Neste conteúdo, na conclusão da conversa com JOÃO GRETZITZ, seguimos coletando as suas percepções sobre o processo de inovação nas corporações e o papel deste no alinhamento de políticas públicas e as demandas da sociedade por entregas de qualidade na Segurança Pública.
Saiba mais!
Honoráveis Ouvintes! Sejam muito bem-vindos a mais um episódio do Hextramuros! Sou Washington Clark dos Santos, seu anfitrião! Neste conteúdo, trago o segundo capítulo da conversa com João Gretzitz, coletando as suas percepções sobre o processo de inovação nas corporações, fundamentadas na sua brilhante carreira na Polícia Federal! Gretzitz; explorando o tema, sob a ótica das restrições e oportunidades, quais fatores restritivos ou inibidores de inovação você vivenciou em sua carreira e de que forma eles foram superados?
CONVIDADO:Houve tempo em que o DPF era uma organização que, além de ter uma estrutura complexa, muito formal, era também muito centralizada! As principais barreiras organizacionais que impediam a inovação eram as seguintes: excessiva centralização das decisões, comunicação vertical, hierarquia rígida, excesso de papelório e pouca comunicação, formalismo exagerado, uso abusivo de políticas, procedimentos, regras e manuais! Exatamente, os fatores que tiram o estímulo dos funcionários criativos e matam qualquer possibilidade de inovar! Exclusivismo, com a exclusão dos funcionários na tomada de decisões, o secretismo, compartilhamento limitado de informações e sequência de rotinas e procedimentos que se mantinham imutáveis ao longo dos anos. Para se avaliar e promover as mudanças necessárias, se faz necessário rever a cultura e estrutura organizacional, os métodos e procedimentos, aprender com os erros do passado. Trata-se de fazer o reestudo sem propósitos punitivos para encontrar soluções inovadoras necessárias que possam melhorar as operações quanto a eficiência, segurança e resultados - detalhes e erros não serão mais cometidos!
ANFITRIÃO:A segurança pública, como campo de atuação, pode ser beneficiada por avanços tecnológicos e práticas inovadoras. Acreditas que áreas voltadas ao combate ao crime organizado são prioritárias para receber investimentos em inovação? Por quê?
CONVIDADO:As áreas de combate ao crime organizado devem ser priorizadas no que respeita os investimentos em inovação, com a formação de funcionários capacitados, com conhecimento atualizado sobre o sistema financeiro, criptomoedas, blockchains, sistemas de engenharia financeira para a lavagem estruturada de capitais, operações de importação e exportação, sobre a estrutura e alcance das organizações criminosas e as modernas tecnologias de informação e comunicação muito usadas pelo crime moderno. Também, capacitando os funcionários a operar com as tecnologias mais avançadas de vigilância, localização e monitoramento remoto. Tudo isso, porque as organizações criminosas, das mais diferentes modalidades criminais, evoluíram extremamente rápido e contam hoje com assessoria de pessoal altamente capacitado em diferentes áreas de conhecimento!
ANFITRIÃO:Quais estratégias podem ser usadas para alinhar inovação com políticas públicas e as demandas da sociedade por entregas de qualidade na segurança pública?
CONVIDADO:A segurança pública em nosso país continua obsoleta, disfuncional, lenta, ineficiente e incapaz de dar as respostas pelas quais clama uma sociedade amedrontada! Enquanto os vendedores de soluções mágicas são agraciados com contratos milionários para prestação de serviços e equipamentos, a população continua a mercê de bandos armados que agem no mesmo estilo da criminalidade comum organizada dos anos setenta e oitenta, na Colômbia! Na verdade, inconteste, é que a segurança pública está nas mãos de generais, coronéis, delegados, todos da ativa ou reformados – aposentados - os mesmos que dominam também a segurança privada, dois setores estratégicos que deveriam trabalhar de mãos dadas com um só objetivo, mas, que, por interesses meramente financeiros e corporativos, preferem manter essas duas forças em paralelo, muitas vezes em sentido contrário! Analistas entendem que o agravamento da insegurança em nosso país decorre mesmo do interesse em promover a segurança privada! Qualquer estratégia passaria pela reforma do Código Penal Brasileiro, reforma radical do sistema prisional como um todo, cuja reforma exigiria também uma profunda reforma do atual Código de Execuções Penais. Qualquer inovação, para o alinhamento de políticas públicas por uma segurança cidadã de excelência, passaria obrigatoriamente por uma quebra de paradigmas, uma reforma completa e radical do sistema de segurança pública e sistema penitenciário, hoje disfuncional! Só então será possível entregar à população uma sensação de segurança que há muito não tem! Discorrendo sobre alguns dos principais problemas hoje observados na maioria das nossas cidades e que não são sanados, posso listar os seguintes itens: O desarmamento tem que ser radical nas comunidades e nas ruas da cidade; disciplinamento do trânsito de motocicletas com ou sem garupa; a apreensão de veículos e motos e habilitação daqueles em desacordo com o Código Nacional de Trânsito - que não ocorre, na maioria das vezes, em razão da inexistência do pátio para recolhimento de veículos apreendidos naquele município ou região administrativa - ; fiscalização ostensiva e intensiva nas ruas da cidade e nas principais vias