaker:

Que sua avó, eu morava com a minha mãe, com a minha avó, então é uma criação um pouco mais fechadinha.

Speaker:

E você vai morar sozinho, você tem que se virar, pequenas coisas, entendeu?

Speaker:

Se você gosta de comer, você tem que aprender a cozinhar bem rápido, porque senão você passa fome.

Speaker:

A necessidade de país, sim, faz com que você se vire.

Speaker:

Então o choque profissional no Rio tinha aquela pressão. Você tem 15 pessoas para a sua vaga, entendeu?

Speaker:

Você tem que estar muito grato que aquilo que você foi o escolhido e agora você tem que manter de qualquer jeito.

Speaker:

Quando você vai para um lugar onde não é tão competitivo, no sentido de não é todo mundo que vai para uma ilha, certo?

Speaker:

Eu acho que eles te dão um pouco mais de valor, entendeu? Tem aquela troca de não...

Speaker:

Tratar você como se... Entendeu? Pode ter outra pessoa ali, não quer, a gente vai contratar outra.

Speaker:

Exatamente, exatamente. Não tem aquela ameaça, aquela ameaça,

Speaker:

ah, não está gostando, pode ir embora. Porque se você for embora,

Speaker:

aquilo desfalca o time com qual você está...

Speaker:

Sim, sim. A equipe com a qual você está trabalhando. E eu acho que em Londres também, mesmo tendo muita gente,

Speaker:

a dinâmica, esse respeito à pessoa que é junior também,

Speaker:

Eu vejo mais do que eu via no Brasil. Essa é a minha experiência.

Speaker:

Não sei como é no Brasil agora, mas eu acho que por ter muita gente por vaga,

Speaker:

não se dava muito valor aquela pessoa, entendeu?

Speaker:

Que estava fazendo, que estava ainda aprendendo, entendeu? Aqui em Londres tem muito esse negócio de mental health,

Speaker:

essa pessoa pode tirar um personal day.

Speaker:

É um pouco mais evoluído nesse sentido de olhar para o lado pessoal do empregado e do.

Speaker:

Mesmo jeito que olha para o lado profissional de performance.

Speaker:

Sim, não faz sentido. Acho que pode influenciar também qual o mercado de trabalho, né?

Speaker:

Dependendo do país, qual o mercado de trabalho é mais saturado, tem mais demanda, mas acho

Speaker:

que sempre que a gente vai para algum mercado que tem uma necessidade maior, acho que o

Speaker:

Nosso tratamento vai ser sempre melhor, né.

Speaker:

Já trabalhei em lugares também que eu...

Speaker:

Não é que eu sentia, eu sabia que era todo mundo descartável.

Speaker:

A gente fazia faculdade, eu trabalhei com instalação de TV a cabo.

Speaker:

E era horrível, era horrível.

Speaker:

O trabalho era complicado, mas o tratamento... Que era basicamente isso, qualquer coisa que você ia falar era...

Speaker:

Então faz, você está feliz. Sai no meu horário, quando eu comecei a fazer faculdade, né, em tecnologia.

Speaker:

Eu falei, vou precisar começar a sair no meu horário, eu não posso chegar mais cedo, eu tava só falando que ia ter que fazer menos hora extra.

Speaker:

E a resposta foi, quer fazer faculdade, pede as contas.

Speaker:

Nossa, o Ritro. E foi a diferença de tratamento. Quando você vai no mercado como TI, programação, eu já comecei a sentir ok, as pessoas já,

Speaker:

não é assim, já falam assim, não estou muito feliz no trabalho, alguém já vai perguntar o porquê.

Speaker:

Então é sempre bom saber tipo, o tipo de mercado que você está e se ele tem assaturado

Speaker:

ou não, porque isso vai mudar o tratamento, né? É um pouco mais igual.

Speaker:

Sim, você ter a retenção da sua equipe é muito importante. Eu sempre falo que a pessoa não larga um emprego, larga um chefe, Serga.

Speaker:

Aquela pessoa que não está te dando suporte para você fazer o seu trabalho ou para você alcançar as metas que você quer conquistar na sua carreira.

Speaker:

Então, Londres é tão multicultural, você tem pessoas do mundo todo trabalhando aqui.

Speaker:

Às vezes o inglês é a minoria, entendeu?

Speaker:

Em algumas equipes dependendo da indústria. Então aquela pessoa que está gerenciando uma equipe tem que, às vezes, se adaptar um pouco

Speaker:

a essa cultura, multicultura, não é? E fazer com que aquilo trabalhe bem.

Speaker:

Aqui eles têm muito aquela coisa de group meetings after work, mais antes do Covid, não é?

Speaker:

Sair todo mundo para o pub, para enfim, ter aquela...

Speaker:

Criar aquela união. Tinha um pouco de equipe, né? Tinha que criar relação.

Speaker:

Sim, sim. Tem building, né? Exatamente. Para as pessoas criarem um certo laço.

Speaker:

Sim, e é importante, faz muita diferença.

Speaker:

Como a gente falou antes, você passa muito tempo no trabalho, aqui se trabalha muito,

Speaker:

então se você não estiver feliz, e aqui em Londres tem muitas vagas, muitas empresas,

Speaker:

muito de tudo você vaza e isso vai vai ser pior para o seu empregador do que para você

Speaker:

você talvez ou você vai arranjar outra coisa ruim ou uma coisa melhor então o incentivo

Speaker:

entendeu está mais no seu empregador do que na pessoa de tentar consertar aquilo entendeu.

Speaker:

Então agora a gente está falando de Londres eu queria saber né nesse polo ilhas caimã

Speaker:

Você vai para um lugar pequeno uma ilhazinha mas que tem a vantagem de ser ainda um lugar mais tropical.

Speaker:

Precipula em Londres.

Speaker:

Agora você está numa cidade gigante multicultural já era também.

Speaker:

Mas agora é diferente. Londres são várias empresas o ritmo muito maior.

Speaker:

E aí volta até no que o Pedro falou que o pessoal era muito frenético.

Speaker:

Eu trabalho, trabalhava muito e isso é um dos lados negativos pra ele.

Speaker:

Então, como foi pra ti, muito nova, dar pra Londres e ir pra um contexto totalmente diferente

Speaker:

do que tu tava acostumada.

Speaker:

Porque antes, quando tu foi pra Londres, já foi com projetos, né?

Speaker:

Não, o que que acontece?

Speaker:

Quando eu vim pra Londres, eu vim com meu ex-namorado que era inglês, então eu não

Speaker:

vim com o emprego certo. E era 2009, quando teve aquele credit crunch.

Speaker:

A gente veio na pior época. Basicamente na pior época.

Speaker:

Isso. Na verdade, Caimã, a gente já tinha decidido que a gente queria ir embora,

Speaker:

queria fazer uma vida em Londres e tal.

Speaker:

Só que quando a gente chegou aqui, eu demorei uns seis meses a arrumar uma coisa mesmo, entendeu?

Speaker:

Eu ainda era relativamente muito… há 23 anos, eu já tinha experiência,

Speaker:

eu tinha experiência internacional, falava línguas, era formada e tal.

