Na conclusão da entrevista com Wescley Garret, policial penal, autor do livro “Active Shooter – Run, Hide, Fight: Do Departamento de Segurança Interna dos EUA ao Brasil. O Que o Governo Americano Não Conta Sobre Proteção Inteligente em Situações Críticas”, abordamos o papel do Estado, o preparo da sociedade civil e as recomendações práticas que podem salvar vidas em situações de crise.
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Honoráveis Ouvintes! Sejam muito bem-vindos a mais um episódio do Hextramuros! Sou Washington Clark dos Santos, seu anfitrião!
No conteúdo de hoje, concluo a entrevista com Wescley Garrett, policial penal, autor do livro "Active Shooter. Run, Hide, Fight - Do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos da América ao Brasil: o que o governo americano não conta sobre proteção inteligente em situações críticas". Na primeira parte deste conteúdo, conhecemos a gênese da obra, os limites do modelo norte-americano e os desafios de se pensar a realidade brasileira.
Nesta sequência, abordaremos o papel do Estado, o preparo da sociedade civil e as recomendações práticas que podem salvar vidas em situações de crise.
Vamos retomar a conversa, então, exatamente de onde paramos:
Wescley; o papel das instituições, especialmente da segurança pública e da segurança privada, é central para reduzir danos e responder a incidentes. Qual deve ser o papel do Estado brasileiro em termos de treinamento, protocolos e integração institucional para preparar servidores e cidadãos diante da ameaça de um atirador ativo?
CONVIDADO:Quando falamos do papel do Estado em situações de ataque ativo, precisamos primeiro reconhecer uma realidade: o Estado brasileiro, historicamente, é reativo! Ele corre atrás do problema depois que a tragédia já aconteceu! Mas, em segurança, ser reativo significa sempre chegar atrasado! E quando vidas estão em jogo, chegar atrasado significa muitas vezes chegar em vão! Então, qual seria o papel ideal do Estado? Eu resumiria em três grandes pilares. E esses pilares são fundamentais: Treinamento, Protocolo e Integração! Vamos ao primeiro -Treinamento: hoje, muitos servidores públicos, desde professores até policiais, nunca receberam qualquer preparação para lidar com ataques ativos. A maior parte da população nem saberia como reagir se os primeiros disparos ecoassem dentro de um prédio. O papel do Estado é mudar isso! É capacitar não apenas forças policiais, mas também servidores civis, seguranças privados e até mesmo estudantes dentro de uma lógica, é claro, de cidadania, porque a proteção não é um privilégio de quem porta uma arma! É um direito de quem simplesmente vive em sociedade!
E o segundo - protocolos claros e padronizados: não adianta cada escola, cada empresa ou cada órgão público inventar o seu próprio plano de emergência. É preciso uma base nacional, adaptada às realidades locais, mas que garanta a coerência. Se um professor em Pernambuco e um funcionário em Santa Catarina enfrentarem uma situação de ataque, ambos precisam ter orientações claras, simples e que funcionem na prática! Protocolos que não fiquem apenas no papel, na gaveta, mas que sejam testados em simulações periódicas, precisam ser melhorados a cada nova dificuldade. Já o terceiro, integração institucional, esse talvez seja o maior desafio! Muitas vezes cada instituição age como se fosse uma ilha! Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Penal, Bombeiros, Guardas Municipais, Seguranças Privados. Mas, diante de um ataque ativo, não há espaço para ilhas. É preciso construir pontes! A resposta só será eficiente se houver comunicação rápida, integração de forças e, principalmente, definição clara de papéis. Quem coordena? Quem evacua? Quem neutraliza? Sem essa integração, a confusão pode custar ainda mais vidas. E há algo que precisamos discutir de forma madura: o Estado não pode e não vai estar em todos os lugares, a todo tempo! Em cidades pequenas, em regiões afastadas, a polícia pode demorar longos minutos para chegar! Em um ataque ativo, cada minuto custa vidas! Por isso, o Estado precisa assumir um papel que vá além do socorrista tardio. Precisa se tornar um educador em proteção, formando cidadãos conscientes e preparados para agir até a chegada do suporte especializado. Em resumo, o papel do Estado não é apenas reprimir o agressor, mas preparar a sociedade, principalmente esse: é criar um ecossistema de proteção onde a prevenção, a reação e a integração caminham juntas. Se continuarmos presos ao modelo reativo, vamos seguir chorando depois das tragédias. Mas, se o Estado assumir de fato esse protagonismo, poderemos finalmente inverter a lógica, em vez de contar vítimas, contar sobreviventes.
ANFITRIÃO:A sociedade civil, muitas vezes, é a primeira linha de resposta em ataques ativos, já que a chegada das forças de segurança pode levar minutos preciosos. Como a população em geral pode ser preparada e conscientizada para reagir adequadamente em situações críticas sem cair no pânico ou na paralisia?