sobre o comércio de drogas e produtos ilegais, veículos abandonados nas vias públicas ou estacionados por mais de 24 horas no mesmo local, quiosques e barracas com ou sem o devido alvará, que vendem bebidas alcoólicas para menores; menores de idade que perambulam em horários impróprios pelas ruas sem acompanhamento do responsável; policiamento ostensivo a pé no centro da cidade para que os policiais possam tomar maior contato com a população e policiamento motorizado nos arredores de bairros e comunidades, aprimorando a comunicação, buscando comunicação direta e interação com a população; o uso de drones para o policiamento de áreas críticas e de risco; pessoal treinado, capacitado e engajado para trabalhar no centro de vigilância e monitoramento - Poder-se-ia pensar em recrutar policiais aposentados e aqueles que ficaram incapacitados em decorrência de acidentes ou em razão de ferimentos recebidos em missão; sintonia entre Segurança Privada e Segurança Pública, onde haja um constante fluxo de informações alimentando a Inteligência; a integração dos órgãos de fiscalização das prefeituras com a Segurança Pública, informando sobre a inexistência ou irregularidade de alvarás de funcionamento de estabelecimentos comerciais e outros eventos do interesse da Segurança, como o surgimento de loteamentos clandestinos, formação de comunidades em zonas de risco ou em desacordo com as leis ambientais ou planejamento urbano. Muito mais a ser feito, mas que jamais o será enquanto perdurar esse sistema que beneficia a casta corrupta das polícias! Essa casta corrupta das polícias quer mesmo as forças policiais engessadas, para que possam se locupletar com os lucros em segurança privada, muitas vezes ilegal, prestada por eles, até mesmo com emprego de mão de obra e funcionários pagos pelo Estado!
ANFITRIÃO:A valorização e capacitação dos colaboradores são apontadas como pilares para o sucesso da inovação. Que ações práticas você recomenda para líderes que desejam implementar essas mudanças?
CONVIDADO:Estudo dos processos; avaliar se o recurso humano disponível responde ao desafio; planejamento de curto, médio e longo prazo; seleção do pessoal apto a ser treinado - durante o treinamento, ocorre avaliação do desempenho em tarefas individuais e tarefas em grupo -; seleção do pessoal treinado; distribuição nas tarefas; práticas de incentivo à interação, colaboração e produtividade; controle, com avaliação dos resultados ou retorno dos investimentos; iniciar novo ciclo de acordo com os resultados obtidos ou exigências do momento.
ANFITRIÃO:Como você avalia o impacto das inovações tecnológicas na transformação das organizações públicas e na melhoria da prestação de serviços à sociedade?
CONVIDADO:As modernas tecnologias em geral, e a tecnologia da informação e comunicação em particular, propiciou mudanças altamente positivas no desempenho, também com a atual agilidade e qualidade dos serviços prestados ao usuário.
ANFITRIÃO:O que os setores público e privado podem aprender entre si em relação à gestão da inovação?
CONVIDADO:O setor privado, por exigências do mercado e concorrência, é que mais tem se desenvolvido graças aos gigantescos investimentos em processos de inovação e modernização! O setor público carece de administradores que estejam à altura das exigências atuais, aprendendo com o setor privado práticas de gestão e administração fundamentadas em conceitos modernos e recursos técnicos e humanos, sendo devidamente treinados e habilitados naquela missão que lhes é atribuída. Bons administradores, fiéis e comprometidos com os objetivos sociais, devem ser bem remunerados! Isso foi prontamente entendido pelo setor privado! É algo certamente assimilável pelo setor público!
ANFITRIÃO:Que conselho você daria para gestores que desejam iniciar processos de inovação em suas organizações, mas enfrentam resistência cultural ou institucional?
CONVIDADO:Além de detectar as resistências à mudança, também se faz necessário um trabalho de convencimento e esclarecimento quanto ao motivo ou motivos que justificam das mudanças. Entendendo o motivo, o gestor tende a aceitar e a valorizar a mudança ou inovação. Trata-se de um processo de conscientização a ser desenvolvido através de uma campanha pró-inovação, com apresentações, palestras, folders, cursos, seminários, onde se busca gerar a sensação de urgência necessária para a implementação da inovação.
ANFITRIÃO:Meu caro, caminhando para o final de nossa conversa, repriso os meus agradecimentos pela sua participação! Honra enorme este reencontro! Muito obrigado pelos teus ensinamentos e serviços! Deixo este espaço para suas considerações finais. Cordial abraço!
CONVIDADO:Obrigado pela sua atenção! Uma honra em servir foi toda minha! Um grande abraço e votos de sucesso em seus projetos!
ANFITRIÃO:Honoráveis Ouvintes! Este foi mais um episódio do Hextramuros! Sou Washington Clark dos Santos, seu anfitrião! No conteúdo de hoje, finalizei a conversa com o policial federal aposentado João Gretzitz, por meio do qual, abordando o tema “Inovação para Crescer”, homenageio a todos os grandes nomes que, como ele, marcaram época e nos ensinaram, com coragem e inteligência, a fazer mais com menos e com muito sentido! Quer saber mais sobre este conteúdo? Acesse nosso website, inscreva-se e compartilhe nosso propósito. Será um prazer ter a sua colaboração! Pela sua audiência, muito obrigado e até a próxima!