Speaker:

Só que tinha muita gente no mesmo barco com essa crise mundial, certo?

Speaker:

Então demorou muito, Gabriel.

Speaker:

E aquilo, eu cheguei aqui no começo do inverno, novembro, entendeu?

Speaker:

Aquele novembro, dezembro, janeiro, fevereiro, aquilo, você fica dentro de casa, certo?

Speaker:

É frio, é cinza, né?

Speaker:

Nossa, foi trevas. Foi a pior...

Speaker:

Foi a pior... Pior experiência possível, certo? você tá ali e você tá num relacionamento, enfim, tem expectativas de uma mudança que

Speaker:

seria bom pros dois.

Speaker:

O meu namorado na época arrumou uma coisa bem rápido, eu meio que senti que fiquei,

Speaker:

um pouco pra trás com orgulho ferido, certo? De não estar conseguindo.

Speaker:

Mas no final, acho que por volta de janeiro, fevereiro eu consegui alguma coisinha, entendeu,

Speaker:

depois pulhei para outra e aí eu ingrenei. Só que com uma pessoa muito nova que está

Speaker:

com essa frustração, que não tem a resiliência que, por exemplo, hoje em dia eu tenho de pensar

Speaker:

olha é trabalho, é um emprego, alguma coisa vai rolar. Foi difícil emocionalmente, mas,

Speaker:

Mas eu acho que era uma coisa que você tem que usar.

Speaker:

Pra você desenvolver aquela força interior pra você lidar com traumas,

Speaker:

desapontamentos, decepções...

Speaker:

E isso, os primeiros seis meses em Londres foram muito desapontadores.

Speaker:

Porque eu estou aqui numa cidade enorme, com coisa pra fazer,

Speaker:

só que eu não estou saindo de casa, porque eu estou mandando currículo.

Speaker:

Eu estou nesse frio... Está muito frio pra sair, eu não estou aguentando.

Speaker:

Não tem ânimo, né? Acho que essa fase de buscar emprego, ele é sempre psicologicamente muito pesado, ainda

Speaker:

mais quando tu não consegue.

Speaker:

E acho que ainda tem a parte pesada de...

Speaker:

Eu tava tentando procurar emprego, não agora, mas um tempo atrás.

Speaker:

Eu lembro de não passar em algumas empresas e eu tava com emprego, mas dá um desânimo

Speaker:

assim muito grande. Ah, é chatíssimo. E eu já tive uma...

Speaker:

É, é muito ruim, porque dá aquela dúvida. Puts, será que eu não consigo?

Speaker:

Por mais que as vezes tu fala assim, eu não fui bem, eu não expliquei bem, eu sei que

Speaker:

eu sei isso, mas eu não tô preparado pra participar de entrevistas, né?

Speaker:

Às vezes esse é o problema, ou às vezes você vai pegando, tá bom, tenho que estudar

Speaker:

mais essa parte aqui, mas é um processo difícil. Eu já passei por esse processo.

Speaker:

Quanto estima, não, né? Eu já passei por esse processo sem estar com emprego, sim.

Speaker:

Eu saí de uma empresa que eu não gostei, então eu só pedi demissão, e eu falei,

Speaker:

daqui a pouco eu consigo um, e demorou três meses, foi horrível também.

Speaker:

Mas que eu também fiz as entrevistas e eu não quis ir para aquela, eu fiquei, tá,

Speaker:

você der dois meses e eu vou para qualquer uma, sabe?

Speaker:

Aí eu falei, não quero ir para uma ruim.

Speaker:

Mas eu lembro que foi pesado, assim, de ficar, caramba, não consigo, não consigo, vou

Speaker:

ter que ir para qualquer lugar.

Speaker:

Então era melhor não ter saído, sabe, para ir para outro lugar.

Speaker:

Mas no final foi bom.

Speaker:

Você fica duvidando que é aquela decisão, mas às vezes, Gabriel, quando você passa

Speaker:

por aquilo e você olha para trás, você tem que ver o que você ganhou daquela experiência, certo?

Speaker:

Acontecer de novo, eu aposto que você não vai, entendeu?

Speaker:

Deixar se abater tanto quanto da primeira vez. Então eu acho que tudo conta, entendeu?

Speaker:

E quando você passa por isso, e eu era muito nova na época, certo?

Speaker:

Você acha que aquilo é o fim do mundo, meu Deus, entendeu? Tô com 23, 24 anos, não tô conseguindo nada, ninguém me quer, entendeu?

Speaker:

Não sirvo pra nada.

Speaker:

Isso é o que aquela vozinha na sua cabeça fica falando, mas depois que você consegue passar por aquilo,

Speaker:

Eu acho que isso até é uma boa experiência de forma, porque se você só der certo...

Speaker:

E agora eu tô com 38. Se eu nunca tivesse tido nenhuma queda, eu tivesse uma queda agora, nossa!

Speaker:

De onde que eu ia tirar essa maturidade, essa força para poder seguir em frente?

Speaker:

Então até isso foi bom, entendeu? Porque quando você começa numa pior, the only way is up.

Speaker:

E isso é o que eu senti com Londres. Os primeiros seis meses foram muito difíceis

Speaker:

por causa desse desemprego, certo? Mas quando eu consegui emprego e depois eu vi que a área

Speaker:

que eu queria era projetos e aquilo me deu um gás tão grande e eu consegui também aproveitar

Speaker:

coisas da cidade, entendeu? A minha volta, que era aquilo que eu queria. Eu saí de Caimã

Speaker:

que era um lugar pequeno porque eu queria morar numa cidade grande e ter aquela exposição,

Speaker:

a coisas que, enfim, que você só consegue em uma cidade como Londres.

Speaker:

Quando eu estava em Caimã, eu ia muito aos Estados Unidos, porque era um voo pertinho, era uma hora e vinte e você estava em Miami.

Speaker:

Ou você podia ir para Los Angeles, para Nova Iorque. Esses eram os lugares que eu ia.

Speaker:

E eu ficava encantada, gente, olha como tudo é diferente, como tudo é mais rápido, como tudo é mais eficiente.

Speaker:

Então eu sempre gostei de cidade grande e sempre tive esse espírito aventureiro,

Speaker:

de querer viajar, de querer experimentar coisas novas.

Speaker:

E Londres para mim foi também de forma cultural um presente.

Speaker:

Eu sei que meu irmão não gosta de Londres, mas eu tenho uma opinião um pouco, bom, bastante diferente.

Speaker:

Pra mim, o estilo de vida daqui é bem rápido, rápido, rápido.

Speaker:

Mas eu já tentei morar em lugar pequeno.

Speaker:

E aquilo, pra mim, não dá muito certo.

Speaker:

Eu passo dois, três dias, relaxo, e depois eu fico assim. Então, e agora? A gente vai pra onde? Entendeu?

Speaker:

Qual o restaurante? Qual é o... Entendeu?

Speaker:

Qual é o programa pra gente fazer? E mesmo agora, não saindo muito por causa que eu tenho dois filhos pequenos,

Speaker:

O meu mais velho tem um ano e meio, um pouquinho mais de um ano e meio.