CONVIDADO:Essa, talvez, seja uma das perguntas mais importantes de toda a nossa conversa, porque toca num ponto mais delicado: a hora da crise! Quem está lá não é o Estado, é a sociedade civil! Pense comigo: quando um ataque acontece, quem está presente são os professores, funcionários, colegas de trabalho, famílias. E a chegada das forças de segurança, mesmo quando rápidas, ainda leva minutos preciosos. Em um ataque ativo, cada minuto pode custar vidas. Isso significa que a sociedade é, sim, a primeira linha de resposta! Mas, aí surge a questão: como preparar pessoas comuns para reagirem sem cair em pânico? A primeira resposta está na consciência. Consciência situacional. As pessoas precisam entender que um ataque ativo não é ficção de cinema, nem algo exclusivo dos Estados Unidos, algo distante de nós!
A história nos mostra que ele já chegou no Brasil e ele já está muito mais recorrente do que se imagina! Ele já é uma realidade brasileira! E reconhecer o risco não é gerar medo. É abrir espaço para o preparo, porque negar o risco só nos deixa mais vulneráveis! O segundo ponto é a educação prática. Não estamos falando de transformar cidadãos em combatentes, mas de ensinar passos básicos, como identificar rotas de fuga, como trancar uma porta de forma improvisada, como se proteger atrás de barreiras sólidas, como manter em silêncio em situações de esconderijo. Coisas simples - que qualquer pessoa pode aprender - e que fazem toda a diferença no resultado! E há um terceiro elemento que eu considero vital: simulações! A mente humana, diante do inesperado, simplesmente congela! Mas, quando o corpo já treinou antes, mesmo que em simulação, a chance de reagir de forma correta é muito maior. É como em um incêndio: ninguém espera queimar para aprender a evacuar! Fazemos simulados para isso! E o mesmo precisa acontecer para os ataques ativos. Eu gosto de dizer que em situações de crise o medo é inevitável! Ele vai existir! Mas, o pânico é simplesmente opcional! O medo pode ser combustível para a ação. O pânico é um freio que paralisa! O que separa um do outro é justamente o preparo. E o preparo da sociedade não precisa vir de cima para baixo apenas. Empresas podem organizar seus planos de contingência. Escolas podem criar seus protocolos adaptados. Famílias podem conversar sobre o tema em casa, estabelecendo pontos de encontro e rotas de saída. É claro, tudo isso precisa ser incentivado pelo próprio Estado, mas também pode nascer da iniciativa de cada comunidade! No fim das contas, preparar a sociedade é transformar pessoas comuns em agentes de auto-proteção. Não é dar armas! Não é gerar paranoia! É dar conhecimento e treino, porque quando as pessoas sabem o que fazer, elas não apenas salvam a si mesmas. Elas ajudam a salvar quem está do lado! E se eu pudesse resumir em uma única frase, seria esta: em um ataque ativo, cada cidadão preparado deixa de ser parte do problema e se torna parte da solução!
ANFITRIÃO:Constato, Wescley, que a obra não apenas critica, mas também propõe reflexões para caminhos mais eficazes no Brasil. Quais são as principais recomendações práticas do seu livro para que escolas, empresas, órgãos públicos e até mesmo famílias possam construir planos de ação diante dos cenários de atirador ativo?
CONVIDADO:Essa pergunta é simplesmente fundamental! Fundamental porque toca na essência da proposta do meu livro! Eu não queria escrever apenas uma obra de denúncia, mas de transformação. E transformação só acontece quando a gente sai do campo da teoria e entra no terreno da prática. Por isso, eu diria que minhas recomendações podem ser organizadas em quatro camadas de ação: Escolas, Empresas, Órgãos Públicos e Famílias. Vamos começar pelas escolas: a recomendação central é a criação de protocolos de evacuação simples, porém claros, adaptados à estrutura de cada instituição, é óbvio! Não é sobre copiar um manual americano, mas sobre desenhar rotas de fuga reais, treinar professores e funcionários, preparar os alunos de forma adequada para a idade, construir manuais que não sejam simplesmente engavetados. Eu já vi escolas que, após ler o livro, criaram mapas de rotas visíveis em cada sala e fizeram simulações sem causar pânico algum! O resultado foi simplesmente imediato! Os alunos e professores passaram a se sentir mais seguros só por terem simplesmente um plano. Nas empresas, a prioridade é integrar o tema aos planos de segurança corporativos. Muitas companhias investem em brigadas de incêndio - e eu acho isso ótimo - mas ignoram a possibilidade de ataques ativos! O que eu proponho é simples: ampliar os treinamentos de emergência, incluir rotas de fuga para situações de violência e capacitar líderes para tomar decisões rápidas. Quando os funcionários percebem que a empresa valoriza não só sua produtividade, mas também sua vida, a cultura organizacional se fortalece e todos ganham com isso! Já nos órgãos públicos, a recomendação é dupla: de um lado, criar protocolos internos para servidores. De outro, integrar esses protocolos com a comunidade. Hospitais, fóruns, repartições, todos, são alvos potenciais e, ao mesmo tempo, todos são pontos de referência para a população. Quando esses espaços têm planos de contingência claros, eles se tornam também um eixo de confiança social. E, por fim, as famílias. Parece exagero, mas não é! Quantas famílias sabem, por exemplo, como agir se um ataque ocorrer em um shopping ou em um evento público? Conversar sobre pontos de encontro, combinar rotas de saída, ensinar as crianças noções básicas de autoproteção não é criar paranoia! É criar resiliência! É como ensinar a atravessar a rua olhando para os dois lados. Pode parecer simples, mas salva vidas! Eu costumo dizer que planejar não é luxo, é sobrevivência! E quando instituições e famílias planejam, algo poderoso simplesmente acontece: o medo se transforma em método e o pânico se transforma em preparo! E vejam que interessante: desde o lançamento do livro, várias escolas e empresas têm me procurado para adaptar essas recomendações. Em uma escola de São Paulo, por exemplo, professores me relataram que depois de aplicar a parte do conteúdo, sentiram que poderiam pela primeira vez oferecer uma resposta organizada em caso de uma crise. Esse tipo de feedback mostra que as recomendações não são apenas possíveis, são necessárias e, principalmente, urgentes! Se eu pudesse resumir, eu diria que minhas recomendações práticas seguem um princípio único: não importa onde você esteja - escola, empresa, órgão público ou família - sempre existe algo que pode ser feito para aumentar as chances de sobrevivência! O segredo é parar de esperar que alguém venha e resolva e começar a agir com os recursos que já temos.
ANFITRIÃO:Marchando para o final de nossa conversa, meu caro, o parabenizo pela pesquisa e repriso os meus agradecimentos pela sua colaboração! Deixo este espaço para suas considerações finais. Grande abraço!
CONVIDADO:Eu quero primeiro retribuir essa gratidão, dizendo que participar desse diálogo foi para mim mais do que uma entrevista, foi um ato de responsabilidade, porque cada vez que falamos sobre ataques ativos não estamos falando de teoria, de estatísticas ou de estratégias militares distantes. Estamos falando de vidas reais, alunos em uma sala de aula, funcionários em seus escritórios, famílias em espaços públicos. Estamos falando de pessoas que merecem voltar para casa no fim do dia. E eu confesso algo: quando comecei a escrever esse livro, o que me movia era uma mistura de indignação e esperança. Indignação por ver o Brasil repetir uma tragédia sem aprender com elas e esperança de que, ao provocar esse debate, pudéssemos finalmente mudar essa lógica. Hoje, vendo professores, gestores e até pais me enviarem relatos de como o livro ajudou a montar planos de ação, sinto que essa esperança não foi em vão! Um professor, pela primeira vez, me escreveu que conseguiu treinar os alunos para evacuar a escola, sem pânico! E, como um outro gestor me disse certa vez, que nunca tinha parado para pensar que a sala dos professores poderia ser adaptada como refúgio temporário. Essas escolas trazem histórias que são a prova de que o conhecimento, quando compartilhado, gera transformação! E é por isso que eu digo: o Brasil não precisa esperar pela próxima tragédia para agir! Podemos nos preparar agora! Podemos nos preparar e isso não significa viver com medo. Significa viver com consciência, com responsabilidade e, principalmente, com método! O meu convite é simples: cada ouvinte aqui, hoje, não apenas venha a refletir, mas venha a agir! Se você é professor, pense no seu espaço de aula! Se você é gestor, olhe para a sua empresa, para a sua instituição! E se você é pai ou mãe, principalmente, converse em casa! Pequenos passos podem salvar vidas e isso tem uma grandiosidade que não pode ser medida! E para quem quiser se aprofundar, o livro "Active Shooter. Run-Hide-Fight" está disponível na Amazon, como eu disse anteriormente e, nas minhas redes sociais, compartilho reflexões e dicas práticas. E, claro, estou à disposição para palestras e treinamentos, porque acredito que a palavra só se cumpre de verdade quando vira prática no dia a dia! Eu encerro com uma frase que carrego comigo: Tragédias não são inevitáveis! O inevitável é o resultado da falta de preparo! E a minha missão é justamente ajudar para que o Brasil esteja preparado. Muito obrigado a você, a todo o time do Hextramuros e, principalmente, a cada ouvinte. que ficou conosco até aqui! Que essa conversa não termine agora, mas se espalhe em cada escola, em cada empresa e principalmente em cada família. Porque preparar não é temer, é se proteger!
ANFITRIÃO:Honoráveis Ouvintes! Este foi mais um episódio do Hextramuros! Sou Washington Clark dos Santos, seu anfitrião! Neste conteúdo, finalizei a entrevista com Wescley Garret, policial penal, pesquisador e autor do livro "Active Shooter: Run-Hide-Fight - Do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos da América ao Brasil - O que o Governo Americano não Conta Sobre Proteção Inteligente em Situações Críticas". Acesse nosso website e saiba mais sobre este conteúdo! Inscreva-se e compartilhe nosso propósito! Será um prazer ter a sua colaboração! Pela sua audiência, muito obrigado e até a próxima!