Speaker:

E a minha neném tem oito meses.

Speaker:

Então, são bem pequenininhos e prende bastante, né? Agora o meu... não tô ouvindo gritos, mas o meu marido tá lá embaixo com eles.

Speaker:

Tá entretendo a tropa.

Speaker:

Então os finais de semana é tudo com eles. Às vezes dá aquele cansaço, mas...

Speaker:

Londres tem muita opção. Muita opção de tudo. E quando vem gente visitar...

Speaker:

Minha mãe esteve aqui umas semanas atrás.

Speaker:

O Pedro, aliás, esteve aqui final de semana passado.

Speaker:

Final de semana passado, o Pedro esteve aqui de sexta a domingo.

Speaker:

E dá pra fazer vários programas legais, entendeu? Ele vem assim...

Speaker:

Eu tenho que fazer aquela pressão emocional pra ele ver, mas ele vem, entendeu?

Speaker:

E eu adoro, mesmo eu não tendo, fazendo todas as opções, eu gosto de morar num lugar que eu sei que as opções existem.

Speaker:

Eu não sei se isso faz sentido, mas...

Speaker:

Exatamente. Não, eu vou pegar essa parte e vou complementar,

Speaker:

porque eu tento falar isso para as pessoas, inclusive a minha esposa, e ela tem dificuldade de entender isso.

Speaker:

Porque é mesmo que eu dá para falar que não faz muito sentido, mas...

Speaker:

Eu moro no centro de Porto, e tem muita coisa para fazer.

Speaker:

E ela quer se mudar para uma casa, porque é muito barulho, como você ouviu, volta

Speaker:

meio alto, ela fica com a ambulância, passando, é barulho, os estudantes, né, eles vêm fazer...

Speaker:

Tem as fases tradicionais dos estudantes, então é sempre aqui perto.

Speaker:

E aí toda vez que a gente vai ver uma casa que eu vejo que ela é boa, já me dá uma

Speaker:

ansiedade, porque é longe do centro.

Speaker:

E eu vejo, putz, essa casa é boa, já parte da cidade, eu fico de certa forma querendo

Speaker:

que tenha algo errado, porque eu fico, putz, se for mudar, morar longe do centro, já,

Speaker:

me dá essa ansiedade, não tem nada em volta.

Speaker:

Aqui eu tenho um café, restaurantes, meu prédio literalmente altera o restaurante sabe, então

Speaker:

eu fico... Sensacional.

Speaker:

Mas é a mesma sensação, ela fala, ah, mas a gente não faz quase nada, a gente vai

Speaker:

mais no café, no restaurante, dá pra pegar o metrô e ir também.

Speaker:

Só que só de ter opção, exato, isso muda, por exemplo, alguns dias a gente almoça

Speaker:

rápido e vai fazer alguma coisa, e eu falo, mano, se a gente for morar longe não vai

Speaker:

ter essa opção. Mas eu não entendo o porquê.

Speaker:

Não ter essas opções não me deixa compar de espírito, sabe? Tipo, ficar assim, cara, se eu for pra algum lugar de férias,

Speaker:

algum lugar pequeno, ok, mas se eu for morar...

Speaker:

Eu sou do mesmo time, Gabriel, super te entendo.

Speaker:

Eu fui, a gente passou Natal no Algarve, certo?

Speaker:

E era um lugar lindo, com piscina. O Natal, na verdade, 23 graus, entendeu?

Speaker:

Então, pra gente... Nossa, verão em dezembro, tinha uma creche também pras crianças,

Speaker:

a gente podia desovar as crianças lá e tomar um chopim pra você.

Speaker:

Foi maravilhoso.

Speaker:

Agora, é bom ir, mas também é bom voltar. Quando eu cheguei em casa, agora voltou a vida normal.

Speaker:

Então, ter esse contraste pra mim é muito interessante. E na parte, como eu trabalho em Londres e tenho muita demanda, pra mim é muito fácil.

Speaker:

E de um projeto pra outro, de uma empresa pra outra, isso é uma coisa que eu dou muito

Speaker:

valor porque tendo morado no Rio quando você vai de um emprego talvez você fique meses

Speaker:

procurando outro entendeu?

Speaker:

Ter essa essa dinâmica é uma coisa que eu dou muito valor entendeu?

Speaker:

Se eu morasse na Inglaterra só que fora de Londres você tem que pegar um trem depois

Speaker:

tem que pegar o metro para chegar naquele escritório.

Speaker:

Hoje em dia eu trabalho de casa 90% eu vou no escritório uma vez por semana que é o

Speaker:

meu work life back. E esse dia que eu vou é muito bacana, eu pego metrô, vou no escritório,

Speaker:

vejo gente, mas 90% do tempo eu tô aqui em casa, deixando as crianças na creche, pegando

Speaker:

de volta, andando com o cachorro, a gente tem um cachorro também, então é uma vida

Speaker:

de bairro, só que é um bairro em Londres, entendeu? Então pra mim eu tenho o melhor

Speaker:

dos dois mundos. É uma coisa que só de ter opção você entende isso. Já me satisfaz.

Speaker:

Eu não preciso fazer tudo todo o final de semana, mas saber que tá lá, por exemplo,

Speaker:

quando a minha mãe...

Speaker:

Muito psicológico, né? Sim, quando a minha mãe veio a gente fez uns três, quatro programas, entendeu? Fomos

Speaker:

no teatro, fomos no circo, disse a Leí, fomos nos restaurantes maravilhosos. Então

Speaker:

Eu fiz quatro programas que nunca faço assim em duas semanas, mas é porque aquilo estava disponível.

Speaker:

Se eu não tivesse aqui, não tinha como.

Speaker:

Sim, porque seria mais longe então, né?

Speaker:

Acho que no Brasil a gente já costuma mais pegar esse transporte muito longo, mas pelo

Speaker:

menos hoje em dia. E para mim era ok. Eu ia de São Paulo, uma hora e meia, duas horas e meia e era tranquilo.

Speaker:

Não que eu gostava, mas eu já não me imagino. Até só de falar para ir num restaurante, ou ir num café, ou andar num parque, que

Speaker:

aqui a gente tem mais opções, ou ir para o Rio.

Speaker:

Tá mais de 30 minutos e já me bate certa... É a idade. A idade também te deixa um pouco mais...

Speaker:

Ah, será que eu vou... Sim, sim.

Speaker:

Eu sei que não é a coisa mais importante. Se tiver que, tipo, por exemplo, é muito caro aqui, tem que mudar, ok, eu vou tranquilo.

Speaker:

Mas enquanto eu tiver a opção, sabe, eu vou priorizar. Segura com unhas e dentes, é.

Speaker:

São fases, acho que são fases da vida. Assim, nunca diga as nuvens.

Speaker:

Talvez um dia eu more fora de Londres, mas por enquanto eu sou apaixonada por Londres,

Speaker:

mesmo com aquele céu cinza que eu te mostrei no início, entendeu?

Speaker:

Eu tava aí, tinha gelo na rua toda manhã, isso a gente não vê aqui.

Speaker:

A gente podia ter feito podcast cara a cara, né.

Speaker:

Perdemos...

Speaker:

Ela falou, viagem de trabalho, eu não vi nada, sem brincadeira nenhuma.

Speaker:

Pelo menos a escritória era do lado da ponte, mas eu não visitei literalmente nada.

Speaker:

É, porque ele é... Você falou dessas dinâmicas de equipe, era bem isso.

Speaker:

Então era trabalho, aí ia para um pub, restaurante, pub.

Speaker:

Normalmente ia o hotel de volta, sabe? O pessoal virava.

Speaker:

Mas então não deu para ver nada, nada. Então ainda tem que ir visitar, porque eu vi a ponte.

Speaker:

Tem que ir no verão, no verão.

Speaker:

Ninguém acha Londres no verão, mas o que tem para fazer? Gente, tem muita coisa para fazer no verão aqui.

Speaker:

Muita coisa muito legal no verão.

Speaker:

E como não é um destino de verão, certo?

Speaker:

Que tá todo mundo no Algarve, né? Tá todo mundo no Algarve, na Pará.

Speaker:

O pessoal fala que basicamente só tem inglês e alguns espanhóis.

Speaker:

Sim, sim. E você raramente ouve português lá no verão.

Speaker:

Sim, a gente foi num lugar que era gente do mundo todo, todos os alemães, entendeu?

Speaker:

Escandinavos, todo mundo lá fugindo do Natal frio, a gente foi a mesma coisa, bem clichê, né?

Speaker:

Inclusive o Pedro foi junto, que o Pedro adora Portugal, então ele passou o Natal também

Speaker:

no Algarve com a gente.

Speaker:

Eu acho que deve ser melhor, porque no verão eu já fui lá e é muita gente.

Speaker:

Eu gostei, não posso falar que não, gostei bastante, mas algumas vezes por aí no centro era muita gente.

Speaker:

Albufeira foi onde eu estava, então era realmente muita gente.

Speaker:

Eu acho que talvez esse negócio da idade ou talvez o meu estado agora, eu não quero

Speaker:

estar com tanta gente. Na Mufuca. Exato.

Speaker:

Mas ao mesmo tempo eu gosto de morar no centro, então é um pouco contraditório.

Speaker:

Sim, férias são férias. acho que nas férias você deve querer sair um pouco da sua realidade para depois voltar

Speaker:

e dar valor de novo a sua situação de estar num lugar mais agitado.

Speaker:

A gente foi a mesma coisa, a gente passou em Portugal e não estava, a gente foi para

Speaker:

Sagres no Algarve, foi maravilhoso, mas porque muito diferente da nossa realidade aqui.

Speaker:

Isso foi o apelo de poder passar férias fora.

Speaker:

Tu sente que está em outro ambiente, então eu acho que é mais fácil descansar se falar

Speaker:

não é o dia a dia normal que a gente tem.

Speaker:

Você comentou sobre a tropa que está lá embaixo e que está quieta, que está saindo

Speaker:

entre ti e aquela outra.

Speaker:

Eu queria saber como é criar as crianças em Londres, porque eu tenho um colega de trabalho

Speaker:

que morava em Portugal, brasileiro, estava em Portugal, foi para Londres, mas ele não

Speaker:

gostou muito de morar em Londres com as crianças.

Speaker:

Porque ele achava... alguma coisa que ele tinha medo. E aí eu queria te perguntar a tua opinião, que era o sistema de saúde.

Speaker:

E ele falou, por exemplo, chamou uma ambulância, demoraram, sei lá, mais de uma hora.

Speaker:

Falaram ciás.

Speaker:

Então ele falou, isso me assustou um pouco, ele passou pouquíssimo tempo.

Speaker:

Mas ele falou, e só isso me assustou e aí eu decidi voltar.

Speaker:

Como eu trabalhava remoto mesmo, ele veio pra Portugal e falou,

Speaker:

cara, eu não posso avaliar como é morar em Londres, porque eu passei três meses,

Speaker:

aí a gente teve isso e eu fiquei com medo e voltei pra Portugal.

Speaker:

Mas como é para ti... E aí eu queria saber de forma mais ampla, né?

Speaker:

Criar as crianças, apesar de elas serem pequenas, mas como está sendo a experiência até então.

Speaker:

E também o sistema de saúde, porque quando você tem criança, eu acho que isso muda muito, né?

Speaker:

Só você é uma coisa, mas com as crianças isso já traz um peso maior.

Speaker:

Então, o sistema de saúde daqui é tipo um equivalente do SUS.

Speaker:

Todo mundo tem um médico de cabeceira e que isso é determinado pelo seu bairro onde você mora.

Speaker:

E todo bairro tem alguns médicos de cabeceira e você se anota no que fica mais conveniente pra você.

Speaker:

Que pra mim ficam umas quadras daqui.

Speaker:

Então qualquer coisa com as crianças, eu ligo pra eles de manhã e quando é com criança

Speaker:

eles veem a criança no dia, certo?

Speaker:

Você não precisa ir pra emergência.

Speaker:

Se for uma emergência assim, de alguma coisa mais séria, você tiver que ir pro hospital,

Speaker:

tem dois hospitais próximos.

Speaker:

Que é um pouquinho no bairro seguinte, só que eu sei que tem uma ala de criança, foi até ali que eu

Speaker:

tive os meus filhos, que tem a maternidade. Então quando é coisa com as crianças eu vou nesse

Speaker:

hospital porque eu sei que tem uma área de criança, de maternidade, pediatras, entendeu? Então a gente

Speaker:

tende a ir ali. Eu nunca tive que ligar para uma ambulância, mas eu não tive problemas também,

Speaker:

também aqui é tudo de graça, é muito raro a pessoa ir num médico particular, é tudo com o

Speaker:

NHS que é o equivalente ao SUS. Criar as crianças aqui tão pequenas, a única coisa assim, a creche,

Speaker:

o valor da creche é muito caro, é muito, muito caro. Então o que acaba acontecendo é as mães

Speaker:

com dois anos em casa, com as crianças, até a criança poder ir pra creche que tem, que.

Speaker:

O governo paga parte quando a criança faz três anos, certo?

Speaker:

Então essa é a única pegadinha, se você for trabalhar aqui, tiver com criança muito

Speaker:

pequena, é melhor a partir de três anos, porque você tem essa ajuda do governo, se

Speaker:

senão se você for pagar particular realmente é...

Speaker:

É muito, muito pesado e é uma das coisas que tem até campanhas aqui para o governo mudar isso,

Speaker:

para ter um pouco mais de ajuda, porque depois a partir dos cinco anos em diante a escola é de graça

Speaker:

até você se formar do segundo grau, mas o pesado mesmo, para te dar um exemplo, uma criança que

Speaker:

full time, assim pode ter um aninho, é tipo duas mil libras por mês, é só para uma criança.

Speaker:

Então é realmente, e é o preço, não tem como você fugir. Então o que acaba acontecendo é você

Speaker:

faz um mix, bota meio período ou alguns dias e outros dias a criança fica em casa e eu tenho dois,

Speaker:

Então a gente tem uma babá que ajuda a gente e o custo é mais eficiente dessa forma, entendeu?

Speaker:

Porque só a creche os dois ia ser... e também são muito pequenos.

Speaker:

Eu não gostaria que eles ficassem o dia inteiro. Eu gosto dessa dinâmica de eu trabalhando de casa, eu posso ver eles, posso pegar,

Speaker:

brincar um pouquinho, entendeu?

Speaker:

Então você tem que ser criativo. Essa é a palavra. O custo é muito caro. Agora, o dia a dia. Como aqui é muito frio...

Speaker:

É difícil levar eles para o parquinho. Tem parquinho perto de casa? Sim.

Speaker:

Tem muitas opções de parquinho, coisas ao ar livre, que são de graça, só que,

Speaker:

é muito frio para você ficar muito tempo fora. Então, ter que entreter eles dentro de casa,

Speaker:

de vez, é difícil. Então, e pode ser uma coisa um pouco isoladora, mas se eles são muito pequenos,

Speaker:

não tem ainda amiguinho, certo? Você que é...

Speaker:

É...

Speaker:

Você é tudo, né? Você é tudo. Você é... Você é... A cozinheira, o mondão...

Speaker:

Você toma conta, brinca... Tudo, tudo. Até o nosso...

Speaker:

E tem também o nosso cachorro, né? Que precisa de atenção. Precisa, Dédica, que é mais um filho. Meu filho peludo.

Speaker:

Então... É difícil. Assim, o que mudou muito foi quando o meu marido passou a trabalhar de casa também.

Speaker:

Ele tava num emprego que tinha de segunda a sexta.

Speaker:

E a gente teve que ter uma conversa e reavaliar isso, porque eu estava muito afogada, não é?

Speaker:

Super, sobrecarregada. E eu tive as crianças com um ano de diferença.

Speaker:

Então, foi assim, em termos também de trabalho, você vai ter um gap para poder ficar em casa,

Speaker:

Mas depois eu achei que também voltar meio período faria sentido também para a minha saúde mental, certo?

Speaker:

Para eu não estar tipo 24 horas, porque criança também é do seu tempo, da sua energia.

Speaker:

E você acaba se anulando um pouco a favor de suprir todas as necessidades de todo mundo.

Speaker:

E eu acho que o que mudou muito a dinâmica foi meu marido pegar um emprego que ele pode trabalhar

Speaker:

agora alguns dias de casa, o meu mais velho está um pouquinho...

Speaker:

Tá mais dias agora na creche, ele vai todo dia de manhã. Então isso também, mas assim, os horários aqui são malucos, né?

Speaker:

Um tá na creche, outro tá em casa, aí daqui a pouco o cachorro tem que sair.

Speaker:

Tem dia que eu estou em casa, mas quinta-feira eu trabalho fora, então é puxado.

Speaker:

Chega no final do dia, você tá pedindo, preesqueço, pelo amor de Deus, vai dormir,

Speaker:

vai dormir, por favor, por favor, vai dormir.

Speaker:

Para você ter uma hora de respirar, assistir um Netflix, o que for, não é?

Speaker:

Para você ter um tempinho para você. Mas eu acho que em qualquer lugar do mundo

Speaker:

você vai ter, com criança muito pequena, você vai ter essa demanda.

Speaker:

A diferença aqui em Londres é que realmente é muito caro você ter uma alternativa aonde você não seja a pessoa presente, certo?

Speaker:

Você pode ir num lugar que eles chamam de soft play, mas você tá ali na função, certo? Você tá ali, você não pode...

Speaker:

O que que é o softplay?

Speaker:

O softplay é tipo um lugar onde a criança, você paga...

Speaker:

É tipo um playground fechado que você paga, tem pula-pula, tem piscina de bolinha...

Speaker:

É exatamente, como nos shoppings.

Speaker:

Mas assim, você paga pra criança ficar uma hora, duas no máximo,

Speaker:

depois aquilo perdeu a graça, entendeu? E você ainda tá lá.

Speaker:

As opções onde você não está presente e consegue trabalhar realmente são muito caras.

Speaker:

Então você tem que avaliar. Ou você vai pegar uns anos fora do trabalho e se dedicar completamente.

Speaker:

Ou você vai fazer um mix, trabalhar meio período e meio período fazer.

Speaker:

Então cada família é diferente. A gente está ainda navegando essas oportunidades.

Speaker:

Graças ao Covid, muitas mais empresas agora deixam você trabalhar de casa até perceberam que a produtividade às vezes é até maior,

Speaker:

você não tem aquele tempo de ter que ir para o escritório voltar,

Speaker:

Então isso me beneficiou em questão de ter filhos muito próximos em idade.

Speaker:

Os dois conseguindo trabalhar de casa até dá uma ajuda, né? Sim, é ótimo, é ótimo.

Speaker:

E você vê pela sua parte pessoal também, você quer estar presente, você não quer

Speaker:

perder nenhum momento importante.

Speaker:

Eu tenho 5 milhões de fotos das crianças, eu não deleto uma.

Speaker:

Quando meu telefone veio aquela mensagem, você não tem mais espaço, eu tive que ir

Speaker:

no cloud e falei, não, não consigo deletar nada, eu preciso de mais espaço porque 5

Speaker:

mil fotos mais uma eu não vou eu não vou conseguir deletar então você quer estar presente na vida dos seus filhos e dá o seu melhor e ao mesmo tempo ter

Speaker:

esse balance não é com o trabalho também de uma carreira que eu gosto eu gosto muito de fazer o que eu faço então pra mim não é aí tem que trabalhar e que

Speaker:

eu vou tão longe da gente não eu amo as duas partes

Speaker:

essas partes da minha vida. Claro, eu amo as crianças mais.

Speaker:

Só que eu acho importante também manter um pouco a sua autonomia.

Speaker:

É, se não tipo, depois, quando a criança cresce, o que que você é, né?

Speaker:

Exatamente, você não pode cobrar da criança ah, eu fiquei aqui na função e agora você tá vivendo sua vida e o que é de mim?

Speaker:

Não, você tem que, você, cuidando de você, você vai ser uma pessoa,

Speaker:

de bem com a vida, até um pai e uma mãe mais bacana de estar próximo.

Speaker:

Sim, você tem coisas interessantes para fazer, para falar também, porque você está vivendo alguma coisa além.

Speaker:

Totalmente randômico, mas eu estava ouvindo um podcast de um autor de um livro sobre relacionamento,

Speaker:

falar dessa importância de ter a vida também.

Speaker:

Porque, se não, ele conta que normalmente os divórcios acontecem com a criança quando nasce

Speaker:

e depois na adolescência, quando eles estão independentes.

Speaker:

Ele fala que quando os pais se abdicam de tudo para criar os filhos,

Speaker:

eles entendem depois essa crise de identidade que acaba gerando alguns divórcios.

Speaker:

Mas quando os pais têm uma vida, tiram férias, fazem coisas juntos,

Speaker:

quando as crianças crescem, eles têm a vida. Então eles são menos chatos, porque não ficam no pé das crianças,

Speaker:

porque não fazem nada da vida, de certa forma, vamos dizer.

Speaker:

Só cuidou e aí sente aquela falta, o que vai ser de mim.

Speaker:

Então isso ajuda a manter até o relacionamento do casal mais saudável. Sim, com certeza.

Speaker:

Eu acho até morando longe, a gente não tem aquele suporte da família, entendeu?

Speaker:

A vós, presentes que podem, enfim, ficar uma tarde para eu e meu marido sairmos.

Speaker:

Então é difícil. Você tem que improvisar. E a gente também conversou muito sobre isso,

Speaker:

que eu estava reclamando, que eu estava muito sobrecarregada.

Speaker:

Qual é a solução?

Speaker:

O que a gente pode fazer junto para uma pessoa não estar sempre mais sobrecarregada que a outra?

Speaker:

Porque eu não via que o meu marido está saindo todo dia, e eu estou aqui presa com as coisas.

Speaker:

Não, ele também está trabalhando, só que é diferente.

Speaker:

Até uma hora que você passa dirigindo para o seu trabalho, eu ficava com um pouco de inveja, falei, nossa, você tem uma hora que você pode escutar um podcast,

Speaker:

você pode escutar uma música, você pode não estar prestando atenção.

Speaker:

Eu, essa hora que você tá fazendo isso, eu tô... Entendeu? Eu tô já no batente, entendeu? Então...

Speaker:

Eu acho que em qualquer lugar do mundo, quando você não tem esse suporte de outras pessoas ao seu redor que,

Speaker:

possam ajudar com as crianças que antigamente não têm acreditado.

Speaker:

It takes a village to raise a child.

Speaker:

A gente não tem um village aqui. A vida moderna é você ter aquele núcleo familiar

Speaker:

e se você tiver muita sorte, você tem família ao redor que vai participar, que vai querer.

Speaker:

Agora, eu acho que...

Speaker:

É interessante não só para você ter ajuda de forma prática, mas emocionalmente para os seus filhos terem essa conexão com outras pessoas,

Speaker:

além de você, com um tio, uma tia, um avô, uma avó, entendeu?

Speaker:

É muito legal. As minhas melhores lembranças são irem para casa dos meus avós,

Speaker:

brincar com os meus primos na Argentina.

Speaker:

Então é uma coisa que eu dou valor e que lamentavelmente a gente não tem muito aqui.

Speaker:

Mas vamos ver, né? Minha irmã está vindo aí em junho para aniversário das crianças.

Speaker:

Então isso já dá um gás para a gente, entendeu? Terça e o Pedro.

Speaker:

Pedro, se você está escutando junho, você vai ter que vir aqui, tá?

Speaker:

Aniversário das crianças.

Speaker:

Vale a pena. É, quando tem alguém para ir, não é só a cidade que ele detestam, né?

Speaker:

Tem a família. Sim, sim. É diferente, não tem desculpa.

Speaker:

Acho que é interessante o que você está falando agora, porque isso conecta com a próxima

Speaker:

pergunta que eu vou fazer.

Speaker:

Eu já ia perguntar isso, então você já comentou que esse convívio é mais difícil

Speaker:

porque você não tem a família ao redor, ou até para te resgatar quando você está

Speaker:

tendo aqueles momentos de, nossa, estou cansado.

Speaker:

É claro que não é por falta de amor, mas é estressante. Eu vi a minha mãe, hoje a gente conversa e ela fala que foi muito estressante.

Speaker:

Como você foi falar que a vida foi muito difícil ainda. Mas que a situação era difícil então quando a situação econômica pior

Speaker:

é um peso muito maior ainda.

Speaker:

Sim é uma panela de pressão.

Speaker:

Você é um ser humano você é pai e mãe mas você também é um ser humano que tem suas necessidades emocionais.

Speaker:

Sim sim e a gente também estava em outro lugar mas dentro do Brasil não tinha toda a família em volta.

Speaker:

Então eu consigo entender o que está falando porque isso conecta um pouco com o que ela comentou.

Speaker:

Sem a família volta, sem a rede de apoio para te ajudar nesses momentos de pico de stress,

Speaker:

as coisas são mais complicadas.

Speaker:

Então, interessante. Outro ponto que eu queria saber também é voltando na tua multiculturalidade.

Speaker:

Eu não sei se essa palavra existe, mas espero que sim.

Speaker:

Que é, tu tem família em diferentes lugares do mundo, você viveu em diferentes lugares

Speaker:

do mundo e até o próprio relacionamento são de diferentes países.

Speaker:

Então como que é criar as crianças? O que muda na forma de criar?

Speaker:

Sabe que você vê da família do teu marido ou para a tua?

Speaker:

E depois até eu queria entrar com a questão da língua. Como que é a conversa?

Speaker:

Qual a língua que vocês usam? O que que tu tem planejado?

Speaker:

Porque eles são bem pequenos ainda, mas o que que tu pensa que vai ser daqui para frente?

Speaker:

Então a gente fala português em casa, menos meu marido fala algumas palavrinhas, certo?

Speaker:

Mas ele tá aprendendo português com a galinha pintadinha, tá?

Speaker:

Ele até... É bom porque ele acompanha, tem o cara ok, não é?

Speaker:

Tem as letrinhas, então ele tá aprendendo. Criancas.

Speaker:

Estão escutando português o dia inteiro. Os desenhos que eu coloco são em português.

Speaker:

Na creche, obviamente, é tudo em inglês.

Speaker:

Então eu tento manter o máximo que eu posso em português. Até porque foi assim que eu fui criada.

Speaker:

Quando eu morava em Buenos Aires, a gente falava português em casa.

Speaker:

Minha mãe assistia Globo. Tinha Globo naquela época que era ótimo.

Speaker:

Minha mãe é brasileira, meu pai é argentino. Então ela falava português com a gente.

Speaker:

A gente assistia Rede Globo. Então eu, criancinho, eu assistia Xuxa, entendeu?

Speaker:

Eu ia pro colégio, era tudo em espanhol, mas chegava em casa, podia falar português

Speaker:

e quando a gente ia pro Brasil de férias, português também.

Speaker:

A gente acabou se mudando pra lá quando eu tinha 14 anos, então não foi um choque.

Speaker:

Eu fiz o segundo grau, mas assim, eu sabia a língua, talvez tivesse um pouquinho de

Speaker:

sotaque, aquele portuñolzinho, mas depois de um tempo aquilo foi desaparecendo também.

Speaker:

Então, na minha cabeça, eu gostaria que as crianças tivessem essa experiência, porque

Speaker:

o fato de eu ter sido criada bilingue, eu acho que facilitou me aprender inglês também.

Speaker:

Eu acho que na sua cabeça você...

Speaker:

Eu não sei os fatos científicos, mas eu acho que é muito mais fácil você aprender uma

Speaker:

terceira língua se você já fala duas.

Speaker:

E eu falo muito... Eu falo nas duas línguas que as crianças.

Speaker:

Falar mais inglês quando tem uma pessoa na sala que fala inglês para não ficar chato.

Speaker:

Mas eu quero muito manter o português, a parte cultural também, na qual se eles assistirem

Speaker:

um filme brasileiro, um desenho brasileiro, que eles entendam o contexto, certo?

Speaker:

Exato, isso faz muita diferença. E talvez eu já falei em algum episódio, mas também tento assistir filme com minha

Speaker:

a minha esposa, a gente assiste filme brasileiro, ela fala português bem, e eu não... às vezes

Speaker:

preciso explicar alguma gira, alguma coisa assim, mas o contexto cultural é uma das

Speaker:

coisas mais importantes.

Speaker:

Então, por exemplo, a gente assistia o Central do Brasil, eu parava para explicar algumas

Speaker:

coisas porque eu falava, não é só essa cena, essa cena é dessa forma por isso.

Speaker:

Esse lugar que eles estão agora no Nordeste, esse é o contexto desse lugar.

Speaker:

Mas ao mesmo tempo a gente foi ver o Alto da Compadecida, eu não consegui, porque eu

Speaker:

a gente vai mais parar para explicar o contexto cultural de tudo que estou falando.

Speaker:

É, você vai ter que sentar e absorver. Exato, eu falei. Esse não dá.

Speaker:

Mas isso é o legal, porque dar esse contexto cultural é o que faz mais diferença.

Speaker:

Eu já ouvi, antes de me mudá-lo, eu ouvia muito podcast de pessoas fora, e uma das

Speaker:

coisas que eu ouvi repetir bastante que é que, por mais que você está integrado no

Speaker:

lugar, às vezes você não pega uma piada ou uma coisa que vocês falaram no vídeo,

Speaker:

uma coisa que eles falaram no trabalho, você entende 100% da língua, mas você não tem

Speaker:

a carga cultural que eles têm para entender aquela piada, aquela pessoa, aquela referência,

Speaker:

e acho que tu tá criando neles desde pequeno todo esse contexto.

Speaker:

E tem coisas, por exemplo, como é que você explica cara de pau?

Speaker:

Eu tinha uma amiga americana que adorava, eu falei cara de pau, cara de pau, falei Wood Face, mas por que?

Speaker:

Porque isso é sem chave, entendeu?

Speaker:

Então são coisas assim que a gente tem no Brasil, por exemplo, saudades, é uma palavra que não tem em outras línguas,

Speaker:

então o contexto é muito importante, eu acho que antes do Covid eu ia para o Brasil uma vez por ano,

Speaker:

E agora eu gostaria de manter, o voo acho que a gente foi para o Brasil em setembro,

Speaker:

o voo de 12 horas com as crianças, criança pequena, eu não recomendo, tá?

Speaker:

Foi um voo direto de Londres para o Rio, mas foi bem puxado, eles estavam bem pequenininhos,

Speaker:

a gente achando, ah, vai ser ótimo, chegando lá, tem a minha família que está querendo conhecer todo mundo.

Speaker:

A gente tinha que fazer porque depois fazia anos que a gente não ia por causa do Covid,

Speaker:

Eu tinha dois filhos, ninguém na minha família conhecia eles, certo?

Speaker:

Mas foi muito puxado.

Speaker:

Agora, o plano é quando eles forem ficando mais velhos, a gente ir mais para o Brasil, eles manteriam contato hoje em dia com a tecnologia.

Speaker:

Você lembra que eu falei o mochilão que eu fiz foi com todos os papéis impressos, com o mapim. Agora tem WhatsApp, tem ligação de vídeo.

Speaker:

Então, a tentar manter essa conexão deles com a minha família no Brasil e na Argentina, para eles saberem que eles têm também...

Speaker:

Não é raízes em outro lugar, porque o dia a dia aqui vai ser inglês.

Speaker:

Quando eles foram para o colégio o dia todo não tem como evitar, certo?

Speaker:

Mas eu vou fazer o possível para poder resgatar essa parte deles,

Speaker:

essa parte minha, certo?

Speaker:

Para eles poderem se sentir brasileiros também, né? Tem um colega de trabalho que eu achei que era espanhol, porque a boa parte do meu time

Speaker:

é da Galícia, aqui no norte da Espanha.

Speaker:

E numa reunião ele falou um iaí, beleza. Eu fiquei, ué, da onde você ia?

Speaker:

Aí ele falou, não, eu sou do Brasil e moro aqui desde os dois anos.

Speaker:

Só que ele fala português com sotaque, é claro, porque ele fala que os pais falam portugual, né?

Speaker:

Já estão lá há vinte e poucos anos e falam portugual. Mas o que eu achei interessante é que eu perguntei, o que você se considera?

Speaker:

Ele falou, não, brasileiro.

Speaker:

E eu percebi, ele falou que fica chateado, que volta e meia as pessoas falam, você não

Speaker:

é mais brasileiro, você mora aqui.

Speaker:

E ele falou, eu não sei por quê, eu amo Espanha, não mudaria de país, mas quando

Speaker:

alguém fala que eu sou espanhol, dá uma dorzinha no coração.

Speaker:

Às vezes eu não falo nada, mas ele conta, porque cresceu ouvindo as histórias dos avós,

Speaker:

ele falou, o avô dele era do, se não me engano, do sertão e escrevia, era um autor,

Speaker:

sabe, meio que indie.

Speaker:

Ele falou, meu pai fala muito das histórias, então por mais que eu não cresci lá, toda,

Speaker:

minha história de infância que eu ouvia isso.

Speaker:

Se sente, né? Tem as raízes, o jeito, não é? O jeito foi criado. Por exemplo, eu boto muito...

Speaker:

Pra mim, não tem nada mais pra dizer que pão de queijo e brigadeiro, certo? Eu adoro comer.

Speaker:

Então, pra mim, a comida é uma parte muito... um feijão com arroz, entendeu? Uma coisa que você come

Speaker:

e aquilo já te transporta, não é? Pra sua infância. A gente comia muito feijoada em Buenos Aires.

Speaker:

Então foi o jeito que eu fazia pão de queijo em Boenuzade, e são coisas que não tem lá.

Speaker:

E é algo que eu quero trazer, não é? Para o dia a dia das crianças aqui,

Speaker:

e quem sabe eles se sintam brasileiros também, não é?

Speaker:

Quando eles crescerem. E é difícil você falar que é uma coisa e não a outra, certo?

Speaker:

Porque eu nasci na Argentina também.

Speaker:

Então quando me perguntavam, ah, você sente mais um ou outro, eu falei os dois.

Speaker:

Para mim é 50% cada. Não dá para escolher o...

Speaker:

E isso é muito forte, então eu entendo seu amigo espanhol, porque é o jeito que você cresceu.

Speaker:

Na minha opinião, eu sei que é particular de cada um. Se ele falar que sente espanhol, para mim está tudo bem também, sabe?

Speaker:

Eu não vejo nada errado, porque ele cresceu lá, e aí é o sentimento dele.

Speaker:

Mas ele tem um pouco dessa de ele falando, não sei por quê.

Speaker:

Eu falo que eu me sinto brasileiro, porque quando alguém fala assim,

Speaker:

você não é mais brasileiro, ele falou, isso fere meu ego.

Speaker:

Eu não falo para ninguém e isso acontece com frequência. Já percebi nas reuniões, assim, alguém comenta.

Speaker:

Eu quando vou na Argentina, eu falo espanhol e às vezes, como eu falo muito mais português que a minha família maluca no Brasil,

Speaker:

quando eu vou a Buenos Aires e falo, eu me ouço falando, eu falo gente, eu tô,

Speaker:

químico, entende? Eu tenho palavras que eu troco.

Speaker:

Fala, é muito tentador você falar um portuñol, não é?

Speaker:

Porque é tão parecido. Então o pessoal me zoa muito.

Speaker:

Mas depois eu fico pensando, se eu ficar mais tempo aqui, mais duas semanas e aquilo, entendeu?

Speaker:

O sotaque brasileiro acaba.

Speaker:

Eu consigo falar um espanhol portenho mesmo. Mas agora já estou com 38 anos, né?

Speaker:

Eu acho que quando você é adolescente, criança, aquilo é mais forte.

Speaker:

Você quer ter aquele senso de identidade, de onde eu sou, aquele label.

Speaker:

Hoje em dia não tenho muito isso, não. eu sei quem eu sou, eu tenho os passaportes de todos os lugares, eu tenho do Brasil, da Argentina,

Speaker:

inglês e eu tenho italiana também por parte dos nossos antepassados italianos, então,

Speaker:

é, sim, completamente multicultural e espero que as crianças também se sintam assim quando eles crescerem, não é?

Speaker:

Acho que o papo, acho que não, o papo foi bem legal mesmo.

Speaker:

Entender toda essa tua trajetória de vários países. Acho que a gente tocou nas coisas que muito importante que eu queria até ressaltar.

Speaker:

Eu fui um jovem muito ansioso, sabe? Quando eu trabalhava na instalação de TV a cabo, mas eu queria virar programador.

Speaker:

E eu falava, tenho que entrar na faculdade, tenho que conseguir o ENEM, essa bolsa,

Speaker:

se não, o que vai ser da minha vida?

Speaker:

E hoje eu penso assim, falei, pô, você podia ter tido muito mais calma.

Speaker:

Foi muito sem dormir.

Speaker:

Por nada, né? E você comentou disso de quando você é mais novo,

Speaker:

Tudo é o fim do mundo, é relacionamento, é trabalho.

Speaker:

Na realidade, normalmente não é, é só ter calma e essa maturidade vai trazendo depois.

Speaker:

Vai ter calma e tentar conseguir ir melhorando. Na juventude, acho que você vai com muita seriedade de apote.

Speaker:

Você sempre acha que o fulano do lado está à frente e isso literalmente te deixa para trás.

Speaker:

Se você estiver para trás, meu Deus, como é que eu vou conseguir? Não vou conseguir.

Speaker:

Mas isso vem com a maturidade, não tem como você fugir disso.

Speaker:

Eu acho que a experiência também acrescenta.

Speaker:

Você tem aquele frio na barriga, não é? Aquele medinho de te dar um drive para você tentar com mais força.

Speaker:

Mas, obviamente, se fizesse tudo de novo, eu gostaria de fazer com mais calma, sabendo que aquilo...

Speaker:

Luísa, calma, vai dar tudo certo. Tem alternativas, né? Se não for essa volta, se não tem tudo que eu quero.

Speaker:

Sim. Talvez acho que o peso volta agora com filhos. Acho que esse peso de tem que acertar mais nessa primeira fase deles deve ter voltado um pouco.

Speaker:

Olha, profissionalmente não. Eu acho que mais de forma, por exemplo, porque agora eu peguei um emprego,

Speaker:

que pudesse encaixar na minha vida pessoal. Antigamente eu queria aquela vaga porque ia ser a melhor.

Speaker:

Entendeu? Que hoje em dia, eu penso mais... Se eu tivesse o meu emprego dos sonhos, eu não ia querer agora,

Speaker:

porque eu não posso dar 100% de mim.

Speaker:

Eu posso dar...

Speaker:

Nem metade, entendeu? Porque o que eu quero dar mais é para as crianças nessa fase

Speaker:

que eles são pequenininhos, que precisam mais.

Speaker:

Então, as suas prioridades vão mudando. Então, de forma...

Speaker:

Eu me cobro mais como mãe, ser humano, do que profissional.

Speaker:

Profissionalmente como eu já tenho feito isso bastante, não que eu sou a melhor

Speaker:

project manager que tem, você sempre pode aprender mais, mas eu tô muito confortável

Speaker:

com... Me sinto mais segura.

Speaker:

Então agora escolher uma vaga ou fazer entrevista para uma vaga, eu vou mais.

Speaker:

Pensando será que isso vai dar certo ou será que eu vou dar um tiro no pé?

Speaker:

Vão exigir muito e aí eu não vou dar conta, entendeu?

Speaker:

Eu tenho que ter essa flexibilidade nesse momento da minha vida.

Speaker:

Mais para frente vou poder me dedicar mais, mas agora, hoje em dia, a prioridade são eles.

Speaker:

Então é isso que mudou. Não, total, total. Acho que a vida vai mudando, né?

Speaker:

Mesmo sem filhas, mas você vai ficando, vai passando tempo, as coisas vão mudando pouquinho.

Speaker:

Antes de fechar, você tentou resgatar Londres aqui, o que eu não vi muita coisa, mas o que eu vi eu achei legal.

Speaker:

Então eu queria deixar aberto para ti a mensagem final, qualquer coisa queira falar e também se quiser deixar o teu LinkedIn

Speaker:

ou outro link, fica à vontade.

Speaker:

Sim, para quem quiser ver para Londres, venha.

Speaker:

O que é o pior que pode acontecer? Não dá certo você volta.

Speaker:

Eu acho que Londres é uma opção super válida. é uma cidade difícil, não é para todo mundo, mas você só vai saber se você tentar.

Speaker:

Então você tem que vir de coração aberto para fazer as coisas, certo, Gabriel?

Speaker:

Sem medo, sem medo de ser feliz, porque pode dar errado, mas pode dar muito certo.

Speaker:

E para mim deu muito certo.

Speaker:

Posso, sim, deixar o meu LinkedIn, quem quiser me adicionar, bater um papo sobre Londres,

Speaker:

sobre gerência de projeto também.

Speaker:

Fica à vontade, é uma coisa que eu gosto muito e eu gosto de conversar sobre esse assunto.

Speaker:

Então quem tiver interesse, vem dizer oi!

Speaker:

Muito obrigado pela conversa e boa continuação de dia pra ti, né?

Speaker:

Agora eu vou voltar. Agora eu vou voltar. Teve esse tempo aqui gravando, hora de voltar pra tropa.

Speaker:

Agora eu tenho que voltar.

Speaker:

Mais de uma hora longe, do fim de semana, tem que tomar uma entrevista.

Speaker:

Com certeza, muito obrigada. Brigadão mesmo. E até a próxima.

Speaker:

Obrigada, Gabriel. Se cuida. Se cuide, tchau tchau!

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